06 maio 2010
05 maio 2010
O fornecedor de Orgasmos
Apresentou-se pelo nome, e com uma figura discreta vagamente desportiva, quase como se fosse um personal trainer. Tinha um pequeno saco consigo. E, sobretudo, tinha bons modos. Ela abriu-lhe a porta e encaminhou-o para o quarto à direita onde havia luz directa do sol. Ambiente quente. Tanto na cor que invadia o espaço como na temperatura, ligeiramente acima para o normal daquele mês. Mas muito útil, como se veria.
O que o levara ali estava muito bem definido. Não foram precisas muitas palavras além das de cortesia. Ela despiu-se rapidamente e ele sentou-se à beira da cama, abrindo o seu pequeno saco. Retirou alguns óleos de massagem e aplicou-os nas suas mãos, esfregando-as para obter uma temperatura agradável. Quando se virou para ela, já ela repousava despida sobre a cama. Massajou-a longamente, em silêncios ocasionalmente cortados por sons que penetravam o pouco da janela aberta, ou por suspiros de alívio que ela emitia quando eram pressionados alguns músculos mais tensos.
No final da massagem ele voltou ao seu pequeno saco, para limpar as mãos com um toalhete. Ela virou-se na cama, de costas para baixo, entreabrindo timidamente as pernas. Ele retirou do saco um par de luvas cirúrgicas que calçou com a destreza de quem o faz há muitos anos. Ajeitou-lhe um pouco mais as pernas, para um melhor ângulo, e massajou-lhe o interior das coxas, as virilhas, o clitóris e o interior da vagina. Sempre naquele silêncio com sons ocasionais, e com o sol a entrar directo e a conferir tons laranja a todas as superfícies. Quando ela finalmente atingiu o orgasmo, retirou as luvas. Colocou-as, do avesso, dentro de um saco de plástico preto. Enquanto corria o fecho do saco, com aquele ruído muito característico, ela disse-lhe “Para a próxima… estava a pensar, se para a próxima pode ser sem as luvas?”. Parou de correr o fecho a meio, e respondeu-lhe, resoluto, “Minha senhora, eu faço massagens e forneço orgasmos. Não me envolvo mais do que qualquer outro prestador de serviços”.
Deixou-a deitada, levantou-se, e caminhou em direcção à porta e em direcção ao próximo agendamento. Que seria, obviamente, com luvas.
Caralhos, não coelhos!
Maria, em doçura, entregava o pito
mas, um dia, ecoou-lhe nos pintelhos
o sabor de um bem gemido grito
Gritava um cogumelo já aflito
que a desejava foder de joelhos,
estrebuchar afogado, lamber-lhe o clito,
sugar-lhe inteiros mil doces orvalhos.
Maria, de olhos azuis tão mimalhos,
sentiu alvoraçarem-se os mamilos no peito,
ao ar expôs um mamalhal tão farto
e gritou: "és único entre mil mangalhos!"
Enrubescida, entregou-se em fúria ao dito:
"quero-te, fode-me como mil caralhos"
Ah, desilusão, mas tudo é tão finito!
No fim gritou: caralhos, não coelhos!
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O OrCa não consegue ouvir falar em caralhos que os ode logo:
"Brava Maria à espera que o bosque traga a demasia que o corpo lhe pede sem que o sossegue algum caramelo, mesmo cogumelo, mas forte de malho que role com ela nas gotas de orvalho...
fica-se Maria entre alhos e elhos
de sarda sequiosos os lábios tão quentes
e o seu corpo todo grita-lhe conselhos
que aos cogumelos até crescem dentes
nas sarças por sardas todas elas ardentes
com ânsias de novos e saber de velhos
que Maria queria senti-los latentes
roliços e firmes sem quaisquer engelhos
nos lábios do corpo visitas urgentes"
Amor de uma vida que foi
O melhor amante numa vida passada, desinteressante por comparação porque ofereceu o coração em vez de usar a cabeça, sem o gosto da aventura e da incerteza, uma relação jamais perdura desprovida da defesa natural para uma presença eventual que nunca enfrenta o perigo de se assumir como um dado adquirido a sua manutenção.
O primado da razão como um torno implacável da utopia impraticável que se alimenta de uma força que não provém da cabeça mas de outro lado qualquer, a energia que faz valer o tempo que a vida nos dá. Teimosia ou insistência, obstinação ou persistência que fazem avançar o quebra-gelos na superfície de um mar que às tantas solidificou.
A pessoa que tanto (se) desejou, despromovida à condição de quase uma obrigação a cumprir, um ritual que deve servir, reforçada, a solidez desmascarada pela lucidez traiçoeira que constitui uma ratoeira para todas as coisas que se querem ignorar.
A coragem para lutar que enobrece quem consiga perceber que a vida acaba logo ali e que nada vale por si, sem a resistência emprestada por quem tem consciência da hora sortuda que constitui o acaso que nos cruza com quem faz acontecer. A atenção que faz por nos merecer quem consegue despertar sob o gelo de qualquer mar o sono de um vulcão que explode numa erupção de vontades e de ansiedades e de saudades a cada instante, que sacode debaixo dos pés o chão e leva o coração ao rubro como um motor acelerado, prego a fundo, à solta e sem freio no horizonte interminável de uma planície banhada pelo sol.
O amor de uma vida que foi, magistral, de olho no tempo onde se perfila o renascimento tão plausível como a alternativa provável à luz da experiência que tanto esclarece como baralha a existência, à vista desarmada, com o inevitável desacerto na previsão especulada.
04 maio 2010
Levava droga dentro da vagina para um recluso em Coimbra
(crica para ampliares... a vagina... e o resto)
Há notícias que conseguem fazer-me passar o dia com um sorriso. Como esta do jornal «as Beiras» de hoje.
Só tenho duas dúvidas:
1) No subtítulo da edição em papel, referem que "Uma mulher foi detida pela presumível prática de tráfico de estupefacientes. que consistia na introdução dos produtos no Estabelecimento Prisional de Coimbra" - afinal... ela introduzia os produtos na prisão ou na vagina?!
2) "A mulher, de 30 anos, escondia dentro do corpo, no interior da vagina, algumas quantidades de droga, que levava ao recluso, de 37. “Quando chegava à cadeia para o ver, na troca de beijos e abraços, ela retirava o produto estupefaciente, colocava-o no bolso e depois entregava ao companheiro, que o introduzia no ânus”, acrescentou a fonte." - não será mais notícia a parte dele?!
Prendinhas para ocasiões especiais
Nada temam! Quanto mais elas se exercitarem na prática e na descoberta do seu prazer…tanto maior será também o prazer e a disposição de o fazerem convosco. Em matéria de sexo e prazer, para uma mulher, quanto mais, mais. Quanto menos, menos. E, claro, é muito simpático que sejais vós mesmos a tomar semelhante iniciativa… pois este será um passo decisivo para a criação de novos laços de cumplicidade e de intimidade.
De resto, com a vossa participação ou sem ela, às claras, ou à socapa, é quase inevitável que elas acabem por experimentar… e, provavelmente, gostar. Trata-se sobretudo de uma questão de atitude e de preferência: se querem aproveitar o “convívio” e tê-las mortinhas para vos ver chegar, cheias de disposição para dividir convosco a sua “brincadeira”; ou se preferem tê-las mortinhas para vos ver pelas costas de maneira a poderem entregar-se à vontade às suas brincadeiras privadas.
E já nem há razões para duvidar de que encontrarão neste âmbito o presente dos sonhos da vossa amada, pois a oferta actual de mercado é extraordinária. Há-os para todos os gostos, de todos os feitios, todas as cores, com todas as funcionalidades, e para todas as carteiras… “believe it, or not”… mesmo com aplicações em ouro de dezoito quilates!
(… outra vantagem… sim… porque as mulheres nem sempre são fáceis de satisfazer! Nunca mais será necessário dar voltas e voltas à cabeça para descobrir a oferta mais adequada à celebração de uma ocasião especial… pois, em qualquer outro momento, um outro modelo voltará a ser o presente perfeito).
Dedos teus
os dedos teus moem
cada pequena semente
nos olhos antes meus;
são tuas as meninas
que correm as tardes
quando despidos em grão
as roupas nos doem
e os dedos teus moem
um corpo, um instante;
antes, semeia-os teus
teus como teus são
os lugares distantes
que em grão se abrem
quando tu aqui entras
e os dedos teus moem
o moinho nas ancas
pequenas, mãos pequenas
de ti, grande, tão cheias
que assim te enchem
e os dedos teus moem
moinho nas tranças.
E assim se vive
Imediatamente
Caracol búzio ou ostra
Sei lá
Desapareço é isso
Em milésimos de segundo
Não sabias pois não
Claro que não
Acho que sabes
Mas finges não saber
E eu já me encolhi
Pequenina saborosa
Salgada viscosa
Talvez caracol búzio ou ostra
Sei lá
Nas carapaças
Que eu mesma escolho.
Foto e poesia de Paula Raposo
03 maio 2010
Passado aqui
Do Celibato. Celibato religioso.
Deixemos, pois, o celibato, àquelles cuja vocação é servir directamente e exclusivamente o genero humano, consideremol-o (sic) como um voto de fidelidade necessaria aos seus interesses; esta condição é a unica que póde tornal-o (sic) honesto e pôlo acima dos attaques da reprovação publica.
Mas lembremo-nos de que elle merece ou a censura, ou a honra, e que entre estes dois extremos não lhe poderiam arranjar logar n'outra parte, porque é um estado que não convem e não pertence senão às grandes almas. Não é n’aquelles que são dignos de se conservar nas fileiras d'esta cohorte santa que germinará o amor do deboche e da iniquidade. Não são elles que se comprazem de partilhar o opproprio das virgindades despedaçadas e atiradas à lama; não são elles que tomarão por officio o atirar a deshonra à face dos casados; não é sobre elles que cahirá o nome de corruptores do mundo.
L. Seraine. 19??:164-169