03 maio 2010

Do Celibato. Celibato religioso.

II. Celibato religioso. Sem duvida o christianismo tem exaltado o estado religioso em que o celibato é prescripto. Mas não chama a este estado senão o pequeno numero dos perfeitos, e se a Egreja designa como bemaveuturados os que vivem como os eunucos, em muitos outros logares faz o elogio do casamento e S. Paulo exhorta particularmente os seus discipulos n'este sen­tido. O christianismo nascido no seio da grosseira an­tiguidade, onde as mulheres não eram consideradas senão como instrumentos da voluptuosidade, proscre­veu-as como proscreveu a intemperança e o luxo; pros­creveu-as na sua qualidade de prisões materiais e porque queria desembaraçar os homens do lodaçal da terra e fazer-lhes levantar de novo os olhos para o céo: recommenda a castidade do corpo, porque lhe parece a indispensavel garantia da do coração. O desprendi­mento do mundo perecível e o apêgo immediato ao mundo perfeito e eterno, eis a doutrina do Christo. O mundo tem necessidade do concurso de duas ordens diversas d'existencia. Submettido, por uma parte, a viver plenamente no presente está submettido tambem a caminhar constantemente para um futuro novo. Aquelles que são destinados a prisidir à sua marcha, os guias d'essa carabana (sic) da humanidade, não terão deveres novos que são incompativeis com os que im­põe o casamento? É precisamente o que se dá e o que assegura a santidade das palavras de Jesus Christo. (…)
Deixemos, pois, o celibato, àquelles cuja vocação é servir directamente e exclusivamente o genero humano, consideremol-o (sic) como um voto de fidelidade necessaria aos seus interesses; es­ta condição é a unica que póde tornal-o (sic) honesto e pôlo acima dos attaques da reprovação publica.
Mas lembremo-nos de que elle merece ou a censura, ou a honra, e que entre estes dois extremos não lhe poderiam arranjar logar n'outra parte, porque é um estado que não convem e não pertence senão às gran­des almas. Não é n’aquelles que são dignos de se con­servar nas fileiras d'esta cohorte santa que germinará o amor do deboche e da iniquidade. Não são elles que se comprazem de partilhar o opproprio das virgindades despedaçadas e atiradas à lama; não são elles que tomarão por officio o atirar a deshonra à face dos casa­dos; não é sobre elles que cahirá o nome de corruptores do mundo.

L. Seraine. 19??:164-169

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