26 maio 2010
Arregaça pum pum arregaça
XIV . – É preciso ter grande cuidado na limpeza das partes e do ânus; lavar umas e outro, com água e sabão, não só quando se toma banho, mas, pelo menos, uma vez por dia. Quando não houver lavatórios apropriados pode servir uma toalha molhada. Os furúnculos das nádegas, tão frequentes, sobretudo nos que montam a cavalo, tem quási sempre por causa a falta de asseio. É preciso, quando se lavam as partes genitais, arregaçar a pele do membro, para descobrir e lavar, ou limpar com uma toalha molhada, o rêgo que separa a cabeça do membro da pelle que a cobre e onde se junta uma substância esbranquiçada, de mau cheiro, cuja demora produz inflamações e feridas, dispondo assim para as doenças venéreas. Sendo asseado, o soldado corre muito menos risco de apanhar males de mulheres.
Ministério da Guerra
CARTILHA DE HIGIENE
Lisboa: Imprensa Nacional, 1912 - p. 14
Desfeito
Vais soprar areia. Tu tens vento, vento
que sopra e grita e pede e tu, tu tens
vento que sopra nas arcadas do meu peito.
Vais soprar areia nos dedos e vais e vens
e eu encolho as mãos na cegueira do tacto;
por baixo das arcadas deixas as mãos reféns
do vento, do vento no peito e o peito rarefeito.
Vais soprar areia e nos cabelos miragens
dos dedos do vento que de vento és desfeito.
que sopra e grita e pede e tu, tu tens
vento que sopra nas arcadas do meu peito.
Vais soprar areia nos dedos e vais e vens
e eu encolho as mãos na cegueira do tacto;
por baixo das arcadas deixas as mãos reféns
do vento, do vento no peito e o peito rarefeito.
Vais soprar areia e nos cabelos miragens
dos dedos do vento que de vento és desfeito.
25 maio 2010
Esperança
Já faltou mais.
Claro que sim.
Esperança - lugar comum -,
ainda resta
neste espaço exíguo
em que a acalento.
Mas já faltou mais.
A esperança tem duração limitada.
A minha, esvai-se
em todos os copos
que não bebi...
Foto e poesia de Paula Raposo
Claro que sim.
Esperança - lugar comum -,
ainda resta
neste espaço exíguo
em que a acalento.
Mas já faltou mais.
A esperança tem duração limitada.
A minha, esvai-se
em todos os copos
que não bebi...
Foto e poesia de Paula Raposo
1º Encontro de Mulheres... de bem com a Vida! - 29 de Maio - Lisboa
Um encontro para mulheres inteligentes, despreconceituosas, descomplicadas... e de bem com a Vida!
Descomplicadamente sozinha, acompanhada ou em grupo... Todas seremos bem vindas num encontro que se pretende despreconceituoso, entre mulheres de bem com a Vida e que inteligentemente gostam de conviver e conhecer pessoas.
Se na nossa vida existe um homem verdadeiramente inteligente, poderemos convidá-lo para uma tarde diferente. Ele só irá aceitar se realmente o for ;)
Almoçar de forma descontraída e intimista, ao som de um pianista russo... Conhecer mulheres tão fantásticas como nós... Projectos ousados... Actividades enriquecedoras... Conselhos preciosos... Registos inesquecíveis... e surpresas valiosas.
Um espaço novo, onde se respira qualidade e bom gosto, abrirá as portas para nos receber.
E para que nada se complique... reserve já a sua presença, pois a participação neste encontro é limitada a 100 participantes bem descomplicadas :)
Detalhes e Inscrições Aqui
Estarei presente e moderarei um pequeno debate:
"Como podemos descomplicar a nossa intimidade?"
"Este permitirá discutir e partilhar, com as participantes, as melhores estratégias para evitar a rotina. De uma forma descontraída abordaremos algumas questões que preocupam ainda muitas mulheres e algumas dúvidas que ditam tantas vezes a insatisfação, complicando assim a nossa sexualidade."
Vamos?
Descomplicadamente sozinha, acompanhada ou em grupo... Todas seremos bem vindas num encontro que se pretende despreconceituoso, entre mulheres de bem com a Vida e que inteligentemente gostam de conviver e conhecer pessoas.
Se na nossa vida existe um homem verdadeiramente inteligente, poderemos convidá-lo para uma tarde diferente. Ele só irá aceitar se realmente o for ;)
Almoçar de forma descontraída e intimista, ao som de um pianista russo... Conhecer mulheres tão fantásticas como nós... Projectos ousados... Actividades enriquecedoras... Conselhos preciosos... Registos inesquecíveis... e surpresas valiosas.
Um espaço novo, onde se respira qualidade e bom gosto, abrirá as portas para nos receber.
E para que nada se complique... reserve já a sua presença, pois a participação neste encontro é limitada a 100 participantes bem descomplicadas :)
Detalhes e Inscrições Aqui
Estarei presente e moderarei um pequeno debate:
"Como podemos descomplicar a nossa intimidade?"
"Este permitirá discutir e partilhar, com as participantes, as melhores estratégias para evitar a rotina. De uma forma descontraída abordaremos algumas questões que preocupam ainda muitas mulheres e algumas dúvidas que ditam tantas vezes a insatisfação, complicando assim a nossa sexualidade."
Vamos?
24 maio 2010
Noutro mundo
Imagina-te num local a bordo de uma nave espacial com as estrelas a brilharem como velas no céu que invade a redoma e produz pequenas explosões de luz na retina desses teus olhos que me contemplam como uma miragem ao longo desta viagem que embarcámos a dois.
Imagina-te pouco tempo depois, despenteada, com uma expressão de pessoa amada, na ponte de comando, no sítio onde se vai alterando a rota em função daquilo que nos impuser o coração a cada momento que vivemos nesse tempo sonhado, quem sabe concretizado num dia amanhã. Imagina-te transportada para uma galáxia distante, nos braços do amante escolhido, do teu homem preferido no tempo em que o quiseres, espaço fora, aqui e agora, a bordo da tua imaginação onde me anseio tentação irresistível, acredita que é possível sentires assim sempre que penses em mim presente em cada vez mais passado e no futuro abraçado num local a bordo de uma nave espacial a caminho de um mundo deserto onde iremos assistir todos os dias, para sempre, a pelo menos três nasceres do sol.
Imagina-te pouco tempo depois, despenteada, com uma expressão de pessoa amada, na ponte de comando, no sítio onde se vai alterando a rota em função daquilo que nos impuser o coração a cada momento que vivemos nesse tempo sonhado, quem sabe concretizado num dia amanhã. Imagina-te transportada para uma galáxia distante, nos braços do amante escolhido, do teu homem preferido no tempo em que o quiseres, espaço fora, aqui e agora, a bordo da tua imaginação onde me anseio tentação irresistível, acredita que é possível sentires assim sempre que penses em mim presente em cada vez mais passado e no futuro abraçado num local a bordo de uma nave espacial a caminho de um mundo deserto onde iremos assistir todos os dias, para sempre, a pelo menos três nasceres do sol.
Celibato: Solteirões
III. Solteirões. Mas em que razão se fundam os cilibatarios leigos para se conservarem fora do uso comum? Pedem elles, como os solitários da Thebaida, para se conservarem sem distracções a sós com Deus? Pedem, como esses guerreiros antigos marcados pela espiação, para se conservarem livres, afim de, na occasião precisa, de cabeça baixa, se precipitarem na morte para a salvação da sua patria? Não, nem Deus, nem a patria vivificam a sua alma; apertai-os nos seus ultimes entrincheiramentos, e quasi por toda a parte só encontrareis o egoismo. Não é uma predominancia das affeiições superiores que os eleva à força acima das affeições domesticas; é uma fraqueza do coração que não permitte mesmo às suas sympathias o elevar-se até esta altura. Desligados dos deveres do casamento, mais desenfreados são na licença dos seus amores. Não vivem senão das desordens e da corrupção; o adulterio e a prostituição, esses dois flagellos caminham deante d'elles como dois anjos maus, e recrutam-lhes na multidão o cortejo que elles pedem. Que a vergonha peze pois sobre elles como pesava sobre as estereis na antiguidade e que a opinião publica os confunda.
L. Seraine. 19??:169-170
23 maio 2010
Dilúvio
Perturbante.
Sensação que aflora
o meu corpo em dilúvio.
Estremeço.
Divago.
Entrego-me.
Já não sei regressar
ao canto escondido
dos nossos dias de pressa.
Aterrador: o tempo.
Não há memória que resista;
a ausência marca-nos;
dispersa-nos
e - talvez -
mata-nos o coração!
Foto e poesia de Paula Raposo
Mariana: conto das sombras
Agora que não te trais e que ninguém te trai, sabe que te trai a tua sombra: ela continua a colar-se à minha pele durante a noite, todas as noites. E depois trespassa-me. Uma e outra e outra vez. Mais tarde, enfraquecida pela aproximação da manhã que sabe sempre escura junto de ti, quer invadir a minha sombra e morar aqui. Mas eu não deixo; convido-a a sair pela janela e penduro-a no regaço da lua para que encontre o caminho de volta. Porque a minha sombra não me trai; porque eu vou com ela onde quero ir mesmo que a sombra do medo ou de qualquer outro sentimento escuro nos acompanhe; porque eu não quero ser uma sombra.
22 maio 2010
Prostituição: carta aberta - a realidade na sombra (Comentário "extraído" do facebook)
O texto que se segue é o comentário integral deixado no mural do meu facebook pelo José Daniel Nunes Dias:
"Posso ser polémico, mas possuo uma visão muito própria e que resumiria em poucas letras...
A relação sexual comercial habitual é uma relação rápida e, por norma, desprovida de afecto. Mas, às vezes, pode haver sentimentos e emoções passíveis de serem concretizados.
Muitas vezes, os clientes tornam-se habituais e começam a investir naquela relação, que passa a ser de amizade, de afecto e, caso a prostituta esteja disponível, pode até evoluir. Ou seja, apesar de, por regra, não haver afecto, é possível que ele exista. Tal como o prazer.
Antigamente, definia-se a prostituição como a ausência de escolha e de prazer; quanto à escolha, já vimos que existe; quanto ao prazer, embora não seja algo facilmente admitido pelas prostitutas, percebe-se que algumas acabam por tê-lo com os clientes. Ora, isto é polémico: dizer que a prostituta é activa, que escolhe, e, ainda por cima, que o faz porque pode ter prazer sexual, é mais um tabu para o que se julga ser o comportamento sexual adequado a uma mulher... É mais fácil vê-las como vítimas, e não como sexualmente activas, porque o comportamento esperado de uma mulher não é aquele – é o recato, a monogamia, a fidelidade, ideias que estas mulheres, de algum modo, vêem contrariar. Daí a sociedade não estar preparada e não aceitar muito bem esta profissão.
Assim, os clientes não são nenhuns pervertidos, são homens de todas as classes sociais, idades, estatuto civil e experiência de vida - os maridos, pais e irmãos de toda a gente. Os abolicionistas, que acham que a profissão é uma forma de violência sobre a mulher, chamam aos clientes “prostituidores”, porque, na sua óptica, a mulher é uma vítima passiva tanto do chulo como do cliente - a lógica é: se não houvesse clientes, não havia prostitutas. E fazem deles seres perversos. Não são.
Há que respeitar uns e outros e olhar para esta profissão como mais uma."
A minha resposta:
Bom comentário, muito bom mesmo. Eu apenas substituiria o "que o faz porque pode ter prazer sexual" por "quando o faz pode ter prazer sexual".
Não digo que não existam mulheres que se prostituem pelo gozo de se prostituírem mas não me refiro a elas quando escrevo. Não por criticar mas porque simplesmente não saberia o que dizer, não conheço nenhuma. Conheço algumas, num extremo, que decidiram prostituir-se por fome de comida e outras, noutro extremo, que decidiram por fome do último modelo da Nokia e todos os casos intermédios. Em todos, o ponto comum: motivação base - dinheiro; mesmo que depois 100 outros motivos se pudessem juntar a esse, o central - dinheiro.
Depois, se o prazer acontece? Claro que pode acontecer, afinal continuam a ser pessoas. Depende do homem, depende da mulher, depende do dia, da hora, do estado da lua; mas estas circunstâncias não fazem com que as pessoas deixem de ser seres humanos.
Se há aqui vítimas ou mulheres que não tiveram outra opção ou que outra opção seria insuficiente? Há... Mas também há quem esteja aqui porque escolheu estar. De qualquer forma falamos sempre, quando falamos em alternativas, de alternativas insuficientes. E sofremos todas o preconceito, as dificuldades de se ter uma vida dupla, a discriminação, o medo de sermos descobertas.. o dedo apontado.
Não, não é uma vida fácil, embora algumas possam achar mais fácil que outras, depende de cada uma a forma como se lida internamente com isto.
Infidelidade? A minha perspectiva romântica não me permite considerar infidelidade um encontro que não tem como motivação (da mulher) o desejo. Mas isto é teoria, na prática, o companheiro de uma prostituta tem dificuldades sérias para racionalizar a coisa dessa forma.
Não, os clientes não são nenhuns bichos papões e mauzões. :) Mas que os há, bichos papões e mauzões, há; mas isso não é porque são clientes, é porque há homens assim que por acaso são clientes.
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Agradeço ao José o comentário que "emprestou" aqui ao meu blogue. :) Obrigada! Quem quiser, pode "espreitar" o original aqui.
"Posso ser polémico, mas possuo uma visão muito própria e que resumiria em poucas letras...
A relação sexual comercial habitual é uma relação rápida e, por norma, desprovida de afecto. Mas, às vezes, pode haver sentimentos e emoções passíveis de serem concretizados.
Muitas vezes, os clientes tornam-se habituais e começam a investir naquela relação, que passa a ser de amizade, de afecto e, caso a prostituta esteja disponível, pode até evoluir. Ou seja, apesar de, por regra, não haver afecto, é possível que ele exista. Tal como o prazer.
Antigamente, definia-se a prostituição como a ausência de escolha e de prazer; quanto à escolha, já vimos que existe; quanto ao prazer, embora não seja algo facilmente admitido pelas prostitutas, percebe-se que algumas acabam por tê-lo com os clientes. Ora, isto é polémico: dizer que a prostituta é activa, que escolhe, e, ainda por cima, que o faz porque pode ter prazer sexual, é mais um tabu para o que se julga ser o comportamento sexual adequado a uma mulher... É mais fácil vê-las como vítimas, e não como sexualmente activas, porque o comportamento esperado de uma mulher não é aquele – é o recato, a monogamia, a fidelidade, ideias que estas mulheres, de algum modo, vêem contrariar. Daí a sociedade não estar preparada e não aceitar muito bem esta profissão.
Assim, os clientes não são nenhuns pervertidos, são homens de todas as classes sociais, idades, estatuto civil e experiência de vida - os maridos, pais e irmãos de toda a gente. Os abolicionistas, que acham que a profissão é uma forma de violência sobre a mulher, chamam aos clientes “prostituidores”, porque, na sua óptica, a mulher é uma vítima passiva tanto do chulo como do cliente - a lógica é: se não houvesse clientes, não havia prostitutas. E fazem deles seres perversos. Não são.
Há que respeitar uns e outros e olhar para esta profissão como mais uma."
A minha resposta:
Bom comentário, muito bom mesmo. Eu apenas substituiria o "que o faz porque pode ter prazer sexual" por "quando o faz pode ter prazer sexual".
Não digo que não existam mulheres que se prostituem pelo gozo de se prostituírem mas não me refiro a elas quando escrevo. Não por criticar mas porque simplesmente não saberia o que dizer, não conheço nenhuma. Conheço algumas, num extremo, que decidiram prostituir-se por fome de comida e outras, noutro extremo, que decidiram por fome do último modelo da Nokia e todos os casos intermédios. Em todos, o ponto comum: motivação base - dinheiro; mesmo que depois 100 outros motivos se pudessem juntar a esse, o central - dinheiro.
Depois, se o prazer acontece? Claro que pode acontecer, afinal continuam a ser pessoas. Depende do homem, depende da mulher, depende do dia, da hora, do estado da lua; mas estas circunstâncias não fazem com que as pessoas deixem de ser seres humanos.
Se há aqui vítimas ou mulheres que não tiveram outra opção ou que outra opção seria insuficiente? Há... Mas também há quem esteja aqui porque escolheu estar. De qualquer forma falamos sempre, quando falamos em alternativas, de alternativas insuficientes. E sofremos todas o preconceito, as dificuldades de se ter uma vida dupla, a discriminação, o medo de sermos descobertas.. o dedo apontado.
Não, não é uma vida fácil, embora algumas possam achar mais fácil que outras, depende de cada uma a forma como se lida internamente com isto.
Infidelidade? A minha perspectiva romântica não me permite considerar infidelidade um encontro que não tem como motivação (da mulher) o desejo. Mas isto é teoria, na prática, o companheiro de uma prostituta tem dificuldades sérias para racionalizar a coisa dessa forma.
Não, os clientes não são nenhuns bichos papões e mauzões. :) Mas que os há, bichos papões e mauzões, há; mas isso não é porque são clientes, é porque há homens assim que por acaso são clientes.
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Agradeço ao José o comentário que "emprestou" aqui ao meu blogue. :) Obrigada! Quem quiser, pode "espreitar" o original aqui.
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