Leu-lhe no olhar a tristeza e a desilusão de quem viu terminada uma relação que era sonhada para a vida inteira.
Depois leu da mesma maneira a frieza emocional instalada pela revolta sentida na ressaca de maus momentos pelos quais não teria que passar se não tivesse que enfrentar todos os desafios e ameaças de uma vida a sós.
Percebia a sua tendência para desatar os nós nos laços que criava a custo, reflexo condicionado de fracassos que iam retalhando em pedaços a esperança numa felicidade de longa duração, protegia o coração de quaisquer desgostos que lhe acrescentassem uma espécie de calo que endurecia o olhar que lhe lia agora, um olhar que via de fora mas sentia como seu.
E foi isso que transmitiu no primeiro abraço que lhe deu.
29 maio 2010
Tradução dos nossos lobos
Tenho que te dizer. Tenho que te explicar. Com que queres afogar as minhas certezas se elas bebem de ti? Sufoca antes as minhas angústias, elas respiram de ti. Eu saberei o que estou aqui a fazer até não estar. E quando não estiver é apenas porque já não sei. Nada mais simples. Se ainda estava quando fui é porque, na verdade, fiquei, sempre fiquei e ainda sabia. E agora que voltei, voltei e sei o que sei. E é isso que tenho que te dizer. Tenho que te explicar. Tenho que te explicar que, dos lobos famintos que se deitam aos teus pés, só posso enfrentar os que vejo. Não os escondas, mordem-me com mais força quando não os vejo. Atirei-me a eles. Para que me comam. Para que saciem de mim as tuas dúvidas. Para que alimentem de mim as tuas respostas. Tirei a pele. Senta-te aqui, tenho que te dizer, tenho que te explicar.
A nau do Nelo
"Todus us cu com a idadi çe priocupam
Devíom çaber da verdadi
Cum bucado belu de carni
Çó fica bom
çe for a lumi brandu grilhadu
Para quéim quereim shamas com preças
ardendeim fortis i imediatas
Fagulhas eim barda, tempraturas altas
e a carne neim goza, fica logu queimada
Agora veijam um broshe, ou pinadela traseira
a pila quaze mole a pedir lingua farta
a mão a paçar na tola i tumatada
e a alegria de sentir a marei a shegar alta
Ai melhéres, i depois já tod' ela tezada
Nu corpu meter, iscorrendo de baba
leva quaze um dia a shegar, a nau langonheira
e u Nelo a guzar que nem uma tonta, tonteira
Nelo"
Devíom çaber da verdadi
Cum bucado belu de carni
Çó fica bom
çe for a lumi brandu grilhadu
Para quéim quereim shamas com preças
ardendeim fortis i imediatas
Fagulhas eim barda, tempraturas altas
e a carne neim goza, fica logu queimada
Agora veijam um broshe, ou pinadela traseira
a pila quaze mole a pedir lingua farta
a mão a paçar na tola i tumatada
e a alegria de sentir a marei a shegar alta
Ai melhéres, i depois já tod' ela tezada
Nu corpu meter, iscorrendo de baba
leva quaze um dia a shegar, a nau langonheira
e u Nelo a guzar que nem uma tonta, tonteira
Nelo"
___________________________________
O OrCa ode tudo o que se mexe... e o Nelo mexeu... os olhinhos:
de dares corpo e alma e força por prazer
e foder só por foder e ser fodido em cada dia
que amanhã mais outro dia irá nascer
e tens arte em ti que faz de ti um artesão
e cantando hás-de espalhar por toda a parte
o tesão que é dares-te assim a um teu irmão
para mais se ele for senhor de um bacamarte
um pouco mais de sol e tu ardias
um pouco mais de azul com outro alguém
e neste mundo azedo de agonias
ter-se um anelo assim - ó Nelo - é que está bem!"
O Bartolomeu ode uma ajudinha:
Em fodas loucas, delirantes
Pede à pixa para não murchar
Mesmo que lhe apliques uns tirantes
E se a memória te atraiçoar
E confundas sardo com chouriço
Engole-o até a respiração te faltar
Até que o nabo leve sumiço
Tu, ó Nelo, rei das bichas
Que no olimpo da paneleiragem
tem assento
Fazes parar a Terra, quando o cu espichas
sacodes a ramagem
quando do teu cu sai vento
Se é caralho que tu pedes, em tuas rimas
que acalme essa inflamação que te devora
Convida para uma festa as tuas primas
E pode ser que, no fim, leves no cu a tora"
O Santoninho acha que "isto está mesmo a melhorar... até o Nelo já serve de musa..." e o OrCa ode-o:
e não outra, ora agreste, ora confusa
que desliza entre matéria obtusa
e atiça e acossa e tira a tusa
este Nelo é aquele que nos apraz
registar cá se vir contra o silêncio
e por tanto gostar de levar atrás
sempre faz evocar o bom Terêncio
que dizia muito a rir mas sempre sério
que «- sou homem e nada me é estranho
do que humano é», em magistério
de criar um ser humano sem tamanho
o Nelo é assim e mesmo à rasca
neste mundo enredado em preconceito
ele grita aos quatro ventos que é panasca
mas não busca casamento... é o seu jeito!"
O Santoninho reclama: "Foda-se! Não se pode abrir a boca que nos odem logo! Não quero misturas com o Nelo, capisce?"
E o Bartolomeu... pimba:
à sua santa esposa tão amada.
mas para andar mais consolado
lá vai fazendo aqui e ali, uma mamada
Não cuspas para o ar, ó Santo Ninho
E do Nelo não desdenhes da peidola
Deixa que ele te faça um brochezinho
Vais ver o que é bom prá tosse, seu mariola
Dá o piço ao Nelo, bem levantado
E espera que ele faça a peneirinha
Vais ficar por aquele cu, enfeitiçado
Vais nomear o Nelo, a tua rainha!"
Na-Turismo
Para além do reconhecimento social de um direito a quem o pretende, está aí à porta um enorme potencial que pode fazer uma diferença significativa na economia do país: o Turismo Naturista.
Oportunidades perdidas
Portugal perdeu no passado algumas oportunidades preciosas, como quando a Fuji, em momento de vitória de mercado sobe a Kodak, projectou a instalação de uma linha de montagem para a Europa no norte do país e o governo de então não conseguiu negociar a bom termo, deixando os lucros que daí adiviriam, bem como os dois mil postos de trabalho iniciais, fugir para o estrangeiro.
No entanto, talvez que a nossa maior oportunidade perdida se situe precisamente no campo em que queremos dar cartas na Europa: o turismo, o clima, a natureza. Isso sucedeu há menos de 20 anos, com o desmembramento da Jugoslávia que era, então, o paraíso naturista da Europa.
Já nessa altura havia uma tradição antiga da prática nudista em praias portuguesas: no Malhão há 50 anos, no Meco há 40, para citar apenas dois exemplos. O fim da Jugoslávia como destino naturista deixou em aberto uma janela de oportunidade que Portugal não viu mas foi bem aproveitada pela França e pela vizinha Espanha, onde existem mais de 400 praias naturistas e centenas de estabelecimentos turísticos, incluindo parques de campismo, hotéis e aldeamentos. Em 2008, nuestros hermanos serviram mais de três milhões de turistas naturistas.
Naturismo em Portugal
Em Portugal, existem seis praias oficiais, um Parque de Campismo no Alentejo, cerca de vinte camas de oferta em turismo rural… e mais nada. Não há nenhum aldeamento, hotel, clube de saúde, ginásio ou praia fluvial…
Mas este estado de coisas vai mudar, essa é a boa notícia. Antes disso, porém, analisemos os números, para avaliar o potencial em presença.
Só na Europa, existem 20 milhões de naturistas, dos quais 12 milhões compram, anualmente, turismo naturista. A procura dos Estados Unidos excede 40 milhões. Acrescente-se-lhes, modestamente, outros 20 milhões do resto do mundo, incluindo Brasil, Canadá, Austrália, Japão, etc, e estamos perante um universo de mais de 80 milhões de potenciais “clientes” do país.
Portugal é um dos 15 destinos mais procurados do mundo. Com uma população de 10 milhões de habitantes, recebemos 12 milhões de turistas em 2006. Temos o melhor clima da Europa, espaços naturais maravilhosos e uma gastronomia famosa. O Algarve reclama-se de “326 dias de sol por ano”. Temos tudo para responder aos anseios de férias de quem gosta de natureza, incluindo também experiência em hotelaria de qualidade.
Se acrescentarmos ao turismo que já recebemos o enorme potencial de venda de turismo naturista, um sector em que a procura é extraordinária, a inclusão de uma oferta nacional neste âmbito fará decerto uma diferença substancial na nossa balança económica.
O único investimento que existe em Portugal nesta área, tanto em termos de campismo como de turismo rural, é exclusivamente estrangeiro.
De que estamos, então, à espera?...
A Boa Nova
… simplesmente, do aparecimento de portugueses que vejam este potencial e decidam entrar no mercado.
Pois bem, isso já sucedeu.
Se a lei souber agora adequar-se às necessidades, tanto da prática social como do desenvolvimento de iniciativas ligadas ao turismo naturista, existe já investimento preparado, português, nacional, com projectos feitos e prontos a arrancar em menos de um ano, para colmatar esta grave lacuna da nossa adequação enquanto país ao evoluir das sociedades e do mercado global.
A procura existe. Imensa, rica, crescente. A oferta está pronta. Mais precisamente 15 milhões de euros de investimento, perto de 150 postos de trabalho, duas zonas do país abrangidas, oferta de turismo de qualidade àqueles de 80 milhões de potenciais clientes que queiram juntar as suas preferências de férias aos encantos de Portugal.
O Futuro
Os portugueses, onde mais de cem mil naturistas ainda são muitas vezes “nudistas à escondidas”, com pouco mais de dez mil faces visíveis, mostraram já que são um povo tolerante com uma prática ancestral de hábitos de nudez social, pacífica, familiar, saudável.
Falta-lhes a aceitação social que a lei pode ajudar a consensualizar. Como pode ajudar, noutra área, a criar uma mais valia económica que ajude o país a superar as sucessivas crises por que tem passado.
Está agora nas mãos dos legisladores. Esperemos que tudo corra bem, para benefício da saúde do país, potenciada pela filosofia naturista que promove os princípios que conduzem a “uma mente sã num corpo são”.
por Pedro Laranjeira
Portugal perdeu no passado algumas oportunidades preciosas, como quando a Fuji, em momento de vitória de mercado sobe a Kodak, projectou a instalação de uma linha de montagem para a Europa no norte do país e o governo de então não conseguiu negociar a bom termo, deixando os lucros que daí adiviriam, bem como os dois mil postos de trabalho iniciais, fugir para o estrangeiro.
No entanto, talvez que a nossa maior oportunidade perdida se situe precisamente no campo em que queremos dar cartas na Europa: o turismo, o clima, a natureza. Isso sucedeu há menos de 20 anos, com o desmembramento da Jugoslávia que era, então, o paraíso naturista da Europa.
Já nessa altura havia uma tradição antiga da prática nudista em praias portuguesas: no Malhão há 50 anos, no Meco há 40, para citar apenas dois exemplos. O fim da Jugoslávia como destino naturista deixou em aberto uma janela de oportunidade que Portugal não viu mas foi bem aproveitada pela França e pela vizinha Espanha, onde existem mais de 400 praias naturistas e centenas de estabelecimentos turísticos, incluindo parques de campismo, hotéis e aldeamentos. Em 2008, nuestros hermanos serviram mais de três milhões de turistas naturistas.
Em Portugal, existem seis praias oficiais, um Parque de Campismo no Alentejo, cerca de vinte camas de oferta em turismo rural… e mais nada. Não há nenhum aldeamento, hotel, clube de saúde, ginásio ou praia fluvial…
Mas este estado de coisas vai mudar, essa é a boa notícia. Antes disso, porém, analisemos os números, para avaliar o potencial em presença.
Só na Europa, existem 20 milhões de naturistas, dos quais 12 milhões compram, anualmente, turismo naturista. A procura dos Estados Unidos excede 40 milhões. Acrescente-se-lhes, modestamente, outros 20 milhões do resto do mundo, incluindo Brasil, Canadá, Austrália, Japão, etc, e estamos perante um universo de mais de 80 milhões de potenciais “clientes” do país.
Portugal é um dos 15 destinos mais procurados do mundo. Com uma população de 10 milhões de habitantes, recebemos 12 milhões de turistas em 2006. Temos o melhor clima da Europa, espaços naturais maravilhosos e uma gastronomia famosa. O Algarve reclama-se de “326 dias de sol por ano”. Temos tudo para responder aos anseios de férias de quem gosta de natureza, incluindo também experiência em hotelaria de qualidade.
Se acrescentarmos ao turismo que já recebemos o enorme potencial de venda de turismo naturista, um sector em que a procura é extraordinária, a inclusão de uma oferta nacional neste âmbito fará decerto uma diferença substancial na nossa balança económica.
O único investimento que existe em Portugal nesta área, tanto em termos de campismo como de turismo rural, é exclusivamente estrangeiro.
De que estamos, então, à espera?...
… simplesmente, do aparecimento de portugueses que vejam este potencial e decidam entrar no mercado.
Pois bem, isso já sucedeu.
Se a lei souber agora adequar-se às necessidades, tanto da prática social como do desenvolvimento de iniciativas ligadas ao turismo naturista, existe já investimento preparado, português, nacional, com projectos feitos e prontos a arrancar em menos de um ano, para colmatar esta grave lacuna da nossa adequação enquanto país ao evoluir das sociedades e do mercado global.
A procura existe. Imensa, rica, crescente. A oferta está pronta. Mais precisamente 15 milhões de euros de investimento, perto de 150 postos de trabalho, duas zonas do país abrangidas, oferta de turismo de qualidade àqueles de 80 milhões de potenciais clientes que queiram juntar as suas preferências de férias aos encantos de Portugal.
Os portugueses, onde mais de cem mil naturistas ainda são muitas vezes “nudistas à escondidas”, com pouco mais de dez mil faces visíveis, mostraram já que são um povo tolerante com uma prática ancestral de hábitos de nudez social, pacífica, familiar, saudável.
Falta-lhes a aceitação social que a lei pode ajudar a consensualizar. Como pode ajudar, noutra área, a criar uma mais valia económica que ajude o país a superar as sucessivas crises por que tem passado.
Está agora nas mãos dos legisladores. Esperemos que tudo corra bem, para benefício da saúde do país, potenciada pela filosofia naturista que promove os princípios que conduzem a “uma mente sã num corpo são”.
28 maio 2010
Desgostos e Doces de Colher
– Sabe o que é que ele me disse, doutor?
Acenei que não com a cabeça.
– Que era de ferro, doutor. – A mulher soltou um riso escarninho. – De ferro! – exclamou, fechando-se num carão de desgosto e ressentimento. – E, afinal, sabe o que ele era?
Repeti o aceno.
– Gelatina. – A mulher imitou o meu aceno de cabeça. – Ele era feito de gelatina, doutor. De gelatina.
– Quem o vê… – disse eu, lentamente à espera da interrupção.
– Sim, isso é verdade, doutor – avançou a mulher, tal como eu esperava. – Quem o vê com aqueles fatos e cara de mau e aquele ar másculo de quem leva tudo à frente…
– Sempre firme e hirto…
– Engana bem, engana – concluiu, fungando. – A mim enganou-me, doutor. A mim enganou-me bem!
Levantei-me e rodeei a secretária, agarrei uma caixa de lenços de papel que se encontrava sobre um móvel encostado à parede e estendi-a na sua direcção. Ela retirou três pedaços de papel e assoou-se ruidosamente. Admirei disfarçadamente os movimentos que se produziram dentro do apertado decote, que a mulher usava como um expositor, e, depois de devolver a caixa ao seu primitivo lugar, tornei a sentar-me.
– Esta altura é péssima para as alergias – justificou-se a mulher, com os papéis ranhosos na mão.
– É – concordei, segurando no cesto de papéis para ela depositar os lenços, o que fez.
– Homem de Ferro – disse ela, sarcástica. – Ainda gostava de saber como é que lhe chamam Homem de Ferro – continuou no mesmo tom. – De certeza que nunca gramaram com ele em cima, esparramado, a mexer-se em câmara lenta, para cima e para baixo, tão firme como uma gelatina, tão duro como um pudim… Homem de Ferro!... Bah!... – A mulher fez uma pausa para ganhar fôlego. – Mas a culpa é minha, doutor, só minha! Eu, eu mais do que ninguém, já devia estar à espera, não acha? Eu já devia ter aprendido! Quem é que me mandou a mim ser burra… Aaaaah… – parodiou tom e gestos de gratidão divina, erguendo os olhos para o tecto e levantando as mãos e agitando-as ligeiramente. – Aaaah! O homem é de ferro, é o Homem de Ferro!... Burra! Que burra, doutor!... Homem de Ferro, ah! Tretas!... Mas a culpa é minha…
– Sim… – admiti, brincando com a esferográfica para me distrair dos movimentos ondulantes das comprimidas mamas que pareciam querer saltar na minha direcção. – É verdade que a sua anterior experiência lhe podia ter servido de aviso mas… mas… – Interrompi-me, distraído pelas consequências estéticas da inspiração profunda que se seguiu ao fim do encenado agradecimento sacro.
– Mas? – perguntou a mulher, expectante da minha conclusão.
– Ahn?
– A minha anterior experiência podia ter-me servido de aviso mas? – repetiu, vendo o meu mudo atabalhoamento.
– Ah! – Recuperei as minhas faculdades e voltei à esferográfica. – Quero dizer: podemos aprender com os erros anteriores mas nunca podemos saber que as coisas se vão repetir com outra pessoa só por terem ambos o mesmo ramo de actividade… Temos de dar o benefício da dúvida e foi isso que a senhora fez.
– Hum! – discordou a mulher. – Eu devia ter calculado, doutor!... Qual benefício da dúvida qual carapuça… Isso é conversa de psiquiatra, doutor!... De psicoterapeuta!... A culpa é minha e ponto final, se com o outro já tinha sido o que foi…
Aceitei com um trejeito o argumento da paciente: ela tinha razão.
– Sabe o que eu lhe digo, doutor?
Acenei que não.
– Posso ser franca?
Acenei que sim, ainda que o lamentasse.
– O doutor desculpe-me mas isto não me sai da cabeça e… – fez uma ligeira pausa e preveniu: – E não é nada contra os pais deles. – A mulher olhou para a porta do gabinete para confirmar que estava fechada e voltando a fixar-me disse com ar de quem meditou no assunto: – Que fodas tão mal empregues, senhor doutor… O tempo que os pais deles perderam a fazê-los mais valia terem estado a… a… Nem sei o quê, doutor, nem sei o quê… Qualquer bodega que lhes tivesse ocupado aqueles trinta segundos tinha sido melhor empregue. Muito melhor…
– Às vezes as coisas não correm bem entre as pessoas – disse, sem convicção, olhando disfarçadamente para o relógio.
– Já está na hora? – perguntou a paciente, verificando o seu relógio de pulso.
– Já – informei com ensaiado pesar. – Para a semana continuamos.
A mulher expirou pelo nariz, ainda desimpedido, levantou-se, colocou as mãos sobre a secretária, olhou-me nos olhos e concluiu desanimada:
– Só comigo, doutor. Já viu bem a minha pouca sorte?... O Super-Homem foi o que foi, um fiasco do pior. Que pãozinho sem sal!... Agora, aparece-me o Homem de Ferro, todo cheio de basófia, que faz e acontece, e, no fim, vai-se ver… Gelatina, doutor, o homem devia chamar-se era Homem-Gelatina. Gelatina e pouco fresca!... Não tenho mesmo sorte nenhuma!
A mulher aceitou o meu aceno concordante com um sorriso e quando ia a sair, já depois das despedidas, perguntou-me com um brilho no olhar:
– Sabe com quem é que eu vou jantar no Sábado?
– Com o Batman? – lancei.
– Bolas! Nem pensar – respondeu, mostrando-me a língua com ar enjoado.
Sorrindo, a mulher abriu a porta, saiu e fechou-a.
Esperou um momento, reabriu a porta cerca de um palmo, espreitou para me encontrar no mesmo sítio, a olhar para ela, e anunciou, sorrindo e piscando-me o olho, antes de voltar a fechar a porta:
– Sábado vou jantar com o Homem-Queque!
Acenei que não com a cabeça.
– Que era de ferro, doutor. – A mulher soltou um riso escarninho. – De ferro! – exclamou, fechando-se num carão de desgosto e ressentimento. – E, afinal, sabe o que ele era?
Repeti o aceno.
– Gelatina. – A mulher imitou o meu aceno de cabeça. – Ele era feito de gelatina, doutor. De gelatina.
– Quem o vê… – disse eu, lentamente à espera da interrupção.
– Sim, isso é verdade, doutor – avançou a mulher, tal como eu esperava. – Quem o vê com aqueles fatos e cara de mau e aquele ar másculo de quem leva tudo à frente…
– Sempre firme e hirto…
– Engana bem, engana – concluiu, fungando. – A mim enganou-me, doutor. A mim enganou-me bem!
Levantei-me e rodeei a secretária, agarrei uma caixa de lenços de papel que se encontrava sobre um móvel encostado à parede e estendi-a na sua direcção. Ela retirou três pedaços de papel e assoou-se ruidosamente. Admirei disfarçadamente os movimentos que se produziram dentro do apertado decote, que a mulher usava como um expositor, e, depois de devolver a caixa ao seu primitivo lugar, tornei a sentar-me.
– Esta altura é péssima para as alergias – justificou-se a mulher, com os papéis ranhosos na mão.
– É – concordei, segurando no cesto de papéis para ela depositar os lenços, o que fez.
– Homem de Ferro – disse ela, sarcástica. – Ainda gostava de saber como é que lhe chamam Homem de Ferro – continuou no mesmo tom. – De certeza que nunca gramaram com ele em cima, esparramado, a mexer-se em câmara lenta, para cima e para baixo, tão firme como uma gelatina, tão duro como um pudim… Homem de Ferro!... Bah!... – A mulher fez uma pausa para ganhar fôlego. – Mas a culpa é minha, doutor, só minha! Eu, eu mais do que ninguém, já devia estar à espera, não acha? Eu já devia ter aprendido! Quem é que me mandou a mim ser burra… Aaaaah… – parodiou tom e gestos de gratidão divina, erguendo os olhos para o tecto e levantando as mãos e agitando-as ligeiramente. – Aaaah! O homem é de ferro, é o Homem de Ferro!... Burra! Que burra, doutor!... Homem de Ferro, ah! Tretas!... Mas a culpa é minha…
– Sim… – admiti, brincando com a esferográfica para me distrair dos movimentos ondulantes das comprimidas mamas que pareciam querer saltar na minha direcção. – É verdade que a sua anterior experiência lhe podia ter servido de aviso mas… mas… – Interrompi-me, distraído pelas consequências estéticas da inspiração profunda que se seguiu ao fim do encenado agradecimento sacro.
– Mas? – perguntou a mulher, expectante da minha conclusão.
– Ahn?
– A minha anterior experiência podia ter-me servido de aviso mas? – repetiu, vendo o meu mudo atabalhoamento.
– Ah! – Recuperei as minhas faculdades e voltei à esferográfica. – Quero dizer: podemos aprender com os erros anteriores mas nunca podemos saber que as coisas se vão repetir com outra pessoa só por terem ambos o mesmo ramo de actividade… Temos de dar o benefício da dúvida e foi isso que a senhora fez.
– Hum! – discordou a mulher. – Eu devia ter calculado, doutor!... Qual benefício da dúvida qual carapuça… Isso é conversa de psiquiatra, doutor!... De psicoterapeuta!... A culpa é minha e ponto final, se com o outro já tinha sido o que foi…
Aceitei com um trejeito o argumento da paciente: ela tinha razão.
– Sabe o que eu lhe digo, doutor?
Acenei que não.
– Posso ser franca?
Acenei que sim, ainda que o lamentasse.
– O doutor desculpe-me mas isto não me sai da cabeça e… – fez uma ligeira pausa e preveniu: – E não é nada contra os pais deles. – A mulher olhou para a porta do gabinete para confirmar que estava fechada e voltando a fixar-me disse com ar de quem meditou no assunto: – Que fodas tão mal empregues, senhor doutor… O tempo que os pais deles perderam a fazê-los mais valia terem estado a… a… Nem sei o quê, doutor, nem sei o quê… Qualquer bodega que lhes tivesse ocupado aqueles trinta segundos tinha sido melhor empregue. Muito melhor…
– Às vezes as coisas não correm bem entre as pessoas – disse, sem convicção, olhando disfarçadamente para o relógio.
– Já está na hora? – perguntou a paciente, verificando o seu relógio de pulso.
– Já – informei com ensaiado pesar. – Para a semana continuamos.
A mulher expirou pelo nariz, ainda desimpedido, levantou-se, colocou as mãos sobre a secretária, olhou-me nos olhos e concluiu desanimada:
– Só comigo, doutor. Já viu bem a minha pouca sorte?... O Super-Homem foi o que foi, um fiasco do pior. Que pãozinho sem sal!... Agora, aparece-me o Homem de Ferro, todo cheio de basófia, que faz e acontece, e, no fim, vai-se ver… Gelatina, doutor, o homem devia chamar-se era Homem-Gelatina. Gelatina e pouco fresca!... Não tenho mesmo sorte nenhuma!
A mulher aceitou o meu aceno concordante com um sorriso e quando ia a sair, já depois das despedidas, perguntou-me com um brilho no olhar:
– Sabe com quem é que eu vou jantar no Sábado?
– Com o Batman? – lancei.
– Bolas! Nem pensar – respondeu, mostrando-me a língua com ar enjoado.
Sorrindo, a mulher abriu a porta, saiu e fechou-a.
Esperou um momento, reabriu a porta cerca de um palmo, espreitou para me encontrar no mesmo sítio, a olhar para ela, e anunciou, sorrindo e piscando-me o olho, antes de voltar a fechar a porta:
– Sábado vou jantar com o Homem-Queque!
Túlipa
Se o teu sexo fosse uma flor
eu quereria que fosse uma túlipa,
como um cálice de licor
e tivesse várias cores:
amarelo, azul, vermelho, preto.
Se fosse uma flor o teu sexo
poderia ser uma túlipa amarela,
com o sabor amendoado
do amargo limão
e o aroma inconfundível
do anis subindo em mim.
Seria o sexo perdido
- na minha boca -
ávido da minha fome,
por todas as vezes
das vezes minhas.
Foto e poesia de Paula Raposo
eu quereria que fosse uma túlipa,
como um cálice de licor
e tivesse várias cores:
amarelo, azul, vermelho, preto.
Se fosse uma flor o teu sexo
poderia ser uma túlipa amarela,
com o sabor amendoado
do amargo limão
e o aroma inconfundível
do anis subindo em mim.
Seria o sexo perdido
- na minha boca -
ávido da minha fome,
por todas as vezes
das vezes minhas.
Foto e poesia de Paula Raposo
Quem quer dar uma mãozinha ao Aalberto Montanelas?
Recebi esta mensagem do Aalberto Montanelas no Facebook:
A mensagem
A foto
Como a página dele no facebook é pública, a minha resposta também é: Aalberto, eu sou lésbica e por isso decerto compreenderás que não quero "sentilo". Mas se houver algum membro ou membrana que queira verificar a tua alavanca de velocidades, tem aqui o teu contacto. Sem desprimor para o resto da malta, recomendo-te o Nelo. Afinal, depois da experiência com o Baldé, o Nelo nem vai "sentilo".
A mensagem
A foto
Como a página dele no facebook é pública, a minha resposta também é: Aalberto, eu sou lésbica e por isso decerto compreenderás que não quero "sentilo". Mas se houver algum membro ou membrana que queira verificar a tua alavanca de velocidades, tem aqui o teu contacto. Sem desprimor para o resto da malta, recomendo-te o Nelo. Afinal, depois da experiência com o Baldé, o Nelo nem vai "sentilo".
27 maio 2010
Da prostituta ao prostituidor, as duas faces da mesma moeda
A propósito de comentários e de comentários a comentários, muito estimulantes e dignos de interesse, numa amena cavaqueira lá «mais para baixo», alguns comentários mais, porque o tema é cíclico e inesgotável:
A(o) prostituta(o) - que designação rebuscada... - e o(a) prostituidor(a) são as duas faces da mesma moeda. Assim posto isto, lapalicianamente, tudo fica obscuramente claro. A saber: ele há-as por todos os motivos e para todos os gostos... e, quanto a eles, eles, também. É a Humanidade, senhores, e está tudo dito. Claro que estou muito de acordo quando aqui se introduz, na conversa, a questão do dinheiro envolvido, como é óbvio.
Agora, quanto à necessidade da dar a queca marginal - ou alguma das suas envolventes - e de haver quem, pelo tal dinheirinho, esteja disposta(o) a levá-la – ou a alinhar nas tais envolvências -, isso parece-me que tem mais a ver com o que alguns estudiosos da matéria chamam «miséria sexual».
Na verdade, parece-me historicamente admissível e de fácil prova que a necessidade de vender (ou comprar) o corpo por dinheiro se prende com a invenção do dito dinheiro, nem que seja na sua forma mais elementar da troca directa de bens ou, se se quiser ser mais técnico, de mercadorias.
Tal será coincidente com o declínio social do matriarcado e o ascendente do patriarcado, que culmina na subjugação total da mulher aos prevalecentes direitos do mais forte. Mais forte aqui, principalmente, à luz do conceito daquele que detém ascendente sobre os meios de produção.
Do esvaziamento dessa importância social da mulher nas sociedades à criação do conceito mulher-objecto terá sido pequeno passo. Da mulher subjugada à mulher prostituída, mero objecto de prazer, passo mais pequeno, ainda.
Depois, no passo seguinte, as sociedades organizadas vieram a impor os seus limites ou regras a este jogo, eivadas de mais ou menos preconceito e hipocrisia, porquanto assumiu, ao mesmo tempo, condescendências várias a par de mais ou menos veladas proibições, situação que atinge o seu esplendor com a dominação, no dito mundo ocidental, da religião católica apostólica romana, suprema defensora do incontornável princípio do «olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço».
Para manter aparências e não deixar que o deboche abalasse os pilares civilizacionais, vem de lá tanta repressão, tanta contenção, tanta pressão social, tanta pomba assassinada - como o poeta diria -, que se desvirtuou e perverteu assim, através desses jogos temíveis de dominação, o acto sexual livre e mutuamente consentido.
Ou por laços do sento matrimónio ou por descabelado comércio. Fora disto, as morais públicas não vêm o sexo com bons olhos.
Porque o ser livre é, também, o ser sexualmente satisfeito. Ou, dito de outra maneira, a repressão sexual faz parte das rédeas do(s) poder(es), como quaisquer outras. Haverá algum conceito mais subversivo do que este?
Vista por este prisma, a prostituição passa a ser, meramente, a infracção, hipócrita e cirurgicamente permitida pelo(s) poder(es) instituídos, para «equilibrar» a tensão gerada pela repressão sexual social. quando esta levada a extremos potencie excessivos danos sociais, o que estragaria o «arranjinho», saindo pior e emenda que o soneto, como sói dizer-se.
A prostituição, então, como válvula de escape de tensões sociais geradas pela repressão sexual. Enfim, nada disto é novidade. Muitos outros, mais e melhor do que eu, o têm dito. Estude-se, como boa referência, a obra de Wilhelm Reich, por exemplo.
«Felizmente», com a emancipação progressiva e inegável da Mulher, nos nossos dias esbateu-se o conceito de que a prostituição é mais uma das coisas que cabe em exclusividade às mulheres e, agora, existe prostituição para todos os gostos e enlaces possíveis. Mas continua a estar subjacente o conceito da dominação de um ser humano por outro, por via do poder económico
Mas, uma vez mais e sempre, ela fica a dever-se à tal «miséria sexual», onde apenas muito poucos – os detentores do poder, geralmente económico -, conseguem dar livre curso, com razoável desinibição, aos seus impulsos sexuais, sem que a sociedade, à volta, desate logo aos gritos...
Como me parece óbvio, havendo dinheiro, do banco de trás do carro, ao apartamento, passando pelo quartinho de hotel mais ou menos rasca, até ao desmancho de algum descuido, sob observação oficial ou não oficialmente reconhecida, a tal hipocrisia atrás referida faz descer o seu pudico véu social sobre a coisa... e passa a estar tudo bem e mais ou menos socialmente aceite.
Em seguida, da fome de comer à fome de jóias, por outro lado, é tudo um problema de circunstância e de escala, civilizacional, dir-se-ia.
Quanto ao mais, bem aventurado o homem que, no seu desespero de identidade aquando do recurso a uma prostituta, consegue fruir e fazer fruir. Dele será, porventura, o reino do Olimpo.
Lateralmente, refiro apenas uma curiosidade que me foi anunciada em recente palestra a que assisti e que registei com curiosidade:
- as prostitutas com mais procura (e mais dispendiosas) são, nos dias que vão correndo, as chamadas «she-male». Pelos vistos, constituem «elas», para os seus clientes, o melhor dos mundos – onde, também, os fétiches ou necessidades primárias de dominação se tornam, porventura, mais patentes.
«Comer» uma prostituta com pénis «desculpabiliza» infidelidades, aguça o carácter de dominação sobre um seu igual, sublima homosexualidades... Enfim, uma panóplia de potencialidades que reflectem com maior clareza a perversão social que é ter de pagar para se ter aquilo que devia ser, porventura, a manifestação de afecto e confiança supremos entre seres da mesma espécie.
- Jorge Castro
Carolina: conto para as semi-pessoas
Porque tu não conheces a palavra. Porque tu não conheces a palavra com que encheste os meus braços. Porque tu não conheces a palavra - como poderias? - que depois te devolvi. Porque tu não conheces; porque se tu conhecesses não falavas em grãos de pó; como se fala em grãos de pó perante um castelo inteiro que imaginaste, que se diz teu e cresce num peito nu? Porque tu não sabes o que é.
Porque quando é já não é uma palavra: é a palavra e a palavra não se acalma nas amarras das tuas ponderações, não se amordaça no pano dos teus impossíveis, não se detém nas cordas das tuas fragilidades, não pára nos muros erguidos das pedras quebradas dos teus obstáculos - é, somente é, e nada mais é mais.
É por isso que não mais te falo da palavra; percebo, agora, que não sabes sequer do que estou a falar. Quer queiras ou não, somos seres humanos e nenhum caminho é caminho se nos perdermos do fundamental; é pelo fundamental que não nos extinguimos enquanto espécie e é na ausência dele que alguém corre o risco de se extinguir por dentro, mesmo que esteja muito distraído, especialmente se estiver muito distraído. E é a palavra que te faz pensar em mim - também em momentos de distracção, quando adormece a pele cinzenta que te endurece - sem perceberes porquê.
Sim, eu sou dura; mas tu és somente uma semi-pessoa e eu preciso de uma pessoa inteira; ninguém aos pedaços se sabe dar completo.
Porque quando é já não é uma palavra: é a palavra e a palavra não se acalma nas amarras das tuas ponderações, não se amordaça no pano dos teus impossíveis, não se detém nas cordas das tuas fragilidades, não pára nos muros erguidos das pedras quebradas dos teus obstáculos - é, somente é, e nada mais é mais.
É por isso que não mais te falo da palavra; percebo, agora, que não sabes sequer do que estou a falar. Quer queiras ou não, somos seres humanos e nenhum caminho é caminho se nos perdermos do fundamental; é pelo fundamental que não nos extinguimos enquanto espécie e é na ausência dele que alguém corre o risco de se extinguir por dentro, mesmo que esteja muito distraído, especialmente se estiver muito distraído. E é a palavra que te faz pensar em mim - também em momentos de distracção, quando adormece a pele cinzenta que te endurece - sem perceberes porquê.
Sim, eu sou dura; mas tu és somente uma semi-pessoa e eu preciso de uma pessoa inteira; ninguém aos pedaços se sabe dar completo.
26 maio 2010
homosseXuais no Estado Novo
O estudo é da jornalista São José Almeida e defende que a nossa sociedade ainda é homofóbica.
Pode ler-se no site da TSF:
«O livro “ Homossexuais no Estado Novo”, que analisa o período que vai de 1912 a 1982, surge depois de vários meses de pesquisa e conta com dezenas de depoimentos.
Décadas passadas e com a chegada do regime democrático muito mudou. A jornalista São José Almeida considera positiva a lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas diz que a sociedade portuguesa ainda é homofóbica.
O livro “Homossexuais no Estado Novo” é publicado pela Sextante editora»
Para comprar, ler, reflectir e colocar na prateleira (salvo seja), lado a lado com o diciOrdinário.
Pode ler-se no site da TSF:
«O livro “ Homossexuais no Estado Novo”, que analisa o período que vai de 1912 a 1982, surge depois de vários meses de pesquisa e conta com dezenas de depoimentos.
Décadas passadas e com a chegada do regime democrático muito mudou. A jornalista São José Almeida considera positiva a lei que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas diz que a sociedade portuguesa ainda é homofóbica.
O livro “Homossexuais no Estado Novo” é publicado pela Sextante editora»
Para comprar, ler, reflectir e colocar na prateleira (salvo seja), lado a lado com o diciOrdinário.
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