HenriCartoon
10 junho 2010
Cumplicidade Evidente
A mulher aproximou-se lentamente conferindo com prazer a minha atenção e, demorando os passos com que me atravessou, sussurrou sensual:
– Gosto da tua barba.
Não respondi. Olhei-a de esguelha e levei o copo meio vazio à boca, despejando-o. Já nos tínhamos visto e trocado olhares mas havia um indivíduo que a acompanhava e que ficara parado, conversando com outros e controlando com alheamento ensaiado os seus passos até ao balcão.
Olhei para o meu copo vazio, para o indivíduo que não reparara em mim, nem se apercebera das palavras que ela me dirigira, e, agitando o copo, dei meia volta para ir buscar outra bebida.
Pousei o copo vazio no balcão, a alguma distância da mulher, que me viu mas nada fez, tal como eu. Esperei que o empregado se aproximasse dela e, só então, me aproximei dela.
– Quero um Absolut Citron com limão – pedi, depois de ela ter feito o seu pedido.
O empregado afastou-se para ir buscar as bebidas e ela falou-me sem quase olhar para mim:
– Essa barba… Hummm… Gostava de a ter a roçar-me o interior das coxas. De a sentir nos grandes lábios enquanto me comias com a língua, enquanto me chupavas… Hummm… – ronronou.
– Gostava disso – disse, também sem a olhar. – Gostava muito disso.
– E o resto do corpo também está assim? – perguntou-me num murmúrio.
O empregado aproximou-se com dois copos para ela e um copo para mim. Agradecemos e ele afastou-se de imediato.
– Algumas partes estão – disse.
Ela beberricou um dos copos e ciciou:
– Gostava de ver isso. Gostava muito de ver isso.
Piscou-me o olho, enquanto se virava para a sala, abriu um sorriso descarado para o homem que a esperava e afastou-se, deixando-me a contemplar-lhe o magnífico andar, a extraordinária silhueta e a forma perfeita das nádegas.
Pouco depois, quando um fotógrafo se aproximou, juntaram-se, sorriram e mostraram a sua “cumplicidade evidente” que havia de ser a legenda da fotografia na revista cor-de-rosa.
– Gosto da tua barba.
Não respondi. Olhei-a de esguelha e levei o copo meio vazio à boca, despejando-o. Já nos tínhamos visto e trocado olhares mas havia um indivíduo que a acompanhava e que ficara parado, conversando com outros e controlando com alheamento ensaiado os seus passos até ao balcão.
Olhei para o meu copo vazio, para o indivíduo que não reparara em mim, nem se apercebera das palavras que ela me dirigira, e, agitando o copo, dei meia volta para ir buscar outra bebida.
Pousei o copo vazio no balcão, a alguma distância da mulher, que me viu mas nada fez, tal como eu. Esperei que o empregado se aproximasse dela e, só então, me aproximei dela.
– Quero um Absolut Citron com limão – pedi, depois de ela ter feito o seu pedido.
O empregado afastou-se para ir buscar as bebidas e ela falou-me sem quase olhar para mim:
– Essa barba… Hummm… Gostava de a ter a roçar-me o interior das coxas. De a sentir nos grandes lábios enquanto me comias com a língua, enquanto me chupavas… Hummm… – ronronou.
– Gostava disso – disse, também sem a olhar. – Gostava muito disso.
– E o resto do corpo também está assim? – perguntou-me num murmúrio.
O empregado aproximou-se com dois copos para ela e um copo para mim. Agradecemos e ele afastou-se de imediato.
– Algumas partes estão – disse.
Ela beberricou um dos copos e ciciou:
– Gostava de ver isso. Gostava muito de ver isso.
Piscou-me o olho, enquanto se virava para a sala, abriu um sorriso descarado para o homem que a esperava e afastou-se, deixando-me a contemplar-lhe o magnífico andar, a extraordinária silhueta e a forma perfeita das nádegas.
Pouco depois, quando um fotógrafo se aproximou, juntaram-se, sorriram e mostraram a sua “cumplicidade evidente” que havia de ser a legenda da fotografia na revista cor-de-rosa.
Tradução da lua
Eu gosto da lua que se esconde atrás dos prédios.
Eu gosto da lua que se esconde atrás das árvores.
Eu tenho uma lua que se esconde atrás do peito. De vez em quando ouço-a cantar. Quando canta um dó chama-se angústia.
Eu gosto da lua que é uma mulher da rua, na esquina espera e enrola os caracóis nos dedos. Antes, quando era uma lua criança, vestia um vestido verde claro de peito bordado e laços nas alças. Um dia também vou vestir um.
Eu gosto da lua ingénua que nos cura as feridas demasiado cedo. Depois não são as feridas que doem, são as dores que doem. E doem devia ter um i. Se doem tivesse um i, talvez existisse alguma beleza nas dores que descobrimos que afinal ainda doem de ferida já fechada.
Eu gosto da lua que pede silêncio ao ranger das portas. Eu gosto da lua mas eu não sou a lua; eu não a posso ser.
Eu gosto da lua que se esconde atrás das árvores.
Eu tenho uma lua que se esconde atrás do peito. De vez em quando ouço-a cantar. Quando canta um dó chama-se angústia.
Eu gosto da lua que é uma mulher da rua, na esquina espera e enrola os caracóis nos dedos. Antes, quando era uma lua criança, vestia um vestido verde claro de peito bordado e laços nas alças. Um dia também vou vestir um.
Eu gosto da lua ingénua que nos cura as feridas demasiado cedo. Depois não são as feridas que doem, são as dores que doem. E doem devia ter um i. Se doem tivesse um i, talvez existisse alguma beleza nas dores que descobrimos que afinal ainda doem de ferida já fechada.
Eu gosto da lua que pede silêncio ao ranger das portas. Eu gosto da lua mas eu não sou a lua; eu não a posso ser.
«Maria Gulosa» da banda Velhas Virgens
Uma sugestão da nossa prima Samantha.
Iremos cantar uma versão adaptada por nós no 13º Encontra-a-Funda.
Iremos cantar uma versão adaptada por nós no 13º Encontra-a-Funda.
09 junho 2010
Sugiram um título para esta foto!
Durante a recente caminhada ao Cabeço das Fráguas, captei este peculiar instantâneo acerca do qual lanço aqui um desafio. Alguém quer sugerir um título para esta foto? Ideias não devem faltar...
______________________________
No blog do Katano já temos:
Red Light District
Bem Me Quer
Até os animaizinhos gostam
National Geographic: Cabeço das Fráguas XXX
Aperta ,aperta com ela
I Salão Erótico do Cabeço (das Fráguas)!
"Nós Pimba" (com música do Emanuel)
1º (A)casa(la)mento gay do mundo animal
A Joaninha a ir para escola fez uma paragem pela "flor" do lobo mau
Tão natural como o seu desejo!
Efeitos Colaterais da Primavera
O calor chegou ao campo!
Desflorar
No Facebook do Katano encontramos já:
Flower Motel
Bugs do it!
O pólen dessas flores deve ser afrodisíaco
Playbug
O insecto cafageste e sua ninfeta voadora
Alguém consegue fazer melhor? Até agora, isto está fraquinho. Mas eu sei, eu sei, não devia ter publicado isto na véspera de um feriado...
"Biba" a Lei!
Sinfonia Clara
Carochinha gay apanhada em flagrante!
"Despacha-te que só pagámos sete dias ao dono da pensão!"
"Rrrrrrêcêba ás flôriiiiiis... qu'eu lhi dôôôu..."
"Tás a ver aqueles lá atrás? É só fazer igual!"
Como são dois casais:
"Bi-souro, você é meu tesouro!"
Ou será que vem daqui a expressão brasileira:
"Deixa eu trepar em você..."
"Bis, bis, ouro!"
Primeira vez numa casa de swing
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No blog do Katano já temos:
Red Light District
Bem Me Quer
Até os animaizinhos gostam
National Geographic: Cabeço das Fráguas XXX
Aperta ,aperta com ela
I Salão Erótico do Cabeço (das Fráguas)!
"Nós Pimba" (com música do Emanuel)
1º (A)casa(la)mento gay do mundo animal
A Joaninha a ir para escola fez uma paragem pela "flor" do lobo mau
Tão natural como o seu desejo!
Efeitos Colaterais da Primavera
O calor chegou ao campo!
Desflorar
No Facebook do Katano encontramos já:
Flower Motel
Bugs do it!
O pólen dessas flores deve ser afrodisíaco
Playbug
O insecto cafageste e sua ninfeta voadora
Alguém consegue fazer melhor? Até agora, isto está fraquinho. Mas eu sei, eu sei, não devia ter publicado isto na véspera de um feriado...
"Biba" a Lei!
Sinfonia Clara
Carochinha gay apanhada em flagrante!
"Despacha-te que só pagámos sete dias ao dono da pensão!"
"Rrrrrrêcêba ás flôriiiiiis... qu'eu lhi dôôôu..."
"Tás a ver aqueles lá atrás? É só fazer igual!"
Como são dois casais:
"Bi-souro, você é meu tesouro!"
Ou será que vem daqui a expressão brasileira:
"Deixa eu trepar em você..."
"Bis, bis, ouro!"
Primeira vez numa casa de swing
«Contos já sem pontes no azul» de Miss Shag Well explicado pela própria
A Olinda leu este texto e confessou: "Não «entrei» no azul... isto é, não entendi!"
Como eu também não, a Miss é fixe e explicou-nos:
"O frio dos dias queima a página das horas. O fogo. Eu tentei escrever-te o fogo." (Tentei que as minhas palavras te aquecessem os dias)
"Sou apenas um fósforo. E tu sabes. Eu sei, agora sei." (Não consegui?)
"Ele deu-me amor. Mas tu deste-me azul. E azul é mais que amor. É mais que qualquer amor. É mais que todos os amores. É azul. E tu sabes." (Já tive outros amores mas só o teu é azul)
"E eu? O que te dei? Dizes-me? E tu sabes?" (Às vezes parece-me que não sabes)
"Quem vai aumentar as palavras para te demorares nelas? Se não lês, o silêncio pode não demorar." (Se quando escrevo para ti, não lês, para quê continuar a escrever?)
"Diz-me do princípio. Prometo não contar a ninguém. Nem a mim. Eu não conto." (Não te esqueças de quem fomos antes, no início, antes disto. Continua a lembrar-te e conta-me; eu continuo a lembrar-me e a contar-te. É segredo, eu sei, tu sabes, como o nós também é; prometo não contar a ninguém, nem ao eu que sou quando não estou contigo)
"Quem vai domar os versos para te servirem? O que foi feito dos pássaros que escrevi na tua gaiola?" (E se eu me for embora? Se me deixares ir? Quem vai dar-te mais palavras? Quem vai escrever quem és?)
"O gelo no azul queima os olhos presos nas páginas. O fogo sempre procurou os teus para se escrever; agora, acredita que não tens. Saberás? Não." (Não consigo escrever-te, não te vejo ler. Acredito que não lês. Para quê escrever-te mais? Acho que nem sabes que parei de te escrever.)
São memórias dramatizadas."
Miss Shag Well
Como eu também não, a Miss é fixe e explicou-nos:
"O frio dos dias queima a página das horas. O fogo. Eu tentei escrever-te o fogo." (Tentei que as minhas palavras te aquecessem os dias)
"Sou apenas um fósforo. E tu sabes. Eu sei, agora sei." (Não consegui?)
"Ele deu-me amor. Mas tu deste-me azul. E azul é mais que amor. É mais que qualquer amor. É mais que todos os amores. É azul. E tu sabes." (Já tive outros amores mas só o teu é azul)
"E eu? O que te dei? Dizes-me? E tu sabes?" (Às vezes parece-me que não sabes)
"Quem vai aumentar as palavras para te demorares nelas? Se não lês, o silêncio pode não demorar." (Se quando escrevo para ti, não lês, para quê continuar a escrever?)
"Diz-me do princípio. Prometo não contar a ninguém. Nem a mim. Eu não conto." (Não te esqueças de quem fomos antes, no início, antes disto. Continua a lembrar-te e conta-me; eu continuo a lembrar-me e a contar-te. É segredo, eu sei, tu sabes, como o nós também é; prometo não contar a ninguém, nem ao eu que sou quando não estou contigo)
"Quem vai domar os versos para te servirem? O que foi feito dos pássaros que escrevi na tua gaiola?" (E se eu me for embora? Se me deixares ir? Quem vai dar-te mais palavras? Quem vai escrever quem és?)
"O gelo no azul queima os olhos presos nas páginas. O fogo sempre procurou os teus para se escrever; agora, acredita que não tens. Saberás? Não." (Não consigo escrever-te, não te vejo ler. Acredito que não lês. Para quê escrever-te mais? Acho que nem sabes que parei de te escrever.)
São memórias dramatizadas."
Miss Shag Well
Revista Sábado
No âmbito do excelente trabalho fotográfico da Helena e do Ricardo da MyMoments, saiu hoje uma reportagem da jornalista Raquel Lito, entre as páginas 94 e 96, onde eu também apareço.
Espero que gostem, se não mais, pelo menos tanto o quanto eu gostei de ser fotografada!
(crica para aumentares... a imagem, que o que é teu já não tem remédio)
Espero que gostem, se não mais, pelo menos tanto o quanto eu gostei de ser fotografada!
(crica para aumentares... a imagem, que o que é teu já não tem remédio)
«Feiticeira erótica» - estampa de Tomi Ungerer - 1994
Uma estampa do grande Tomi Ungerer (se não sabes quem é, aqui explicam).
A partir de hoje, faz parte da minha colecção.
A partir de hoje, faz parte da minha colecção.
08 junho 2010
XX
Repetidas vezes me perdi, num tesão, ardente e ágil.
Num pensar ardente e ágil, de sexo comendo um sexo negro ardente e ágil.
Na opulência agressiva amassada em suor.
Não há beleza mais empolgante que é o foder, onde tudo febrilmente se move, desde a palpitação à pulsação do ar.
Tudo se agita. Tudo grita. Tudo se come.
Tudo geme sem esforço, cintila, na ilusória aparência, que tudo quieto está...
Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem...
Num pensar ardente e ágil, de sexo comendo um sexo negro ardente e ágil.
Na opulência agressiva amassada em suor.
Não há beleza mais empolgante que é o foder, onde tudo febrilmente se move, desde a palpitação à pulsação do ar.
Tudo se agita. Tudo grita. Tudo se come.
Tudo geme sem esforço, cintila, na ilusória aparência, que tudo quieto está...
Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem...
[Blog Vermelho Canalha]
Luto(a)
Quando as palavras
são punhais
(perfuram)
trespassam o desejo
dentro do elo
da imaginação:
essas são as palavras
inaudíveis
do luto(a).
Que luto? Que luta?
O(A) que nos engole
as saudades dos dias.
Foto e poesia de Paula Raposo
07 junho 2010
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