A Olinda leu este texto e confessou: "Não «entrei» no azul... isto é, não entendi!"
Como eu também não, a Miss é fixe e explicou-nos:
"O frio dos dias queima a página das horas. O fogo. Eu tentei escrever-te o fogo." (Tentei que as minhas palavras te aquecessem os dias)
"Sou apenas um fósforo. E tu sabes. Eu sei, agora sei." (Não consegui?)
"Ele deu-me amor. Mas tu deste-me azul. E azul é mais que amor. É mais que qualquer amor. É mais que todos os amores. É azul. E tu sabes." (Já tive outros amores mas só o teu é azul)
"E eu? O que te dei? Dizes-me? E tu sabes?" (Às vezes parece-me que não sabes)
"Quem vai aumentar as palavras para te demorares nelas? Se não lês, o silêncio pode não demorar." (Se quando escrevo para ti, não lês, para quê continuar a escrever?)
"Diz-me do princípio. Prometo não contar a ninguém. Nem a mim. Eu não conto." (Não te esqueças de quem fomos antes, no início, antes disto. Continua a lembrar-te e conta-me; eu continuo a lembrar-me e a contar-te. É segredo, eu sei, tu sabes, como o nós também é; prometo não contar a ninguém, nem ao eu que sou quando não estou contigo)
"Quem vai domar os versos para te servirem? O que foi feito dos pássaros que escrevi na tua gaiola?" (E se eu me for embora? Se me deixares ir? Quem vai dar-te mais palavras? Quem vai escrever quem és?)
"O gelo no azul queima os olhos presos nas páginas. O fogo sempre procurou os teus para se escrever; agora, acredita que não tens. Saberás? Não." (Não consigo escrever-te, não te vejo ler. Acredito que não lês. Para quê escrever-te mais? Acho que nem sabes que parei de te escrever.)
São memórias dramatizadas."
Miss Shag Well
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