Eu gosto da lua que se esconde atrás dos prédios.
Eu gosto da lua que se esconde atrás das árvores.
Eu tenho uma lua que se esconde atrás do peito. De vez em quando ouço-a cantar. Quando canta um dó chama-se angústia.
Eu gosto da lua que é uma mulher da rua, na esquina espera e enrola os caracóis nos dedos. Antes, quando era uma lua criança, vestia um vestido verde claro de peito bordado e laços nas alças. Um dia também vou vestir um.
Eu gosto da lua ingénua que nos cura as feridas demasiado cedo. Depois não são as feridas que doem, são as dores que doem. E doem devia ter um i. Se doem tivesse um i, talvez existisse alguma beleza nas dores que descobrimos que afinal ainda doem de ferida já fechada.
Eu gosto da lua que pede silêncio ao ranger das portas. Eu gosto da lua mas eu não sou a lua; eu não a posso ser.
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Uma por dia tira a azia