No último encontro d'a Fundasão recebi duas bolas cor de rosa presas por um cordelinho.
Fiquei a saber que servem para exercitar os músculos vaginais.
Foi com grato prazer que concluí (depois da experiência) que os meus músculos estão em plena forma.
Pelo que me apercebi, as bolas não caíram e até foram subindo...
Felizmente que existe o cordelinho para puxar.
A Vânia Beliz também me explicou que não convém usar durante muito tempo porque podemos ficar inflamadas e isso não é bom.
Obrigada, São, por seres sempre tão atenciosa com as tuas amigas: mais um presentinho para a minha colecção!
17 junho 2010
16 junho 2010
Pequena Carta do Homem à Mulher
No teu olhar o canto ardido das palavras, essa força sensual onde se vertem numa fremente desarrumação, o verbo sibilante, paixão.
Esses olhos que me olham em pólvora de tão perto que eu ardo nessa massa imensa de poemas.
Alvura perdida onde por vezes morro de silêncio na quebrada dos quatros elementos desse teu olhar ardente.
Uma fantasia nunca esquece o orgão doce de cabelo quente, que nos enlaça nos quadris negros e molhados. A loucura tem mel, o teu, algures quieto á espera duma largura afogada. É inocente a teia sensível da desordem com que tu me tocas, no escuro , por esse canal vivo de coroa em labaredas...
O meu pénis abraça-te no poema que aqui para ti soletro. Tu sempre incendeias a carne suada que se desfaz na semente grave. O corpo é um forno de sexo, o teu, ânus uma queimada onde se morre na ardência vertical, demoníaca .
Meu sonho mulher, é morrer entre o côncavo lume implacável arfando no remoinho cego, baixo e violento.
Esses olhos que me olham em pólvora de tão perto que eu ardo nessa massa imensa de poemas.
Alvura perdida onde por vezes morro de silêncio na quebrada dos quatros elementos desse teu olhar ardente.
Uma fantasia nunca esquece o orgão doce de cabelo quente, que nos enlaça nos quadris negros e molhados. A loucura tem mel, o teu, algures quieto á espera duma largura afogada. É inocente a teia sensível da desordem com que tu me tocas, no escuro , por esse canal vivo de coroa em labaredas...
O meu pénis abraça-te no poema que aqui para ti soletro. Tu sempre incendeias a carne suada que se desfaz na semente grave. O corpo é um forno de sexo, o teu, ânus uma queimada onde se morre na ardência vertical, demoníaca .
Meu sonho mulher, é morrer entre o côncavo lume implacável arfando no remoinho cego, baixo e violento.
[Blog Vermelho Canalha]
Rabiscos
Caso venhas, não me digas...
Perguntarei ao tempo que nada me dirá.
Que o tempo sabe que prefiro sentir-te chegar.
Caso chegues, não me digas...
Em todas as vezes, prefiro sentir-te chegar.
Porque assim saberei se ainda és tu quando chegas.
Caso não venhas nunca mais, não me digas...
Perguntarei à saudade que nada me dirá.
Que a saudade sabe que prefiro não saber.
Porque assim saberei que já não sou eu nunca mais
no dia em que já não existir saudade a quem perguntar por ti.
Agora que já te disse, já sabes.
Agora que já sabes já podes tudo o que não digas.
Eu já posso escutar os mudos traços que não digas
às gavetas do meu corpo emprestados.
Gavetas destas nunca estão cheias, estão abertas e antes
espalham-se pelas casas intermináveis, de cheiros intermináveis.
Caso me toques, não me digas.
Perguntarei ao peito que nada me dirá
que o peito sabe que prefiro sentir-te tocar
cara a cara, olharei o meu corpo
se estiver nu, eu despi.
Caso me olhes, não me digas.
Olhar-te-ei sem nada perguntar.
Perguntarei ao tempo que nada me dirá.
Que o tempo sabe que prefiro sentir-te chegar.
Caso chegues, não me digas...
Em todas as vezes, prefiro sentir-te chegar.
Porque assim saberei se ainda és tu quando chegas.
Caso não venhas nunca mais, não me digas...
Perguntarei à saudade que nada me dirá.
Que a saudade sabe que prefiro não saber.
Porque assim saberei que já não sou eu nunca mais
no dia em que já não existir saudade a quem perguntar por ti.
Agora que já te disse, já sabes.
Agora que já sabes já podes tudo o que não digas.
Eu já posso escutar os mudos traços que não digas
às gavetas do meu corpo emprestados.
Gavetas destas nunca estão cheias, estão abertas e antes
espalham-se pelas casas intermináveis, de cheiros intermináveis.
Caso me toques, não me digas.
Perguntarei ao peito que nada me dirá
que o peito sabe que prefiro sentir-te tocar
cara a cara, olharei o meu corpo
se estiver nu, eu despi.
Caso me olhes, não me digas.
Olhar-te-ei sem nada perguntar.
a t-shirt oficial do Pride 2010
É para o menino e para a menina! ahhh e para o S. também (que a diversidade é coisa que se aprende desde cedo)
O design é do Duke (a minha vénia) e a estampagem é da responsabilidade da loja mais catita da Rua da Madalena, ARMENIOS!
digam lá que eu e meu J. não vamos fazer um sucesso no Arraial?
___________________Nota da ediSão - desenhei em 2009 uma t-shirt para o Arraial Pride, que continua à venda aqui.
15 junho 2010
Pequena Carta da Mulher ao Homem
Existe um lugar em mim onde a tua sombra é minha gémea , quente e rápida, escarlate.
Por vezes sinto que é de ti que me vem fogo, outras sinto o ardor guardado numa metáfora, que voa num salto para o centro. Falo-te de paisagens inclinadas onde o flanco deixa o sal, onde o desejo é legítimo e o amor por vezes muito confuso. Imagino tocar-te na boca, sem boca e meter-te na boca o leite, o fogo e um grito sem ter que tocar. Minha mão num poema a colher de ti, o que a outra mão tocou, onde o desejo se abriu e a cauda redonda se desenrola através da plumagem ardente. Um sentir a sentir o apalpar girar profundo, a polir a grande flor, a saborear mel. A voz respira pelo orifício a meio amarrado em torno do sexo intenso, o som ressoa para dentro, imaginar que a água tem som.
Belo é o sentir e belo é o vir do correr obscuro, do sangue que brota do fruto de forma esférica, descendo fundo do profundo lago parado...
Por vezes sinto que é de ti que me vem fogo, outras sinto o ardor guardado numa metáfora, que voa num salto para o centro. Falo-te de paisagens inclinadas onde o flanco deixa o sal, onde o desejo é legítimo e o amor por vezes muito confuso. Imagino tocar-te na boca, sem boca e meter-te na boca o leite, o fogo e um grito sem ter que tocar. Minha mão num poema a colher de ti, o que a outra mão tocou, onde o desejo se abriu e a cauda redonda se desenrola através da plumagem ardente. Um sentir a sentir o apalpar girar profundo, a polir a grande flor, a saborear mel. A voz respira pelo orifício a meio amarrado em torno do sexo intenso, o som ressoa para dentro, imaginar que a água tem som.
Belo é o sentir e belo é o vir do correr obscuro, do sangue que brota do fruto de forma esférica, descendo fundo do profundo lago parado...
[Blog Vermelho Canalha]
Fuga
Os laços magoam, apertam,
conseguem calar - aqui -
a voz silenciosa
da dispersa fuga.
Aí, retrocedemos,
queremos ser nós - de novo -
e a impossibilidade
tolhe os movimentos.
Não quero laços.
Não quero ser tolhida.
- Não retrocedo.
Poesia de Paula Raposo
conseguem calar - aqui -
a voz silenciosa
da dispersa fuga.
Aí, retrocedemos,
queremos ser nós - de novo -
e a impossibilidade
tolhe os movimentos.
Não quero laços.
Não quero ser tolhida.
- Não retrocedo.
Poesia de Paula Raposo
14 junho 2010
A prostituta azul (VI)
O homem mais nu de todos não tirou a roupa, não tirou a roupa. Estava despido dele. Queria a pele de volta. A pele rasgou-se como os tempos. Tantos homens atravessavam, vazios; atravessavam vazios. Chegou aqui. Pedia o seu eu, que lhe encontrasse o eu, um eu que pudesse ser. Um eu qualquer. Depois, leu na pena que orbitava sob as pestanas da mulher. Já era um qualquer. Sem um eu. A fúria chorou muito. Guinchava o desalme. O desalme guinchava. Estava sozinho sem alma. Estava sozinho, sem alma. Estava, sozinho, sem alma. E viu a alma da mulher na frente dele, de porta entreaberta e janela bem fechada. A fúria cantava alto. Baixou as calças pelos joelhos e deitou-lhe a mão aberta à cara, os dedos aos olhos. Uma alma cega pode ser extraída. Dizem que as prostitutas são muito fundas e, por isso, conseguem esconder a alma em sítios que não se podem alcançar. Sujou-a muito; o órgão pendia, absurdo. O corpo na sua frente, de alma ausente, percebeu. Julgou-a desalmada. Riu. Atirou os papelinhos coloridos de feio, muitos, ao chão e saiu, a gargalhar fúria, gozo, feliz. A prostituta fechou a porta entreaberta e chamou a alma de volta. O seu trabalho estava concluído, tinha vendido mais uma ilusão.
XIII Encontra-A-Funda - uma cedilha na Pica
fui-me à Pica a Cucujães para um encontro de pica
com alguns filhos e mães que a saudade fornica
pelo caminho a cedilha que no bolso transportava
cravou-se-me na virilha - dali não sai nem por nada
há pois cedilhas danadas que num encontro de amigos
em se sentindo encostadas só olham p’ra seus umbigos
esta então - e por preceito - lança em redor atenção
a todo o umbigo de jeito - o que faz sem contenção
é pois cedilha das finas - veio à Pica por prazer
a fazer-se de menina que dá bola até sem querer
à cautela então te peço
amiga se me abraçares
mede o aperto que eu meço
não vá ela dar-se a ares
e em momento perverso
quando menos esperares
vai-se a cedilha à Taberna
bebe uns copos fica terna
e pede-te para a agarrares
que ela é cedilha com pica
indómita - garganeira
se lhe tocas ela estica
cola-se à Pica matreira
… e fica de outra maneira
quem na viu – quem na sentiu nessa nova condição
da cedilha garantiu ser ponto de exclamação!
- No rescaldo da XIII Encontra-A-Funda – 12 e 13 de Junho de 2010 - outro momento bem passado, na Taberna da Pica, algures entre Cucujães e a Oitava Avenida...
com alguns filhos e mães que a saudade fornica
pelo caminho a cedilha que no bolso transportava
cravou-se-me na virilha - dali não sai nem por nada
há pois cedilhas danadas que num encontro de amigos
em se sentindo encostadas só olham p’ra seus umbigos
esta então - e por preceito - lança em redor atenção
a todo o umbigo de jeito - o que faz sem contenção
é pois cedilha das finas - veio à Pica por prazer
a fazer-se de menina que dá bola até sem querer
à cautela então te peço
amiga se me abraçares
mede o aperto que eu meço
não vá ela dar-se a ares
e em momento perverso
quando menos esperares
vai-se a cedilha à Taberna
bebe uns copos fica terna
e pede-te para a agarrares
que ela é cedilha com pica
indómita - garganeira
se lhe tocas ela estica
cola-se à Pica matreira
… e fica de outra maneira
quem na viu – quem na sentiu nessa nova condição
da cedilha garantiu ser ponto de exclamação!
- No rescaldo da XIII Encontra-A-Funda – 12 e 13 de Junho de 2010 - outro momento bem passado, na Taberna da Pica, algures entre Cucujães e a Oitava Avenida...
13 junho 2010
O resto
Falo-te de algo que não sabes,
como uma borboleta que nasce
e tu não entendes o sentido
- falo-te na mesma -,
nessa tua exaustão alheada.
Não conheces por que não queres;
não te interessa (finges que lês);
não prestas a mínima atenção:
mas eu falo-te, mesmo assim.
Um dia regressas.
As palavras pouco podem
explicar,
nada significam.
Da partida nada resta.
O resto: nada representa.
Foto e poesia de Paula Raposo
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