Caso venhas, não me digas...
Perguntarei ao tempo que nada me dirá.
Que o tempo sabe que prefiro sentir-te chegar.
Caso chegues, não me digas...
Em todas as vezes, prefiro sentir-te chegar.
Porque assim saberei se ainda és tu quando chegas.
Caso não venhas nunca mais, não me digas...
Perguntarei à saudade que nada me dirá.
Que a saudade sabe que prefiro não saber.
Porque assim saberei que já não sou eu nunca mais
no dia em que já não existir saudade a quem perguntar por ti.
Agora que já te disse, já sabes.
Agora que já sabes já podes tudo o que não digas.
Eu já posso escutar os mudos traços que não digas
às gavetas do meu corpo emprestados.
Gavetas destas nunca estão cheias, estão abertas e antes
espalham-se pelas casas intermináveis, de cheiros intermináveis.
Caso me toques, não me digas.
Perguntarei ao peito que nada me dirá
que o peito sabe que prefiro sentir-te tocar
cara a cara, olharei o meu corpo
se estiver nu, eu despi.
Caso me olhes, não me digas.
Olhar-te-ei sem nada perguntar.
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