Já conheço a Milena Miguel e o seu marido (casal que está à frente do Atelier S. Miguel, no Formigal, perto das Caldas da Rainha) há vários anos.
Como é já tradição, este ano a Milena também me fez umas peças especialmente para a minha colecção. Desta vez, oito miniaturas aproveitando e dando ainda maior realce aos detalhes que ela tanto gosta de mostrar em peças maiores.
E, desta vez, até foram oferta.
Obrigada, Milena!
26 junho 2010
25 junho 2010
Foda Nos Sentidos ( part I )
Sou um reflexo rasgado, um cenário árduo e profundo...
E quanto engano ou quanto escondo nos meus simples dizeres;
«Duas da tarde e as palavras ficam sem ar... »
Ar quente. Abafado. Corpo. Fogo, visão, quente e começo a despir-me ao som das tuas palavras. Lentamente cobrem-me os poucos de todas as minhas curvas, e no embalo da ilusão, o meu olhar cavalga sofrego no dorso dos teus lábios.
Duração eterna dos sentidos, os lábios falam-te por mim. Devasso-te no corte duro, no olhar, duração eterna numa foda dos sentidos.
A minha vagina espasmódica recita-te o desejo, poesia, sinais que no teu olhar provocante, procura a minha mente. O corpo pulsa, ao toque dum olhar, que estremece;
«Eu sou, tua, nua, (agora) no sentir, a sentir, (no agora) tu, no meu íntimo»
Manso púbis deslisante nos meus seios, tecendo a sombra, desejo, na vaga dos teus dedos semipétricos, pulsantes. Olhos que olham longamente, olhos que engolem imperiosamente.
Toque ardente da pele. O sentir das secreções, momento a momento, as mãos imorais sentem o odor nos palavrões anais, vaginais, esses pequenos orifícios onde reluzem os nossos poemas.
Supremas penetrações onde me enlaça a alma, nada dizes;
«Nada oiço, (agora) lábio a lábio... boca com boca (no agora) haste louca, a glande leve... húmus, (é isso) calidez, cio»
As palavras soam líquidas, deleitosas, na greta da gruta. A minha mente não pode ficar de quatro e agachar-se, ou esgueirar para gozar, muito menos num lugar público fora da zona de qualquer página ou de qualquer texto, e estourar-se nos limites de uma foda.
No silêncio baço do espelho o teu olhar pressinto. O tesão é brisa nua. Luz mordida, adoro-a no avesso.
O fogo corre, de veia em veia, não oiço...
Frémito que embala, perdido sem ar.
Feliz de mim quando penetro o mistério, o teu corpo sem penitência ou decência.
«Se queremos sentir a felicidade de amar, devemos fundir-nos com a alma e só assim encontraremos a satisfação»
A conversa terminou, cravando-me os dentes...
O quarto é um templo onde me torno Deusa, e nesse mesmo instante sou somente;
«boca, pele, pêlos, línguas, boca»
A tarde amanhece sem versos, com a música no teu hálito ofegante, poesias brotam de dentro de mim;
Breves os segundos onde me despi do pudor e sou agora feliz.
Tuas mãos desvendam o cigarro, na chama da semente, mãos que tentam esconder o segredo, olhando para mim calando o silêncio sem precisar de dizer mais nada.
Quero que me possuas inteira, corpo e alma transformando meus segundos, em fecundos infinitos de êxtase e prazer num encontro total;
«Como dizer-te?»
Como abrir a boca, e dizer-te que chove sobre o meu cio, que as minhas pernas se prendem à tua serpente. Presas em duelo.
A minha despudorada arma anseia o teu cálice de sémen;
«Calma, calma a confusão prossegue pele a fora, daqui a pouco gozamos, bem perto do osso»
Eu (penso).
Os teus passos descobrem todos os caminhos do meu, e eu quero estar onde te mergulhas em mim, onde é suposto supostamente proibido passar, onde o ar é vidro ardente, e as labaredas te torram a língua;
A macieza dos passos, no chão, vão subindo... até onde?
Como é o corpo?
E quanto engano ou quanto escondo nos meus simples dizeres;
«Duas da tarde e as palavras ficam sem ar... »
Ar quente. Abafado. Corpo. Fogo, visão, quente e começo a despir-me ao som das tuas palavras. Lentamente cobrem-me os poucos de todas as minhas curvas, e no embalo da ilusão, o meu olhar cavalga sofrego no dorso dos teus lábios.
Duração eterna dos sentidos, os lábios falam-te por mim. Devasso-te no corte duro, no olhar, duração eterna numa foda dos sentidos.
A minha vagina espasmódica recita-te o desejo, poesia, sinais que no teu olhar provocante, procura a minha mente. O corpo pulsa, ao toque dum olhar, que estremece;
«Eu sou, tua, nua, (agora) no sentir, a sentir, (no agora) tu, no meu íntimo»
Manso púbis deslisante nos meus seios, tecendo a sombra, desejo, na vaga dos teus dedos semipétricos, pulsantes. Olhos que olham longamente, olhos que engolem imperiosamente.
Toque ardente da pele. O sentir das secreções, momento a momento, as mãos imorais sentem o odor nos palavrões anais, vaginais, esses pequenos orifícios onde reluzem os nossos poemas.
Supremas penetrações onde me enlaça a alma, nada dizes;
«Nada oiço, (agora) lábio a lábio... boca com boca (no agora) haste louca, a glande leve... húmus, (é isso) calidez, cio»
As palavras soam líquidas, deleitosas, na greta da gruta. A minha mente não pode ficar de quatro e agachar-se, ou esgueirar para gozar, muito menos num lugar público fora da zona de qualquer página ou de qualquer texto, e estourar-se nos limites de uma foda.
No silêncio baço do espelho o teu olhar pressinto. O tesão é brisa nua. Luz mordida, adoro-a no avesso.
O fogo corre, de veia em veia, não oiço...
Frémito que embala, perdido sem ar.
Feliz de mim quando penetro o mistério, o teu corpo sem penitência ou decência.
«Se queremos sentir a felicidade de amar, devemos fundir-nos com a alma e só assim encontraremos a satisfação»
A conversa terminou, cravando-me os dentes...
O quarto é um templo onde me torno Deusa, e nesse mesmo instante sou somente;
«boca, pele, pêlos, línguas, boca»
A tarde amanhece sem versos, com a música no teu hálito ofegante, poesias brotam de dentro de mim;
Breves os segundos onde me despi do pudor e sou agora feliz.
Tuas mãos desvendam o cigarro, na chama da semente, mãos que tentam esconder o segredo, olhando para mim calando o silêncio sem precisar de dizer mais nada.
Quero que me possuas inteira, corpo e alma transformando meus segundos, em fecundos infinitos de êxtase e prazer num encontro total;
«Como dizer-te?»
Como abrir a boca, e dizer-te que chove sobre o meu cio, que as minhas pernas se prendem à tua serpente. Presas em duelo.
A minha despudorada arma anseia o teu cálice de sémen;
«Calma, calma a confusão prossegue pele a fora, daqui a pouco gozamos, bem perto do osso»
Eu (penso).
Os teus passos descobrem todos os caminhos do meu, e eu quero estar onde te mergulhas em mim, onde é suposto supostamente proibido passar, onde o ar é vidro ardente, e as labaredas te torram a língua;
A macieza dos passos, no chão, vão subindo... até onde?
Como é o corpo?
[Blog Vermelho Canalha]
O silogismo da queda do cavalo ou "silojoanismo"
Os homens não se medem pela carteira. (Esta parte eu já sabia)
Os clientes são homens. (Pois, também já tinha percebido)
Logo, os clientes não se medem pela carteira. (E agora, alguém me explique como é que levei nove meses a perceber esta?)
Os clientes são homens. (Pois, também já tinha percebido)
Logo, os clientes não se medem pela carteira. (E agora, alguém me explique como é que levei nove meses a perceber esta?)
Confissões
Os meus poemas são as minhas confissões:
não tenho que me confessar.
Quando escrevo - confesso-me (?!)-
deixo um pouco de mim;
longe de uma confissão,
este é um (es)pasmo
que não quero analisar.
Não me confesso;
mas de mim deixo
- mais de metade -
inimagináveis promessas
(prováveis sentimentos),
que não cabem em palavras.
Por agora.
Poesia de Paula Raposo
não tenho que me confessar.
Quando escrevo - confesso-me (?!)-
deixo um pouco de mim;
longe de uma confissão,
este é um (es)pasmo
que não quero analisar.
Não me confesso;
mas de mim deixo
- mais de metade -
inimagináveis promessas
(prováveis sentimentos),
que não cabem em palavras.
Por agora.
Poesia de Paula Raposo
24 junho 2010
Beijo
Beijo arrebatado,
No prazer das línguas
Loucas, desenfreadas
Escondidas sob um lençol.
Beijo de fome
Sofreguidão de quem ama
E pela boca desfere
Sentimento bélico do bem
É a fome da língua que sente
A boca do verbo amar
É um beijo dado na alma
De quem ousa se transformar
E quando as línguas se tocam
Os corpos, abrasados, unificam-se
Saciando o instinto
Sem regras e normas.
Ah! Beijo…
Beijo penetrante e denso
Que faz a pele arrepiar
O desejo no ar suspenso
E as línguas na boca na hora de amar.
© Maria Escritos
Extraído do livro “Afrodite”
Das pessoas grandes
Calculo-te deitado e eu ainda era menina, por isso nada entendias do que eu dizia. Julguei que as pessoas falavam menos do que pensavam, por isso pouco se entendiam. Por isso falei tudo. Agora percebo que se tudo falar também pouco se entende.
Calculei-te sentado, os pés pesavam-te. E eu ainda era eu, tinha saias e um sol bordado no peito e flores bordadas no peito do vestido. Quando não tinha nada, sabia que podia ter tudo. Agora que tenho pouco, sei que há muito que não posso ter. Sei que os seios crescem mas que o peito talvez não. Cresci frágil, tímida, perdida em livros cheios de histórias. Cresceu-me o peito. Não quis ser frágil e perdi-me dos livros e eu cheia deles. Cresceram-me os seios. Mais frágeis são os vazios. Fiquei sem livros e agora quero-os tanto de volta que ainda me transformo num.
Tu foste adulto durante toda a minha existência. Os pais são assim. E agora que não me consigo habituar a ser adulta sem ti?
Calculei-te sentado, os pés pesavam-te. E eu ainda era eu, tinha saias e um sol bordado no peito e flores bordadas no peito do vestido. Quando não tinha nada, sabia que podia ter tudo. Agora que tenho pouco, sei que há muito que não posso ter. Sei que os seios crescem mas que o peito talvez não. Cresci frágil, tímida, perdida em livros cheios de histórias. Cresceu-me o peito. Não quis ser frágil e perdi-me dos livros e eu cheia deles. Cresceram-me os seios. Mais frágeis são os vazios. Fiquei sem livros e agora quero-os tanto de volta que ainda me transformo num.
Tu foste adulto durante toda a minha existência. Os pais são assim. E agora que não me consigo habituar a ser adulta sem ti?
Livro «Théatre Erotique de La Rue de la Santé» (1963)
23 junho 2010
Sobre os pecados contra a "castridade"
De há uns tempos a esta parte, tenho andado a ler o “Navegador Solitário”, de João Aguiar, autor que, infelizmente, faleceu algures nas páginas deste livro.
Como adolescente que se preze, Solitão vive obcecado por sexo e a sua primeira relação sexual redunda num acto frustrado, muito por causa do “piçarvativo”. Para piorar tudo, Solitão tem de enfrentar o padre Elias em confissão e é o trecho do relato desse episódio que aqui transcrevo. Ao lê-lo, depois de ter soltado uma gargalhada, achei que seria um excelente motivo para uma posta aqui no blog porcalhoto.
(…) resolvi ir confessar-me hoje e afinal acabei por ter uma discussão com o padre Elias.
Foi assim quando eu me ajoelhei e depois daquelas coisas que se dizem sempre no princípio, então quando é que te confessaste da última vez e tudo isso eu comecei a dizer os pecados e já se vê logo o primeiro foi o da castridade eo padre disse o quê e eu repeti e ele disse com ar chateado pronto já percebi mas tira-lhe o érre e eu é que não percebi logo e ele explicou mas já irritado porque o padre Elias está a ficar um bocado rabugento se calha é da idade e depois disse então fizeste coisas contra a castidade e foi sozinho ou acompanhado e eu respondi desta vez foi acompanhado e então ele perguntou foi com um rapaz ou com uma rapariga e eu respondi com uma rapariga e até aqui eu já estava habituado porque estas perguntas são sempre as mesmas a malta goza sempre com isso só que depois ele queria que eu lhe dissesse o que é que eu tinha feito e com quem e mais uma porção de coisas que eu acho que não deve ser normal perguntar e aí eu disse que não dizia porque afinal eu estava lá para me confessar a mim e não a miúda que essa podia ir confessar-se ela própria e além disso não queria contar os promenores e então o padre Elias ficou mais chateado e discutiu comigo e lá acabou por dar-me a besolvição mas depois deu-me de penitência rezar vinte terços aquilo foi vingança grande sacana e eu acho que não volto a confessar-me e afinal se a gente tem tesão por que é que há-de ser pecado.
O que eu não percebo é por que é que as coisas são assim está tudo muito mal feito se a gente não pode fazer amor nem dar pinocadas à vontade por que é que havemos de ter tesão se era só pra fazer filhos arranjava-se outra maneira e assim as pessoas podiam ter só os filhos que quisessem e se não quisessem não tinham nenhum era bem melhor mas a verdade é que temos tesão e isso afinal é que é o problema e já sei que esta noite não vou conseguir dormir."
Este é o diário de um miúdo púbere, com grandes dificuldades de expressão escrita e que vive atormentado por um contexto muito particular. Para além de se chamar Solitão Francisco e de lidar mal com isso, tem ainda de conviver com uma mãe e um pai em constante discussão e com perspectivas completamente opostas sobre a vida, uma tia com tanto de médium como de mexeriqueira, um avô que, apesar de ter falecido há já algum tempo, insiste em dar conselhos pouco escrupulosos ao seu neto e o facto de o seu melhor amigo ser toxicodependente e prostituto.
Como adolescente que se preze, Solitão vive obcecado por sexo e a sua primeira relação sexual redunda num acto frustrado, muito por causa do “piçarvativo”. Para piorar tudo, Solitão tem de enfrentar o padre Elias em confissão e é o trecho do relato desse episódio que aqui transcrevo. Ao lê-lo, depois de ter soltado uma gargalhada, achei que seria um excelente motivo para uma posta aqui no blog porcalhoto.
(…) resolvi ir confessar-me hoje e afinal acabei por ter uma discussão com o padre Elias.
Foi assim quando eu me ajoelhei e depois daquelas coisas que se dizem sempre no princípio, então quando é que te confessaste da última vez e tudo isso eu comecei a dizer os pecados e já se vê logo o primeiro foi o da castridade eo padre disse o quê e eu repeti e ele disse com ar chateado pronto já percebi mas tira-lhe o érre e eu é que não percebi logo e ele explicou mas já irritado porque o padre Elias está a ficar um bocado rabugento se calha é da idade e depois disse então fizeste coisas contra a castidade e foi sozinho ou acompanhado e eu respondi desta vez foi acompanhado e então ele perguntou foi com um rapaz ou com uma rapariga e eu respondi com uma rapariga e até aqui eu já estava habituado porque estas perguntas são sempre as mesmas a malta goza sempre com isso só que depois ele queria que eu lhe dissesse o que é que eu tinha feito e com quem e mais uma porção de coisas que eu acho que não deve ser normal perguntar e aí eu disse que não dizia porque afinal eu estava lá para me confessar a mim e não a miúda que essa podia ir confessar-se ela própria e além disso não queria contar os promenores e então o padre Elias ficou mais chateado e discutiu comigo e lá acabou por dar-me a besolvição mas depois deu-me de penitência rezar vinte terços aquilo foi vingança grande sacana e eu acho que não volto a confessar-me e afinal se a gente tem tesão por que é que há-de ser pecado.
O que eu não percebo é por que é que as coisas são assim está tudo muito mal feito se a gente não pode fazer amor nem dar pinocadas à vontade por que é que havemos de ter tesão se era só pra fazer filhos arranjava-se outra maneira e assim as pessoas podiam ter só os filhos que quisessem e se não quisessem não tinham nenhum era bem melhor mas a verdade é que temos tesão e isso afinal é que é o problema e já sei que esta noite não vou conseguir dormir."
Isto sem pontuação não é fácil de ler, pois não? Quase merecia um Nobel!
Desenho desanimado
Mulher em borracha faz uma dança do ventre rodando-se uma manivela
Um miminho oferecido pela São Patrício.
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