28 setembro 2010

A desculpa mais esfarrapada do mundo

"Não temos nada que ver um com o outro, desculpa."

Ouviu-se a proferir a desculpa mais esfarrapada do mundo.
Aquela que camufla todas as verdadeiras razões - as miudinhas, as neuróticas, as que de facto a enlouquecem: a mania de usar calças um número acima, de falar por cima dela, de achar que tem um cabelo Panténe, de não lhe telefonar mal acorda, de não estar apaixonado pelos amigos dela, de não a deixar em paz, de desaparecer ser avisar, de ter a mania que a conhece (a sobranceria de nem lhe ler o blogue...), de lavar as mãos sempre que mexe num bicho.

Sabia que estava a dar-lhe a desculpa mais vaga e, por isso, menos aceitável que há para dar.
E tinha a certeza que, de todas, seria a que ele preferia ouvir.

Círculo

As palavras já disseram
da paixão, amor;
da saudade, vida e formaram um círculo.

São lindas as palavras que não magoam
e feias as que ferem.
Elas já tudo disseram:
o poema incompleto
- talvez –,
num pedaço de uma pauta inexistente.

Poesia de Paula Raposo

A magia da mulher ninja: as bolhas vaginais do Inferno!

As coisas que o Fin descobre!...



Ao Bartolomeu palpita-lhe que "se trata da nova fórmula do Dystron, ou a chinoca lavou a grêta com skip-máquina... para evitar a formação de calcário"

27 setembro 2010

A minha fome

A minha fome
É a minha carne na tua boca
Come-me!
Come-me leão!
Engole o meu desejo
Afunda a tua sede em mim
Afunda-te na minha fome
E chora! Chora leão!
Hei-de te rasgar de prazer
Por te teres em mim
E na minha boca
A tua grande fome
Saciando a minha
Quente como o meu sangue
Chora! Chora, leão!

Poesia de Libélula Purpurina

Carta ao Viajante

Fica-me sempre a pergunta: quererás tu amar ou quererás tu o medo?

Leio-te atentamente, cuidadosamente; gosto. Como tu, eu também sou viajante; tu visitas cidades e eu visito pessoas: cada pessoa é um Mundo. Um Mundo-Casa. Todos os dias me abrem portas ou janelas; sabes, há pessoas que são castelos e outras que apenas têm hall de entrada; há pessoas que apenas mostram uma divisão e outras que me guiam até aos alicerces; há pessoas que me guardam mas não fecham as janelas para que possa sair quando sentir a hora ou a vontade - já fiz visitas em que acabei trancada, presa como um bicho de estimação: pode ser perigoso visitar pessoas! Há visitas que se repetem, há visitas únicas, há visitas mais curtas que outras, há visitas intermináveis; todas são uma viagem nova, acredita.

Fico sempre aqui, tu percorres quilómetros mas nem sei qual de nós viaja mais longe. Sei que me deixas viajar um pouco em ti e agradeço-te a viagem, meu Mundo cheio de pequenos mundos, cheio. Sim, continuo a ler-te.


Novos ares


Alexandre Affonso - nadaver.com

26 setembro 2010

Ministro das Finanças Suíço fala sobre Portugal

Partilhado pela Joana Azevedo no Facebook:

Sophia: conto do lago

Poderias ser lago. Eu teria água em mim. Vejo-te na folha que cai e guardo-a na minha mão. Poderias ser vazio e eu saberia nada ser. Vejo-te no vento que sopra um toque de dedos nas minhas costas. Poderias ser revolta e eu saberia serenar. Poderias ser o olhar daquele bicho perdido, manso, de ferida na pata; eu saberia encontrar, eu saberia curar. Vejo-te na areia quente, gosto de te sentir mesmo que escorras, talvez numa ampulheta, talvez nas minhas palmas. Em tempos fui uma lavadeira, parece-me que cantei o teu nome e depois o bordei na roupa fresca e branca, bordei-o de cheiro a sabão. E agora que não sei quem és, como ou quando saberei quem ser?

«Quintas Intenções»

Ficção - Director: Maurício Rizzo - 2008 - Duração: 10 minutos

Neco e Vera, amigos da época de faculdade, reencontram-se numa livraria e não conseguem dialogar com a mesma naturalidade de antes. À medida que o tempo passa, o espectador percebe que nem sempre o que é dito entre eles condiz com o que, de facto, estão a pensar.




Link directo para o filme aqui.

Efeitos secundários


crica para visitares a página John & John de d!o

25 setembro 2010

Virgens

Eram as palavras ainda por usar
Que se espalhavam
Tais estrelinhas de enfeitar
E as cores das palavras
Eram subtis e cintilantes
Não eram ainda usadas
E escreviam-se pela primeira vez
No início do fogo de artifício
E as palavras fugiam no estrondo
De nunca terem sido usadas
E eram ditas num bulício
Confuso de virgindade.

Poesia de Paula Raposo


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E o Bartolomeu não resiste a oder:

"Ah, a virgindade que me roubaste,
Paula
Quando naquela tarde me puxaste
para dentro da sala de aula
E de um puxão, me atiraste,
para longe, a mala
E já louca de tesão, me arrancaste
da môna, o boné de pala
E numa fúria as calças me rasgaste
Para conseguires tirá-la
E de tão sôfrega te engasgaste
quando te chegou à garganta... a tola!
E, desastrada, não cuidaste
De ver, se me tinhas partido a mola
E nem sequer reparaste
Que depois, andei 2 semanas, sem poder jogar à bola!
Paula... dolce Paola"

Perversa


[ao Jota]

Perversas as frases escritas em mim, nas queimadas do meu acaso, nas fúrias das minhas raízes sexuais, primárias, onde os incêndios são vida, flamejante, e em mim se ateiam... nos ateiam... te ateiam... no nu, no poema, que geme e oculta a seiva, que dentro em mim, boceja no calor dos laços negros atados.
Deitada no teu dia a púbis, lateja. Pelos versos, os órgãos em silêncio, onde a carne se distrai vinda de um ponto fogoso. Intensa, com os seus grande dedos. No perder desfavorecido de inocentes, segredos.
Num sorriso te abres, mudo e inebriado, ditoso, perplexo, horizontal. Firme. Imperativo. Caças-me nos quadris húmidos, volumosos, ferozmente, com a tua, nua, flecha alta.
Dói-me o ar fresco, a cada afastamento, arde-me cada voo teu, incerto e fugaz, dento das minhas poesias. O ribombar, a violência,a leveza... e a brancura é ameaçada a cada vergada. Perversa, na paixão devorante, tão forte, tão pura, tão viva, no meu vibrante fôlego, mão a mão, boca a boca, nos raios de um orgasmo, que te ceifam o caule,

onde o pau perde o ouro, duro!

[Blog Vermelho Canalha]

BFF - alerta para a violência doméstica

Video da BFF - Bundesverband Frauenberatungsstellen und Frauennotrufe (o João Pais explicou-nos o que quer dizer - «Agência estatal para aconselhamento e emergências de mulheres» - e assim evitei ir ao Google Translator):
"Milhares de mulheres caem todos os dias em escadas. Acreditas mesmo nisso?"