27 setembro 2010

Carta ao Viajante

Fica-me sempre a pergunta: quererás tu amar ou quererás tu o medo?

Leio-te atentamente, cuidadosamente; gosto. Como tu, eu também sou viajante; tu visitas cidades e eu visito pessoas: cada pessoa é um Mundo. Um Mundo-Casa. Todos os dias me abrem portas ou janelas; sabes, há pessoas que são castelos e outras que apenas têm hall de entrada; há pessoas que apenas mostram uma divisão e outras que me guiam até aos alicerces; há pessoas que me guardam mas não fecham as janelas para que possa sair quando sentir a hora ou a vontade - já fiz visitas em que acabei trancada, presa como um bicho de estimação: pode ser perigoso visitar pessoas! Há visitas que se repetem, há visitas únicas, há visitas mais curtas que outras, há visitas intermináveis; todas são uma viagem nova, acredita.

Fico sempre aqui, tu percorres quilómetros mas nem sei qual de nós viaja mais longe. Sei que me deixas viajar um pouco em ti e agradeço-te a viagem, meu Mundo cheio de pequenos mundos, cheio. Sim, continuo a ler-te.


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