Capinaremos.com
14 fevereiro 2011
13 fevereiro 2011
Carta ao Viajante (VI)
Alguma coisa encontrou e até já descobriu o que pode ser. A incolumidade é para os outros, de tão saciados que estão já nem respiram mais que ar; nós, os eternos incompletos, respiramos até a fome, nesta coisa tão evidente, sempre à espreita (parece-me que lhe chamamos vazio, parece-me que o casamos com angústia), nem que tenha que sufocar, nem que tenha de correr; voltaremos com o que contar.
A tapeçaria é suave, maravilhosa e ninguém vê ou precisa de se interrogar sobre o estado da parede que cobre ou sequer se parede existe; assim é a ilusão, tão plena na sua parede; de viagem em viagem destapamos-lhe mais um milímetro, por vezes dois, contemplamos os buracos, o sujo, a humidade, cada imperfeição perscrutada com a surpresa de um coleccionador de borboletas ou de um vendedor de detalhes; antes a imperfeição que a cegueira, antes o conhecimento que a felicidade nas superfícies, a parede sou eu, a parede és tu. É esta minha capacidade de sorrir, sorrir, sorrir, que me avisa do tanto que ainda não sei, qual tola ignorante da crueldade da vida, e é tanto o que não sei que nunca o saberei inteiro; vai-me sobrar sempre sorriso que me lembre que há mais caminho a fazer. Só há derrota na paragem; em cada ferida hei-de confirmar quanta pele me sobra e lançar-me à próxima, é a viagem dos loucos, furiosos, fora de si, dentro de si, chegarei a lado nenhum mas, quando me deitar, levarei uma vida cheia atrás; se choro quando falho, chorei mais quando não tentei, voltaremos com o que contar.
A tapeçaria é suave, maravilhosa e ninguém vê ou precisa de se interrogar sobre o estado da parede que cobre ou sequer se parede existe; assim é a ilusão, tão plena na sua parede; de viagem em viagem destapamos-lhe mais um milímetro, por vezes dois, contemplamos os buracos, o sujo, a humidade, cada imperfeição perscrutada com a surpresa de um coleccionador de borboletas ou de um vendedor de detalhes; antes a imperfeição que a cegueira, antes o conhecimento que a felicidade nas superfícies, a parede sou eu, a parede és tu. É esta minha capacidade de sorrir, sorrir, sorrir, que me avisa do tanto que ainda não sei, qual tola ignorante da crueldade da vida, e é tanto o que não sei que nunca o saberei inteiro; vai-me sobrar sempre sorriso que me lembre que há mais caminho a fazer. Só há derrota na paragem; em cada ferida hei-de confirmar quanta pele me sobra e lançar-me à próxima, é a viagem dos loucos, furiosos, fora de si, dentro de si, chegarei a lado nenhum mas, quando me deitar, levarei uma vida cheia atrás; se choro quando falho, chorei mais quando não tentei, voltaremos com o que contar.
«Cenas do quotidiano» - por Rui Felício
Baixote, atarracado, o nariz vermelho, avinhado, ocupa-lhe dois terços do rosto e os minúsculos olhos ficam escondidos por trás das sobrancelhas grisalhas, fartas e despenteadas. Perna curta, o colarinho aberto mal envolve o pescoço gordo que lhe encima o tronco desproporcionado. A barriga proeminente escorrega-lhe por cima do coçado cinto de cabedal apertado no último furo.
Tem uma antiquada loja de louças na Av. de Roma que herdou do seu pai. Deve vender uma ou duas peças por dia, cuja receita mal lhe dá para pagar a renda. Mas não faz mal, diz ele. Com paciência, chegará o dia em que receberá um balúrdio pelo trespasse a algum Banco. Que o local é bom e bem posicionado, a dois passos da estação Roma do Metropolitano...
À falta de clientela, o Filipe passa os dias no passeio, encostado à já polida ombreira de cantaria, mirando o constante vai vem dos passantes, cumprimentando uns, cortando na casaca de outros.
Nisto, uma senhora alta, na casa dos quarenta e poucos, elegante, ar aristocrático, meneando sensualmente as ancas num andar firme e resoluto, passa em frente à loja, desprendendo uma fragrância provocante. O rosto irrepreensivelmente maquilhado, os lábios carnudos, escarlates, o vestido fino desenhando os contornos das coxas, um decote generoso, completavam a imagem de uma mulher de sonho.
Comia-te toda! – rosnou o Filipe...
A esbelta senhora deu mais uns passos, estacou, virou-se, mediu com desdém o atarracado Filipe e, antes de prosseguir o seu caminho, disse-lhe:
- Com esse físico?! Coitado! Tinhas um enfarte só nas provas...
O Filipe virou-se para mim e disse-me: - Já viste esta puta?
Não sei se é ou não é. Sei que chegou para ti, foi o que me ocorreu dizer-lhe.
Sempre detestei piropos ordinários...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Como "pescar" um Americano
Prostituta revela táctica para fisgar um Americano
(extracto de «O que farei com esta espada» de João César Monteiro)
(extracto de «O que farei com esta espada» de João César Monteiro)
12 fevereiro 2011
O Astro Nu Sonho
A poesia escapa-se, como um nervo pelas massas.
Sinto o ar, o espaço, nas falangestas, tenso.
Vazado num sol.
Que... Queima...
O Astro!
Nudez explodindo.
Nu mastro!...
As minhas noites são gritos, que não se ouvem.
Sentem-se nas margens da página onde o Astro se incendeia, entrando pelas fendas das minhas palavras, batendo, rebentando nos seus seios desordenados.
Nos seus buracos.
Nus matos, onde a escuridão é vida.
Água agreste.
Numa pancada salgada.
[Blog Vermelho Canalha]
Este silêncio
Quando o silêncio
é a ardente
perturbadora
do meu sentimento,
morro mais um pouco
pela voz que não oiço,
pelo abraço que não sinto.
Poesia de Paula Raposo
Edito Estrelas
O facto de a Justiça deste país andar toda fodida não implica que lhe chamemos Justiça Copular.
11 fevereiro 2011
Momento cultural patrocinado pelo Carlos Car(v)alho
ÁLIBIS
Um amigo meu que é tipógrafo, diz que leva sempre um exemplar do jornal onde trabalha «para mostrar em casa à mulher que esteve a trabalhar durante o dia».
Um pescador, que conheço, também costuma passar pelo mercado, não para se gabar das suas façanhas, mas para a mulher não desconfiar de que não foi à pesca.
Um calceteiro, com quem falei há tempos, confessou-me que leva diariamente uma dor de rins para casa a fim de a mulher lhe não fazer cenas de ciúmes.
Aquele provador de vinhos, que encontrei, explicou-me também que nunca lavava os dentes antes da mulher ter a certeza do volume do trabalho que diariamente o avassala.
Outro que tal, era aquele noticiarista que antes de ler as notícias ao microfone, dizia: «Olá, querida!».
Não há dúvida que há mulheres ciumentas e maridos que não querem problemas em casa. Penso, no entanto, que os homens abusam.
Os casos que citei são bons exemplos de homens felizes. O seu trabalho faculta-lhes o álibi que as respectivas mulheres exigem.
Agora, se vocês são meus amigos, digam-me: acham francamente, que a minha mulher vai acreditar que levei todo o dia para escrever isto?
(Joaquim Letria, in “Histórias para ler e deitar fora”)
Um amigo meu que é tipógrafo, diz que leva sempre um exemplar do jornal onde trabalha «para mostrar em casa à mulher que esteve a trabalhar durante o dia».
Um pescador, que conheço, também costuma passar pelo mercado, não para se gabar das suas façanhas, mas para a mulher não desconfiar de que não foi à pesca.
Um calceteiro, com quem falei há tempos, confessou-me que leva diariamente uma dor de rins para casa a fim de a mulher lhe não fazer cenas de ciúmes.
Aquele provador de vinhos, que encontrei, explicou-me também que nunca lavava os dentes antes da mulher ter a certeza do volume do trabalho que diariamente o avassala.
Outro que tal, era aquele noticiarista que antes de ler as notícias ao microfone, dizia: «Olá, querida!».
Não há dúvida que há mulheres ciumentas e maridos que não querem problemas em casa. Penso, no entanto, que os homens abusam.
Os casos que citei são bons exemplos de homens felizes. O seu trabalho faculta-lhes o álibi que as respectivas mulheres exigem.
Agora, se vocês são meus amigos, digam-me: acham francamente, que a minha mulher vai acreditar que levei todo o dia para escrever isto?
(Joaquim Letria, in “Histórias para ler e deitar fora”)
Das metades
Não existe perfeição ou garantia das suas maravilhas; se os Deuses são perfeitos, não existem na Terra; o seu mais próximo, o semi-Deus, é - contudo - um semi-homem e não me parece que alguém queira mesmo um que é só metade. E o humano que caminha ao lado nem é perfeito, nem é Deus, mas se em nada for semi, é amá-lo por inteiro que amor não existe pela metade.
Pénis animado ensina as crianças a mover as mãos de forma a obterem satisfação sexual, até à ejaculação
A MADR enviou-nos este video produzido pelo governo da Bélgica para as crianças, que está a gerar polémica por ensinar as crianças em idade escolar a masturbarem-se. O vídeo está a ser transmitido nas escolas, inserido no programa de educação sexual infantil.
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