... e que só espero chegar a uma idade respeitável em que não precise mas que as possa usar?
Esta é feita artesanalmente, por um artista francês, C. Choquet. Tem um comprimento de 98 cm. A figura feminina é em resina e o cabo é em faia com acabamento de jacarandá.
15 fevereiro 2011
14 fevereiro 2011
Pensar sem a pila?!
Um destes dias ouvi, num som abafado pelas calças e pelos boxers que me oprimem, o gajo agarrado a mim a afirmar que não pensa com a pila.
Não pensa com a pila? Então mas anda para todo o lado comigo sempre colado e só porque lhe dá jeito acha-se no direito de pensar sem mim?
Quer dizer, não pensa com a pila mas não se inibe de a usar conforme lhe dá na telha. Enfia-me onde quer e lhe apetece (e o deixam) sem me perguntar coisa nenhuma, farta-se de gabar o meu desempenho e depois dá ares de iluminado, de doutor, a reclamar apenas para si o mérito do raciocínio?
Pode ser que se flixe. E aí não conta comigo com toda a certeza...
Um Simples Rosto
Observo;
O rosto de conforto e felicidade que esperavas ter... que esperava dar.
Estar apenas a observar, sem pensar; e perceber que olho o infinito, o horizonte através do rosto, o firmamento como se a imagem se esbatesse num plano de fundo, apenas pintado, sem relevo e sem mácula.
Estar somente a observar, afinal, apenas o que aqui se passa atrás dos sentidos, aquém da visão e ver-te adormecer, e adormecer-te numa serenidade angelical.
Ficar a observar o rubor, o sorriso, o movimento dos olhos, o calor da pele, o respirar, a vida em paz... um simples rosto que de simples nada tem.
O rosto de conforto e felicidade que esperavas ter... que esperava dar.
Estar apenas a observar, sem pensar; e perceber que olho o infinito, o horizonte através do rosto, o firmamento como se a imagem se esbatesse num plano de fundo, apenas pintado, sem relevo e sem mácula.
Estar somente a observar, afinal, apenas o que aqui se passa atrás dos sentidos, aquém da visão e ver-te adormecer, e adormecer-te numa serenidade angelical.
Ficar a observar o rubor, o sorriso, o movimento dos olhos, o calor da pele, o respirar, a vida em paz... um simples rosto que de simples nada tem.
13 fevereiro 2011
Carta ao Viajante (VI)
Alguma coisa encontrou e até já descobriu o que pode ser. A incolumidade é para os outros, de tão saciados que estão já nem respiram mais que ar; nós, os eternos incompletos, respiramos até a fome, nesta coisa tão evidente, sempre à espreita (parece-me que lhe chamamos vazio, parece-me que o casamos com angústia), nem que tenha que sufocar, nem que tenha de correr; voltaremos com o que contar.
A tapeçaria é suave, maravilhosa e ninguém vê ou precisa de se interrogar sobre o estado da parede que cobre ou sequer se parede existe; assim é a ilusão, tão plena na sua parede; de viagem em viagem destapamos-lhe mais um milímetro, por vezes dois, contemplamos os buracos, o sujo, a humidade, cada imperfeição perscrutada com a surpresa de um coleccionador de borboletas ou de um vendedor de detalhes; antes a imperfeição que a cegueira, antes o conhecimento que a felicidade nas superfícies, a parede sou eu, a parede és tu. É esta minha capacidade de sorrir, sorrir, sorrir, que me avisa do tanto que ainda não sei, qual tola ignorante da crueldade da vida, e é tanto o que não sei que nunca o saberei inteiro; vai-me sobrar sempre sorriso que me lembre que há mais caminho a fazer. Só há derrota na paragem; em cada ferida hei-de confirmar quanta pele me sobra e lançar-me à próxima, é a viagem dos loucos, furiosos, fora de si, dentro de si, chegarei a lado nenhum mas, quando me deitar, levarei uma vida cheia atrás; se choro quando falho, chorei mais quando não tentei, voltaremos com o que contar.
A tapeçaria é suave, maravilhosa e ninguém vê ou precisa de se interrogar sobre o estado da parede que cobre ou sequer se parede existe; assim é a ilusão, tão plena na sua parede; de viagem em viagem destapamos-lhe mais um milímetro, por vezes dois, contemplamos os buracos, o sujo, a humidade, cada imperfeição perscrutada com a surpresa de um coleccionador de borboletas ou de um vendedor de detalhes; antes a imperfeição que a cegueira, antes o conhecimento que a felicidade nas superfícies, a parede sou eu, a parede és tu. É esta minha capacidade de sorrir, sorrir, sorrir, que me avisa do tanto que ainda não sei, qual tola ignorante da crueldade da vida, e é tanto o que não sei que nunca o saberei inteiro; vai-me sobrar sempre sorriso que me lembre que há mais caminho a fazer. Só há derrota na paragem; em cada ferida hei-de confirmar quanta pele me sobra e lançar-me à próxima, é a viagem dos loucos, furiosos, fora de si, dentro de si, chegarei a lado nenhum mas, quando me deitar, levarei uma vida cheia atrás; se choro quando falho, chorei mais quando não tentei, voltaremos com o que contar.
«Cenas do quotidiano» - por Rui Felício
Baixote, atarracado, o nariz vermelho, avinhado, ocupa-lhe dois terços do rosto e os minúsculos olhos ficam escondidos por trás das sobrancelhas grisalhas, fartas e despenteadas. Perna curta, o colarinho aberto mal envolve o pescoço gordo que lhe encima o tronco desproporcionado. A barriga proeminente escorrega-lhe por cima do coçado cinto de cabedal apertado no último furo.
Tem uma antiquada loja de louças na Av. de Roma que herdou do seu pai. Deve vender uma ou duas peças por dia, cuja receita mal lhe dá para pagar a renda. Mas não faz mal, diz ele. Com paciência, chegará o dia em que receberá um balúrdio pelo trespasse a algum Banco. Que o local é bom e bem posicionado, a dois passos da estação Roma do Metropolitano...
À falta de clientela, o Filipe passa os dias no passeio, encostado à já polida ombreira de cantaria, mirando o constante vai vem dos passantes, cumprimentando uns, cortando na casaca de outros.
Nisto, uma senhora alta, na casa dos quarenta e poucos, elegante, ar aristocrático, meneando sensualmente as ancas num andar firme e resoluto, passa em frente à loja, desprendendo uma fragrância provocante. O rosto irrepreensivelmente maquilhado, os lábios carnudos, escarlates, o vestido fino desenhando os contornos das coxas, um decote generoso, completavam a imagem de uma mulher de sonho.
Comia-te toda! – rosnou o Filipe...
A esbelta senhora deu mais uns passos, estacou, virou-se, mediu com desdém o atarracado Filipe e, antes de prosseguir o seu caminho, disse-lhe:
- Com esse físico?! Coitado! Tinhas um enfarte só nas provas...
O Filipe virou-se para mim e disse-me: - Já viste esta puta?
Não sei se é ou não é. Sei que chegou para ti, foi o que me ocorreu dizer-lhe.
Sempre detestei piropos ordinários...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Como "pescar" um Americano
Prostituta revela táctica para fisgar um Americano
(extracto de «O que farei com esta espada» de João César Monteiro)
(extracto de «O que farei com esta espada» de João César Monteiro)
12 fevereiro 2011
O Astro Nu Sonho
A poesia escapa-se, como um nervo pelas massas.
Sinto o ar, o espaço, nas falangestas, tenso.
Vazado num sol.
Que... Queima...
O Astro!
Nudez explodindo.
Nu mastro!...
As minhas noites são gritos, que não se ouvem.
Sentem-se nas margens da página onde o Astro se incendeia, entrando pelas fendas das minhas palavras, batendo, rebentando nos seus seios desordenados.
Nos seus buracos.
Nus matos, onde a escuridão é vida.
Água agreste.
Numa pancada salgada.
[Blog Vermelho Canalha]
Este silêncio
Quando o silêncio
é a ardente
perturbadora
do meu sentimento,
morro mais um pouco
pela voz que não oiço,
pelo abraço que não sinto.
Poesia de Paula Raposo
Edito Estrelas
O facto de a Justiça deste país andar toda fodida não implica que lhe chamemos Justiça Copular.
Subscrever:
Mensagens (Atom)