le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau
04 abril 2011
03 abril 2011
Outras formas de ver este blog porcalhoto
A malta do Blogger às vezes tem boas ideias.
Criaram agora cinco formas alternativas de visualização dos blogs.
Apreciem «a funda São» em modo Flipcard, Mosaic, Sidebar, Snapshot e Timeslide.
Como sou vossa amiga e antes que me perguntem, está tudo explicado aqui.
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Espelho
Os meus olhos
vestidos pelas memórias
ainda não se sabem despir
de tanta dor.
Nos meus olhos
meninas paradas nas histórias
debatem-se, tentam fugir,
dói, meu amor.
Mas nos meus olhos
despidos pelo desejo
as meninas paradas num beijo
gritam, querem pedir
e não se querem mais vestir
de olhos
sem luz nem cor.
vestidos pelas memórias
ainda não se sabem despir
de tanta dor.
Nos meus olhos
meninas paradas nas histórias
debatem-se, tentam fugir,
dói, meu amor.
Mas nos meus olhos
despidos pelo desejo
as meninas paradas num beijo
gritam, querem pedir
e não se querem mais vestir
de olhos
sem luz nem cor.
«Top Spin 4» - jogo de ténis de computador
Com Serena Williams - apresentada como a jogadora de ténis mais sexy do mundo - e Rileah Vanderbilt - apresentada como a jogadora de ténis em computador mais sexy do mundo...
«Culpa» - por Rui Felício
Carlos Noronha fitava a Márcia que, constrangida, de olhos baixos, o ia ouvindo e respondendo com monossílabos e frases curtas às perguntas que ele lhe fazia.
Sentado ao seu lado, Nuno Lemos, amigo dela de há muitos anos, mantinha-se silencioso, evitando interferir no diálogo entre os dois. Ia olhando de soslaio a Márcia, ex-deputada, que ficou conhecida no Parlamento pela sua grande beleza, mais do que pelos dotes oratórios. Por vezes, levantava as sobrancelhas e disfarçava a sua discordância em relação a algumas coisas que ela dizia ao Noronha, mas mantinha um prudente silêncio.
O Noronha apercebia-se da crescente ansiedade que ela denotava e isso incentivava-o a prosseguir, desfiando-lhe argumentos em catadupa e convites à resposta que ele lhe exigia. Aquele belo homem hipnotizava-a, dominava-a. No íntimo, ela admirava-lhe os magníficos e cativantes olhos castanhos, o cabelo grisalho irrepreensivelmente tratado, o corpo musculado que se lhe adivinhava por baixo da roupa, a voz melíflua mas de uma sedutora e tépida sonoridade.Mas, ao mesmo tempo, sentia-se intimidada, incapaz de reagir, de lhe responder, de argumentar.
A cada palavra do Carlos Noronha, o coração apertava-se-lhe, os suores frios inundavam-lhe as costas, o peito, o corpo todo. As palpitações estremeciam-na, sentia as mãos húmidas, escorregadias. Quase não conseguia articular uma frase e quando o tentava fazer, as palavras saíam-lhe arrastadas, sincopadas, roucas, arranhando-lhe a garganta seca.
Assim estiveram os três, durante mais de duas horas, sentados naquela sala, até que finalmente o Carlos Noronha, Juiz de Instrução, se voltou para o Nuno Lemos e disse-lhe:
- Sr. Dr., a sua Cliente Márcia Rodrigues ficará a aguardar julgamento com termo de identidade e residência. Vou deduzir-lhe acusação de prática do crime de tráfico de influências.
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
02 abril 2011
Princípio
Começar no princípio do princípio
Lenta e firmemente
Varrendo e afastando
Obstáculos
Saltando e contornando
Pedras, fasquias,
Vozes e palavras
Ao som do princípio.
Ilusões, decepções
Caminhos a cumprir
Na perspectiva do presente.
Condições, emoções
Paralelas, perpendiculares
Na geometria ausente
Do sempre princípio.
Expectante, inacabado
Cada vez mais perto
O teu coração, o futuro
Sensações confessadas
No princípio do princípio
Onde sempre começo
No contorno do teu rosto,
Num abraço apertado.
Poesia de Paula Raposo
01 abril 2011
A impossibilidade
Estava sentado a trabalhar enquanto o Sol do final de dia me banhava a face. Laranja e quente, como sempre naquele local, à medida que o Sol desce a Oeste e recorta a Serra. Devia estar perdido na resolução de problemas para não a ouvir entrar na sala. Chegou até mim pelas minhas costas, e só me dei conta de não estar sozinho quando a mão esquerda dela me tocou o ombro, e lá ficou por uns instantes. Não me assustei, apenas me recostei e inclinei a cabeça um pouco até tocar o seu braço.
Puxou a cadeira para trás e veio para a minha frente. O laranja do Sol já não recortava apenas o topo da Serra. Recortava as coxas e a cintura de quem ali se apresentava, nua, perante mim. Ajeitou-se numa das minhas pernas e assim se manteve, em movimentos de fricção ritmada, enquanto o seu entumescimento se enervava no contacto com a minha perna. Cresceram os sons das articulações da cadeira, guinchando como que contrariada, aumentou o movimento, até ficar ritmicamente descontrolado e expirar, baixinho, recompondo os cabelos com uma mão e com a outra segurando algum suor que queria escorrer-lhe pelo peito.
E depois levantou-se. Ficámos a olhar-nos nos olhos enquanto ela se levantava, enquanto se erguia, e eu atónito. Recuou, e voltou a empurrar-me para junto da mesa. Sorriu, quase trocista, e correu em direcção à porta. E eu fiquei ali, estupefacto, com as calças, numa das pernas, humedecidas e exalando como que incenso, de novo a olhar o cursor a piscar no monitor do computador, de novo com o Sol laranja a banhar-me parte do rosto, ainda com adrenalina a correr-me no sangue, e suor, como se tivesse corrido encosta acima. Incapaz de me mover.
Segredar
Tento escrever até ao teu peito
deixa-o aberto, eu só quero ler
eu só te quero ver, sim, prometo
eu não conto; nada, tudo, nada
volto à tona amordaçada
não volto até me perder
do medo de me perder, corto
e entro a direito, nascer e morrer
e morrer e nascer no que foi escrito
no vazio do que ficou por escrever
no espaço do incompleto
no imperfeito espaço
sozinho entre cada nosso traço
tento escrever, deixa-o aberto
eu só quero ler, só te quero ver
sim, prometo.
deixa-o aberto, eu só quero ler
eu só te quero ver, sim, prometo
eu não conto; nada, tudo, nada
volto à tona amordaçada
não volto até me perder
do medo de me perder, corto
e entro a direito, nascer e morrer
e morrer e nascer no que foi escrito
no vazio do que ficou por escrever
no espaço do incompleto
no imperfeito espaço
sozinho entre cada nosso traço
tento escrever, deixa-o aberto
eu só quero ler, só te quero ver
sim, prometo.
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