Estava sentado a trabalhar enquanto o Sol do final de dia me banhava a face. Laranja e quente, como sempre naquele local, à medida que o Sol desce a Oeste e recorta a Serra. Devia estar perdido na resolução de problemas para não a ouvir entrar na sala. Chegou até mim pelas minhas costas, e só me dei conta de não estar sozinho quando a mão esquerda dela me tocou o ombro, e lá ficou por uns instantes. Não me assustei, apenas me recostei e inclinei a cabeça um pouco até tocar o seu braço.
Puxou a cadeira para trás e veio para a minha frente. O laranja do Sol já não recortava apenas o topo da Serra. Recortava as coxas e a cintura de quem ali se apresentava, nua, perante mim. Ajeitou-se numa das minhas pernas e assim se manteve, em movimentos de fricção ritmada, enquanto o seu entumescimento se enervava no contacto com a minha perna. Cresceram os sons das articulações da cadeira, guinchando como que contrariada, aumentou o movimento, até ficar ritmicamente descontrolado e expirar, baixinho, recompondo os cabelos com uma mão e com a outra segurando algum suor que queria escorrer-lhe pelo peito.
E depois levantou-se. Ficámos a olhar-nos nos olhos enquanto ela se levantava, enquanto se erguia, e eu atónito. Recuou, e voltou a empurrar-me para junto da mesa. Sorriu, quase trocista, e correu em direcção à porta. E eu fiquei ali, estupefacto, com as calças, numa das pernas, humedecidas e exalando como que incenso, de novo a olhar o cursor a piscar no monitor do computador, de novo com o Sol laranja a banhar-me parte do rosto, ainda com adrenalina a correr-me no sangue, e suor, como se tivesse corrido encosta acima. Incapaz de me mover.
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Uma por dia tira a azia