22 abril 2011

Nunca é demais lembrar...

“Clitorizar”, rima com ar, com cantar, mamar, sonhar, lunar, beijar, chupar, mimar, sodomizar… e infelizmente muitas vezes não rima com prazer, nem com foder. É pena. É o que tenho a dizer.

E eu hei-de amar os teus fantasmas

Continuamos a enterrar os nossos mortos sem nunca conseguirmos enterrar os seus fantasmas. Sim, eu vejo-os, eu vejo os fantasmas, os meus, os teus, os nossos e os que ficam a segredar, sem dono, no vão de todas as escadas onde não soubemos esperar; esta é a verdade, a nossa verdade, eu vejo-os se não olhar para o espaço vazio; faz tão pouco tempo que decidi não me debater mais, nunca mais tentar enterrar as sombras, desperdiçar violência ao tentar conter debaixo de terra o que não tem pele por onde agarrar, o que passa entre todos os grãos. E vejo o teu olhar quando a fome te invade o corpo inteiro, vejo o teu olhar que me pede perdão, vejo-te hesitante, entre a máscara e o rosto nu, não consegues cortar o laço, quando te ofereces nunca o fazes sozinho, eles estão sempre e já ali, dizes que te desculpe, que te perdoe, que te deixe entrar mesmo assim, está muito frio no vão da escada. Mas eu sei, eu sei faz algum tempo, tantas vezes percebi, quando me deitava, que o toque frio não podia ser o teu joelho, que o toque frio não podia ser o teu. E continuo deitada sob ti, e saberás que abro mais os braços e ergo mais as pernas e aumento o espaço que há em mim; quando te enterras, assim, inteiro, em mim, enterras também, por momentos, todos os teus fantasmas; eu deixo-vos entrar, meio casulo, meio armadilha, enrolo-vos de braços à volta das costas, de pernas à volta da cintura, bem presos, são o peso morto do teu corpo vivo; quando vos beijo hão-de chegar ao fundo do fundo de mim. Não, não te vou perdoar, não não me peças que te perdoe, não entendo o que haja para desculpar; todos nós trazemos fantasmas e, quando eles nos agitam, alguém terá de os amar por nós e eu hei-de amar os teus.

Vida Guerra numa campanha da pETA (defesa dos animais)



O sonho comanda a... pila


Poção de namorada


4 páginas (ir cricando em "next page")

oglaf.com

21 abril 2011

«Nu Âmbar da Minha Escrita» - segundo livro de Luisa Demétrio Raposo

Depois de «Respiração das Coisas», de 2010, esta alentejana de gema, clara e casca tem o seu segundo livro, «Nu Âmbar da Minha Escrita», publicado pela «Temas Originais».
Partilha com os cibernautas um espaço na internet, o seu blog Vermelho Canalha, onde publica poemas, cartas e prosas poéticas e eróticas.
Já teve a sua poesia lida pela nossa voz de ouro, Luis Gaspar, no nº 49 da Poesia Erótica.


Comecei agora a deliciar-me com os malabarismos de palavras que a Luisa Raposo faz e deixo-vos pequenos recortes que fiz de vários poemas, até à página 31:
Carta de Adeus no Íntimo - "sinto o toque, a ardência, nas partes mais carnais da minha própria morte..." (pág. 12)
Visões da Poetisa - "Gozo, contigo, a minha inocência, apalpo as palavras por ti, aqui entornadas em soluços, e sussurros de prazer. Eu sou assim, eterna escoada de motivações, as tuas, num quente silêncio que te pensa. Que para ti escreve ardentes pensares na mudez aterradora das palavras..."(pág. 16)
Visões da Poetisa II - "Só tu podes tocar na minha narrativa, com o teu sangue grosso, de árduo gargalo..."(pág. 18)
Alentejo Duro - "Erectas as nuas espigas o meu horizonte alargam, entre as pontas naturalmente amarelas. A Espiga, que o meu corpo abotoa à beleza horizontal, tão, potentemente ardente como um sol" (pág. 22)
Comer Com a Boca - "(...) Poro com poro, no poro do poro, e sempre em rotação mó...
Canduras. Vermelhas correm no teu sangue, excitado, no tesão que em ti voa, passa, come, no orvalhado que sentes desafogadamente, o corpo tudo expõe. Tão agudo. Nos montes. Nu estendal, grave, tentas manter invisível, o suco rebarbativo, lascivo, que queima. Quase... Quase... Doendo!...
A língua, enrosca-se tendo por égide, um pénis, em adoração. Tétrica convulsão, após o último beijo, que de tão maduro...
Splash!...
Rotação!...
Profundidade!... Deus!...
(e o orgasmo é aparição)
A boca. Nervo a nervo, a sorver a matéria, encharcada e nua atè às pálpebras, num delírio, louco, que ensopa o tecto, o soalho, e as minhas devassas fantasias..." (pág. 26)
Preconceituz - "[Não existe Deus sem tesão] (...)
A febre é um cio faminto, onde o magro coabita abaixo dos sistemas ditos morais, onde o pecado corta os pés aos homens e o clitóris às mulheres..."(pág. 29)
Vergonha - "Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem..." (pág. 31)

Quem nunca espreitou que atire a primeira... pedra

A revista C nº 11 está disponível online

Para quem não pôde comprar a revista C da semana passada, com o artigo de capa sobre a minha colecção, já pode folheá-la aqui:


E digam lá: a minha Matilde não fez uma bela capa de revista?

«Xanadu» - série francesa do canal Arte sobre os bastidores do porno


Xanadu : le porno selon Arte por TELEOBS

Dietas



Webcedário no Facebook

20 abril 2011

A posta apreensiva

Recebi um dos maiores chuveiros de humildade no dia em que percebi que uma mulher, uma paixão, preferia dedicar o seu tempo a um jogo de computador do que ao contacto comigo.

Julgava-me apelativo, interessante, arrebatador. Pura ilusão. Um simples computador bastou para me bater aos pontos no confronto directo e eu senti essa derrota como uma goleada em casa, como uma humilhação.

Claro que essa experiência apenas desnudou a minha arrogância, exposta ao ridículo perante os factos que evidenciaram, na altura, o deslumbramento excessivo que me permiti por me julgar capaz de conquistas como as do passado, esse sim, recheado de vitórias que me resta recordar com saudade mas com os pés bem assentes no chão.

Hoje o meu Glorioso joga na Luz com o Porto.

E eu decidi que não gosto nada de associações de ideias palermas.

Eu, piroca, também falo de temas da actualidade

Uma das vantagens de se ser pila é passarem-nos ao lado estas crises de que toda a gente fala agora. Claro que, como de costume, falo por mim que cada piroca terá a sua própria consciência e uma opinião acerca destas coisas tão importantes para os coisos agarrados a nós que até já ouvi dizer que alguns perdem o gosto pelas nossas mais imprescindíveis utilidades.
O meu não perdeu, apesar de tanto se chorar da conjuntura malvada que às vezes o deixa sem ponta por onde se lhe pegue. Excepto a minha, claro, que contra as más influências externas possuo uma inviolável couraça.
Se não fosse pelo efeito bumerangue atrever-me-ia a dizer que alguns coisos agarrados a nós são uns pilas moles, sempre cheios de pretextos para deixarem os seus membros viris pendurados numa situação sem jeito nenhum.
Por acaso uma piroca pode ajudar a resolver a crise? Não pode, mesmo que o faça com agá. Mesmo tendo em conta as regras do mercado, nomeadamente a lei da oferta e da procura que tanto nos favorece, as mais afoitas e funcionais, nestes dias marcados pela negra estatística de 500 mil pirocas com disfunção eréctil (nossa senhora dos penduricalhos me guarde e proteja), a crise é tão profunda que não vão lá nem com um novo Manel25 ou 26 na Assembleia da República.
Assim sendo, para quê envolver as pirocas nestes assuntos tão deprimentes senão como uns antídotos sempre à mão para combaterem os estados de alma mais murchos e assim?

Massagem de elefante

Falso poema, poema em falso dos amantes

Tu entras e sais de mim e eu entro e não saio de ti;
para entrar tiveste de sair, para voltar tens de ir
e eu fico aqui neste jogo convulsivo de ganhar-te
e perder-te.
Sobra-te roupa, pendura-se em ti como num cabide, parece-me,
deve ter ficado mais espessa entre nós,
de repente adensou e parece recortada de uma parede.
Não, não te afastes enquanto te debates contra as mangas,
eu esperneio contra o tempo,
esperneio contra as paredes de tecido até à nudez tua
e o tempo enrolado nelas;
acabas-me com o último instante,
o único, o mais efémero de todos; talvez seja o que traz à memória
dos constantemente incompletos um tempo embrionário
antes dos tempos,
um tempo em que não conheciam essa estranha falta de si,
talvez separação de si mesmos,
saudade e vazio de um braço, uma perna,
um qualquer órgão interno desconhecido.
Depois submergimos, cada um viaja na sua direcção,
fundo, cada vez mais fundo até que,
horas mais tarde, quando chega o momento do Sol,
encontramo-nos a meio caminho,
damos as mãos
e voltamos à tona juntos, acordamos juntos,
olhos nos olhos acabados de abrir.