22 abril 2011
Nunca é demais lembrar...
E eu hei-de amar os teus fantasmas
21 abril 2011
«Nu Âmbar da Minha Escrita» - segundo livro de Luisa Demétrio Raposo
Partilha com os cibernautas um espaço na internet, o seu blog Vermelho Canalha, onde publica poemas, cartas e prosas poéticas e eróticas.
Já teve a sua poesia lida pela nossa voz de ouro, Luis Gaspar, no nº 49 da Poesia Erótica.
Comecei agora a deliciar-me com os malabarismos de palavras que a Luisa Raposo faz e deixo-vos pequenos recortes que fiz de vários poemas, até à página 31:
Carta de Adeus no Íntimo - "sinto o toque, a ardência, nas partes mais carnais da minha própria morte..." (pág. 12)
Visões da Poetisa - "Gozo, contigo, a minha inocência, apalpo as palavras por ti, aqui entornadas em soluços, e sussurros de prazer. Eu sou assim, eterna escoada de motivações, as tuas, num quente silêncio que te pensa. Que para ti escreve ardentes pensares na mudez aterradora das palavras..."(pág. 16)
Visões da Poetisa II - "Só tu podes tocar na minha narrativa, com o teu sangue grosso, de árduo gargalo..."(pág. 18)
Alentejo Duro - "Erectas as nuas espigas o meu horizonte alargam, entre as pontas naturalmente amarelas. A Espiga, que o meu corpo abotoa à beleza horizontal, tão, potentemente ardente como um sol" (pág. 22)
Comer Com a Boca - "(...) Poro com poro, no poro do poro, e sempre em rotação mó...
Canduras. Vermelhas correm no teu sangue, excitado, no tesão que em ti voa, passa, come, no orvalhado que sentes desafogadamente, o corpo tudo expõe. Tão agudo. Nos montes. Nu estendal, grave, tentas manter invisível, o suco rebarbativo, lascivo, que queima. Quase... Quase... Doendo!...
A língua, enrosca-se tendo por égide, um pénis, em adoração. Tétrica convulsão, após o último beijo, que de tão maduro...
Splash!...
Rotação!...
Profundidade!... Deus!...
(e o orgasmo é aparição)
A boca. Nervo a nervo, a sorver a matéria, encharcada e nua atè às pálpebras, num delírio, louco, que ensopa o tecto, o soalho, e as minhas devassas fantasias..." (pág. 26)
Preconceituz - "[Não existe Deus sem tesão] (...)
A febre é um cio faminto, onde o magro coabita abaixo dos sistemas ditos morais, onde o pecado corta os pés aos homens e o clitóris às mulheres..."(pág. 29)
Vergonha - "Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem..." (pág. 31)
A revista C nº 11 está disponível online
E digam lá: a minha Matilde não fez uma bela capa de revista?
20 abril 2011
A posta apreensiva
Recebi um dos maiores chuveiros de humildade no dia em que percebi que uma mulher, uma paixão, preferia dedicar o seu tempo a um jogo de computador do que ao contacto comigo.
Julgava-me apelativo, interessante, arrebatador. Pura ilusão. Um simples computador bastou para me bater aos pontos no confronto directo e eu senti essa derrota como uma goleada em casa, como uma humilhação.
Claro que essa experiência apenas desnudou a minha arrogância, exposta ao ridículo perante os factos que evidenciaram, na altura, o deslumbramento excessivo que me permiti por me julgar capaz de conquistas como as do passado, esse sim, recheado de vitórias que me resta recordar com saudade mas com os pés bem assentes no chão.
Hoje o meu Glorioso joga na Luz com o Porto.
E eu decidi que não gosto nada de associações de ideias palermas.
Eu, piroca, também falo de temas da actualidade
Falso poema, poema em falso dos amantes
para entrar tiveste de sair, para voltar tens de ir
e eu fico aqui neste jogo convulsivo de ganhar-te
e perder-te.
Sobra-te roupa, pendura-se em ti como num cabide, parece-me,
deve ter ficado mais espessa entre nós,
de repente adensou e parece recortada de uma parede.
Não, não te afastes enquanto te debates contra as mangas,
eu esperneio contra o tempo,
esperneio contra as paredes de tecido até à nudez tua
e o tempo enrolado nelas;
acabas-me com o último instante,
o único, o mais efémero de todos; talvez seja o que traz à memória
dos constantemente incompletos um tempo embrionário
antes dos tempos,
um tempo em que não conheciam essa estranha falta de si,
talvez separação de si mesmos,
saudade e vazio de um braço, uma perna,
um qualquer órgão interno desconhecido.
Depois submergimos, cada um viaja na sua direcção,
fundo, cada vez mais fundo até que,
horas mais tarde, quando chega o momento do Sol,
encontramo-nos a meio caminho,
damos as mãos
e voltamos à tona juntos, acordamos juntos,
olhos nos olhos acabados de abrir.