Não sei como aconteceu.
Nasceu ingénuo e afirmou a sua posição. Reclamou o seu lugar dentro de um coração armadurado já habituado ao cinzento que as cores manavam.
Os momentos inexpressivos vividos ontem, o olhar da Lua sem sorriso e o Sol apagado, frio, morto... de súbito esfumaram-se. Desapareceram. Extinguiram-se.
Sentia antes uma emoção neutra sem rumo, despreocupada como um barco à deriva que inquieta o seu Comandante pelo destino incerto, mas nada mais existe ali, de bom ou de mau, nada, absolutamente nada!
E de súbito... a célebre ilha no horizonte e o alento do desconhecido a pautar o caminho... O que não se conhece é receado apenas por quem norteia o trilho.
Nem sei como foi...
Apenas nasceu e quis acontecer, impondo e preenchendo o espaço. Deu destino à imensidão que o peito exigia dar.
28 abril 2011
«Stand up!»
Campanha contra o bullying homofóbico da BeLonG, organização de apoio para jovens Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT), com idades entre 14 e 23.
A campanha promove a amizade entre os jovens, como forma de combater o bullying homofóbico.
A campanha promove a amizade entre os jovens, como forma de combater o bullying homofóbico.
27 abril 2011
A sentinela de papel
De vez em quando espreitava as memórias que guardava durante o tempo que queria acreditar suficiente para as tornar inofensivas, anestesiadas, dormentes como os braços onde sentia agora o formigueiro do sangue na sua circulação, a alma em ebulição que fechava na mesma gaveta, esse pedaço incandescente que tentava apagar no rescaldo por acabar como o percebia sempre que abria o peito à análise irracional daquele resíduo de emoção perigosa dentro de si.
Ficava sempre por ali, no silêncio compartimentado, estanque, de uma casa-forte sem oxigénio que pudesse alimentar aquela chama que não conseguia apagar e queimava a cada inspecção as pontas dos dedos do coração que queria vencer o combate quando tocava a rebate o sino de alarme, o alerta geral de que algo poderia correr mal com aquela labareda à solta.
Fechava à pressa a porta de acesso para se poupar ao risco de se queimar outra vez, uma saudade inflamável que servia de combustível para o lançamento de um foguetão que lhe atingia o coração como uma seta de cupido tresmalhada no meio do fogo cruzado com a cabeça que se esforçava para impedir a ocorrência, não perdia a consciência do perigo que representava a abertura daquela caixa de pandora interior.
De vez em quando tentava extirpar o amor, a paixão teimosa que se revelava ardilosa quando se fingia uma bela adormecida de pacotilha para montar uma armadilha, uma emboscada à traição com a sua força de emoção poderosa e sabedora das fraquezas, dos remendos aplicados como certezas de uma segurança afinal tão titubeante como a indiferença aparente que constituía a primeira linha de uma defesa formada por castelos de areia à mercê de sopros mais fortes do vento.
Ou de uma inexorável subida da maré.
O poema mau
Ah, meu amor, eu quero lá saber,
eu só desejo muito, tanto, muito, escrever
coisas tão simples, lençóis brancos tão simples
banais, despidos, sem adornos ou enfeites,
ou só o mero colchão onde tu me deites,
coisas que possam ser apenas em si
porque eu, meu amor, quero escrever-te, sim, a ti,
ignorando até quem me possa ler.
Ah, meu amor, eu quero lá saber
que um mundo inteiro consiga ou não perceber,
quero lá saber se é mau, se não interessa
se tem erros, vírgulas pobres, se a palavra tropeça
aqui e agora, hei-de escrever-te como uma criança
ela aprende a palavra, eu soletro-te, sim, a ti,
e juntas escreveremos as cartas; eu cresci
certa de existir tanto mais por te aprender.
Ah, meu amor, eu quero lá saber!
eu só desejo muito, tanto, muito, escrever
coisas tão simples, lençóis brancos tão simples
banais, despidos, sem adornos ou enfeites,
ou só o mero colchão onde tu me deites,
coisas que possam ser apenas em si
porque eu, meu amor, quero escrever-te, sim, a ti,
ignorando até quem me possa ler.
Ah, meu amor, eu quero lá saber
que um mundo inteiro consiga ou não perceber,
quero lá saber se é mau, se não interessa
se tem erros, vírgulas pobres, se a palavra tropeça
aqui e agora, hei-de escrever-te como uma criança
ela aprende a palavra, eu soletro-te, sim, a ti,
e juntas escreveremos as cartas; eu cresci
certa de existir tanto mais por te aprender.
Ah, meu amor, eu quero lá saber!
26 abril 2011
oh sãozita! a Beatriz voltou a fazer das suas
Ora leia-se este texto de Richard Metzger: «How I, a married, middle-aged man, became an accidental spokesperson for gay rights overnight»
«Richard Metzger of Dangerous Minds (you may know him as founder of Disinformation, or as a BB guestblogger, or as the counterculture "Charlie Rose"), writes in with the odd story of a Facebook photo ban, and the media misinfo frenzy that followed.»
[ralhete na Beatriz, já!!]
Intimidade
Como se nos conhecessemos
Desde sempre
Anos e anos de convivência
Desabafos
Confidências
Intimidade meiga
Crescente
Como a lua daquela noite
Palavras que não se procuram
Frases que fluem
Risos que vibram
Na aragem de final de tarde
Só nós dois
Num embalo de ternura
O sexo sem pressa
E eu presa em ti
Desatando-me
Docemente nas tuas pernas
Amor.
Poesia de Paula Raposo
O Continente também vende objectos que é suposto não serem eróticos
E já cá mora, na sexão de «peças que não era suposto serem eróticas».
25 abril 2011
O 25 de Abril visto pela Kikas
kikas http://fuckytales.blogspot.com/ mandou esta em 25/04/2011 às 17h:57m: | |
Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril Nos pôs todos a foder Passarolas voadoras Pirocas em sobressalto Os cravos até murcharam Cu’a fricSâo no asfalto Foi então que Abril abriu as portas da liberdade E o nosso corpo nasceu De um desejo sem idade ... |
O Rui também quis oder o 25 de Abril:
De tanto gostar de foder
Que em vinte e cinco de Abril
Nos pôs todos a gemer!
Passarinhas enrabadas...
Pilas em parada militar...
Tantas flores esmagadas
Por não se saber a quem dar!
Foi então que Abril fechou
Para mais uma época de saldos...
E a todos nos sentenciou
A muita broa e alguns caldos..."
Num referendo às partes, o sim tinha maioria absoluta
Ao contrário das coisas e dos coisos agarrados a nós, as passarinhas e as pirocas não tem qualquer dificuldade de comunicação. O segredo está na nossa sinceridade brutal, na nossa espontaneidade sem merdas. Uma passarinha jamais diria não quando lhe apetece dizer sim, pois ela melhor do que ninguém sabe quando é sim ou sopas. O mesmo se passa connosco, pirocas, que nunca diríamos não quando, é meu caso, por exemplo, até queremos sempre dizer sim.
No fundo connosco é pão, pão, queijo, queijo. Que é como quem diz se é para comer não vale a pena inventar fastio só para dar uma pala qualquer ou porque é assim que deve ser.
Mas deve ser porquê?
Se as coisas ou os coisos percebem, e não há como fazerem-se desentendidos nessas cenas, que as evidências reclamam determinada atitude não faz sentido optarem pela inversa.
Claro que a gente, lá em baixo, ouvimos as suas argumentações e as razões que julgam assistir-lhes e por isso estamos habilitadas, passarinhas e pirocas, a formular opiniões fundamentadas na lógica de ambas as partes interessadas. E não há grande volta a dar quando alhos e bugalhos entram num debate a sério em igualdade (forjada) de circunstâncias, às vezes com as questões teóricas a sobreporem-se ao que a prática tão bem releva.
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