06 agosto 2011

Enquanto

Enquanto dura a loucura
que dure, perdure
e que não se perca por aí.
Enquanto a loucura
dura, firme eu nem um rochedo,
lavem-me as lágrimas,
dispam-me os preconceitos,
acariciem-me.
Enquanto isso dura (a loucura?)
deixem-me um poema
na caixa do correio.

Poesia de Paula Raposo

«O encanto feminino» de Manoel de Sousa Pinto (ca. 1920)

Os livros do Povo - Noções de tudo.
Nº 13 - 5 centavos (50 réis).
8ª secção - arte e literatura.
Estudo sobre a mulher.

Alguns excertos, ao acaso pelas 64 páginas deste pequeno grande livro:
"A mulher é a flor da vida. Cabe-lhe, como à flor, um duplo papel decorativo e oloroso".
"Pode viver-se longe das mulheres e, como ídolos sujeitos a fraquezas, elas só teem, muitas vezes, a lucrar com a falta de assiduidade dos seus devotos."
"Segundo o professor Hallé, a mulher representa a parte nervosa da humanidade e o homem a parte muscular."
"Já alguém a definiu [à mulher] como um regaço servido por órgãos."
"«O dever da mulher é a beleza», disse Renan. Já antes dêle, Chamfort declarara que «as mulheres só precisam de sêr belas»."
"(...) a mulher é «o mais belo defeito da criação»."
"Que deve saber a mulher? Muito? Pouco? Coisa nenhuma? Ruskin respondeu: «quanto baste para compreender o marido»."

05 agosto 2011

A dois tempos


Enfrenta corajosa o frio dos lençóis e aguenta o primeiro arrepio com que podes contar.
Abre os olhos para me veres entrar e abre os braços dessa pele que me reclama, ouve a voz com que ela me chama, sereia, tão perto do ouvido a boca que incendeia tudo aquilo que nos faz nessa altura.
Sente o calor que contraria a madrugada que lá fora está gelada mas o Inverno aqui acabou quando o inferno se instalou entre as pernas com que me envolves agora e o teu corpo já desespera pelo contacto total, a nossa pele em aquecimento global e os lábios arrastados pelo corpo já semeiam beijos como acendalhas numa lareira que vejo reflectida no teu olhar.
Esse brilho que faz prenunciar a entrega do sol nas minhas mãos, esse corpo feitiço que me envolve num abraço que magia alguma consegue reproduzir.
Tudo aquilo que nos fazemos sentir enquanto te toco aqui e além, enquanto me puxas para ti e me dizes vem por entre o som ofegante da tua respiração e eu possuo o teu coração em simultâneo com o resto desse corpo dedicado em exclusivo ao prazer que te dou. Desse rosto iluminado pelo sorriso que me encantou quando me aceitaste, anfitriã, madrugada quase manhã, onde mais me apeteceu porque me dissestesou toda tua.
A verdade toda nua, estampada no grito que ecoou na madrugada quando ambos zarpámos para uma terra distante onde a luz explode em mil cores e o silêncio se pinta de outros tons que são a loucura dos nossos sons misturados na paleta que coloriu os lençóis que agora ensopamos com o amor que transpiramos a dois.
Enfrenta corajosa o calor que agora emana deste forno, desta cama, e aguenta o desafio que te quero lançar.
Abre o peito para me sentires entrar, outra vez, neste leito de um rio que desfez (com a enxurrada pelos nossos corpos libertada) as margens de manobra para quaisquer hesitações e transbordou para os corações e afogou mesmo à beira da foz o medo de enfrentar a tormenta de um mar sem fim, dentro de nós, incontrolável, que é a imagem do futuro de um amor assim, interminável, que requer tanta coragem e um querer muito forte, abraçado ao longo desta viagem à sorte e sem destino traçado, aleatória, predominantemente emocional.
E constrói comigo uma história de amor imensa, tão resistente, tão intensa, que a acreditemos (nos sonhos secretos que alimentamos) necessariamente imortal.

A prostituta azul (XV) - Filhos desiguais

Sou apenas uma rapariga
que gosta de cor-de-rosa
o meu vestido tem a cor da pele
que já não posso despir
porque nesta estranha Terra
os homens que violam os nossos filhos
são filhos de outras mães, mães como nós
mães vestidas de cor-de-rosa
quando embalaram os seus tesouros
Sou apenas uma rapariga
vestida de cor-de-rosa
o meu corpo tem a cor da alma
que já não sei encontrar
porque neste estranho colo
entraram desiguais filhos
de mães sempre iguais
(falo de Mães, não de mães)
e, quero acreditar, talvez estes filhos
não violem outros filhos
se me puderem violar.

Um cu que é uma obra de arte!


Insolente e impúdico, misterioso e exposto, o "Cu da Sé" é um dos ex-libris da Guarda e encontra-se, muito a propósito, nas traseiras da Sé Catedral desta cidade, conhecida como a cidade dos 5 Fs. Virado para o Este, este par de glúteos pétreos é um sinal do secular apreço que as gentes da raia lusitana tinham para com os súbditos de Castela que, da linha do horizonte, espreitavam maliciosamente.


Este cu foi precisamente um dos elementos que o artista guardense Daniel Martins escolheu para integrar o seu projecto "Laboratorium Bento Miguel", onde procura recuperar e incorporar elementos de memória colectiva numa colecção que pretende ao mesmo tempo ser educativa.




Envolvido por uma frase extraída de uma medieva canção de amigo, que a generalidade das opiniões atribui a D. Sancho I, este cu é também ele um traseiro Forte porque resistiu estoicamente ao passar dos séculos, Farto porque se apresenta bem torneado, Frio como a pedra que lhe dá forma, Fiel porque mantém, pelo seu desprezo em relação a Castela, a fidelidade à Pátria Lusa e Formoso porque, diga-se em abono da verdade, é um cuzinho bem jeitoso.


«Aspirina» e o casal de fantasmas sem cabeça

04 agosto 2011

verde-código-verde

Passou o produto no leitor de códigos de barras, ouviu o sinal sonoro da introdução do preço na conta do cliente, olhou para o tapete rolante vazio à sua direita e, esforçando-se por mostrar um sorriso, ainda que tristonho e cansado, perguntou se era tudo. O cliente acenou que sim com a cabeça e fez um ligeiro trejeito com os lábios. A mulher perguntou-lhe se tinha cartão de cliente. O homem estendeu a mão e deu-lho juntamente com o cartão de Multibanco e um papel que dava desconto. Ela usou-os, anunciou o valor a pagar, carregou na tecla que fechava a conta e, sem qualquer comentário ou gesto supérfluo, fez a operação de cobrança que o homem concluiu com o verde-código-verde habitual. Ele agarrou nos sacos de plástico com a mão esquerda e ela deu-lhe a conta e um desconto em combustível que ele segurou com a mão direita. Desejaram-se mutuamente boa tarde, cruzando os olhares uma fracção de segundo mais do que o normal e pensando ambos, naquele instante antes de o homem seguir carregando os sacos e a mulher recomeçar a passar produtos no leitor de códigos de barras, que a tarde seria boa se a passassem juntos.

Como lidar com elas?

Manual de Instruções das Mulheres (Para Homens)

Pré-Introdução: Ao longo dos anos tenho vindo a entender e a compreender a linguagem das mulheres, tanto corporal como o vocabulário que só elas sabem utilizar, mas que com um bocadinho de jeito, nós, homens, também podemos compreender. Não fique decepcionado se não as entender à primeira, elas próprias, às vezes, ficam confusas com elas mesmas.
Introdução: Este "manual de instruções" tem a finalidade de ensinar os homens a compreender e a tratar uma mulher. Tudo o que está prestes a ler foi escrito por mim, Ricardo Esteves, por isso é 100% fiável.

1) Abordar uma Rapariga/Mulher
As mulheres, ao contrário dos homens, gostam de ser respeitadas. O tipo que chega ao pé do balcão, num bar, e lhe diz em voz alta que ela é toda grossa, só tem 10% de probabilidade de vir a ter uma relação com ela e 90% de probabilidade de levar um chapadão. Além disso, a única coisa grossa que lá está é a terceira perna dele. Em vez disso, as raparigas/mulheres preferem uma abordagem mais sensível, delicada ou até cómica. Não se baseiem em frases-tipo para tentar conseguir a atenção delas. As mulheres gostam de originalidade e de criatividade, como, aliás, qualquer pessoa.
NOTA: As mulheres detestam homens que acham que engatam qualquer uma.
DICA: Estudem primeiro o ambiente e com quem ela está. Não vão querer ter que lidar com o namorado de 2,10m dela depois de terem fracassado em conseguir a atenção dela.

2) Ter uma Conversa Decente e Produtiva
Ninguém gosta daquelas conversas secas e paradas e uma mulher gosta de um homem que lhe saiba dar conversa. No entanto, não se trata de conversa "barata" ou de assuntos desinteressantes. Naturalmente, os homens e as mulheres têm preferência por assuntos divergentes, como acontece de igual forma entre as próprias mulheres e entre os próprios homens. No entanto, há que saber respeitar e aprender a gostar dos temas que cada um aprecia, sendo essa uma das principais "chaves" para uma boa relação a dois (ou a três). Concluindo, os homens devem saber ouvir com atenção o que as mulheres têm para dizer. Até pode não interessar minimamente, mas é o princípio do respeito que conta. Além disso, quando nós, homens, estamos bêbedos, são elas que nos ouvem a falar do quão ridículo é o novo acordo ortográfico ou a explicar porque é que achamos que a CIA nos anda a espiar com um satélite.
NOTA: Usar esta instrução com o máximo de precaução.
DICA: As mulheres conseguem perceber se vocês estão realmente interessados na conversa ou se estão a fingir para lhes saltarem à cueca, por isso não se armem em espertinhos.

3) "Como foi o teu dia?"
Esta simples pergunta vale mais que ouro. Mostrar interesse pelas actividades dela é tão ou mais importante para ela do que é para nós ter cuidado ao fecharmos a braguilha. Por outro lado, mostra que somos atenciosos e dedicados à relação, assim como nos afasta do ideal de "homem egoísta e egocêntrico" que não agrada a fêmea nenhuma.
NOTA: Cuidado ao fazer esta pergunta. Dependendo de algumas mulheres, a resposta pode não ter fim.
DICA: Não perguntem isto só por perguntar.

4) Ganhar a Confiança Dela
Ganhar a confiança de uma mulher não é tarefa fácil, nem tem que ser. As mulheres não dão confianças a qualquer um, ao contrário do que os homens fazem com qualquer mulher. Para ganhar a confiança de uma mulher há que transmitir também confiança para connosco próprios, mostrar que elas, para nós, interessam e valem a pena. Há que partilhar também informação mais pessoal, tal como episódios que tenham acontecido na nossa vida que não contemos a "qualquer uma". Para além disso, há que provar, através de outros casos, que nós próprios somos, de facto, de confiança, e que merecemos a confiança delas.
NOTA: Aproveite enquanto tem a confiança de uma mulher. Uma vez perdida, é irrecuperável.

5) Transmitir-lhe Interesse
Transmitir interesse a uma mulher de forma a que ela se sinta atraída por nós também requer algum cuidado (ora, disparate, as mulheres requerem mil e um cuidados a toda a hora). Para que tal aconteça, é necessário haver alguma preocupação não só com a nossa aparência e higiene mas também com a nossa boca. O que dizemos conta muito e com as mulheres, estamos a ser avaliados a cada segundo. Cada segundo conta e cada palavra conta ainda mais. Há que ter cuidado com o que se diz, e para isso sugiro que pensem melhor antes de abrir a boca e pensem pelo menos 10 vezes antes de comentarem o decote dela.
NOTA: Ganhar o interesse de uma mulher leva tempo e não se limita ao que acabei de dizer. Envolve muitas outras coisas, coisas essas que são relativas dependendo no tipo de situação em que se encontram.
DICA: Ganhar o interesse de uma mulher não requer apenas estar calado e não mandar bocas porcas, mas ajuda.

6) Mensagens de "Bom Dia"
Qualquer rapariga adora acordar com uma mensagem de bons-dias e a perguntar se dormiu bem. Qualquer pessoa gosta de se sentir desejada logo pela manhã, sentir que acordou para alguém e que há uma razão para estar viva. Este pequeno gesto pode fazer o dia dela.
DICA: Se sonharam com ela e não foi um sonho porco, digam-lhe, já vale alguns pontitos.

7) Ser Delicado
Cuidado com as piadinhas e com os elogios exagerados. Ninguém gosta de se sentir constrangido por ser elogiado em demasia. Uma rapariga prefere um "és linda" ou "quando é que páras de ser perfeita?" a um "és toda boa" ou a um "comia-te toda". A delicadeza é o que faz das mulheres mulheres, e é o que leva muitas delas a preferirem estar com outras mulheres a estarem com homens. Por isso, meus caros, deixem de ter vergonha por serem sensíveis. Há os que fingem serem fortes e intocáveis com receio de parecerem maricas aos olhos de outros homens, mas quem estão a tentar impressionar é uma mulher e não um homem. Quem quer impressionar outros homens são os verdadeiros maricas, por isso deixem-se de merdas.

8) Opinar e Debater Temas Interessantes
As mulheres gostam de um homem culto, inteligente e decidido, o que faz dele interessante. Discutir temas interessantes mantendo uma opinião sensata e ajuizada só vos fará subir na consideração delas.
DICA: O Aquecimento Global não é de todo interessante.

9) Superioridade
Há, de facto, algumas mulheres que gostam de se sentir "comandadas" pelos homens a fim de sentirem mais segurança. Na verdade, o mundo é mesmo assim - os homens são mais fortes, tanto sentimental como fisicamente, e as mulheres têm mais destreza: são mais delicadas e sensíveis. Uma mulher deve ser forte e aguentar tanto como um homem a nível sentimental, mas nunca esquecer que estamos lá também para as proteger. As mulheres aceitam o facto de serem menos resistentes nalgumas coisas porque sabem que são mais inteligentes que nós, e é assim que uma sociedade se equilibra. No entanto, não se armem em senhores do poder. Envolverem-se numa briga "porque sim" não vos leva a lado nenhum (ou o mais longe que vos leva é ao hospital). A maioria das mulheres detesta violência, precisamente porque se trata de algo bárbaro e primitivo, irracional e despropositado. Alguém sensato e perspicaz manter-se-ia afastado de conflitos, tanto físicos como verbais. Não queiram, também, serem vocês a governar tudo, até porque se o fizessem ia dar mau resultado, de certeza. Basta ver quem manda no mundo para perceberem aonde quero chegar. Deixem ser elas a tomar algumas decisões e pela vossa rica saúde, perguntem-lhes primeiro por uma opinião e por conselhos antes de se meterem nalguma coisa!

10) Sejam Românticos
Ser romântico não significa ser lamechas. Não sejam lamechas porque isso é simplesmente foleiro. Esqueçam tudo o que sabem sobre as "flores que andam" e sobre os "olhos lindos como o cristal" porque isso só vos vai fazer cair no ridículo e descer a vossa dignidade aos olhos de toda a gente. Em vez disso, limitem-se a ser cavalheiros, maduros, responsáveis, bem educados e a ter maneiras. Concentrem-se na maturidade, coisa que uma mulher tanto deseja num homem. Puxar uma cadeira atrás, ir buscar qualquer coisa por ela, não mastigar a comida de boca aberta, não falar de boca cheia, sorrir, fazer uma festa na mão delas ou dar um beijo na testa, oferecer uma prenda inesperada, preparar uma refeição ou levá-la a jantar fora ou ao cinema só irá marcar pontos atrás de pontos.
NOTA e DICA: Não se concentrem nos pontos, a ideia não é essa. O amor pode ser um jogo mas acima disso, é um ideal de união e de bem-estar que tem que ser respeitado por ambos. Não pensem "nos pontos" enquanto fazem coisas boas, mas sim no facto de as estarem a fazer felizes.

Conclusão:
O amor, ao fim ao cabo, é um jogo. Este "manual" serviu para ensinar a compreender melhor o mundo das mulheres que, basicamente, não é muito diferente do nosso. Para compreender uma mulher há que ser sensível e puxar um bocadinho pela cabeça. Há, de facto, as mais complicadas, mas na generalidade, entender o mundo delas só requer alguma sensibilidade e pormo-nos no lugar delas. As mulheres são seres humanos, e não máquinas super complicadas que funcionam à base de ciência nuclear. Como tal, sendo nós, homens, também humanos, só temos que pensar um bocadinho e perceber o melhor que há a fazer. Estas foram apenas algumas dicas para vos orientar. Cada mulher é diferente e única à sua maneira, por isso o resto é convosco. Boa sorte.

Ricardo Esteves, 17 anos.

Flutuar no teu Amor

Flutua, meu amor, na ponta dos meus dedos
Enquanto me embalas nas tuas mãos
Deixa-te levar  no caminho em que te navego
Conduz-me na superfície com as hélices do coração
Não oiço, não caminho, não me mexo...
A água, densa,  passa no teu corpo, não te molha....
A beleza impede que te fundas no líquido dourado
O Amor invade-me pelo olhar-te
O Amor invade-me pelo olhares-me
Não vejo, volto a não ouvir, mexo-me...
Encontro-te-me na tua boca,
Procuro-te na ponta das minhas unhas
Reunes-te dentro de mim
Dominas-me num abraço movido a desejo
Tens-me: sou tua!

Castella

Este nunca há-de aprender!


Crica para veres toda a história
O mestre da espada


1 página

oglaf.com

03 agosto 2011

All around us

O céu da madrugada num local desabitado enche-nos o peito com a visão das estrelas aos milhões, o lado de fora da janela para o infinito que espreitamos enquanto lhe sonhamos a imensidão que nos esmaga, tão pequenos que somos, e ao mesmo tempo agiganta o instinto explorador.
Um beijo que nos invade com o amor universal, a ânsia do prazer carnal instigada pela emoção que a beleza da madrugada induz. O céu, testemunha involuntária, que cora sob o efeito da primeira luz da manhã e despeja tons de laranja nos olhares de amantes abraçados para combaterem o frio da brisa que agita a pele num suave arrepio, tela panorâmica acima do horizonte sem fim, que sopra como se fosse seu o papel de apagar as estrelas como se fossem velas de uma ceia romântica no terraço do mundo de onde, tão grandes nos sentimos, finalmente assistimos ao nascer de mais um dia que exigimos feliz.

Alma

Chamo-me Alma.
Moro no banco do jardim.
Sou vagabunda.
O teu corpo era a minha casa.

Ponto Quê



No côncavo e no convexo
Não há limite para amar
Há frases que enlouquecem
Na bissetriz do olhar
E se a boca pede mais
Quando o corpo sabe a tanto
A conjunção dum só ponto
Será o teu “quê” de espanto
Não fales, não digas nada
Abafa-te num só grito
Se a vida é uma incógnita
O teu mundo é infinito

______________________________________
O OrCa é que não pode ver nada que ode logo:

"Estou curioso... Mas como não tive ainda acesso à obra...

e eu cá tão longe, ao sol,
deste «Quê» de se querer tanto
areado qual rissol
tanto «Quê» dá-me quebranto

já nem se me dá o porquê
de tanto sol, tanto mar,
tanto «Quê» que a gente vê
- qual o quê, falta-me o ar....

o «Quê» que em palavra pesa
o «Quê» que passa oscilante
o «Quê» de uma alma acesa
o «Quê» tão perto e distante...

ai o «Quê» assim a medo
titilado com afinco
ai o quê, foi com o dedo?
ora essa, assim não brinco...!"