07 abril 2012

Anos 40 - a batalha das mulheres contra as protuberâncias não é de agora

Photoshop



Caixa de chocolates «Les Tétons de la reine Margot»

Esta caixa metálica de chocolates (vazia, aviso já antes que me cravem) ainda não tinha chegado de França para a minha colecção e eu já tinha feito pesquisas sobre a razão de ser da frase na caixa, que achei muito curiosa: «as mamas da rainha Margot»?!
Fiquei a saber que estes chocolates são da casa Francis Miot, de Uzos, perto da cidade de Pau (em francês, Pô) e foi-lhes atribuído o prémio Ruban Bleu no 46º Salão Intersuc de Paris, em 2001.
A caixa tem uma ilustração deliciosa na tampa...


... e um poema na parte interior da tampa:


Mas quem foi a rainha Margot e porquê esta especialidade inspirada na sua anatomia?
Marguerite de Valois (a rainha Margot), filha de Henrique II e de Catarina de Médicis, nasceu em 1553 em Saint-Germain-en-Laye e morreu em Paris em 1615. Foi rainha de França e de Navarra. Foi irmã de três reis de França: Francisco II, Carlos IX e Henrique III. A sua mãe tentou casá-la sucessivamente com D. Carlos, dilho de Filipe II de Espanha e depois com o rei de Portugal, D. Sebastião. Finalmente convenceu a filha a casar com o seu primo Henrique de Navarra, futuro Henrique IV.
Dizem aqui que a rainha Margot teve numerosos amantes e escandalizava a população com as suas festas sumptuosas. Henrique de Navarra sentir-se-ia traído pela sua esposa e ter-se-ia consolado em numerosas aventuras amorosas.
Entretanto, nesta página de conselhos de beleza para mulheres, dão uma receita inspirada na rainha Margot, que faria da sedução um activo valioso. "A rainha Margot, primeira esposa do rei Henrique IV, era muito bonita, mesmo sendo muito corpulenta. Ela dispendia imenso tempo, tanto a arranjar-se como com os seus amantes. Ela cuidava muito do seu rosto e nunca se esqueceu de cuidar dos seus grandes seios, que brotavam do seu corpete. Para a sua firmeza, ela aplicava regularmente o que ela chamou «Le soin de mes mamelles» (o cuidado das minhas mamocas):
• Derrete 2 colheres de sopa de lanolina em banho-maria;
• Mistura 2 colheres de sopa de óleo de damasco + 1 colher de chá de óleo de margarida + 1 colher de sopa de água de flor de laranjeira e, finalmente, meia colher de chá de bórax.
• Bate para misturar bem e despeja numa panela.
Todos os dias, após a tua higiene pessoal, usa este tratamento: massagea os teus seios com movimentos circulares, até que o creme tenha completamente penetrado na pele. Este creme é excelente para o tónus ​​muscular. É ideal para áreas que tendem a amolecer como o peito, pescoço e braços".
Et voilà!

Um sábado qualquer... - «Após o grande momento 3»




Um sábado qualquer...

06 abril 2012

«Faz amor, não faças guerra» - campanha da Love Store









Via Sweetlicious

«Bocavid Mourão-Ferreira» - Patife

Ontem mascarei-me de espadachim e mascarei o Pacheco de espada. Dada a mestria a manobrar o Pacheco maquilhado de espada, acho profundamente injusto que o David Mourão-Ferreira tenha sido condecorado com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada. O Pacheco é que é o Grande Oficial deste Cavalheiro que vos escreve. Por isso, hoje acordei a pensar que se o Bocage e o David Mourão-Ferreira fossem um só, podiam ter criado assombros poéticos que justificassem a não entrega desta condecoração aqui ao Pacheco. E se o Bocage e o David Mourão-Ferreira fossem um só teriam certamente criado coisinhas poéticas lindas assim:

Noite Apressada

Era uma queca apressada
depois de um dia tão lento.
Era uma pachacha encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
mas o nabo era imenso!

Imensa, a meita perdida
no meio do chavascal;
imensa, a picha da vida
no seu movimento imperial;
imensa, na despedida,
a estucada final.

Era uma chona emproada
pronta a receber este portento.
Era a minha picha enfiada
pronta a dar um aviamento.
Era uma chona assaltada,
por um bacamarte sedento
Era afinal quase nada,
mas o nabo era imenso!

Imensa, a boca decidida
mais parecia uma catedral;
imensa, a voz diluída
com a pressão nabal
imensa, foi toda mordida,
numa brochada fatal!


Patife
Blog «fode, fode, patife»

«Zapping Sobre As Madrugadas Idênticas» - bagaço amarelo

A Eugénia Brito quer que o Amor nunca surja por acaso, mesmo quando surge. Para além da forma como escreve, é essa forma de sustentar uma paixão que faz de Zapping Sobre As Madrugadas Idênticas um livro tão obrigatório de ler quanto o do Amor passar pela nossa vida. Mesmo quando passa sem querer.
Posso apaixonar-me por uma mulher e todos os dias dizer para mim mesmo que tenho sorte em tê-la encontrado. Mais sorte ainda por ela se ter apaixonado por mim da mesma forma que eu apaixonei por ela. Só que a sorte nunca chega para aguentar um Amor de pé, e é por isso que todos os dias, na mulher que eu Amo, procuro as razões desse Amor. Encontro-as em tudo: no corpo, no cheiro, no olhar, nas lágrimas, no ombro, nos pés, na voz, no sono, no sexo e até no adeus. Depois espanto-me por ver tanto daquilo que à partida me parecia invisível.
Conheci a Eugénia por sorte há uns anos, num pequeno passeio que fiz a Braga. Desde então, tenho encontrado em cada livro seu mais uma razão para a ter conhecido. O Zapping Sobre As Madrugadas Idênticas pode ser comprado nestes sítios. Por acaso ou por opção.

"Ver a verdade não é possuir a verdade. Ver a tristeza é possuir a tristeza. Só a reconhecemos porque temos espaço disponível para a sustentar e porque já fomos tristes, já fomos felizes, já fomos contentes, já fomos e sentimos. Já agimos em função desses estados e sabemos que para conseguirmos expulsá-los temos que os reconhecer."

in Zapping Sobre As Madrugadas Idênticas, Eugénia Brito, edição de autor, 2011
Prémio Literário Cidade de Almada 2010


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Homens e mulheres - descubram as diferenças




Via Testosterona

05 abril 2012

Mix de publicidade contra a SIDA

«Querido Diário...» - por Rui Felício


Naqueles tempos de liceu, fazer um diário, foi moda a que grande parte dos adolescentes aderiu.
Não primavam pela imparcialidade nem pela objectividade. Eram mais um repositório anotado ao fim de cada dia, no recato do quarto, antes de dormir, que espelhava episódios vistos sob perspectivas próprias e individuais, raramente validadas inteiramente pelos factos.
Nele ficavam guardados sentimentos, desejos, sonhos, vontades próprias de jovens que tinham atingido a puberdade e começavam a descobrir a vida e as sensações próprias da idade.
Muitos desses episódios ocorriam no caminho que as alunas faziam desde o liceu feminino até ao bairro, no fim das aulas, acompanhadas em grupo pelos rapazes do liceu masculino, que desciam a ladeira do Cidral ou a dos Loios, em louca correria, a tempo de se integrarem no grupo das raparigas que, disfarçadamente, atrasavam a saída do liceu, para darem tempo a que eles aparecessem e as acompanhassem, num namoro virtual e platónico pleno de risinhos e de frases soltas que só os duplos sentidos permitiam desvendar.

Anos mais tarde, tive acesso aos diários da Rita e do Pedro:

Diário da Rita

Coimbra, 09 de Março de 1960
Estou muito feliz hoje! Amo o Pedro há muito tempo, sem que ele até agora tivesse demonstrado se também gostava de mim. Ele é muito tímido, talvez seja por isso.
Mas hoje fiquei com a certeza que ele também me ama. Ao atravessarmos a passagem de nível tropecei , cambaleei e caí para cima dele. O Pedro amparou-me, segurou-me nos braços, para eu não me estatelar na linha. Ficámos abraçados durante um bocado, olhámo-nos nos olhos, apaixonados.
Ele fez uma caricia na minha cara que me arrepiou toda e que ainda agora sinto.
Depois o resto da malta começou a gozar connosco a dizer que já eramos namorados. Corei, envergonhada, mas o Pedro foi um querido. Começou a correr atrás dos outros para me defender.
Foi o dia mais feliz da minha vida!

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Diário do Pedro

Coimbra, 09 de Março de 1960
Odiei este dia!
E agora a malta não se cala, na rua e no Café do Silva, sempre a chatearem-me dizendo que eu gosto da Rita. E que nós até já namoramos!
Deus me livre! Eu gosto é da Luisa, mas essa não me liga nenhuma.
Já reparei há muito tempo que a Rita gosta de mim. Tenho feito tudo para ela desistir. Mas hoje as coisas complicaram-se.
Estávamos todos a atravessar a linha do apeadeiro e ela tropeçou e caiu para cima de mim. Olhámos um para o outro durantes uns segundos mas eu desviei os olhos. Não me apetecia nada suportar o olhar arremelgado que ela me deitava.
Reparei que ela tinha colado na cara um resto da chiclete que estava a mascar antes de cair. Estendi a mão, tirei-o e deitei-o fora.
Ela deve estar a pensar que o que lhe fiz foi uma caricia, mas só foi por simples cortesia.
Como se não bastasse, a malta ria-se às gargalhadas e gritava que já havia mais um namoro no bairro. Corri atrás deles para dar um estalo no primeiro que conseguisse agarrar, para fazê-los parar com aquela cantilena que já me irritava.
Foi um dia horrível este. Talvez amanhã a Luisa me dê uma alegria.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações