Um sábado qualquer...
15 dezembro 2012
14 dezembro 2012
As pedras da calçada
Eu
perguntei “Então e a…?” depois de o cumprimentar e de termos dito e concordado que
já não nos víamos há muito tempo mas ele levantou a mão direita, da qual me
mostrou a palma e calou-me.
–
Nem me digas nada – suspirou, voltando a palma da mão para si e ficando a olhar
para ela.
–
Não? – perguntei, abanando a cabeça para reforçar a solidária negativa.
–
Não – repetiu ele, também a abanar a cabeça com uma expressão de cão sem dono.
– Nem me fales nessa gaja. – Eu encolhi os ombros noutro gesto prenhe de
compreensão e solidariedade e olhei para o chão. As pedras da calçada
pareceram-me estranhamente tristes. Ele agradeceu com a cabeça e continuou: – A
gaja foi o pior que me aconteceu na vida, pá. O pior!
Sorri
do ar trágico com que o pior foi dito e lancei como se fosse um desafio:
–
Pior do que quando partiste a perna?
–
Muito pior.
–
Pior do que quando estampaste o carro do teu pai?
Ele
riu com displicência.
Eu
insisti:
–
E ficaste em coma três semanas e perdeste o ano e partiste a omoplata, a perna
e o colo do fémur?
Ele
hesitou, olhou-me fixamente, moveu o ombro para cima e para baixo e depois em
movimentos circulares, esticou a perna e olhou para o pé.
–
Pior – anunciou, depois de voltar a cruzar o olhar com o meu. – A gaja foi pior
que isso tudo, pá. Foi mesmo a pior coisa que me aconteceu na vida – concluiu
com suspirada convicção e deslocados olhos de carneiro mal-morto.
–
Bolas… – deixei escapar.
–
E sabes o que é pior?
–
Ainda pior?! – Espantei-me e olhei para o chão. Apesar do calor, as pedras da
calçada apresentavam uma inexplicável humidade. “Provavelmente já conhecem a
história”, pensei.
–
É que se ela me ligasse agora para ir ter com ela, eu ia, pá. Eu ia…
Tempo frio na corrida seminua de trenó na Alemanha
Fonte: thelocal.de
O V campeonato internacional de Corrida Nua de Trenó, que ocorreria em Braunlage, Alemanha, em fevereiro de 2013, foi cancelado. O motivo do cancelamento seria a preocupação com a segurança no evento, pois a cada edição o público aumentava surpreendentemente, com um número maior do que o de habitantes da pequena cidade.
Na edição de 2012 o público chegou a 25.000 pessoas. O evento terá uma pausa em 2013 para ver a possibilidade de continuar nos outros anos.
Veja algumas fotos e vídeos das edições anteriores:
Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/
«Corpo» - Susana Duarte
transformar-me-ia em ave,
se as asas dos teus dedos me ouvissem
e condensassem, em nós,
as gotas acontecidas
nas costas,
onde te deixei estradas
quando, em mim,
e nos dedos,
e no rosto,
e no ventre,
deixaste rotas marinheiras,
flor de sal do teu corpo,
sabedoria nua das marés,
ave de todos os dias
negro irresoluto de todas as noites
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
se as asas dos teus dedos me ouvissem
e condensassem, em nós,
as gotas acontecidas
nas costas,
onde te deixei estradas
quando, em mim,
e nos dedos,
e no rosto,
e no ventre,
deixaste rotas marinheiras,
flor de sal do teu corpo,
sabedoria nua das marés,
ave de todos os dias
negro irresoluto de todas as noites
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
13 dezembro 2012
Aubrey Beardsley
Lysistrata
Aubrey Vincent Beardsley (1872 - 1898) foi um importante ilustrador inglês. O seu estilo, influenciado pelos pré-rafaelitas e pela estampa japonesa, enfatizava o grotesco, o decadente e o erótico.
Apesar da sua carreira ter terminado precocemente aos 26 anos, devido à tuberculose, Beardsley foi uma figura eminente no movimento esteta, juntamente com Oscar Wilde e James A. McNeill Whistler.
Famoso pelas suas ilustrações perversas e grotescamente eróticas, Beardsley buscou inspiração na shunga japonesa. As suas ilustrações eróticas mais famosas basearam-se em temas mitológicos, nomeadamente, as ilustrações para uma edição privada de Lysistrata, de Aristófanes.
Lysistrata
Beardsley também escreveu um conto erótico - Under the Hill. Contudo não chegou a concluí-lo.
Apesar de identificado com o círculo homossexual que incluia Oscar Wilde e outros estetas ingleses, algumas dúvidas persistem relativamente à sua sexualidade, sendo encarado até por muitos como assexual, devido à sua doença crónica e à total devoção ao seu trabalho.
A toilette de Lampito
As especulações sobre a sua sexualidade incluem também rumores sobre uma relação incestuosa com a sua irmã Mabel, que poderá ter engravidado do seu irmão e ter, posteriormente, abortado.
Beardsley converteu-se ao Catolicismo em 1897 e pediu ao seu editor, Leonard Smithers, que destruísse todas as cópias de Lysistrata e todos os seus desenhos obscenos.Smithers ignorou os desejos de Beardsley e continou a vender reproduções das suas obras e até falsificações.
«Dar à posta» - Patife
Patife
Blog «fode, fode, patife»
publicidade...
É sabido que os publicitários são uns exagerados. Mas quando deles se evola o pendor poético.... que dizer? Ora, pois, que amem e façam o que quiserem!
Luís Gaspar lê «Entre Ciência e Paixão» de Leonor Nascimento
"Espantoso mal me atingiu
um dia, quando não esperava;
tudo o que é Lei infringiu,
toda a Razão me fugiu
e hoje, do Amor sou escrava.
Vou entrar em confidências:
resposta para este Amor
fui procurar nas Ciências;
interrogar sapiências
de físico e pensador.
Ai de mim! Para mal meu,
não explicam esta paixão
nem Freud, nem Galileu,
nem Einstein, nem Ptolomeu,
nem mesmo o próprio Platão!
Corri então os poetas,
li romances com afã;
vidas de heróis e ascetas;
teatro de marionetas,
de Molière e de Rostand…
Continuei, pressurosa;
li Voltaire, li Descartes,
Nietzsche, Cervantes, Espinoza…
Qualquer poesia ou prosa,
filosofia ou arte.
Corri todos os museus,
exposições e concertos.
Vi Picasso, admirei Zeus,
ouvi Wolfgang Amadeus -
obras completas e excertos…
Estudei as religiões,
tantas quantas achar pude;
e fiz peregrinações,
jejuns e meditações…
Li a Bíblia e o Talmude.
O Alcorão li também,
e, para salvar a alma,
dei esmolas, fiz o bem;
mas não pude encontrar quem
me restituísse a calma…
Procurei na Biblioteca,
do Mar Morto, os manuscritos;
mas, mesmo virada a Meca,
não me surgiu um Eureka!
da leitura desses escritos…
Estudo a Pedra de Roseta,
já sei Sânscrito e Latim,
vão correndo a ampulheta
e a clépsidra obsoleta
nesta pesquisa sem fim…
Quer de noite, quer de dia,
devoro, afincadamente,
Matemática, Poesia…
História e Antropologia
leio até ficar doente…
Já ninguém me reconhece,
nem pais, nem primos, nem tias.
O tino já me falece,
já tenho a espinha em s
e subi dez dioptrias!
Ao microscópio analiso
as lágrimas que chorei…
E um relatório conciso
cada noite realizo
das penas que suportei.
E, telescópio na mão,
noite alta, no firmamento,
procuro a constelação
que se encontra em conjunção
com Vénus, nesse momento…
Infelizmente, porém,
não ponho fim neste enigma;
não resolvo esta equação;
e, nem por integração,
acho alfa, gama ou sigma…
Desde a Relatividade
à Teoria do Eu,
procurei com ansiedade
descobrir uma Verdade
que me tirasse do breu.
Já vi no televisor
tudo o que é curso em cassette;
sei operetas de cór;
fui para o computador
e liguei-me à Internet…
Apesar desta procura,
continuei ignorante;
de Amor, o mal não tem cura
e eu, que era tão segura,
vivo hoje periclitante…
E, fartas do turbilhão
que me avassala por dentro,
a Cabeça e a Razão
ordenam ao Coração
que mate este sentimento.
O Coração, no entanto,
responde: “Procurai mais!
Apesar desse quebranto
não me tireis deste encanto
em que também navegais…”
E presa nestes dilemas,
vasculho as Enciclopédias,
equaciono problemas,
demonstro leis, teoremas,
leio farsas e tragédias…
Com tanto estudo, afinal,
tirei três licenciaturas:
Quântica Medieval,
Genética Sideral
E Fisio-Literaturas!!!
E, apesar de não achar
para meu mal solução,
vou, para me graduar,
em breve, tentar tirar
Doutoramento em Paixão…
1994"
Leonor Nascimento
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
um dia, quando não esperava;
tudo o que é Lei infringiu,
toda a Razão me fugiu
e hoje, do Amor sou escrava.
Vou entrar em confidências:
resposta para este Amor
fui procurar nas Ciências;
interrogar sapiências
de físico e pensador.
Ai de mim! Para mal meu,
não explicam esta paixão
nem Freud, nem Galileu,
nem Einstein, nem Ptolomeu,
nem mesmo o próprio Platão!
Corri então os poetas,
li romances com afã;
vidas de heróis e ascetas;
teatro de marionetas,
de Molière e de Rostand…
Continuei, pressurosa;
li Voltaire, li Descartes,
Nietzsche, Cervantes, Espinoza…
Qualquer poesia ou prosa,
filosofia ou arte.
Corri todos os museus,
exposições e concertos.
Vi Picasso, admirei Zeus,
ouvi Wolfgang Amadeus -
obras completas e excertos…
Estudei as religiões,
tantas quantas achar pude;
e fiz peregrinações,
jejuns e meditações…
Li a Bíblia e o Talmude.
O Alcorão li também,
e, para salvar a alma,
dei esmolas, fiz o bem;
mas não pude encontrar quem
me restituísse a calma…
Procurei na Biblioteca,
do Mar Morto, os manuscritos;
mas, mesmo virada a Meca,
não me surgiu um Eureka!
da leitura desses escritos…
Estudo a Pedra de Roseta,
já sei Sânscrito e Latim,
vão correndo a ampulheta
e a clépsidra obsoleta
nesta pesquisa sem fim…
Quer de noite, quer de dia,
devoro, afincadamente,
Matemática, Poesia…
História e Antropologia
leio até ficar doente…
Já ninguém me reconhece,
nem pais, nem primos, nem tias.
O tino já me falece,
já tenho a espinha em s
e subi dez dioptrias!
Ao microscópio analiso
as lágrimas que chorei…
E um relatório conciso
cada noite realizo
das penas que suportei.
E, telescópio na mão,
noite alta, no firmamento,
procuro a constelação
que se encontra em conjunção
com Vénus, nesse momento…
Infelizmente, porém,
não ponho fim neste enigma;
não resolvo esta equação;
e, nem por integração,
acho alfa, gama ou sigma…
Desde a Relatividade
à Teoria do Eu,
procurei com ansiedade
descobrir uma Verdade
que me tirasse do breu.
Já vi no televisor
tudo o que é curso em cassette;
sei operetas de cór;
fui para o computador
e liguei-me à Internet…
Apesar desta procura,
continuei ignorante;
de Amor, o mal não tem cura
e eu, que era tão segura,
vivo hoje periclitante…
E, fartas do turbilhão
que me avassala por dentro,
a Cabeça e a Razão
ordenam ao Coração
que mate este sentimento.
O Coração, no entanto,
responde: “Procurai mais!
Apesar desse quebranto
não me tireis deste encanto
em que também navegais…”
E presa nestes dilemas,
vasculho as Enciclopédias,
equaciono problemas,
demonstro leis, teoremas,
leio farsas e tragédias…
Com tanto estudo, afinal,
tirei três licenciaturas:
Quântica Medieval,
Genética Sideral
E Fisio-Literaturas!!!
E, apesar de não achar
para meu mal solução,
vou, para me graduar,
em breve, tentar tirar
Doutoramento em Paixão…
1994"
Leonor Nascimento
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«T-shirts Moloko 4» - por Luis Quiles
"Estos son los últimos diseños que por el momento tengo para la tienda de camisetas Moloko .
Los dos primeros son homenajes eroticofestivos y retro sobre las primeras consolas de Nintendo."
Luis Quiles
12 dezembro 2012
«o cão é o melhor amigo do homem» - bagaço amarelo
A vantagem do cão é que permite desbloquear aquela falta de assunto para iniciar conversa. Ela passa e pergunta se o cão morde, por exemplo, e o homem já só tem que responder. Quebrou o gelo, como dizem os brasileiros.
É claro que esta vantagem é muito maior do que se possa pensar, no caso dos homens, porque são eles que metem os pés pelas mãos quando tentam iniciar conversa. A falta de jeito masculina para a aproximação sexual é notória e transversal na sociedade. É por isso que, na maior parte das vezes, eles não passam de um motivo de riso delas.
O tuning automóvel, por exemplo, não passa de um processo animalesco para substituir a oratória num engate. Um gajo não tem nada de jeito para dizer, por isso atrai a atenção transformando o seu próprio veículo numa espécie de mata-moscas ambulante. Se a coisa não estiver a funcionar, fazem-se umas derrapagens e umas acelerações malucas em frente a uma esplanada cheia de mulherio. Nunca resulta, mas acredita-se sempre que sim.
A Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin, explica mais ou menos isto. O género que tem que atrair o outro é o que dá mais nas vistas. Há muitas aves, por exemplo, em que o macho é colorido e espampanante e a fêmea é discreta. Na nossa espécie é mais ou menos igual. Os machos tornam-se uns parolos de todo o tamanho, as fêmeas estão sempre na mesma, à espera daquilo que não vem.
É claro que o tuning não é o único método para atrair indivíduos do género oposto através da cor, da distinção visual e comportamental. Há homens que vão comprar roupa ao Fabio Lucci, há outros que praticam musculação até parecerem o Popeye com gases e há outros que coçam os órgãos genitais em público.
Podemos encontrar muitos exemplos, mas a verdade é que na nossa espécie quase nenhum funciona. A sério, eu próprio já os tentei quase todos. No caso do tuning falhei um pouco porque, por motivos económicos, em vez dum Opel Tigra usei uma bicicleta pasteleira.
Resta-nos, aos homens, passear um cão. É a única forma de ser a mulher a meter-se connosco e ser a ela a iniciar conversa. A partir daí só temos que ir atrás e inventar o menos possível para não estragar a coisa. É por isso que se diz que o cão é o melhor amigo do homem, mas nunca se diz que é o melhor amigo da mulher. É mesmo assim.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
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