03 abril 2013

A minha página no Facebook está bloqueada por 24 horas

Ontem à noite tive a informação que a minha página no facebook estará bloqueada durante um dia (até às 20h00 de hoje). E o Facebook informou o motivo, que foi eu ter publicado um link para um artigo da Playboy brasileira: «10 atrizes pornôs mais inteligentes que você».
É verdade que os «donos» do Facebook avisam:
Para "que o Facebook seja um ambiente seguro e respeitoso", "não é permitido conteúdo com nudez ou outro conteúdo sexualmente explícito". "As imagens não podem ter um conteúdo demasiado sexual, sugerir nudez, mostrar áreas do corpo ou decotes em excesso, ou focarem-se, sem necessidade, em partes do corpo".
"Removemos tudo o que viole os Termos do Facebook (p. ex. pornografia, discursos que incentivem o ódio, ameaças, violência gráfica, conteúdo agressivo e spam). Se vires algo no Facebook que viole os nossos termos, utiliza a ligação de denúncia que se encontra ao lado do conteúdo em questão para enviar uma denúncia."
"Nudez e pornografia - O Facebook tem uma política rigorosa que proíbe a partilha de conteúdo pornográfico e qualquer conteúdo sexualmente explícito onde esteja envolvido um menor. Também impomos limites à nudez. Pretendemos respeitar o direito que as pessoas têm de partilhar conteúdo pessoal importante, quer se trate de fotos de uma escultura como o David de Michelangelo ou fotos de família de uma mãe a amamentar". Como se isto presta a malandrices e já deu muita polémica, eles tratam de esclarecer: "O Facebook permite fotos de mães a amamentar? Sim. Concordamos que a amamentação é um ato natural e belo e gostamos de saber que é importante para as mães partilhar as suas experiências com outros no Facebook. A grande maioria destas fotos cumprem as nossas políticas e não tomaremos quaisquer medidas". Mas cuidado! "As fotos que mostram um seio completamente exposto em que um bebé não está ativamente a mamar violam a Declaração de Direitos e Responsabilidades do Facebook. Estas políticas baseiam-se nos mesmos padrões que se aplicam à televisão e imprensa escrita".
Um... um... "um seio completamente exposto em que um bebé não está ativamente a mamar"?! Os tipos que escreveram estas normas são uns tarados!
E tentam lavar as mãos: "É importante ter em conta que as fotos sobre as quais agimos são quase exclusivamente apontadas por outros utilizadores que reclamam sobre a partilha destas no Facebook."
Alertam ainda que "as imagens dirigidas a utilizadores com menos de 18 anos têm de ser adequadas para essa faixa etária". Ora, a minha página no facebook está - e sempre esteve - reservada a maiores de 18 anos:


A cruzada contra o que pode pôr em causa a segurança e o respeito do Facebook, segundo os próprios, leva-os a distinguir o que é aceitável ou não, em alguns casos com exemplos de imagens. Um exemplo do que consideram aceitável são os "anúncios e histórias patrocinadas que promovem produtos ou serviços de saúde sexual, como contraceptivos, lubrificantes, gel ou recursos de saúde sexual", os quais "podem ser permitidos e devem estar direcionados a usuários com idade superior ao permitido para atividade sexual na região de destino ou, se aplicável, com idade para avaliar os serviços de saúde sexual nesta região". Exemplos? Eles dão-nos:
Aceitáveis:
«Camisinhas grátis no centro de saúde estudantil local.»
«Pratique sexo seguro com nossa marca de camisinhas.»
Inaceitáveis:
«Camisinhas melhoram seu prazer.»
Perceberam a diferença? O prazer põe em causa a segurança do Facebook e o respeito que se pretende para quem por lá anda.

Mas quem tem conta no Facebook tem que se reger pelas suas regras, dirão. É verdade. E então preparem-se para, por exemplo, as vossas mensagens privadas serem também controladas e violadas, sendo que os seus conteúdos podem também ser apagados. Um exemplo? A Maria Jesus Trindade, que também tem a conta bloqueada, enviou-me numa mensagem privada no Facebook esta foto, que circula por todo o lado, da Angela Merkel quando era jovem, com duas amigas:


Independentemente de eu considerar esta foto perfeitamente natural e respeitosa (para com a chanceler da Alemanha e para nós próprios, pois até não assusta), preferi não a divulgar na minha página no facebook, precisamente por saber as normas da casa e o risco que correria.
Pois ontem, quando fui ver a mensagem, a imagem tinha sido apagada, por violar os princípios do Facebook.
Violação não é erótico, senhores do Facebook. E vocês é que violaram a minha privacidade.

«um mundo de palhaços» - bagaço amarelo


Que me lembre, usei gravata duas vezes na vida. A primeira foi quando me casei e, entretanto, já estou divorciado. A segunda foi quando fui a um jantar duma grande empresa para a qual ia começar a trabalhar e, entretanto, já estou desempregado.
Nunca me dei bem com gravatas, é verdade, nem sequer com camisas, que são essenciais para poder andar de gravata. Dá tudo demasiado trabalho a passar a ferro e, além do mais, a gravata não serve para nada. Pelo menos era o que eu pensava, até ver este anúncio dos anos 70 da Van Heusen.
Afinal, as gravatas servem para mostrar às mulheres que este mundo é dos homens (show her it's a man's world) e que elas se devem ajoelhar perante eles mesmo quando lhes levam o pequeno-almoço à cama.
Às vezes a publicidade não pensa nem um bocadinho nos efeitos que pode ter, e tem de facto, na sociedade. Este é um caso gritante, até porque a gravata da Van Heusen é tão foleirona que podia ser usada por um palhaço de circo, com calças curtas, sapatos grandes e nariz vermelho. Ninguém estranharia e, nesse caso, poderíamos dizer que este é um mundo de palhaços. Talvez seja verdade.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Mulher, já lavou a minha cueca hoje?


Se você acha correto que o seu lugar de mulher é se submetendo ao marido, fazendo as tarefas domésticas, que o seu lugar é cuidar do lar, então, você tem que conhecer as Mulheres Diante do Trono, este movimento cristão bizarro que condena a mulher libertária.

Siga os dizeres da Pra. Ângela Valadão:

"Os pais estão criando suas filhas não para o lar, não para serem esposas, não para serem mães, mas criando pra sua carreira profissional. Então as mães se alegram 'ah, minha filha passou em primeiro lugar no vestibular; ah ela passou no concurso...' e a menina...eu já ouvi pais, pais maduros e irmãos nossos, líderes, dizendo assim: 'minha filha não vai namorar até formar, até terminar a faculdade'. Aí, o que acontece, passa a fase mais linda da menina, passa os momentos mais bonitos, a menina estuda, é excelente, mas não sabe cozinhar, não sabe pregar o botão numa camisa, não sabe passar uma camisa, não sabe organizar...nunca arrumou uma cozinha. Então, ela não está sendo preparada para o lar, ela está sendo preparada para competir com o homem no mercado..."

Confira o vídeo completo desse encontro de mulheres conservadoras cagando as palavras mais fedorentas sobre as mulheres:



Obscenatório (o retorno)

Como é o sexo para homens e mulheres



Testosterona

02 abril 2013

os pais...

e as manifestações da frustração infantil...
Raim on Facebook

Excerto de «As Luzes de Leonor», de Maria Teresa Horta

"Leonor olha-se atenta, permitindo que as mãos passeiem, indecisas, por sítios até aí interditos, reconhecíveis apenas pelo tacto esquivo; lugares que os dedos têm evitado e agora descobrem, desvendam, com uma curiosidade sôfrega, prestes a ceder ao insistente desejo. Com acanhamento afasta devagar as virilhas que mal desviadas logo cedem a entreabrir-se, deitando-se ela tremendo na cama estreita, a perceber espantada que, apesar do inverno antecipado no frio de Outubro, o seu corpo escalda, queima, palpita, estremece, e pela primeira vez lhe escapa.
Instintivamente acaricia o velo de cedro penumbroso, bosque arruivado a ensombrar-lhe o cimo das coxas; curva-se de novo e, admirada, vai tão longe quanto pode na abordagem tímida dos lábios de anil da molhada boca do seu ventre. A separá-los: penetrando, afagando-os, a sentir nos dedos uma humidade lenta, um orvalho dolente, uma resina turva.
Ali, onde há sucos e gosto sem ferida.
Ali onde há fenda, há céu, há mar.
Mato de se perder na busca da vertigem, no assombro da ousadia do acto; gosto e travo a rosa insatisfeita, odor de chuva, de cardo, de almíscar. Perfume de nardo a desatar-lhe os nervos, enquanto persegue o improvável mapa do delírio: mais acima a mina, e logo abaixo o poço.
Modorra de papoila a florescer no alto, a entumescer ao tacto.
Prazer diverso e gozo que a muda, e ela transgride, voa, cresce. E tanto no clítoris como na vulva, o bordado a cheio vai-se enredando, matizando, vai-se demorando nas caprichosas cores, nos desenhos, nas misteriosas linhas de agulha onde se enleia. Veia que o fogo entorna, toma e incendeia. Na procura do êxtase.
E Leonor ondeia.
Rola enovelada em cima do leito onde se distende, roda e cede a galgar o parapeito de si própria, deixando a razão apagada à cabeceira.
Rodopia.
Resvala.
Mãos descendo e subindo, indo e vindo, na descoberta dos desvãos, do topo, dos secretos recantos de segredo, em todos os lugares e tempos que o orgasmo guarda.
Entorna.
Grita e explode.
Gemendo sob o pulso que lhe amordaça a fala pelo próprio avesso. Assim leve, assim solta, assim livre, Leonor corre, voa, nada, desvenda.
E finalmente foge.
Consigo mesma."

in "As Luzes de Leonor", de Maria Teresa Horta

Eva portuguesa - «Partida»

[Janeiro de 2013]
Preparo tudo para ir embora: passaporte, malas, deixar as despesas pagas, ter quem me fique com a cadelinha e, mais importante que tudo, deixar o meu filho bem entregue.
Preparo as coisas práticas que, apesar do trabalho que envolvem, são bem mais fáceis de resolver que os assuntos do coração.
Vou para fora trabalhar durante quase um mês, na esperança de conseguir amealhar um pé de meia que me permita fazer face ao que me pode faltar ganhar cá.
Vou partir em busca de mais e melhor trabalho, com a consciência de que assim é preciso...
Parto com o coração pequenino de receio do que irei encontrar, de saudades e preocupação pelos que cá deixo.
Parto também com a esperança de uma realidade melhor... certamente que irei encontrá-la...
Ainda faltam quinze dias para a minha partida mas a ansiedade (boa e má) já é tanta que me tira o sono....
Sim, será apenas um mês ou menos, mas é em tudo uma situação nova, desconhecida e ousada para mim. Irá ser como espero?... Irei ser bem sucedida?... Valerá a pena o risco?... 

Meu deus, ajuda-me a fazer o que devo!
Por um lado, agradeço a oportunidade e possibilidade de tentar encontrar noutro país aquilo que actualmente não consigo ter cá. Mas por outro, penso no sacrifício que é preciso fazer, eu e todos os que fazem parte do meu dia-a-dia, para conseguir um presente e uma perspectiva de futuro; para ter uma segurança de que nada me faltará nem ao meu filhote.
E é com esta confusão de sentimentos e pensamentos que vou preparando a minha partida...
Parto no início do mês de Fevereiro, para ficar longe três semanas...
Parto para um sonho de uma vida melhor. Não é por isso que todos o fazem?...
E, quando regressar, espero vir com um sorriso iluminado e com uma rede de segurança que confirme que valeu a pena ter partido...
E, enquanto lá estiver, rezarei por mim lá longe, pela concretização do que me faz viajar e também rezarei por tudo e todos que cá deixo, para que continuem abençoados...
E agradeço aos que, por amizade e amor, tornam possível esta minha partida.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Espraiamento» - Susana Duarte

Não quero ir para além do mar… Quero ficar na areia, onde posso dormir.

Não posso desviar-me do caminho da praia. Encontro, nela, asas perdidas.

Sabes de mim? Resido nos olhos da areia que se descola da ave.

Resido nos seixos que se escondem na rebentação das ondas.
Descubro caminhos erguidos nas dunas.

E nelas enceto viagens de mim em mim.

________De mim em ti._____________

Derreto pedras no calor das costas.

Mostras-me o caminho das areias…

Movo-me nos teus braços.

Navego-te, nas tuas pernas.

Deito-me.
Algaço.

Susana Duarte
"Pescadores de Fosforências"
ISBN: 978-989-8590-02-2
Edição: dezembro 2012
Editora: Alphabetum - Edições Literárias
Blog Terra de Encanto

«Angola, histoire indienne, ouvrage sans vraisemblance» - livro erótico de 1763

Livro em 2 volumes (162 + 200 páginas), com capas em couro.
Autoria atribuída a Charles-Jacques-Louis-Auguste Rochette La Morlière (LA MORLIÈRE, Chevalier de).
A primeira edição deste livro é de 1746. Dedicado pelo autor às pequenas amantes, é considerado por muitos uma obra prima da literatura galante. Era a novela favorita do «boudoir» na França pré-revolução. Uma Fada protege um príncipe chamado Angola (que significa "sémillant" - vivo, buliçoso, alegre - pág. 22 do 1º volume), que faz disparates.
Deixo-vos aqui alguns excertos deste par de pérolas da minha colecção.











01 abril 2013

«Sometimiento (Submissão)» - Lola Duarte (Colômbia)



"Criei esta performance em memória de Amina, uma jovem que um clérigo muçulmano condenou à morte por apedrejamento pelo facto de Amina, uma tunisiana de 19 anos, se ter atrevido a espalhar nas redes sociais uma fotografia dela em topless com uma frase em árabe em que se manifestou pelos direitos das mulheres ...
Eu sou uma mulher, activista, artista, e eu também sinto a dor pela morte dela."
Lola Duarte

A frase em árabe dizia: «O meu corpo pertence-me e não representa a honra de ninguém».

Submission from LOLA MARCELA DUARTE on Vimeo.

«conversa 1957» - bagaço amarelo

Ela - Hoje rasguei as fotos todas em que estava com o meu ex-marido.
Eu - Rasgaste?! Nunca me passou pela cabeça fazer tal coisa. As minhas fotos com a minha ex-mulher sempre são uma recordação...
Ela - Ah! As minhas também são. Rasguei-as mas só pus no lixo a parte em que ele estava.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «Escuta o silêncio» de Gigi Manzarra

Chiiiiuu…
Não fales, somente escuta…
Escuta o silêncio que se desprende dos olhares, dos gestos disfarçados, das palavras não ditas.
 Escuta os sentimentos que não necessitam de som para serem ouvidos.
 Afasta a errónea ideia de que o certo é o que foi estabelecido por outros, que assim seria.
 Entrega-te sem reservas ao que as batidas do teu coração sussurram docemente.
 Grita como desabafo no alto de um monte e permite que a brisa morna carregue no seio os teus segredos. 
A seguir fecha os olhos, abstrai-te e mentaliza um mundo invisível de mistério, onde todos os problemas têm um final feliz. 
Escuta o teu espírito livre das correntes do corpo e deixa que ele voe pelos campos da vida. Não o amarres, nem dês a ninguém o poder de fazê-lo.
 Escuta os pássaros, que na sua sabedoria não falam, atravessam a vida cantando…
Permite que a gargalhada ecoe na claridade do teu dia, apesar da opressão do escuro da noite anterior.
 Acredita, acredita sempre que tudo é possível, até que o impossível bata na porta e entre sem ser convidado. 
Chora quando for preciso, com a condição de que essas lágrimas limpem e vertam até extinguir todo o sofrimento em cada gota.
…Mas acima de tudo ….não fales agora, somente escuta…

Gigi Manzarra

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

A vida imita a arte

Os produtos imitam a natureza.



A única diferença é que eu não gosto de homens.

Capinaremos.com