03 abril 2013

Mulher, já lavou a minha cueca hoje?


Se você acha correto que o seu lugar de mulher é se submetendo ao marido, fazendo as tarefas domésticas, que o seu lugar é cuidar do lar, então, você tem que conhecer as Mulheres Diante do Trono, este movimento cristão bizarro que condena a mulher libertária.

Siga os dizeres da Pra. Ângela Valadão:

"Os pais estão criando suas filhas não para o lar, não para serem esposas, não para serem mães, mas criando pra sua carreira profissional. Então as mães se alegram 'ah, minha filha passou em primeiro lugar no vestibular; ah ela passou no concurso...' e a menina...eu já ouvi pais, pais maduros e irmãos nossos, líderes, dizendo assim: 'minha filha não vai namorar até formar, até terminar a faculdade'. Aí, o que acontece, passa a fase mais linda da menina, passa os momentos mais bonitos, a menina estuda, é excelente, mas não sabe cozinhar, não sabe pregar o botão numa camisa, não sabe passar uma camisa, não sabe organizar...nunca arrumou uma cozinha. Então, ela não está sendo preparada para o lar, ela está sendo preparada para competir com o homem no mercado..."

Confira o vídeo completo desse encontro de mulheres conservadoras cagando as palavras mais fedorentas sobre as mulheres:



Obscenatório (o retorno)

Como é o sexo para homens e mulheres



Testosterona

02 abril 2013

os pais...

e as manifestações da frustração infantil...
Raim on Facebook

Excerto de «As Luzes de Leonor», de Maria Teresa Horta

"Leonor olha-se atenta, permitindo que as mãos passeiem, indecisas, por sítios até aí interditos, reconhecíveis apenas pelo tacto esquivo; lugares que os dedos têm evitado e agora descobrem, desvendam, com uma curiosidade sôfrega, prestes a ceder ao insistente desejo. Com acanhamento afasta devagar as virilhas que mal desviadas logo cedem a entreabrir-se, deitando-se ela tremendo na cama estreita, a perceber espantada que, apesar do inverno antecipado no frio de Outubro, o seu corpo escalda, queima, palpita, estremece, e pela primeira vez lhe escapa.
Instintivamente acaricia o velo de cedro penumbroso, bosque arruivado a ensombrar-lhe o cimo das coxas; curva-se de novo e, admirada, vai tão longe quanto pode na abordagem tímida dos lábios de anil da molhada boca do seu ventre. A separá-los: penetrando, afagando-os, a sentir nos dedos uma humidade lenta, um orvalho dolente, uma resina turva.
Ali, onde há sucos e gosto sem ferida.
Ali onde há fenda, há céu, há mar.
Mato de se perder na busca da vertigem, no assombro da ousadia do acto; gosto e travo a rosa insatisfeita, odor de chuva, de cardo, de almíscar. Perfume de nardo a desatar-lhe os nervos, enquanto persegue o improvável mapa do delírio: mais acima a mina, e logo abaixo o poço.
Modorra de papoila a florescer no alto, a entumescer ao tacto.
Prazer diverso e gozo que a muda, e ela transgride, voa, cresce. E tanto no clítoris como na vulva, o bordado a cheio vai-se enredando, matizando, vai-se demorando nas caprichosas cores, nos desenhos, nas misteriosas linhas de agulha onde se enleia. Veia que o fogo entorna, toma e incendeia. Na procura do êxtase.
E Leonor ondeia.
Rola enovelada em cima do leito onde se distende, roda e cede a galgar o parapeito de si própria, deixando a razão apagada à cabeceira.
Rodopia.
Resvala.
Mãos descendo e subindo, indo e vindo, na descoberta dos desvãos, do topo, dos secretos recantos de segredo, em todos os lugares e tempos que o orgasmo guarda.
Entorna.
Grita e explode.
Gemendo sob o pulso que lhe amordaça a fala pelo próprio avesso. Assim leve, assim solta, assim livre, Leonor corre, voa, nada, desvenda.
E finalmente foge.
Consigo mesma."

in "As Luzes de Leonor", de Maria Teresa Horta

Eva portuguesa - «Partida»

[Janeiro de 2013]
Preparo tudo para ir embora: passaporte, malas, deixar as despesas pagas, ter quem me fique com a cadelinha e, mais importante que tudo, deixar o meu filho bem entregue.
Preparo as coisas práticas que, apesar do trabalho que envolvem, são bem mais fáceis de resolver que os assuntos do coração.
Vou para fora trabalhar durante quase um mês, na esperança de conseguir amealhar um pé de meia que me permita fazer face ao que me pode faltar ganhar cá.
Vou partir em busca de mais e melhor trabalho, com a consciência de que assim é preciso...
Parto com o coração pequenino de receio do que irei encontrar, de saudades e preocupação pelos que cá deixo.
Parto também com a esperança de uma realidade melhor... certamente que irei encontrá-la...
Ainda faltam quinze dias para a minha partida mas a ansiedade (boa e má) já é tanta que me tira o sono....
Sim, será apenas um mês ou menos, mas é em tudo uma situação nova, desconhecida e ousada para mim. Irá ser como espero?... Irei ser bem sucedida?... Valerá a pena o risco?... 

Meu deus, ajuda-me a fazer o que devo!
Por um lado, agradeço a oportunidade e possibilidade de tentar encontrar noutro país aquilo que actualmente não consigo ter cá. Mas por outro, penso no sacrifício que é preciso fazer, eu e todos os que fazem parte do meu dia-a-dia, para conseguir um presente e uma perspectiva de futuro; para ter uma segurança de que nada me faltará nem ao meu filhote.
E é com esta confusão de sentimentos e pensamentos que vou preparando a minha partida...
Parto no início do mês de Fevereiro, para ficar longe três semanas...
Parto para um sonho de uma vida melhor. Não é por isso que todos o fazem?...
E, quando regressar, espero vir com um sorriso iluminado e com uma rede de segurança que confirme que valeu a pena ter partido...
E, enquanto lá estiver, rezarei por mim lá longe, pela concretização do que me faz viajar e também rezarei por tudo e todos que cá deixo, para que continuem abençoados...
E agradeço aos que, por amizade e amor, tornam possível esta minha partida.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Espraiamento» - Susana Duarte

Não quero ir para além do mar… Quero ficar na areia, onde posso dormir.

Não posso desviar-me do caminho da praia. Encontro, nela, asas perdidas.

Sabes de mim? Resido nos olhos da areia que se descola da ave.

Resido nos seixos que se escondem na rebentação das ondas.
Descubro caminhos erguidos nas dunas.

E nelas enceto viagens de mim em mim.

________De mim em ti._____________

Derreto pedras no calor das costas.

Mostras-me o caminho das areias…

Movo-me nos teus braços.

Navego-te, nas tuas pernas.

Deito-me.
Algaço.

Susana Duarte
"Pescadores de Fosforências"
ISBN: 978-989-8590-02-2
Edição: dezembro 2012
Editora: Alphabetum - Edições Literárias
Blog Terra de Encanto

«Angola, histoire indienne, ouvrage sans vraisemblance» - livro erótico de 1763

Livro em 2 volumes (162 + 200 páginas), com capas em couro.
Autoria atribuída a Charles-Jacques-Louis-Auguste Rochette La Morlière (LA MORLIÈRE, Chevalier de).
A primeira edição deste livro é de 1746. Dedicado pelo autor às pequenas amantes, é considerado por muitos uma obra prima da literatura galante. Era a novela favorita do «boudoir» na França pré-revolução. Uma Fada protege um príncipe chamado Angola (que significa "sémillant" - vivo, buliçoso, alegre - pág. 22 do 1º volume), que faz disparates.
Deixo-vos aqui alguns excertos deste par de pérolas da minha colecção.











01 abril 2013

«Sometimiento (Submissão)» - Lola Duarte (Colômbia)



"Criei esta performance em memória de Amina, uma jovem que um clérigo muçulmano condenou à morte por apedrejamento pelo facto de Amina, uma tunisiana de 19 anos, se ter atrevido a espalhar nas redes sociais uma fotografia dela em topless com uma frase em árabe em que se manifestou pelos direitos das mulheres ...
Eu sou uma mulher, activista, artista, e eu também sinto a dor pela morte dela."
Lola Duarte

A frase em árabe dizia: «O meu corpo pertence-me e não representa a honra de ninguém».

Submission from LOLA MARCELA DUARTE on Vimeo.

«conversa 1957» - bagaço amarelo

Ela - Hoje rasguei as fotos todas em que estava com o meu ex-marido.
Eu - Rasgaste?! Nunca me passou pela cabeça fazer tal coisa. As minhas fotos com a minha ex-mulher sempre são uma recordação...
Ela - Ah! As minhas também são. Rasguei-as mas só pus no lixo a parte em que ele estava.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «Escuta o silêncio» de Gigi Manzarra

Chiiiiuu…
Não fales, somente escuta…
Escuta o silêncio que se desprende dos olhares, dos gestos disfarçados, das palavras não ditas.
 Escuta os sentimentos que não necessitam de som para serem ouvidos.
 Afasta a errónea ideia de que o certo é o que foi estabelecido por outros, que assim seria.
 Entrega-te sem reservas ao que as batidas do teu coração sussurram docemente.
 Grita como desabafo no alto de um monte e permite que a brisa morna carregue no seio os teus segredos. 
A seguir fecha os olhos, abstrai-te e mentaliza um mundo invisível de mistério, onde todos os problemas têm um final feliz. 
Escuta o teu espírito livre das correntes do corpo e deixa que ele voe pelos campos da vida. Não o amarres, nem dês a ninguém o poder de fazê-lo.
 Escuta os pássaros, que na sua sabedoria não falam, atravessam a vida cantando…
Permite que a gargalhada ecoe na claridade do teu dia, apesar da opressão do escuro da noite anterior.
 Acredita, acredita sempre que tudo é possível, até que o impossível bata na porta e entre sem ser convidado. 
Chora quando for preciso, com a condição de que essas lágrimas limpem e vertam até extinguir todo o sofrimento em cada gota.
…Mas acima de tudo ….não fales agora, somente escuta…

Gigi Manzarra

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

A vida imita a arte

Os produtos imitam a natureza.



A única diferença é que eu não gosto de homens.

Capinaremos.com

31 março 2013

«Barriga de aluguer» - por Rui Felício


Em Portugal não é legalmente permitida aquilo a que se chama a “barriga de aluguer”, situação que, porém, é admitida nalguns países.
Trata-se de uma forma de possibilitar a gestação de filhos aos casais que, por infertilidade, por algum impedimento ou por outras quaisquer razões, os não conseguem ter.
Mas se o fosse, isto poderia ter-se passado:

O Simão e a sua mulher Marta, casados há vários anos, não conseguiam ter filhos. Era para os dois um enorme desgosto com o qual não se conformavam. O médico, depois de exaustivos exames a ambos, concluiu que a Marta jamais poderia engravidar.
A Vanessa disponibilizou-se para gerar um filho do Simão através de inseminação artificial. Seria “barriga de aluguer”, sob condições a negociar.
O Simão pagar-lhe-ia 3 mil euros no momento do parto, bem como os custos com a alimentação e com um seguro de saúde, enquanto durasse a gravidez.
Passaram-se nove meses e chegou o dia do nascimento. O bebé era a cara chapada do Simão que estava radiante por ter finalmente um filho, um rapagão forte e bonito.
Apressou-se, ainda na maternidade, a passar um cheque à Vanessa, da quantia combinada.
Estranhamente ela recusou o cheque, dizendo-lhe que por nenhum dinheiro abdicaria do bébé.
Afinal, ele era seu filho, ela tinha começado a amá-lo durante o tempo da gravidez e agora que o tinha ali nos seus braços, que o amamentava, estava segura de que não o entregaria fosse a quem fosse.
O Simão argumentou que, para além do acordo feito nove meses antes, ele era o pai biológico da criança!
- Ora ainda bem que diz isso diante de testemunhas, retorquiu a Vanessa, apontando as duas enfermeiras presentes no quarto da maternidade...
Na qualidade de mãe solteira, com o meu filho à minha guarda, vou intentar acção de paternidade contra si, para que me pague uma pensão de alimentos até ele atingir a maioridade.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Gajo Y


Não sei se os andróides contam carneiros virtuais mas se queres a minha opinião nós não estamos a debitar em rede para a mesma impressora. Não nego que ficas bem em qualquer ambiente de trabalho como moreno alto a ostentar uma juventude de fazer inveja a todos os que que já engordaram os rabos sentados nas cadeiras e cujas barrigas pressionam os botões das calças e direi mesmo que és um screen saver digno de mostrar às amigas para lavarem as vistas.

Nem me queixo do diâmetro do cursor embora a rapidez de projecção te coloque ao nível do MSN, muita pose para a câmara e muitos smileys velozes mas sem os recursos de um Dreamweaver para se aguentar on line estável que é o primeiro passo para me atirar ao Fireworks. O que me dá cabo do sistema é ver que para além disso falta software de cumplicidade.

Mas para atenuar esta rescisão de contrato deixo-te de presente o último perfume YVL metido num design de Jean Nouvel que arquitectou uma estrutura tubular, arredondada na ponta e assente numa base mais escura, para usares onde e quando quiseres.