04 março 2015

«A Conquista» - Erica Fontes

Eva portuguesa - «Swing»

Como todos sabemos [14 de Fevereiro] foi o dia dos namorados e, não havendo tanto trabalho como eu esperava, resolvi aceitar o convite de um apaixonado/ pretendente a namorado para ir jantar e sair. Deixei o jantar a cargo dele mas disse que a saída ficava por minha conta.
Ora bem, nas nossas várias conversas ao longo do tempo em que nos conhecemos e somos amigos, a dita pessoa sempre defendeu que o amor deve libertar em vez de aprisionar, que a entrada de uma terceira pessoa na vida sexual do casal era uma forma de consolidar a intimidade e amor do casal, que o swing une mais o casal e não dá espaço à traição. Uma visão tão liberal deixou-me curiosa e resolvi testá-lo, não só para confirmar se a prática correspondia à teoria mas também para perceber se este homem do meu "mundo real" conseguiria lidar e aceitar a minha profissão no caso de iniciarmos um relacionamento amoroso. Assim sendo, depois de um jantar super romântico com velas, rosas e corações, levei-o para um clube swing que me tinha sido recomendado e onde já tinha feito uma reserva.
Após nos terem apresentado o espaço e explicado as regras, pegamos numa bebida e vamos para a pista "atarrachar" num roça roça mega-sensual. O nervosismo e ansiedade do meu companheiro eram óbvios mas à pergunta do "estás bem?" seguiu-se um "sim, isto é uma loucura, o máximo!". Comecei então à pesca... Não foi preciso muito. Uma troca de olhares bastante sugestiva, acompanhada de um sorriso convidativo, trouxeram de imediato um dos barmen para o pé de nós. "Precisam de alguma coisa?" - perguntou o rapaz, lançando-me um olhar guloso. E eu respondi: "de t. Queres-te juntar a nós?" E acompanhei a pergunta com uma mão atrevida pousada no traseiro rijo típico de quem faz ginásio. O meu gesto foi retribuído e complementado com um reconhecimento dos meus seios que saltavam do decote vertiginoso do vestido justo e semi-transparente que tinha escolhido propositadamente para a ocasião. O nosso novo amigo leva-nos para um quarto aquário, aquele onde podemos ser vistos mas não tocados por quem não tinha sido convidado e, desnudando-me o resto dos seios e acariciando-os, diz: "vão começando que eu não demoro". Pergunto ao meu companheiro, que nunca tinha tido nenhum contacto sexual comigo, se a situação para ele era ok e ele concordou, manifestando imenso interesse e apreço pelo que estava a acontecer. Beijos e amassos e despimo-nos um ao outro. Ele deita-me e percorre-me o corpo com a boca, fazendo-me sentir a língua quente e húmida e detém-se no meu sexo, dando início a um oral maravilhoso. Sem ter dado por isso, o nosso/ meu convidado já se tinha juntado a nós e sinto o seu sexo duro e potente entrar na minha boca exigindo ser lambido, chupado, explorado. Entre gemidos obedeci, até sentir um líquido quente chegar aos meus lábios. Afasto-o e sinto os seus lábios limparem os meus e passarem para os meus mamilos. Peço ao meu pretendente que me penetre mas ele não consegue; o seu sexo está murcho, triste... pergunto-lhe o que se passa, se quer parar (sabendo no entanto que eu não conseguiria) mas ele acena que não e trocam então os dois de posição; o barman explorando o meu sexo, o meu amigo beijando e mordiscando as minhas mamas. Eu já me tinha vindo duas ou três vezes mas queria mais, muito mais.
Percebendo o meu tesão, o meu amigo pergunta: "queres que ele te foda?",ao que eu respondo com um sim suplicante. O outro mete-me de quatro e fode-me com estocadas fortes, lentas, poderosas. O meu amigo enfia-me o sexo meio teso na boca mas eu já perdi todo e qualquer controle. Gemo, choramingo e peço ao convidado para me dar com força, para rebentar comigo. E, conforme o ritmo aumenta e me apercebo de espectadores a masturbarem-se, venho-me mais uma, duas, três vezes até sentir o outro tremer dentro de mim e vimo-nos os dois num orgasmo tão forte que chega a ser doloroso.
Exausta de tanto prazer, meio tonta pela novidade e intensidade do que se tinha passado, olho para o meu amigo e vejo-o já vestido, de costas e diz-me: "espero-te no bar". O rapaz que se tinha juntado a nós diz que me quer voltar a ver e a ter. Limito-me a sorrir.
Quando me junto ao meu amigo ouço uma data de reclamações, que eu calo com um:"vamos embora?". Pela minha postura, ele percebe que não adianta falar. O caminho é feito em silêncio. Quando me deixa à porta de casa, nem os dois beijinhos da praxe lhe dou. Agradeço o jantar e digo-lhe antes de fechar a porta do carro: "devias ter a certeza daquilo que queres. Falar, até papagaio fala".
E, com a certeza de ter acabado ali o que nunca começou, pensei: se ele não consegue lidar com algo que ele mesmo dizia querer e que defendia, como poderá lidar e aceitar a minha profissão?... Tal como num jogo, ele apenas fazia bluff... Mais um homem que queria entrar na minha vida sendo uma farsa total...
Foi uma noite intensa, que eu adorei mas também acompanhada de um sentimento de desilusão e aprendizagem....
Retive duas coisas: amor liberal não existe; e quero voltar a repetir . ;)


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Postalinho que até poderia ser político

"Olá, São
Achei interessante para a página"
Pedro MCV

Os homens não se medem aos palmos



HenriCartoon

E vai de roda...



03 março 2015

Ciúme


Rafael Castro : Ciúme from Daniel Bruson on Vimeo.

... Até ti

Tacteio o caminho às escuras, no ponto de partida para um caminho feito incógnita cheia de pontos de interrogação. Avanço com os pés bem assentes no chão, cauteloso. Um passo atrás e dois adiante, como dizem melhor. Desconfiado, receoso pelos inúmeros esconderijos possíveis no meio da escuridão, da ignorância acerca da pretensão de quem surja nos cruzamentos.
A hesitação em todos os momentos abalados na coerência pela força da evidência que o raciocínio inventou, os olhos como bode expiatório inocente por pouco ou nada conseguirem ver assim. Às cegas naquele troço do caminho até um ponto indeterminado, um sonho acordado que se confunde com uma miragem no espaço desconhecido, no tempo desprovido de luz.
A penumbra de uma madrugada prestes a expulsar pelo sol que insiste nascer a cada dia que passa, em passo acelerado e sem vontade abrandar. Deixar o tempo passar e acender um cigarro com o isqueiro que explode num clarão. Sombras desenhadas naquele chão mais tangível, iluminado e por instantes visível enquanto solo firme para pisar. Monstros e fantasmas, assombrações alucinadas pelo efeito devastador de uma qualquer obsessão. Desenhadas as sombras naquele chão, ilustrados os medos patéticos de equívocos hipotéticos que podem até nem existir naquele dia tão prestes a surgir sem pressas. Podem ser fruto de uma relação incestuosa entre a cabeça temerosa e o coração bravio.
Uma vela de curto pavio que se transforma no rastilho para uma explosão de emoções quando o vento que a apaga provém de respirações ofegantes de clandestinos amantes na tela da imaginação.
Em cada descoberta o impacto de uma revelação, mais um troço percorrido a direito rumo a um destino incerto, a travessia do deserto humedecida pelo desejo à solta no som da folhagem agitada no oásis a surgir no horizonte cada vez menos distante na realidade como na percepção.
A surpresa e o encanto quando o sol começa a nascer e o dia não tarda em romper os laços com a madrugada que lhe compete expulsar. A luz que permite desvendar mistérios, os pontos de referência agora visíveis à distância num futuro não planeado à partida para aquela estrada que percorro agora quase a correr…

«serei sempre a sombra antiga das aves» - Susana Duarte

dormirei na ponta dos dedos das noites,
onde as aves caminham por entre névoas
e, soltas as asas da paixão, sucumbem
serenas ao brilho das estrelas. dormirei
por sobre as palavras ciciadas pelos dedos,
e por entre as plúmulas leves dos sonhos.

serei sempre a sombra antiga das aves.

é por isso que me escondo nas palavras
sussurradas por aves antigas, e durmo
nas sombras aladas de velhas cantigas.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Mulher africana a aguardar o duche

Estatueta em bronze assinada por P. Leroux.
Junta-se a outras peças únicas deste autor, na minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)



02 março 2015

TOOT - roupa interior - «a melhor posição»

«Amarra-me» - João

"Apetece-me deitar-te sobre a cama. Desta vez, sobre a cama, uma cama qualquer. Apetece-me prender-te, amarrar-te os tornozelos, e deles à cama, de barriga para baixo e esse rabo, esse rabo para cima, para mim,

(e tu ias trincar o lábio)

e as tuas pernas abertas, numa submissão forçada por cordas mas consentida. Apetece-me prender o teu cabelo, para poder segurá-lo, puxá-lo enquanto falo ao teu ouvido,

(e tu a gemer)

e prender os teus pulsos, os teus braços acima da cabeça – e só não tos coloco atrás das costas, desta vez, porque me quero colar a ti – que seguro com a minha mão, para te limitar os movimentos, e ao deitar-me sobre ti, aproximo os meus lábios do teu ouvido e pergunto-te se confias em mim

(sim, confio em ti)

e pergunto o que queres que te faça, enquanto te seguro o cabelo com firmeza, naquele limiar que dispensa descrição

(quero sentir-te dentro de mim, entra, entra por favor)

e pergunto se me amas

(sou tão tua, amo-te tanto)

e eu entro em ti, sem esforço, sem resistência, e

(acelera, acelera)

e tu vens-te, uma vez, mais vezes, e eu venho-me em ti, dentro de ti,

(é tão isto)

e aqueço-te com o meu corpo, beijo-te o rosto, os lábios, o pescoço, e

(amarra-me de novo)"


João
Geografia das Curvas

«conversa 2117» - bagaço amarelo

(ao telefone)

Ela - Se não sou eu a ligar-te nem te vejo. Nunca dizes nada...
Eu - Tenho estado doente.
Ela - Desculpas!
Eu - Não são desculpas. Tenho estado mesmo com muita febre e má disposição.
Ela - Muita febre?! Quanta?
Eu - Isso não sei.
Ela - Não sabes?!
Eu - Não.
Ela - Tiveste muita febre e não sabes quanta febre tiveste, é isso?
Eu - É. Como não tenho termómetro em casa, nunca tirei a febre.
Ela - Como é que é possível não teres um termómetro em casa?!
Eu - Não tenho. Não costumo ter febre, então nunca me lembro de comprar um...
Ela - Pois, os homens nunca se lembram das coisas essenciais, a não ser quando precisam delas.
Eu - Não gozes. Já me aconteceu ir jantar a tua casa e não teres um simples saca-rolhas para abrir uma garrafa de vinho.
Ela - Estás a querer comparar um saca-rolhas a um termómetro?
Eu - Estou. Um saca-rolhas é de uso diário, um termómetro nem por isso. É mais grave não ter saca-rolhas em casa.
Ela - É de uso diário para ti. Eu só bebo vinho ao fim de semana.
Eu - E eu só tenho febre uma vez por ano.
Ela - Aposto que vais chegar ao próximo ano sem termómetro.
Eu - É possível. Aposto que vais chegar ao próximo jantar sem saca-rolhas.
Ela - É possível.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Abaixo a tirania!

Crica para veres toda a história
A opressão


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