"Apetece-me deitar-te sobre a cama. Desta vez, sobre a cama, uma cama qualquer. Apetece-me prender-te, amarrar-te os tornozelos, e deles à cama, de barriga para baixo e esse rabo, esse rabo para cima, para mim,
(e tu ias trincar o lábio)
e as tuas pernas abertas, numa submissão forçada por cordas mas consentida. Apetece-me prender o teu cabelo, para poder segurá-lo, puxá-lo enquanto falo ao teu ouvido,
(e tu a gemer)
e prender os teus pulsos, os teus braços acima da cabeça – e só não tos coloco atrás das costas, desta vez, porque me quero colar a ti – que seguro com a minha mão, para te limitar os movimentos, e ao deitar-me sobre ti, aproximo os meus lábios do teu ouvido e pergunto-te se confias em mim
(sim, confio em ti)
e pergunto o que queres que te faça, enquanto te seguro o cabelo com firmeza, naquele limiar que dispensa descrição
(quero sentir-te dentro de mim, entra, entra por favor)
e pergunto se me amas
(sou tão tua, amo-te tanto)
e eu entro em ti, sem esforço, sem resistência, e
(acelera, acelera)
e tu vens-te, uma vez, mais vezes, e eu venho-me em ti, dentro de ti,
(é tão isto)
e aqueço-te com o meu corpo, beijo-te o rosto, os lábios, o pescoço, e
(amarra-me de novo)"
João
Geografia das Curvas