28 julho 2017

«Petrina sanguilícia» - Jorge de Sena


Petrina, sanguilícia, de soluço
promessa rubra conijato ardente,
tibrada vibra se de tacto ilente
andia andiada estrangulardo cusso.

Que toques de fremores e de artibruço
ou de retorna em gânvias daltimente,
no junto e no despaço do nigrente
encarapelo rebabado esfruso.

Veloz de velocino se esgarando
em trávias roucas de que dançam bolas,
se tudo a fim se cói de contrapara.

No quiaras se de escuro é torvo imando
os de suprácia garinhantes colas,
e molibamba atrímula se esvara.

Jorge de Sena, Visão Perpétua

Postalinho do pastelinho

"São Rosas, olha o belo do croissant!"
Isabel V.


#charmedetrolha - Ruim

A minha colega tem um pacote cheio de biscoitos destes.
"Vou comer-te o "ésse"! - disse eu.
Ela riu-se. Vou sacar.




Ruim
no facebook

27 julho 2017

Ménage à Tetris


Ménage à Tetris from VANDAL.SYDNEY on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Bom dia, meu amor» de Joaquim Pessoa

Acordo-me. Acordo-te. Sorrio.
E sobre a tua pele que a minha adora,
navega o meu desejo, esse navio
que sempre parte e nunca vai embora.
E como um animal uivando o cio
de um milénio, de um mês ou uma hora,
não sei se morro ou vivo, ou choro ou rio,
só sei que a eternidade é o agora.
E calam-se as palavras, uma a uma,
feitas de sal, saliva, dor e espuma,
com a exacta dosagem da alegria.
Bom dia, meu amor! O teu sorriso
é tudo o que me falta, o que eu preciso
para acender a luz de cada dia.

(Joaquim Pessoa, in “Os dias não andam satisfeitos”,Edições Esgotadas, Março 2017)

Joaquim Pessoa
Joaquim Maria Pessoa (Barreiro, 22 de fevereiro de 1948), conhecido por Joaquim Pessoa, é um poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica portuguesa.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Sono de Outono

Estatueta de bronze de mulher deitada sobre uma folha de carvalho, fabricado por Heredities, com a sigla H num escudo e RC (de R. Chadwick, o autor), com base solta em madeira.
Um sossego... na minha colecção.




















A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

«Viciados em sexo» - Adão Iturrusgarai


26 julho 2017

«A rapariga folha»


La Fille Feuille from Paul von Borax on Vimeo.

Postalinho da Islândia

"A cada instante pode aparecer algo que nos surpreende... como esta estranha paisagem de eldhraun, traduzida como fogo de lava, provocada por um grande fluxo de lava que ocorreu em 1783 e que levou o governo dinamarquês (que na altura governava a Ilha), a considerar o país inabitável!"
Daisy Moreirinhas



Dar o cu a quem?


25 julho 2017

Gaiteiros de Lisboa - «Roncos do Diabo»

Esta letra está um espectáculo. Mereceu o tempo que gastei a transcrevê-la, já que não a encontro disponível por aí.
Valeu a pena ter pedido uma ajuda especial para tentar transcrever o que eles cantam em latim. Obrigada, Maria Ana Benoliel: "Achei curioso o desafio e cá fica: o que eles dizem é uma variante disto (pelo que eu entendo cortam a parte entre [ ]) «Indulgentiam, absolutionem, et remissionem peccatorum nostrorum tribuat nobis [omnipotens et misericors] Dominus»".
Em 9/1/2019, o Carlos Guerreiro, autor da letra, corrigiu alguns versos e esclareceu o «latinório»: "São Rosas, olá. O meu nome é Carlos Guerreiro, sou o autor deste tema, e desde já agradeço os elogios. Admiro o esforço da transcrição, embora haja pequenos pormenores que te escaparam: na primeira quadra, em vez de "Por anónima a função", deve ser "O Demo anima a função"; na sétima quadra, primeiro verso deve ser "Guinchava como um leitão"; na 12ª quadra "O Gaiteiro as reunia". De resto está tudo bem. A parte em latim, extraí de uma missa gregoriana e está mal dito de propósito para ter um ar mais pagão. Eu não sei latim mas é mais ou menos: Indulgencia, Absolvicionem et remissionem, pecatorum tribut ab dominum. Uma vez mais, obrigado."
E temos então a letra completa:

Roncos do Diabo

Com três paus faz-se um bordão
Com mais um faz-se um ponteiro
O Demo anima a função
Encarnado num gaiteirooooo

O Diabo já é velho
Mas é grande folião
Na festa mete o bedelho
P'ra animar a bailação

P'ra aquecer o bailarico
Abre a torneira ao tonel
O cura dá-lhe um fanico
Lá se vai o hidromel

Essa bebida dos anjos
Que agrada tanto ao demónio
Já tentou S. Cipriano
S. João e Santo Antóniooooo

Santo António milagreiro
Fez um pacto com o demónio
O Diabo era gaiteiro
E o santo tocava harmónio

S. João tocava caixa
Com dois paus de marmeleiro
Mas o delírio das moças
Era a gaita do gaiteiro

Guinchava como um leitão
Quando se lhe puxa o rabo
Pela copa do bordão
Jorravam roncos do Diabooooo

Era a gaita do demónio
Que soava endiabrada
Afinava com o harmónio
Mas não estava homologada

Estava fora das medidas
Saía da convenção
Tinha veias no ponteiro
E dois papos no bordão

Criação de Belzebu
Diabólica magia
Nas voltas da contradança
Quem dançava enlouqueciaaaaa

E nas voltas da loucura
As almas em desatino
Saltavam de corpo em corpo
Errando de seu destino

O gaiteiro as reunia
Como se junta um rebanho
Fê-las descer ao inferno
No fogo tomaram banho

E já os corpos em brasa
Iam fazendo das suas
As vestes esfarrapadas
Mostravam as carnes nuaaaaas

Indulgencia, absolvicionem et remissionem pecatorum tribut ab dominum

Com três paus faz-se um bordão
Com mais um faz-se um ponteiro
Por anónima a função
Encarnado num gaiteirooooo

As fêmeas eram lascivas
Ondulantes de paixão
Corroídas p'lo desejo
Contorciam-se no chão

No terreiro da função
Os corpos se confundiam
Seguidores de Belzebu
Das almas santas se serviam

Foram pela noite fora
Perdidos no bacanal
Ao som desta banda louca
Até ao Juízo Finaaaaal

Indulgencia, absolvicionem et remissionem pecatorum tribut ab dominum

«Arribas» - Susana Duarte

(...)


fosses próximo da lava, e seriam de fogo, as tuas palavras. mas elas são do vento que ondula os oceanos, e flui, invisível, como invisíveis são as memórias, e, do vento, são as palavras. as tuas.


no vento das palavras, morrem arribas: encostas do ventre. fósseis, e nuas.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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(excerto do poema "Arribas", do livro "Pangeia", de Susana Duarte, a publicar (?!) pela Alphabetum Editora)

Isso, disfarça...


Finge-te amante enquanto recebes, distante, os beijos dados com promessas de paixão que retribuis por obrigação sem esconderes a repugnância.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter