Valeu a pena ter pedido uma ajuda especial para tentar transcrever o que eles cantam em latim. Obrigada, Maria Ana Benoliel: "Achei curioso o desafio e cá fica: o que eles dizem é uma variante disto (pelo que eu entendo cortam a parte entre [ ]) «Indulgentiam, absolutionem, et remissionem peccatorum nostrorum tribuat nobis [omnipotens et misericors] Dominus»".
Em 9/1/2019, o Carlos Guerreiro, autor da letra, corrigiu alguns versos e esclareceu o «latinório»: "São Rosas, olá. O meu nome é Carlos Guerreiro, sou o autor deste tema, e desde já agradeço os elogios. Admiro o esforço da transcrição, embora haja pequenos pormenores que te escaparam: na primeira quadra, em vez de "Por anónima a função", deve ser "O Demo anima a função"; na sétima quadra, primeiro verso deve ser "Guinchava como um leitão"; na 12ª quadra "O Gaiteiro as reunia". De resto está tudo bem. A parte em latim, extraí de uma missa gregoriana e está mal dito de propósito para ter um ar mais pagão. Eu não sei latim mas é mais ou menos: Indulgencia, Absolvicionem et remissionem, pecatorum tribut ab dominum. Uma vez mais, obrigado."
E temos então a letra completa:
Com três paus faz-se um bordão
Com mais um faz-se um ponteiro
O Demo anima a função
Encarnado num gaiteirooooo
O Diabo já é velho
Mas é grande folião
Na festa mete o bedelho
P'ra animar a bailação
P'ra aquecer o bailarico
Abre a torneira ao tonel
O cura dá-lhe um fanico
Lá se vai o hidromel
Essa bebida dos anjos
Que agrada tanto ao demónio
Já tentou S. Cipriano
S. João e Santo Antóniooooo
Santo António milagreiro
Fez um pacto com o demónio
O Diabo era gaiteiro
E o santo tocava harmónio
S. João tocava caixa
Com dois paus de marmeleiro
Mas o delírio das moças
Era a gaita do gaiteiro
Guinchava como um leitão
Quando se lhe puxa o rabo
Pela copa do bordão
Jorravam roncos do Diabooooo
Era a gaita do demónio
Que soava endiabrada
Afinava com o harmónio
Mas não estava homologada
Estava fora das medidas
Saía da convenção
Tinha veias no ponteiro
E dois papos no bordão
Criação de Belzebu
Diabólica magia
Nas voltas da contradança
Quem dançava enlouqueciaaaaa
E nas voltas da loucura
As almas em desatino
Saltavam de corpo em corpo
Errando de seu destino
O gaiteiro as reunia
Como se junta um rebanho
Fê-las descer ao inferno
No fogo tomaram banho
E já os corpos em brasa
Iam fazendo das suas
As vestes esfarrapadas
Mostravam as carnes nuaaaaas
Indulgencia, absolvicionem et remissionem pecatorum tribut ab dominum
Com três paus faz-se um bordão
Com mais um faz-se um ponteiro
Por anónima a função
Encarnado num gaiteirooooo
As fêmeas eram lascivas
Ondulantes de paixão
Corroídas p'lo desejo
Contorciam-se no chão
No terreiro da função
Os corpos se confundiam
Seguidores de Belzebu
Das almas santas se serviam
Foram pela noite fora
Perdidos no bacanal
Ao som desta banda louca
Até ao Juízo Finaaaaal
Indulgencia, absolvicionem et remissionem pecatorum tribut ab dominum
Lamento não poder ajudá-lo no latim, mas estou-lhe imensamente agradecido pela letra que procurava há muito tempo. Obrigado.
ResponderEliminarQue bom! Adoro sentir-me útil!
EliminarDeu muito trabalho mas valeu a pena, porque esta música é uma maravilha.
Comentário recebido do autor, Carlos Guerreiro, na minha página no Google+:
ResponderEliminar"+São Rosas olá o meu nome é Carlos Guerreiro, sou o autor deste tema, e desde já agradeço os elogios. admiro o esforço da transcrição, embora haja pequenos pormenores que te escaparam: na primeira quadra, em vez de "Por anónima a função", deve ser "O Demo anima a função". na sétima quadra, primeiro verso deve ser "Guinchava como um leitão". na 12ª quadra "O Gaiteiro as reunia". de resto está tudo bem. a parte em latim extraí de uma missa gregoriana e está mal dito de propósito para ter um ar mais pagão. eu não sei latim mas é mais ou menos :Indulgencia, Absolvicionem et remissionem, pecatorum tribut ab dominum. uma vez mais, obrigado"
Bem hajas, Carlos Guerreiro. É uma honra receber um elogio de um Mestre e um luxo poder fazer as correcções ao texto com as indicações do próprio autor! Sou fã, há muitos anos, dos Gaiteiros de Lisboa. E este «Roncos do Diabo» é uma pérola, que ilustra muito bem a minha colecção de arte erótica. Fica o convite para o caso de a quereres um dia visitar.