O carro aproximou-se da falésia. De mãos dadas contemplam as luzes que se estendem sob os seus olhares. Tinham deixado por instantes aquele seu mundo, o corrupio da grande cidade sempre com pressa de chegar a lado nenhum. Olharam para as estrelas, não para o lado das luzes da cidade que tudo escondia, mas em sentido contrário onde a escuridão era absoluta. Só as luzes do carro denunciavam as suas presenças.
Ele passou-lhe a mão pelos ombros e aconchegou-a contra si. As suas bocas uniram-se num beijo apaixonado. Estavam sós naquele lugar! Aqui e ali cigarras batiam as asas freneticamente numa chamada para acasalamento.
Uma brisa suave acariciava-lhe o rosto, trazendo-lhe o cheiro daquele cabelo de mulher que lhe embrenhava os sentidos, trazendo-lhe sensações de prazer. A sua mão foi descendo pelo cabelo sedoso, enquanto ia mordiscando ao de leve o lóbulo da orelha, passando em seguida os lábios pelo pescoço suavemente, sentindo um frémito percorrendo o corpo dela. Olhou no seu olhar e viu nele o desejo de fazer amor, naquele sítio, naquele lugar, tão perto e tão distante de todos.
Recostou o banco para trás. Retirou-lhe as alças do vestido e o peito ficou-lhe a descoberto. Foi acariciando enquanto se desfaziam do resto da roupa. Movimentavam-se na procura de uma melhor posição para que a busca do prazer final não fosse dificultado por entraves de outra ordem que não aquele em que ambos os corpos se empenhavam.
De repente ele ouve um pequeno riso da parte dela. Curioso pergunta-lhe a razão disso. Sabendo que não tinha caído bem naquele momento esse seu riso, responde-lhe que a oscilação do carro que estava a sentir só em filmes é que tinha visto. Ele olha fixamente o rosto da mulher que estava por cima de si. Levanta-se, e veste-se. Enquanto isso ela olha-o espantada como a perguntar a razão dessa atitude. Diz-lhe para se vestir também, olha para as luzes da cidade, para as estrelas, gira a chave na ignição e, como se estivesse sozinho, vai de encontro ao seu mundo. Estava desejoso de um café, seria o seu prazer dessa noite ao som de uma bela música.
Mário Lima
Blog O sonhador