Celibatário por opção, durante anos, o Dr. Mário de Castro, era, sempre foi, um homem de rotinas. Há trinta anos atrás, quando se empregou no Banco de Portugal comprou casa no Jardim da Parada em Campo de Ourique, onde ainda vivia.
Todos os dias saía de casa as sete e meia da manhã, tomava o pequeno almoço na Pastelaria Doce Camélia, na esquina da Rua Almeida e Sousa com a Tomás da Anunciação.
Apanhava o eléctrico na Ferreira Borges que o levava até ao Chiado, descendo depois a pé até ao Banco na Rua da Conceição, onde chegava pontualmente a um quarto para as nove.
Há meia dúzia de anos adoptara o Black, um fox terrier nervoso e agressivo com qualquer estranho que se aproximasse da porta, mas meigo e completamente fiel ao seu dono.
No ano passado o Dr. Castro finalmente foi atingido pelo cupido e casou-se com a Candida, empregada da Doce Camélia que o atendia todas as manhãs.
Trinta anos mais nova, a Candida era uma rapariga bonita, de olhos negros profundos. O corpo esbelto revelava o viço da juventude, a sensualidade, que se adivinhava incendiar-se ao mais pequeno toque, ao mais leve roçar.
Deixou o emprego quando se casou, ficando em casa com o Black que aos poucos se foi habituando à sua nova dona.
A agora respeitável D. Candida rapidamente percebeu que a solidão e placidez da sua nova situação social e de desafogo financeiro colidiam com a azáfama de empregada da pastelaria.
O Carlos, estudante no Instituto Superior de Economia, a São Bento, e frequentador da Doce Camélia, encontrou-a um dia no Jardim da Parada. Reconheceram-se, ela contou-lhe que tinha casado e, apontando com o dedo para um quarto andar, disse-lhe que era ali que morava agora.
- Quer conhecer a minha casa?
O Carlos acompanhou-a mas, ao transpor o portal, o Black rosnou-lhe, ladrou-lhe, mostrou-lhe os dentes raivoso.
Nos dias seguintes, aos poucos, o Carlos levava uns mimos para o cão, afagava-o, foi conquistando a sua confiança.
Agora, o Black, abanava o rabo quando ele entrava, lambia-o, mostrava o seu contentamento.
Estava conquistado!
Adormecia no sofá, enquanto o Carlos e a Candida, no quarto, se entregavam aos prazeres do amor de dois jovens sedentos, apaixonados.
Um dia, a Candida, como um suicida que se deixa atrair pelo abismo, insistiu com o Carlos que gostaria que ele conhecesse o marido.
Queria que se tornassem amigos, tanto mais que ele estudava Economia, o mesmo curso do Dr. Castro.
- E assim a vizinhança não estranhará as tuas vindas cá a casa, explicou ela, perante alguma relutância do Carlos.
Combinaram um encontro falsamente casual na pastelaria, onde ela lhe apresentaria o marido.
Depois desse encontro, o Dr. Castro disse à mulher que tinha gostado muito do rapaz. Pareceu-lhe educado, bem parecido, conversador e inteligente.
Fiquei encantado, sabes?
- E se o convidássemos para almoçar cá em casa um dia destes?, sugeriu-lhe o marido.
- Acho uma óptima ideia, meu amor, respondeu-lhe a D. Candida, com um beijo.
Ficou aprazado para o sábado seguinte.
Ao meio dia desse sábado, lá estava o Carlos.
Veio abrir-lhe a porta o próprio Dr. Castro, desculpando-se antecipadamente, com um aviso:
- Temos cá em casa um cão um bocado agressivo com estranhos. Não se assuste, meu amigo, que eu ponho-o na ordem.
Estupefacto, o Dr. Mário de Castro, viu o Black, arfando de contentamento, saltar para o colo do Carlos, lambendo-lhe as mãos, feliz, quase sorrindo...
Inteligente, percebeu tudo.
Desfez o casamento. Voltou ao celibato...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
16 setembro 2018
Postalinho de Praga - 5
"Sex Machines Museum (museu das máquinas do sexo), em Praga.
Como acontece com outros museus do erotismo, tem muitas peças que eu gostaria de ter... mas a colecção de arte erótica «a funda São» também tem muitas peças que este museu não tem.
Aqui, a entrada e algumas das máquinas do museu."
São Rosas
Como acontece com outros museus do erotismo, tem muitas peças que eu gostaria de ter... mas a colecção de arte erótica «a funda São» também tem muitas peças que este museu não tem.
Aqui, a entrada e algumas das máquinas do museu."
São Rosas
15 setembro 2018
«de todos os momentos que foste» - Susana Duarte
de todos os momentos que foste, talvez não saibas ainda que o mais belo foi o momento que antecedeu o beijo. foi o momento que antecedeu, e não o beijo, que mudou de lugar as madrugadas, moveu o ar das noites e o luar das minhas manhãs. de todos os momentos que foste, o mais belo foi a antecipação do futuro, ainda que, depois, se tenham perdido todas as madrugadas das mãos. de todos os momentos que foste, o mais belo foi aquele em que o abraço antecipava amoras, e as amoras eram beijos rubros tingindo a manhã. de todos esses momentos, foste apenas um raio de sol perdido entre os meus olhos. nada mais foste, pois não soubeste raiar de luz as escolhas da tua vida. de todas elas, a mais fácil foi partir. de todas elas, a mais imperdoável, foi partir. dos teus dedos, nada mais ficou dos momentos que antecipavam o beijo, senão a mágoa das noites sem dia, e dos dias em que te foste. de todos os momentos, a maior mágoa é não teres sabido ser. de todas as madrugadas, esta será a mais triste.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Erotic Blues - Chants érotiques Afro-Américains - Afro-American erotic songs
CD com compilação de blues de teor erótico, entre 1920 e 1950.
Um interessante CD a juntar-se a muitos outros na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Um interessante CD a juntar-se a muitos outros na minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
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14 setembro 2018
DiciOrdinário - aproveita o desconto até 15/9
Pois... amanhã esta promoção acaba!
Para comemorar os 5.000 seguidores atingidos na minha página no Facebook, as encomendas que me forem feitas até 15/9 terão um preço especial de € 12 (com portes de envio grátis em correio normal) ou € 15,85 (se preferires o envio por correio registado). Basta que indiques, nas observações da encomenda, o código MAMILO (que é aquilo a que o Facebook tem mais alergia).
E, se quiseres, posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
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E, se quiseres, posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
#bestismo - Ruim
Quando perguntam a uma mulher se gostava de ser homem:
"Adorava. São mais práticos e não perdem tempo com minhoquices e guerrinhas. Trabalham melhor em equipa e dão duas guinadas e estacionam o carro em marcha atrás. E era giro poder esmurrar alguma coisa ou mijar de pé. São umas bestas mais inteligentes do que pensamos, mas nós gostamos deles."
Quando perguntam a um homem se gostava de ser mulher:
"Puto, só pedia 24 horas. Eu era a maior VACA da zona. Primeiro, ia olhar-me para um espelho de perna aberta e depois ia enfiar tudo o que pudesse dentro de mim. Saía de casa, ia atacar para uma esquina, mas era eu a pagar para que me comessem. Ya, era espectacular!"
Ya. "Inteligentes."
Ruim
no facebook
"Adorava. São mais práticos e não perdem tempo com minhoquices e guerrinhas. Trabalham melhor em equipa e dão duas guinadas e estacionam o carro em marcha atrás. E era giro poder esmurrar alguma coisa ou mijar de pé. São umas bestas mais inteligentes do que pensamos, mas nós gostamos deles."
Quando perguntam a um homem se gostava de ser mulher:
"Puto, só pedia 24 horas. Eu era a maior VACA da zona. Primeiro, ia olhar-me para um espelho de perna aberta e depois ia enfiar tudo o que pudesse dentro de mim. Saía de casa, ia atacar para uma esquina, mas era eu a pagar para que me comessem. Ya, era espectacular!"
Ya. "Inteligentes."
Ruim
no facebook
13 setembro 2018
Postalinho de Montreal (Canadá)
"O banco dos amantes.
Esta escultura apresenta-nos um casal nu na sua intimidade, enquanto que uma terceira pessoa vira o olhar projectando a sua tristeza e solidão. Podem-se ler grafitos de frases sobre o amor de pessoas célebres como Menahem Begin, Indira Gandhi e a Madre Teresa : «lembrarmo-nos todos os dias que somos irmãos», «o amor é o ritmo da vida», «amor com paixão para sempre». Estas pessoas de tamanho maior do que o normal, contrastam com o seu tema um pouco provocador. Enquanto o casal representa uma alegria de vida, a terceira pessoa transmite-nos a rejeição e o isolamento dando-nos a ideia de concepções de vida diferentes."
Chico Torreira
Esta escultura apresenta-nos um casal nu na sua intimidade, enquanto que uma terceira pessoa vira o olhar projectando a sua tristeza e solidão. Podem-se ler grafitos de frases sobre o amor de pessoas célebres como Menahem Begin, Indira Gandhi e a Madre Teresa : «lembrarmo-nos todos os dias que somos irmãos», «o amor é o ritmo da vida», «amor com paixão para sempre». Estas pessoas de tamanho maior do que o normal, contrastam com o seu tema um pouco provocador. Enquanto o casal representa uma alegria de vida, a terceira pessoa transmite-nos a rejeição e o isolamento dando-nos a ideia de concepções de vida diferentes."
Chico Torreira
Nin: naked for no reason
Revista brasileira bilingue de arte erótica.
Nº 1 - Cicciolina
Nº 2 - Camila Ribeiro - Come as you are
Nº 3 - Débora
Um projecto interessantíssimo do nosso povo irmão, do Brasil para a minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Nº 1 - Cicciolina
Nº 2 - Camila Ribeiro - Come as you are
Nº 3 - Débora
Um projecto interessantíssimo do nosso povo irmão, do Brasil para a minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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12 setembro 2018
Filhos de branco 4 - «A esteira» - Mário Lima
Dormir na esteira é tipicamente africano. Quando os "defensores de causas" se referem ao facto do africano dormir na esteira e o caucasiano dormir numa cama e veem nisso um motivo discriminatório, é porque não percebem nada das culturas dos povos. É como confundirem uma cubata feita de folhas, palha, coberta de barro de uma aldeia africana, e as casas de cimento de uma aldeia caucasiana.
Quando ia de patrulha levava também a minha esteira. Três/quatro dias na floresta do Maiombe, à noite deitava-me debaixo dos cafeeiros, de uma árvore de grande porte, estendia a esteira, colocava o poncho (impermeável) por cima, fazia do saco, que transportava as rações de reserva, o meu travesseiro e ali dormia, muitas vezes enregelado e a chover.
As casas da aldeia onde estive na tropa, eram quase todas típicas. Aqui e ali, viam-se algumas em cimento mas a maioria não.
Assim era o local onde dormiam. Umas já tinham camas com colchão de palha, mas a maioria dormia na esteira.
O chão era de terra. As lavadeiras era ali que recebiam os seus companheiros para mais um momento de sexo.
Nessa noite estava de piquete como sargento de guarda. Tinha como missão percorrer o quartel e, com palavras passe, saber se as sentinelas estavam em alerta ou dormiam.
Antes da porta de armas encerrar, lá iam alguns tropas até a aldeia, para mais uma noite passada na esteira.
Aquele furriel tinha chegado há pouco ao quartel. Lá arranjou uma lavadeira e era essa a primeira noite que ia passar com ela.
Sentado na cadeira em frente à messe dos sargentos, olhava para aquele céu estrelado. O gerador já há muito que tinha deixado de funcionar. Esse gerador também fornecia energia à aldeia. O silêncio era absoluto.
De repente ouço alguém chamar-me: «Lima, vem aqui». A voz vinha da porta de armas.
Quando lá cheguei, com as cautelas devidas, era o nosso furriel que regressava da aldeia. Estranhei pois, não era costume aparecer alguém àquela hora e ainda por cima ele que ia fazer o seu batismo na esteira.
- «Já de regresso»?
E então contou-me ele.
- «Sabes, deitei-me na esteira mais a lavadeira, e pá, depois de uma primeira vez, ela ainda não satisfeita, enroscou-se de novo e eu, embora já cansado, lá consegui. O pior foi depois. Estava já quase a dormir, quando comecei a sentir algo a subir pelo corpo e comecei a ter uma tremenda comichão. Eram bichos que faziam do meu corpo o seu pasto. Era tanta a bicharada, que eu até pensava que podia vir algum lacrau que me mordesse e ali ficava.»
- «E a a lavadeira?! - perguntei eu.
- «Essa dormia e bem. Deve estar habituada e nem conta estava a dar da bicharada. Então levantei-me e ela acordou. Onde vais? perguntou-me. Vou para o quartel. Não consigo dormir com estes bichos todos por cima de mim»
E assim fez. E às tantas, eu, perdido no silêncio da noite, ouvia o meu camarada de armas a contar-me a história da sua primeira noite passada numa esteira.
A meu lado, o cão que me acompanhava nas rondas, dormia.
Mário Lima
Blog «A tua vontade é a tua vitória»
foto: Ademar Campos
Quando ia de patrulha levava também a minha esteira. Três/quatro dias na floresta do Maiombe, à noite deitava-me debaixo dos cafeeiros, de uma árvore de grande porte, estendia a esteira, colocava o poncho (impermeável) por cima, fazia do saco, que transportava as rações de reserva, o meu travesseiro e ali dormia, muitas vezes enregelado e a chover.
As casas da aldeia onde estive na tropa, eram quase todas típicas. Aqui e ali, viam-se algumas em cimento mas a maioria não.
Assim era o local onde dormiam. Umas já tinham camas com colchão de palha, mas a maioria dormia na esteira.
O chão era de terra. As lavadeiras era ali que recebiam os seus companheiros para mais um momento de sexo.
Nessa noite estava de piquete como sargento de guarda. Tinha como missão percorrer o quartel e, com palavras passe, saber se as sentinelas estavam em alerta ou dormiam.
Antes da porta de armas encerrar, lá iam alguns tropas até a aldeia, para mais uma noite passada na esteira.
Aquele furriel tinha chegado há pouco ao quartel. Lá arranjou uma lavadeira e era essa a primeira noite que ia passar com ela.
Sentado na cadeira em frente à messe dos sargentos, olhava para aquele céu estrelado. O gerador já há muito que tinha deixado de funcionar. Esse gerador também fornecia energia à aldeia. O silêncio era absoluto.
De repente ouço alguém chamar-me: «Lima, vem aqui». A voz vinha da porta de armas.
Quando lá cheguei, com as cautelas devidas, era o nosso furriel que regressava da aldeia. Estranhei pois, não era costume aparecer alguém àquela hora e ainda por cima ele que ia fazer o seu batismo na esteira.
- «Já de regresso»?
E então contou-me ele.
- «Sabes, deitei-me na esteira mais a lavadeira, e pá, depois de uma primeira vez, ela ainda não satisfeita, enroscou-se de novo e eu, embora já cansado, lá consegui. O pior foi depois. Estava já quase a dormir, quando comecei a sentir algo a subir pelo corpo e comecei a ter uma tremenda comichão. Eram bichos que faziam do meu corpo o seu pasto. Era tanta a bicharada, que eu até pensava que podia vir algum lacrau que me mordesse e ali ficava.»
- «E a a lavadeira?! - perguntei eu.
- «Essa dormia e bem. Deve estar habituada e nem conta estava a dar da bicharada. Então levantei-me e ela acordou. Onde vais? perguntou-me. Vou para o quartel. Não consigo dormir com estes bichos todos por cima de mim»
E assim fez. E às tantas, eu, perdido no silêncio da noite, ouvia o meu camarada de armas a contar-me a história da sua primeira noite passada numa esteira.
A meu lado, o cão que me acompanhava nas rondas, dormia.
Mário Lima
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foto: Ademar Campos
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