08 abril 2019

Já vos disse que adoro publicidade?


Prison Blues

«a mulher do táxi» - bagaço amarelo


Uma vez apaixonei-me por uma mulher num táxi. Como não lhe vi a face, do que me lembro é das luzes tristes dos candeeiros públicos da cidade e da estrada a passar por mim da mesma forma que todos os outros Amores da minha vida já tinham passado.
Quando abri a porta de trás para lhe perguntar se me podia levar até ao bairro de Darvenitsa, ela não virou a cara. Disse "da", que em búlgaro quer dizer sim, e fixou o olhar no vidro da frente como se a vida não tivesse mais opções do que seguir por aí, sempre em frente.
Ia a chorar e tinha olhos negros. Mais negros do que a noite, digo. E grandes. Vi-os no espelho retrovisor central durante dois ou três segundos. Por qualquer motivo que não sei explicar, percebi que ela chorava por Amor. Talvez tenha sido o choro, que é sempre diferente dos outros choros.
Todos sabem que chorar por Amor é fazer um pedido à vida, que uma situação se reverta. Depois, como nunca nada se reverte, deixa-se de chorar e olha-se em frente, o único caminho possível. As lágrimas são uma desilusão porque nunca fazem nada do que lhes pedimos, mas pelo menos servem para percebemos a direcção que devemos tomar.
No rádio do táxi passava uma música inglesa da qual me lembro que o primeiro verso era "In the morning I am a recluse lost in memories, ideal situations and convulsions" e o refrão apenas uma repetição da frase "We don't need nobody else".
Quando ela parou o táxi no bairro onde eu vivia, o contador marcava quase dez levs. Dei-lhe a nota por cima do ombro direito dela e as nossas mãos tocaram-se por um segundo. Depois ela amassou a nota como se odiasse dinheiro e a minha mão caiu-lhe nesse ombro como se fosse um floco de neve. Desejei-lhe boa sorte em pensamento, mas tenho a certeza que ela ouviu como se eu tivesse gritado.
Foi nesse momento que me apaixonei por ela. É impossível não me apaixonar por uma mulher capaz de ouvir o que eu penso.
O táxi dissolveu-se na noite enquanto eu atravessava a estrada. Nunca mais a vi.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Precisa de um impermeável

Crica para veres toda a história
Aguaceiros


2 páginas

(crica em «next page» para continuares)

06 abril 2019

«À cautela» - Fernando Gomes

Jerivaldo tinha doze anos quando, ao espreitar pela fechadura da casa de banho, viu a madrasta nua no duche. Da esbelta figura, saltaram-lhe à vista os fartos seios e um orgulhoso membro, bem maior que o do pai. Esse momento marcá-lo-ia para sempre. Ainda hoje, casado para mais de quinze anos, espia a sua mulher a tomar banho, não vá o Diabo tecê-las.

Fernando Gomes

«Solta-se o beijo» - Mário Lima



"Solta-se um beijo teu, quando aos meus se vão juntar"

Mário Lima

«Rythmos da Hellada» - Narciso de Azevedo

Livro de poesia de 1919.
Oferta de Lourenço Moura para a colecção. Exemplar com ex-libris de Dr. Pedro Veiga.









A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

05 abril 2019

Da publicidade


Sabes o que é uma "Ampunheta"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Ampunheta - aparelho para medição do tempo que dura (bem aplicado, aqui) uma pívia.


Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.


#mindfuck - Ruim

Não é um assunto que se deva perder muito tempo a pensar, mas a verdade é que ninguém tem a total certeza que se masturba correctamente. Não se aprende na escola, em casa ou no ATL. Ninguém nos ensina a arte da auto-satisfação e, se continuarmos a perder mais tempo a pensar e a afundar-nos cada vez mais no buraco do coelho da Alice, não há nenhuma garantia que quando eu digo "vou bater uma" é o mesmo "vou bater uma" do gajo ao meu lado (isto não soou bem). Sei lá se "bater uma" para esse gajo é vestir umas jardineiras num espantalho e o violar? Não sei. Ninguém sabe. PORQUE NINGUÉM NOS ENSINOU, F#DA-SE. O meu pai nunca acabou de ler o Expresso e disse "enquanto a tua mãe faz o almoço, deixa-me ensinar-te uma coisa muito engraçada". Nenhum professor, educador, familiar ou até mesmo um padre me explicou como me devo masturbar. Como é que eu sei? Porque os meus colegas do 8° ano falaram nisso. Miúdos de 13 anos, esses génios do sexo que sabiam tanto como eu, mencionaram uma vez que se calhar era giro todos tocarmos na pila com a mão. E assim o tenho feito desde então, mas será que estou a fazer bem? Segui recomendações de seres humanos com o timbre de voz do Mickey e acreditei totalmente na palavra deles, meu povo. Filmes? Sim, podemos ir por aí. Mas eu também vi o Matrix e não é por isso que ando a dizer a todos que sou o "The One".

Eu acho que estou a fazer isto bem e tendo em conta a prática que tenho, acho que estou apto a dar aulas. Só não as dou porque não sei se estou a fazer bem.

Bom jantar.

Ruim
no facebook

04 abril 2019

«Esta terra tem um poder estranho» - Áurea Justo

Venho aqui,
Contar histórias nesta terra
Que tem um poder estranho,
Onde se faz amor e guerra.

Para mim,
Ainda és aquele que beijo antes de dormir,

Sinto,
O cheiro, o calor e o sabor dos teus lábios,
O contacto húmido da tua língua.

A tortura de não poder,
Tocar-te, modelando o teu sexo
Até sentires o orgasmo.

Se não tiveres amor no coração,
Não tens nada!
Se não sentires paixão,
Não tens história!
E a alma permanecerá enclausurada na memória.

In Folha De Papiro Perfumada

Áurea Justo
no Facebook