27 abril 2020
«Exéquias fúnebres» - Rui Felício
Em Torres Novas havia uma Agência Funerária que ganhou fama por fazer sempre um arranjo floral muito artístico relacionado com a profissão do falecido, e que colocava em lugar de destaque durante o velório.
Toda a gente conhecia, elogiava e recordava alguns dos mais bonitos desses arranjos, cujas fotografias a Agência exibia com orgulho na montra do estabelecimento.
Eu próprio me recordo da bela tesoura feita de flores construída quando morreu a D. Ermelinda costureira, de um molar florido feito para o funeral do dentista Dr. Tomás ou de uma ferradura composta por pequenas flores silvestres, quando faleceu o Ti João ferrador.
Certa noite, muitos torrejanos enchiam a capela mortuária ao lado da Igreja de São Pedro. Vinham velar o corpo do defunto Dr. Alfredo Bismark, figura grada da cidade e respeitado médico. Ao lado da urna, destacava-se uma enorme coroa de flores em forma de coração, em homenagem àquele eminente cardiologista.
Sentada a um canto, a D. Celeste abafava o riso. Uma amiga perguntou-lhe baixinho porque se ria tanto. Quanto mais a outra queria saber a razão do riso, mais incontrolável ele se ia tornando. A ponto de a D. Celeste se ter levantado com a mão a tapar a boca e saído da capela onde explodiu em enormes gargalhadas, sempre com a amiga atrás dela.
- Que coisa, Celeste! Que diabo te faz tanto riso?
- Viste a coroa de flores em forma de coração ao lado do caixão do Dr. Bismark?, perguntou ela à amiga, por entre as gargalhadas que não parava de soltar.
- Sim, vi. E daí? Já sabemos como trabalha esta Agência Funerária. Se ele era o maior cardiologista da nossa terra, tem toda a lógica que lhe tenham feito uma coroa em forma de coração…
- Por isso mesmo eu me rio, disse a Celeste. Estou a imaginar como será quando o meu marido morrer. Que tipo de arranjo floral lhe vão fazer. Ele que é o único ginecologista da cidade.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Toda a gente conhecia, elogiava e recordava alguns dos mais bonitos desses arranjos, cujas fotografias a Agência exibia com orgulho na montra do estabelecimento.
Eu próprio me recordo da bela tesoura feita de flores construída quando morreu a D. Ermelinda costureira, de um molar florido feito para o funeral do dentista Dr. Tomás ou de uma ferradura composta por pequenas flores silvestres, quando faleceu o Ti João ferrador.
Certa noite, muitos torrejanos enchiam a capela mortuária ao lado da Igreja de São Pedro. Vinham velar o corpo do defunto Dr. Alfredo Bismark, figura grada da cidade e respeitado médico. Ao lado da urna, destacava-se uma enorme coroa de flores em forma de coração, em homenagem àquele eminente cardiologista.
Sentada a um canto, a D. Celeste abafava o riso. Uma amiga perguntou-lhe baixinho porque se ria tanto. Quanto mais a outra queria saber a razão do riso, mais incontrolável ele se ia tornando. A ponto de a D. Celeste se ter levantado com a mão a tapar a boca e saído da capela onde explodiu em enormes gargalhadas, sempre com a amiga atrás dela.
- Que coisa, Celeste! Que diabo te faz tanto riso?
- Viste a coroa de flores em forma de coração ao lado do caixão do Dr. Bismark?, perguntou ela à amiga, por entre as gargalhadas que não parava de soltar.
- Sim, vi. E daí? Já sabemos como trabalha esta Agência Funerária. Se ele era o maior cardiologista da nossa terra, tem toda a lógica que lhe tenham feito uma coroa em forma de coração…
- Por isso mesmo eu me rio, disse a Celeste. Estou a imaginar como será quando o meu marido morrer. Que tipo de arranjo floral lhe vão fazer. Ele que é o único ginecologista da cidade.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Ex-voto 69
A colecção de arte erótica «a funda São» integra um conjunto de imagens em suporte digital. Aqui, vou-te mostrando semanalmente alguns exemplos de ex-votos humorísticos e eróticos.
26 abril 2020
«não sei de ti» - Susana Duarte
procuro as palavras
na penumbra
desmembrada
das aves
e fico parada, a ouvir
as gotas silenciosas
dos sons
dos teus passos,
silenciosos eles mesmos,
ausentes como tu,
e as aves solares.
não sei de ti,
nem das auroras
serenas dos teus braços
sobre mim.
partiste para o lugar oculto
das aves azuis,
onde ficaste
quieto,
absorto,
inerte
como os gatos
que miam às janelas
das mulheres sós.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook
na penumbra
desmembrada
das aves
e fico parada, a ouvir
as gotas silenciosas
dos sons
dos teus passos,
silenciosos eles mesmos,
ausentes como tu,
e as aves solares.
não sei de ti,
nem das auroras
serenas dos teus braços
sobre mim.
partiste para o lugar oculto
das aves azuis,
onde ficaste
quieto,
absorto,
inerte
como os gatos
que miam às janelas
das mulheres sós.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
O fundo Baú - 66
O baú que deu início à colecção de arte erótica «a funda São» |
Encandescências...
A Encandescente deu-me uma óptima notícia: há uma editora que quer editar um livro dela.
E mostrou-me uma vez mais a doçura que é e que tem, dedicando-me (e ao OrCa) uma poesia. Nunca ninguém me tinha dedicado uma poesia... e logo uma tão bela como esta. Absorvam-na com o corpo todo:
Com a rima no lugar
Põe a mão no meu peito
Sente como bate acelerado
Como cavalga solto
O meu coração.
Depois rodeia-me o seio
E vê como ele reage
Como ele se torna
A forma da tua mão.
Desliza-a então no meu corpo
Sente a minha pele
Que chama por ti.
Provoca nela o arrepio
Que é calor, desvario
Loucura acesa
Quando me tocas assim.
Desce então mais um pouco
E sente na mão
O desejo a palpitar.
Depois meu amor
Aperta-me
Torna-me tua
Sê o meu corpo
Serei o teu
Façamos do amor lugar
Para a São. A mulher mais surpreendente que conheci nestas coisas da blogoesfera.
E para o Orca. Um poeta que gosta de rimas.
Encandescente
Publicado a 25 de Junho no blog dela. Façam fila atrás de mim para comprar o livro.
O OrCa ficou de tal forma assarapantado que desta vez nem odeu: "Honrado, vaidoso e cúmplice. Estou aqui que mal me tenho!... É bom saber-vos por aí. O quadro na parede, o escorredor da loiça, a loira exposta... Um poema dedicado e eu dedicado ao poema. O livro da Encandescente, cuja apresentação deverá ser novo argumento de encontro para esta comunidade de depravados da língua, porventura com corações que não lhes cabem nos peitos nem nos blogs de gente "séria". Mas o livro, gentes, não se esqueçam da relevância de publicar um livro. Este, cheio de sensualidades, sugestões eróticas, íntimas... Encandescente, o que eu não rimaria agora por ti!...
25 abril 2020
Postalinho de Bilbau
"Sheela-na-gig - representação de mulher a expor a sua vagina.
Objecto em bronze usado em rituais de feitiçaria.
Exposição temporária «Temblad temblad» no Museu Guggenheim de Bilbau - Jesse Jones (Dublin, 1978)."
Paulo M.
Objecto em bronze usado em rituais de feitiçaria.
Exposição temporária «Temblad temblad» no Museu Guggenheim de Bilbau - Jesse Jones (Dublin, 1978)."
Paulo M.
Vamos falar de sexo - desejos, fantasias e segredos dos portugueses na cama
Ensaio de Bernardo Mendonça e Maria João Ruela, Guerra & Paz / Clube do livro SIC, Lisboa, 1ª edição, 2015.
Retrato vivo, expressivo e sem tabus da vivência da sexualidade em Portugal. Tinha que vir para a minha colecção.
A colecção de arte erótica «a funda São»...
... que já foi tema de reportagem no Jornal da Uma da TVI, em vários jornais e revistas, tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...
... procura parceiro [M/F]
Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.
Visita a página da colecção no Facebook. Podes também pesquisar por tópicos e palavras-chave todo o cadastro da colecção disponível online:
Retrato vivo, expressivo e sem tabus da vivência da sexualidade em Portugal. Tinha que vir para a minha colecção.
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> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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24 abril 2020
Sabes o que são "Cataratas"?
O DiciOrdinário ilusTarado explica:
Cataratas – andar em busca de gajas.
Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.
Na editora (Chiado) podes comprar em formato eBook (€ 3).
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23 abril 2020
«Adónis» - Áurea Justo
Tenho um baú onde guardo lendas,
Hoje tirei ao acaso a tua morada
Nada há mais transparente que o amor,
Que vive deitado em almofadas de ilusão.
Tu, que descobriste o novo mistério das flores,
A crosta da árvore por onde nasceste
Rasgou-se de dor e pôs-se a cantar,
Uma linda história que fala de um Universo novo.
Os teus lábios são doçura e sensualidade,
O teu toque é fresco e puro
Os teus caracóis dançam ao som do vento Norte,
Numa melodia etérea e terna.
Por onde passas a feminilidade balança,
Diante de todos os olhos
Inocência de um jovem
Sedução de uma mulher.
Há desafios irresistiveis que brotam,
Do alento que a simplicidade canta em fragâncias
Do encanto da nudez de dois corpos
Dos sons que se reproduzem no amor.
Há personalidades eternas,
E tu Adónis,fazes a contagem no Tempo
A tua beleza domina o meu imaginário
És o primeiro em paixão e audácia!
In O Romance de um Anjo
Áurea Justo
no Facebook
Hoje tirei ao acaso a tua morada
Nada há mais transparente que o amor,
Que vive deitado em almofadas de ilusão.
Tu, que descobriste o novo mistério das flores,
A crosta da árvore por onde nasceste
Rasgou-se de dor e pôs-se a cantar,
Uma linda história que fala de um Universo novo.
Os teus lábios são doçura e sensualidade,
O teu toque é fresco e puro
Os teus caracóis dançam ao som do vento Norte,
Numa melodia etérea e terna.
Por onde passas a feminilidade balança,
Diante de todos os olhos
Inocência de um jovem
Sedução de uma mulher.
Há desafios irresistiveis que brotam,
Do alento que a simplicidade canta em fragâncias
Do encanto da nudez de dois corpos
Dos sons que se reproduzem no amor.
Há personalidades eternas,
E tu Adónis,fazes a contagem no Tempo
A tua beleza domina o meu imaginário
És o primeiro em paixão e audácia!
In O Romance de um Anjo
Áurea Justo
no Facebook
Poemas eróticos dos cancioneiros medievais galego-portugueses
Victor Correia (organização, tradução e prefácio), Guerra & Paz, Lisboa, 1ª edição, 2020.
Este livro é o resultado de uma pesquisa feita nos cancioneiros medievais galego-portugueses (nas cantigas de amor, de amigo, e de escárnio e mal dizer), onde se encontram dispersos estes poemas eróticos, pouco conhecidos do grande público.Guardamos da poesia medieval a menina que lava alvíssimas camisas nas ondas do mar, os bailes à sombra das árvores em flor e mais meia dúzia de lamentos ao amigo que tarda lá longe. Uma Arcádia onde não sobra espaço ao pecado. Mas o que se esconde por baixo do manto dessa pretensa santidade medieval? Um cortejo de devassos: o adúltero e a prostituta, o pelintra e o pederasta, o sacerdote amancebado e o nobre incestuoso.
Tinha que fazer parte da minha colecção!
A colecção de arte erótica «a funda São»...
... que já foi tema de reportagem no Jornal da Uma da TVI, em vários jornais e revistas, tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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Tinha que fazer parte da minha colecção!
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> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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