26 abril 2020

«não sei de ti» - Susana Duarte

procuro as palavras
na penumbra
desmembrada
das aves

e fico parada, a ouvir
as gotas silenciosas

dos sons
dos teus passos,

silenciosos eles mesmos,
ausentes como tu,
e as aves solares.

não sei de ti,
nem das auroras
serenas dos teus braços
sobre mim.

partiste para o lugar oculto
das aves azuis,
onde ficaste
quieto,
absorto,

inerte

como os gatos
que miam às janelas
das mulheres sós.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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