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15 janeiro 2014

A origem do nome da cidade de Portimão

Puto - Estou apaixonado...
Mão - Por quem?
Puto - Por ti, mão!

(inspirado por um twit do @jafmac)
_____________________________________
A malta gosta de afundar palpites:

A Gaby Taveira comentou na minha página no Google+ (e também podeis comentar na minha página pessoal e na página da colecção no Facebook):
"Tem lógica, também foi assim a origem do nome de Portugal, quando Afonso Henriques se apixonou por uma linda moira de nome Gal:
Afonso: Estou apaixonado
Gal: Por quem?
Afonso: Por tu, Gal!
Nota: Afonso tinha a voz muito grossa, não conseguia dizer «Ti», o «i» era muito fininho para a garganta dele, então dizia «tu»..."

CM:
"Conheço é a origem do nome de Cascais...
Uma Condessa era casada com um Conde, bruto e muito mau. Todos os dias malhava na condessa! Farta um dia virou-se pra ele e disse-lhe:
- Ó caralho, porque me Cascais tanto?! Drogais-vos?!"

O Charlie "ensina-nos" que "também o nome de Condeixa vem de um conde que era um engatatão do caralho, ou dizendo melhor, abusava da sua condição de nobreza correndo atrás de novas e velhas.
E dizia o povo;
- Conde, deixa a velha!
- Conde, deixa a nova!"
Ou seja, não era um Conde estável.

18 julho 2013

Adolescentes e pornografia - a opinião dos visitos

A propósito do texto «Adolescentes e pornografia: onde está o mal?», de Agnès Giard e traduzido por mim, tivemos estes comentários:

"Não creio que o problema se trate da moral religiosa, da estética, e sim de se ter a maturidade suficiente para ver a pornografia e saber distinguir o que se vê nos filmes da realidade, o que duvido que um adolescente consiga, quando há muitos adultos que não conseguem.
O crescimento sexual, respeito pelo outro, educação, maturidade e responsabilidade levam o seu tempo a adquirir e bem sabemos que os adolescentes em regra geral não possuem nenhuma destas qualidades.
O mal na pornografia é nas mentes que não estão prontas a distinguir que as cenas de violação, seja em grupo ou não é apenas uma encenação e não pode ser visto como uma possibilidade da realidade e que realmente as mulheres gostam de serem violadas.
Distinguir que as mulheres que nas cenas usam totós, roupa de menina de escola e estão depiladinhas são realmente mulheres adultas e não crianças.
E há que ver que ao contrário de antigamente, por exemplo anos 80, a pornografia mudou muito [infelizmente, o texto ficou truncado a partir de aqui]"
Pedro Ferreira

"Interessante o tema e o seu tratamento. Valeu bem a pena o teu esforço de tradução!
Na verdade, a violência e esta associada à sexualidade, essas sim são perniciosas no desenvolvimento harmonioso de qualquer ser humano.
Dos filmes ditos pornográficos, o que pode lamentar-se é, em tantos casos, a sua idiotia argumentativa - que como qualquer outra pode atrofiar os cérebros, mesmo os dos adultos.
Quanto ao resto, haja pais ou educadores ou tutores que acompanhem, formativamente, como lhes é devido, os tais «menores»... e nada será tabu. O resto é hipocrisia e, como se diz no texto, resulta em castração e criação de frustrados, recalcados e coleccionadores de ressentimentos - o que não é nada salutar para a espécie humana."
OrCa

"A pornografia....
Ça n'existe pas.
A noção de pornografia não existia na Antiguidade onde a iniciação sexual era celebrada em grandes festividades com carácter em simultâneo lúdico e religioso. As representações do sexo eram normais em todos os locais públicos e privados e o erotismo era plano e aberto estando presente na vasta mitologia.
O que há na pornografia é precisamente o atavismo humano para transgredir as regras que ele próprio cria.
Dito de outro modo: à medida que o Homem atribuía cada vez mais um carácter sagrado ao sexo, este ia-se tornando mais e mais digno de especial veneração e respeito até ao ponto da sua inefabilidade, o que conduz a prazo, pela rotação de valores, à diabolização do seu símbolo. Ao diabolizar o sexo -tornado pecado original pela corrente religiosa dominante- a pulsão que determina todo o comportamento humano, sofre necessariamente as distorções de que a pornografia é apenas uma das suas manifestações mais perturbante. É sem dúvida uma forma de arte baseada na necessidade de transgressão: fosse o sexo visto de forma aberta e jamais faria qualquer sentido. Apenas esta noção separa a pornografia do erotismo."
Charlie

21 julho 2012

A Confraria do Príapo avança com diversas iniciativas



A Confraria do Príapo, de que faço parte com muito prazer, tem mostrado um forte dinamismo na promoção da tradição da louça erótica das Caldas da Rainha.
Na semana passada, houve um jantar da Confraria e a inauguração da exposição «Símbolos Fálicos do Mundo», com fotos de Zica Capristano, antropólogo falecido poucos dias antes. Esta exposição está a decorrer até 31 de Julho no Centro Cultural das Caldas.
A Confraria está a preparar um livro de investigação sobre o falo das Caldas, que será editado até ao final deste ano. Esta é uma excelente notícia, pois o nosso Charlie também está a preparar um estudo sobre «a religião e o culto fálico na região Oeste» e serão, certamente, duas obras que se irão complementar.
A Confraria do Príapo tem vindo a apoiar iniciativas de várias entidades, estudiosos, designers e artesãos, relacionadas com o falo das Caldas.



Entretanto, na notícia da «Gazeta das Caldas» sobre este jantar, abordaram também um tema que me interessa especialmente:

"Decisão sobre Museu do Erotismo nas Caldas está para breve

O Museu do Erotismo das Caldas da Rainha ainda não está decidido pela autarquia. Continuam as negociações com o coleccionador de Coimbra, Paulo Moura, que gostaria de ceder a sua colecção à cidade (com opção de compra para a Câmara após um período de dez anos).“O problema é o custo da instalação do museu, pois é necessário um edifício de alguma dimensão, várias salas e vitrines e esses encargos, segundo o coleccionador, devem ser a cargo da Câmara”, disse Fernando Costa. As peças continuarão a pertencer ao coleccionador por 10 anos e há em seguida uma opção de compra para a Câmara, mas segundo o edil o valor pedido de 300 mil euros “é muito elevado”.De qualquer forma, Fernando Costa afirmou que “a Câmara municipal vai decidir a curto prazo se vai haver museu ou não”."

12 janeiro 2012

quero...

o teu beijo
o teu abraço
o teu corpo no meu...

c&a
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O Charlie ode em resposta:

"sim quero
ser noz e nave
no teu mar inferno
doce de sal,
morte e terno
sem meio termo"

11 janeiro 2012

O julgamento

Com um finar de martelo culminou a sentença que, em voz monocórdica e olhando para ele como se fosse transparente, ditara. As últimas frases, ou melhor, os últimos parágrafos haviam-lhe soado em surdina, de tal forma o desfecho previsível e desfavorável se ia compondo como resultado do julgamento onde todas as testemunhas, uma após outra, tinham colaborado para o desmontar do seu argumento de defesa. Um leve burburinho elevou-se discretamente na sala enquanto os papéis se guardavam nas pastas e vozes imperceptíveis se trocavam entre os agentes de justiça.
Rodando o corpo para trás, de forma a ficar bem de frente para cada uma delas, fitou as testemunhas, uma após outra. Em vão procurou os seus olhares que preventivamente se distraíam pela sala, chão, tecto, adereços e outros olhares, evitando de forma ostensiva o seu.
Agora que o momento passara, distendendo a tensão,  com alívio para uns mas com a morte na alma para ele, via nitidamente em cada um dos rostos a personificação dos sete pecados capitais.
A gula, pensou ele, ao olhar para um dos que, sabendo a verdade, tinham alterado os factos de forma a comprometê-lo. Fácil de comprar, pensou: bastaria uma boa jantarada ou duas ou uma saída à noite. Depois olhou para o outro, por sinal ainda aparentado. Magro, de óculos finos e fato austero era a imagem da avareza. Este teria sido quiçá o mais fácil de comprar. Uma leve sugestão de despesa extra se o caso tivesse tido um desfecho a seu favor, acrescentado talvez de alguma vantagem se fosse condenado.
Depois olhou para ela, a invejosa. Desde criança que fora assim. Essa também não seria difícil de convencer, estava convencida à partida. Desde que eu ficasse mal, mesmo que ela não beneficiasse coisa alguma.
Passou depois o olhar para outra. A ira: uma pessoa má. Não tinha amigos, de tal forma era rancoroso, incapaz de perdoar a mínima falha alheia. Sempre disposto a desenterrar antigos diferendos, mesmo que estes não tivessem qualquer importância ou que esta se tivesse esgotado pelo passar do tempo. Sim! Com este teria sido também muito fácil, pois nos encontros e rodas de amigos há já muito acontecidos, ele levara-o a melhor nos argumentos, coisa que o aborrecera profundamente e tinha levado a afastar-se.
A seguinte era a soberba em pessoa. Pensou um pouco mais demorado como teria sido possível comprar aquela testemunha, convencê-la a dizer algo que sabia não ter acontecido, mas depois fez-se-lhe luz. Também aqui a palavra aplicada no registo certo teria espoletado a característica-chave da sua personalidade. Algo do tipo: "ele anda a denegrir o teu trabalho, diz isto ou aquilo". Sendo artista e extrovertido e não cabendo em si pela falta de humildade, uma frase teria bastado, o resto seria questão de cozinhado.
De propósito saltou o sexto pecado, guardando-o para o fim, enquanto se deteve no elemento que personificava a preguiça. Detestava-o e dissera-lhe isso mesmo por mais de uma vez. Incapaz de dar uma ajuda a alguém, ficava a olhar, aparentemente alheio, sempre que alguma colaboração lhe era pedida. Mesmo se alguém estivesse aflito a precisar de uma mão, jamais se disponibilizara a dar uma ajuda. Ele sabia que  nunca poderia ter estado naquele sítio, pois vira-o entrar para casa dela, cruzara-se com todos eles, os anteriores, quando tinha ido ter com ela, essa que de propósito guardara para o fim: a luxúria. Meu Deus! Como ela era fogo na cama. De todas as vezes que subira aquelas escadas ele, agora condenado, cumprimentara-o, ao preguiçoso, com uma tirada jocosa, ao que ele ruminava algo vago do tipo: "vai-te lixar"... mas ela… ela... Meu Deus! - repetiu de novo dizendo-o inconscientemente em voz alta. Veio-lhe à memória, como se fosse um só momento, todos os instantes, desde o abrir da porta, dos lábios sôfregos e mãos infinitas e dos seus corpos a explodir e morrer um no outro e, ainda, a efervescente forma como se tinham conhecido… mas agora?...
Condenado a vinte e cinco anos, a indemnizar com a incontornável perda de bens por falta de recursos suficientes, ia perder, além de todos os meios de fortuna, toda a vida social e profissional. Os amigos, até mesmo os mais verdadeiros, iriam um após outro rareando as visitas até ficar completamente entregue a si mesmo, à sua revolta e solidão. A família, pouca e distante, fora a primeira a afastar-se.
Mas porquê? - interrogava-se uma e outra vez…
Um coração acelerado e alimentado pela angústia e revolta surda não lhe davam outra resposta que não as gotas de suor frio que lhe humedeciam a testa.
Naquele momento, em que todo o céu desabara sobre si, confuso e demasiado próximo dos acontecimentos, não conseguia descortinar uma razão válida ou um motivo, por mais leve que fosse, para que tivesse sido condenado por um crime que não cometera. Sem dúvida que algumas implicações circunstanciais o poderiam ter indiciado, mas bastaria a palavra honesta das testemunhas para que ficasse de forma cabal inocentado. No entanto…
Fechou os olhos e, por uns momentos, reviveu o fogo da paixão dessa cujo testemunho fora determinante para a sua condenação. Luxúria, luxúria! Paixão... e depois... Deu-se conta como passava da sensação de agrado para a desolação e a raiva impotente e como o suor lhe empapava desconfortavelmente as axilas e lhe escorria pelo couro cabeludo até ao colarinho e como, mais abaixo, uma impressão de molhado denunciava as virilhas invadindo igualmente as roupas íntimas pelo fluido orgânico; suor e mais suor a juntar ao calor intenso que o tomava.
Um abanar do corpo fê-lo querer abrir os olhos, em natural reacção, mas surpreendentemente reparou como não conseguia. Seriam os funcionários da presidiária, talvez, diligentes em dar corpo à decisão judicial, mas a luz apagara-se, sentia-se ainda mais confuso e debalde tentara dizer uma simples palavra.
- Acorde! - ouviu ele distante enquanto esperava que os guardas o levassem para o cumprimento da pena. Apenas um -“Ãhn? “- atordoado lhe saiu como vaga resposta.
- Acorde, está na hora de tomar os medicamentos. Esteve toda a noite com febre alta e pesadelos... - ouviu ele agora, já de olhos abertos para aquela voz feminina, que momentos antes estivera sem a farda de enfermeira a incendiar-lhe os sonhos...
- Fartou-se de falar, senhor Dr. Juiz...

09 janeiro 2012

Documentário sobre a prostituição em Cuba



Comentário do ejamart que, no espírito deste blog, também defende causas:
"Às vezes dá-me para escrever mais a sério. Não sei (não consegui entender com atenção), qual foi o espirito do responsável pela reportagem, se foi de âmbito sóciólogico-político, e de denúncia de uma situação de degradação económica, ou mais de "voyeur" e já agora aproveitar o que podia das oportunidades surgidas.
Todos sabemos que há prostituições e prostituições, mas aquelas são nitidamente do género estritamente económico e de subsistência, e com uma camada de oportunistas e chulos em órbita que só vêm contribuir para desgastar ainda mais a imagem do "socialismo" cubano e da sua falência.
Parafraseando a São Rosas, eu não consigo "entusiasmar-me" a olhar para aquelas apresentações de mamas e cus de umas miúdas, jovens mães, que o fazem só para dar de comer aos filhos (segundo dizem...). Acho aquilo verdadeiramente pornográfico, e nada erótico..."
O Charlie também comenta:
"Pois eu, que conheci Cuba ainda no tempo do Fulgêncio Baptista, (sim, que já sou muito vivido, eufemismo para velho) e que a conheço agora devo dizer em abono da verdade que, para o peditório da qualificação ou desqualificação em torno de opções políticas, já dei!
É abusivo atribuir ao socialismo de Cuba a prostituição, como seria abusivo atribuir a mesma coisa ao anterior ditador. Curioso como antes Cuba era o Casino-bordel dos Americanos a viver na zona de Miami, a uma meia hora de avião. «Chics for free», era o lema. Putas por dez cêntimos. Eu vi no tempo do Baptista miúdos a mergulharem na água por moedinhas de um cêntimo que os turistas lhes atiravam e, quanto a putas, ali mais acima há as de Macau e, dos tempos de hoje, há as de Londres, de Paris, de Lisboa, desde o Ritz até às do tipo «Intendente» e, neste particular, as coisas continuam e hão-de continuar, independentemente das opções e correntes políticas. Por isso acho abusiva a colagem da prostituição em Cuba ao regime actual, do mesmo modo que acho indecente o aliviar e até promoção turística em torno do mesmo tema levados a cabo aquando do regime do Fulgêncio Baptista. Prostituição é Prostituição e ponto."
E o OrCa também: "Nada de novo no que respeita à prostituição. Uma manifestação mais da «globalização» que a importância do dinheiro sempre gerou. E, numa perspectiva eminentemente masculina, circunscrevendo-me à transcendência da queca, estou em crer que uma fabulosa queca proporcionada por uma profissional grandemente competente ainda assim ficará a anos-luz de uma outra queca dada... apenas porque sim, porque está muito a apetecer a ambas as partes envolvidas. Se calhar estou enganado, ou tive sorte na vida...
Tirando isso, as pobres cubanas, as pobres tailandesas ou as pobres portuguesas que têm de se prostituir não me parece que sejam distinguíveis entre si. E a miséria humana que está por trás de cada uma destas mulheres, confesso que sempre me tirou todo o entusiasmo. E eu que gosto tanto de mulheres...!
Enfim, com o comentário anterior longe de mim dar uma de moralizador. Mas o facto é que, mal o dinheiro interfere na acção, lá se me vai a ponta. Enfim, cada um é como é. E espera-se que cada um seja feliz, coisa que não me parece transparecer no olhar de cada uma das personagens do documentário."

03 outubro 2011

O Perceve de que Falo, Umbelina...

Após o episódio de Aveiro posto em post, cumpre-me dizer algumas palavras a propósito.
O mais importante de tudo foi o que a Umbelina conseguiu: desassossegar! Desassossegar que neste contexto se casa com o sentido esotérico que Pessoa utilizou e que significa "despertar, acordar, revelar", muito mais do que propriamente "incomodar". Mas este incomodar foi quiçá algo de cuja importância irei agora dar corpo de texto.
O culto do Falo era muito importante no nosso território, principalmente em toda a orla marítima. E as nascentes mágicas da região de Óbidos desempenhavam um papel fulcral neste culto.
As análises científicas feitas às águas dessas nascentes demonstraram o que há milénios os povos por cá sabiam: aquelas águas tinham, entre outras propriedades curativas, a particularidade de tratarem as situações de infertilidade e de potenciarem a libido dos seus frequentadores.
A Cristianização utilizou a técnica da tenaz para fazer tábua rasa de todos os cultos fálicos, substituindo o Falo pelo Deus Pai, restando apenas aqui e ali algumas referências no léxico comum e na gastronomia, como por exemplo as caralhotas e os doces de são Gonçalo, entre outros semelhantes na faixa litoral oeste do país, onde destaco a distinção feita a Santo Antão, que é chamado de São Chouriço...
A técnica da religião dominante é simples: nas primeiras fases da Cristianização, Cristo é apenas mais um entre os muitos Deuses. Os cultos "pagãos" são tolerados e, durante algum tempo - gerações inteiras, por vezes - estes misturam-se na iconografia Cristã e, assim, ainda são visíveis em inúmeros testemunhos imortalizados em pedra lavrada e que escaparam às ondas purificadoras que de vez em quando assomam a Humanidade.
A pouco e pouco, com muito trabalho de púlpito e aproveitando as situações, um a um, os deuses antigos vão cedendo lugar aos santos. De forma geral, quando se estuda a vida dos santos descobre-se como os locais de culto dedicados a eles substituem santuários desses antigos deuses e as propriedades deles são absorvidas pela nova referência, a nova santidade. Não nos devemos espantar com a enorme quantidade de santos surgidos na Idade Média, pois foi nessa época que foi travada a maior e mais importante tarefa de absorção dos cultos ancestrais e a diabolização de outros.
O culto fálico foi um destes. Embora tenha persistido em alguns locais da Europa até ao século XIX, em praticamente todos os locais este foi extinto e os seus seguidores perseguidos.
O sexo foi despromovido e relegado ao mundo do pecado e do impuro. Embora na linguagem se continue a utilizar o "caralho" como muleta e partícula enfática - e isto de forma inconsciente, sem propósito intencional - a exibição do símbolo do Falo, outrora considerado como sendo um elemento de bom augúrio, passou a ser visto como ofensivo e atentado ao pudor.
Contudo, o culto fálico não morreu - nem morrerá, obviamente - mantendo-se com toda a força na nossa psicologia colectiva.
O facto da exibição deste no mercado em Aveiro ter incomodado tanto demonstra o tremendo poder da sua imagética e o incómodo mais não é do que o fazer vir ao cimo e o descompactar de um mundo de valores naturais e eternos que chocam com todo um outro conjunto de valores com que a corrente religiosa dominante tentou nivelar o sentir e o viver colectivo: uma sociedade supostamente assexuada, onde os nascimentos seriam produto do pecado e cada criança uma alma perdida e condenada às eternas fogueiras dos infernos, antes do sacramento do baptismo. Este mal estar perante o sexo, algo tão natural e maravilhoso, está presente em muitas camadas da população e neste particular é de dar os parabéns aos que ao longo dos séculos tão bem conseguiram dominar pelo medo.
No entanto, por nos ser incontornável, por sermos nascido do sexo, e de ser esta a nossa condição enquanto homens e mulheres, o seu culto irá encontrar de novo o seu lugar. De uma forma natural, como naturais são os Menires que por toda a costa marcavam esta terra de magia, a Terrea Ophiussa...

Charlie - blog Cartas sem valor
(autor de um estudo em preparação sobre a religião e o culto fálico na região Oeste)

09 agosto 2011

Há gajos que apenas têm um par de tomates no cérebro e uma pila a palpitar no peito enquanto o coração lhes bate nas cuecas. - by Charlie


- Padre, conheci-o na Tierra del Fuego, alí mesmo ao pé do Estreito de Magalhães. Ele é tão sedutor que cativa qualquer mulher num piscar de olhos ... aconteceu comigo e com centenas de lorpas e nos próximos anos, até ficar senil, caduco e impotente, acontecerá certamente com outras tantas, espalhadas pelos cinco continentes. Este Homo Erectus, à solta no mundo globalizado, é um perigo.
- Interessante, tive um paroquiano que apresentava a mesma sintomatologia mas o caso presente parece-me mais uma vítima da globalização. Provavelmente é viciado em Marketing Geográfico Estratégico e colecciona mapas com bandeirinhas. Simultaneamente, mantém-se em laboração contínua e faz pesquisa para escrever as memórias, subordinadas ao tema “TripAdvisor Global Fucking Genesis. É obra de Satanás ... esse homem orgasma-se a snifar planisférios.
- Mas eu sou católica e entendo a poligamia, travestida de poliamor, sem mútuo consentimento, uma situação abominável quando existe afecto, amor e partilha. No entanto, confesso que é simultaneamente um precedente motivador na medida em que todas NÓS, que lhe passámos pelas mãos, sonhávamos ser as eleitas, conscientes que teríamos as competências necessárias para contrariar o que está previamente estabelecido naquele cérebro compulsivo e diria até, patológico.
- Em suma, a mensagem que ele pretende transmitir às “potenciais clientes” é que largou a “fast food” para se dedicar exclusivamente ao prazer gourmet de degustar uma mulher única, inteligente e completa como a menina. Mas sabe que, mesmo com uma dieta eficaz, há sempre a tentação dos demónios proteicos, comercializados pelas multinacionais da indústria alimentar.
- Padre, se eu quisesse consultoria de culinária, em vez de me confessar, assistia a um workshop do Chakall.
- Minha querida, segundo as antigas escrituras, qualquer mulher ou homem pode ser vítima ou predador. Pelo que sei, no caso presente, ele passou de predador a vítima pois a estratégia de clandestinidade foi completamente desconstruída pelos atropelamentos e tropeções nos objectivos. Deus Nosso Senhor é grande e omnipresente...
- Embora possa soar paradoxal ou fatalista, a única garantia de um final feliz para um GRANDE amor, é interiorizar que o móbil do nosso desejo e admiração, sempre teve, tem e terá a covardia de ter despertado simultaneamente o amor em várias mulheres, sem nunca ter tido a intenção de amá-las. Estamos perante um aldrabão profissional, hábil desconstrutor da lógica emocional e malabarista das palavras que nos fode o corpo e a alma.
- Parece-me mais um caso de fé ... metaforicamente, podemos compará-lo aos feriados católicos. No ano em curso, há três ou quatro que são fixas e as restantes são móveis, consoante o calendário gregoriano.
- É um doente mental, até teve duas hérnias inguinais...
- Vê? Não era homem para si ... a menina vende saúde e ele não passa dum genérico rasca, fabricado num laboratório artesanal dos PALOP. A esta hora, está de quarentena com uma hérnia penial, um aneurisma na língua e míldio nos tomates. Para ser comido, só com grandes doses de sulfatagem, por se tornar um perigo para a saúde púbica.

04 julho 2011

15º Encontra-a-Funda's Digest

Foto (entre colhões delas) do JottaElle

O 15º Encontra-a-Funda visto por quem lá esteve (em permanente actualização):

Tuna Meliches - vários posts com imagens do JottaElle, Celestita, Joana Moura, etc.;
Assalto ao castelo de Penela - 15º Encontro Afundasão;
Câimbras Mentais - 15.º Encontra-a-Funda - Dia 1 (2/Julho/2011) e 15.º Encontra-a-Funda - Dia 2 (3/Julho/2011);
Libélula Purpurina - a Grande Reportagem do Encontro, especialmente para o blog da Tuna Meliches! Entretanto, colocou no Picasa estas e outras fotos (277, ao todo).
Vânia Beliz - álbum «Coimbra 2011» no Facebook.

E alguns excertos das muitas mensagens recebidas, que me deixam tão molhadinha que acho que vou construir um açude nas cuequitas:
Vânia Beliz - "(...) adorámos participar no encontro e já está prometido que não faltaremos a mais nenhum. Pessoas magníficas, uma cidade muito bonita... nem sei... mas foi difícil voltar..."
Madalena - "(...) Quanto ao sarau, não sei se terei palavras para te dizer o quanto adorei tudo (...). Sou tua fã incondicional, mas também (...) do grandioso Carlos Carvalho"
Libélula Purpurina - "Sãozinha, meu amor, o encontro foi uma verdadeira maravilha! É em momentos assim que uma pessoa se apaixona a todas as esquinas (mesmo ao ar livre): os homens são uma delícia, as mulheres um encanto... de maneira que até se fica um bocado desorientado... :)"
Rafaelito - "foi lindo TUDO!!!"
Maria Augustinha - "É um gosto enorme fazer parte destes encontros! Como sempre ADOREI!!! Rir convosco é super bom! Até ao próximo Encontra-a-funda!"
Charlie - "O Rafaelito lindo é um ponto... hehhehehhe que MUST!!!!"
Ana Andrade - "Bem-hajas (e não "obrigada") por tudo. Pelo fim de semana, pela festa, pelos comes-e-bebes, pelas gargalhadas e, agora, pelas fotografias."
Kikas - "A minha vida enriqueceu desde ontem. Obrigada por nos proporcionares momentos como este. Agradeço do fundo do coração a tua disponibilidade, simpatia e amizade e a partilha da tua família maravilhosa e amigos. Bem hajas, tu!"
JF - "Muito obrigado eu pela organização impec de mais este Encontro-a-Funda, como sempre muito divertido e sempre salpicado de muita cultura, boa gastronomia e boa gente! E pelas boleias, cheguei bem a Lisboa. E pela amostra desta reportagem fodográfica, o prazer vai ser a dobrar ou a triplicar mesmo com as próximas reportagens, fodográficas e não só! E parabéns pela primeira página da Artes & Leilões! A caminhar seguramente para que a tua colecção consiga o tal desejado local para exposição."
Carlos Viana - "Foi um Sãorau inesquecível. Obrigado por nos teres facultado esse momento tão rico"
Corpos & Almas - "Obrigada pela boa disposição que sempre existe nestes encontros. Até esqueci como estava cansada de tantas outras coisas! Obrigada pelo teu acolhimento, pela simpatia da tua família e dos teus amigos. Valeu a pena :-)"
Paula Margarida - "Bem hajas pelos momentos fabulosos que contigo passámos. A tua colecção é fantástica, o convívio foi fabuloso e acredita que para a próxima estaremos presentes, portanto... que venha a próxima. (...) Gostámos muito mas muito mesmo (...)!!!"

26 abril 2011

oh sãozita! a Beatriz voltou a fazer das suas



«Richard Metzger of Dangerous Minds (you may know him as founder of Disinformation, or as a BB guestblogger, or as the counterculture "Charlie Rose"), writes in with the odd story of a Facebook photo ban, and the media misinfo frenzy that followed.»

[ralhete na Beatriz, já!!]

15 março 2011

Contos de BaR...

... descobrir-lhe os clítoris que existem numa mulher sob todos os poros da pele...

Há quanto tempo não me trespassava aquela sensação adolescente.
Vocês sabem, é já tão clássica...
Vê-se um homem sentado diante de uma senhora que está, ou que chega, com o seu acompanhante. Costuma ser um tipo que conhecemos mais ou menos bem, ou se calhar nem por isso. Às vezes é a tal pessoa do bom dia no café da manhã ou o caixa do Banco onde vamos (ou temos de ir) amiude e que chegou há pouco ou outro ser qualquer que emerge das coisas indiferentes das grandes cidades e que naquela ocasião, sem saber-se bem porquê, nos vê naquele Bar e resolve sentar-se connosco à volta de uns "Scotch-on-the-Rocks".
- Olá, por aqui?! Então que tal?.... Está à espera de alguém, ou podemos...?-
- Não, façam favor… é um prazer… sou Carlos e você… é? Ah, muito prazer…mas sentem-se. O que querem tomar?.-
Uns sorrisos e umas coisas de circunstância, -Sabe, moro aqui próximo, e você? Se não me engano é para estes lados, não é? -
Depois vem a segunda rodada, a língua solta-se e a conversa trepa. Uma hora mais tarde, já o terceiro está na agonia da calote polar a descongelar dentro dos copos altos e a pedir uma urgente acção Escocesa contra o aquecimento global. Copos renovados, gelo até ao cimo e um pires de frutos secos e pipocas com sal.
- É pá, você sabe lá o que me aconteceu há dias lá no Banco? – continuaria o tipo se fosse bancário, mas calhou ser da repartição de Finanças onde tivera que deslocar-me nesse mesmo dia: - ... Já era a quarta vez que aquela senhora me tinha telefonado no espaço de uma hora, a perguntar por mim e eu a mandar sempre a dizer que não estava. Você conhece o género, não se lhe pode dar trela e o chefe da repartição é novo, quer mostrar serviço e põe o pessoal a bulir que nem uns mouros. Mas o sacana do Filipe ou não sabia ou fez que não sabia - sabe como é essa coisa agora do desempenho - descaiu-se e lá tive que ir e…-
Falava ininterruptamente, quase sem dar espaço para réplica enquanto passeava o olhos por entre as outras mesas, retornando o olhar para os interlocutores para regressar novamente para o balcão e os outros frequentadores, enquanto entre dentes uns cajus mastigados rodavam entre dentes e sons.
Foi aí que de repente senti o toque suave a subir pela ponta das calças, o dedo grande a levantar o tecido enquanto a parte interior do pé subia levemente dois ou três centímetros pela nudez da minha perna.
- … Já viu o que é, ter que estar com o telefone encostado ao ouvido e mexer no teclado? Bem, foi uma barracada… Acabei por nem fazer uma coisa nem outra…-
Olhei de soslaio para ela, que se fingia de distraída pelos trabalhos em tinta da china, elaborados no registo sensual, com que o dono do “Copus” tinha decidido decorar as paredes do estabelecimento. Descalcei o meu sapato e os dedos, subitamente acordados para o espaço, procuraram os seus. O tagarela tinha-se calado e mastigava uns cajus enquanto despia uma tipa que tinha acabado de entrar e que ficara junto ao balcão. Olhou para mim e piscou o olho: - Boa, no linguajar de qualquer gajo.
Agora o pé dela estava exactamente no meio das minhas pernas. Não resisti e, súbita mas discretamente, desci ambas as mãos sob a mesa, segurei-lhe por instantes o pé, acariciando-o, enquanto a mirava sentindo-lhe a feminilidade toda imersa em mim.
- Sabe, amigo - voltou-se ele, subitamente de regresso ao argumento… Desculpe, não fixei o seu nome...
- Carlos, respondi quase a engasgar-me…
- Ah sim, Carlos, já me tinha dito, mas eu… Epá, naquele dia saí de lá era quase meia noite, tá a ver? E depois não é só isso,…-
O pé ora carregava um pouco sobre a dureza da erecção para regressar depois às leves passagens de veludo onde o toque, de tão leve, era terrível e excitantemente quase apenas sugerido. Um deslize entre margens de músculos e sonhos, nascentes de aves loucas de tantos fogos incendiadas…
Fechei os olhos durante uns breves segundos em que a conversa sobre IRS, taxas e multas soaram a cento e cinquenta mil anos-luz e voltei a abri-los para encarar dois olhos fascinados, felinos e terríveis no seu sorrir a sobressair do copo. Imaginava-a nua, os meus dentes a percorrer-lhe o pescoço e ombros, a língua a passear-se pelo poema dos seus peitos, os dedos a desbravar e a descobrir-lhe os clítoris que existem numa mulher sob todos os poros da pele e fundi-la finalmente, num abraço, num único instante interminável e profundo de sexo intenso...

Um estremecer surdo e interior percorreu-me todo o corpo. Apertei a bebida, mordi o lábio e olhei para o tecto em tijolo que caiu sobre mim em milhões de estrelas quando as pálbebras em cortinas fechadas se abriram para o mais profundo infinito interior. Deixei-os ficar assim durante mais uns segundos, os mesmos que duraram o Big Bang: dizem que foi menos de um quarto de um milionésimo de segundo, mas eles sabem lá o que é um segundo quando apenas existe a Eternidade e não há ainda mundo a girar à volta dum sol, aprisionado no tempo que depois de dividido por essa ínfima expressão da matéria - o Homem - em milhares de milhões de bocados, dá para fazer os Segundos de toda a História do Universo.
- Você parece estar com sono - interrompeu o tagarela.
Abri os olhos para o copo que se aguentara na mão e bebi um golo lento, respirando profundamente depois.
- Não é nada - respondi - de vez em quando sabe bem fecharmos os olhos e olharmos para… o infinito, não sei se me entende.
- Oh, se entendo… - respondeu, dando pelo levantar do indicador e a expressão do rosto a indicação nítida de que iria dissertar sobre o tema.
- Querido… adiantou-se ela evitando ter que interrompê-lo, enquanto ao rodar o corpo na direcção do companheiro acabava de fechar as pernas, acabando assim de rejeitar o pé que eu lhe acabara de colocar sobre o púbis.
- Desculpa , mas precisava de ir-me embora.-
Olhou-me uma fracção de segundo, regressando depois para ele.
- Sabes como amanhã tenho que estar lá cedo…

03 fevereiro 2011

«O Afrodisíaco dinheiro e as castrações bolsistas» - por Charlie

Vocês sabem que eu detesto pornografia, que é o que mais por aí há. E a especulação financeira é do que mais pornográfico existe.
O nosso Charlie reflecte sobre isso no blog «Persuacção - a força dos argumentos». Aqui vos deixo um excerto e a recomendação que leiam o texto na totalidade:

"No mesmo instante em que os homens inventaram a abstracção do dinheiro, criaram também a projecção do seu poder fálico consubstanciado através do mecanismo da sublimação que consiste na posse substantiva e real desse meio.
(...) O dinheiro, a sua posse, transpõe para o possuidor duas sensações opostas. A primeira é a afrodisíaca sensação de plenipotência. No entanto, o seu poder esgota-se no mesmo instante em que ele cumpre a função para a qual foi criado, e o desconforto deixado pela sua escassez, qual ressaca, é a segunda e remanescente.
Temos aqui, neste binómio, bem expressa a própria função do Falo: potente enquanto erecto, esgotando o seu poder no instante da troca. O dinheiro é sem dúvida de sexo masculino."

Leiam e comentem... ou aqui.

28 abril 2010

Diálogos maduros...

Por Charlie

... o que é feito dessa jovem maravilhosa?...

Olhando vagamente para a linha-mar do horizonte emoldurado pela vegetação típica daquelas ilhas e que os abastados do mundo tinham transformado nos resorts para onde transportavam durante uns dias os tiques do modo de vida do qual pretendiam descansar, moveu as excrescências adiposas e voltou-se para a companheira.
Mesmo junto a eles tinham acabado de passar duas estampas de mulher. Lindas e jovens, de corpos a desafiar a mente em lances sucessivos de poesia, vinham ajeitando os bikinis ao mesmo tempo que sacudiam os incómodos grãos de areia. Um apetite, pensou deliciado mordendo o que restava da sandes.
Rodou lentamente a bebida de enfeites ridículos e incaracterísticos que os seus dedos gordos seguravam, sorveu lentamente pela palinha multicolor, e enquanto seguia as linhas sinuosas dos movimentos de ancas deixou escapar:
- Lembras-te como começámos?-
Ela mirou-o por detrás dos óculos de sol que lhe cobriam totalmente os olhos. Sem dizer palavra imitou o gesto e deu um golo também na sua bebida.
- Se me lembro...-
E fechou-se de novo no seu silêncio, olhando por trás do conforto anónimo das lentes escuras que lhe permitiam, cómoda e despudoradamente, olhar para onde muito bem lhe apetecesse.
- Éramos então tão jovens...Acho que tu nem tinhas ainda feito os dezoito.
- Já tinha dezoito. – Interrompeu ela.
- Pois. Mas terias talvez mesmo acabado de fazê-los...-
- Enganas-te, que uma semana depois de nos termos juntado fiz os dezanove.
- Bem, isso pouco ou nada interessa. - acrescentou ele à pressa e já visivelmente agastado – A verdade é que éramos tão jovens, tão pobres mas tão cheios de sonhos e crentes no futuro... Lembras-te da nossa primeira casa? Um terceiro andar na parte antiga, o chão a cheirar a tábuas velhas... E os alguidares, baldes e latas que púnhamos por toda a parte quando chovia?
- Sim, lembro-me. – respondeu novamente em tom vago enquanto voltava a atenção de forma explícita para um belo exemplar macho que a poucos metros passeava os seus bíceps junto à mansidão cálida das águas turquesas.
Uma pausa sobreveio levando os olhares a divagar pelos areais, pelas águas, pelos corpos expostos, pelos pensamentos.
- De alguma maneira tenho saudades desses tempos, da paixão que nos consumia, da entrega genuína em sessões infinitas de amor. - Recomeçou fazendo uma curta pausa.
- Agora... - continuou - temos uma mansão enorme, carros de alta cilindrada nas garagens, casa de praia e de campo... A vida sorriu-nos, viajamos várias vezes ao ano, fizemos fortuna, mas por vezes... Sabes? Por vezes sinto a nostalgia da juventude e simplicidade desses tempos...-
Ela escutara em silêncio. Ajeitando a alça do fato de banho, olhou para ele, fez a linha do olhar passar por cima das lentes escuras e parou fixamente nos olhos do seu companheiro.
- Escuta, se tens saudades desses tempos é fácil. Pegas numas destas jovens de dezanove anos que passaram aqui agora mesmo, e que armado em basbaque tu ainda não paraste de mirar, e os meus advogados põem-te num ápice de novo e cheio de sonhos num terceiro andar com goteiras a morar com ela...
Num compasso de espera antes da réplica ficou a mirá-la, às marcas que o tempo acrescentara na pele a anos de exageros trazidos pela abundância.
- Lá estás tu com o mau feitio do costume. Porra! Diz-me lá o que é feito da jovem maravilhosa que conheci nessa altura? Fico a pensar o que é feito dela quando me ponho a olhar para ti...
- Querido... Não sabes o que é feito dela, dessa jovem que conheceste? Não sabes? Pois olha-me para essa tua enorme barriga... Está toda aí. Comêste-la! –

25 abril 2010

aqui é de Abril

Aqui nos fica Abril



aqui nos fica Abril
aqui se inquieta
aqui na margem sul
de outro viver
que é mais azul
diz um poeta
só por nos ser

nos ser
maior
fazer melhor e ter de ser
por ser do riso
e ser a meta
de outro viver

aqui
no singular plural
dos meus sentidos
que é mais Abril
por sermos nós
por nós
unidos


- poema e fotocomposição de Jorge Castro

_______________________________________________
E nos comentários houve mais quem odesse ao 25 de Abril:
"fica de Abril o sonho da mudança.
fica de Abril o ar de liberdade.
fica em Abril pedaços de vida... e acreditar ainda é possível!
um beijo meu
uminuto"

"Fiz de Abril a minha manta
Onde os corpos se libertaram
Em pinhais e matos de esperança
E manhãs verdes que se encarnaram.

Fiz do mundo a minha palma
e das palmas nos peitos; o mundo
Dos olhares, lábios de fome
saciados em corpos de lume.

Fiz do tempo o passar lento
Travo na boca a cada segundo.
Ser-se livre não é um momento
é ter asas sempre em tudo

E crescemos em ilusão
de era para sempre ser
sermos donos do nosso pão
e senhores do nosso querer

Ai e onde é que está o sol
que Abril a todos deu?
Agora onde ele seria maior
só o grande é que o pode ver.

Ah, mas cresce mais a vontade
de voar alto e quente sempre
Não deixemos a liberdade
Fugir de Abril pr'a um frio Dezembro
Charlie"

O Santoninho traz-nos Ary:
"***** R E G E N E R A Ç Ã O *****
Já não vagueia em mim a escuridão
E transformou-se a dúvida em certeza.
Bastou um gesto só de minha mão,
Para secar as fontes de tristeza.
No filtro redentor da oração,
Deixei ficar o manto da incerteza;
E agora, tendo a Deus no coração
Sou maior que a própria natureza.
Estrada de luz, sem guia nem farol,
Apenas o clarão do rubro Sol
E as minhas asas que ninguém mais vê.
E no esplendor da minha mocidade,
Eu vou além da própria eternidade,
Sem limite, sem espaço, sem porquê.

José Carlos Ary dos Santos, Obra Poética, Ed. Caminho"

27 fevereiro 2010

Amor, tenho um vazio um bocadinho mais vazio.

Amor, tenho um vazio um bocadinho mais vazio.
Podes encher-me um bocadinho? Larga-te,
como um homem se deve largar, bem no centro
das minhas coxas e o meu vazio enche-se de cio.

Amor, tenho um vazio um bocadinho mais vazio.
Podes encher-me um bocadinho? Perde-te
como um homem se deve perder, bem cá dentro,
dentro e fora, mendigo e senhor, rei e vadio.

Tenho um vazio um bocadinho mais vazio, amor;
não creio que seja frio, não creio que seja calor.
Podes encher-me um bocadinho? Cala-te
como um homem quando se deve calar, senta-te
como um homem se deve sentar; despe-te;
não creio que seja prazer, não creio que seja dor;
é este não ser a quase ser que se expandiu
num orgasmo ensurdecedor que nem se sentiu.


O Charlie não pode ouvir falar em amor que ode logo:

"Amor, a caminho, vou andando esconso
de odres fartos e colheita grossa.
Ao pé da horta a besta descanso
enquanto manso te toco à porta

Espreito p'la nesga, o brilho da sala
mas na horta as uvas que a vinho exalam
Levam-me a lingua em pistas molhadas
primeiro p'lo caminho onde as mãos ja lavraram

E entro na sala, primeiro um dedo
a mão trabalhando, na porta quase a medo
E volto a sair, fingindo envergonhado
para voltar depois já de dedo duplicado

E já não é dedos, é tudo mão, uma, duas
a sala de portas abertas e nuas
estremece o solo, a terra mãe quente
afoga-me as mãos, no seu fluido fervente

e não há mais frio nem vontades de nada
nem outro desejo que beber tudo à farta
e retiro as mãos de copo quase meio vazio
que outro cheio já volta, num farto avio"


O Bartolomeu não se lhe fica (mas vai) atrás:

"Amor, como os os teus vazios são três
E o Charlie se encarregou de um deles
Abre bem as tuas coxas, agora é a minha vez
Vamos tirar-te o frio, com o agasalho mais belo
Cobrindo-te com altivez
Com o nosso casaco de peles
Abre para mim o caminho que leva ao teu castelo
Deixa que te tome as muralhas e te fure a porta d'armas
Que te conquiste o paiol e te invada o dossel
Que viole as tuas aias
E o teu mordomo Manel
E no fim... ainda de bandeira hasteada
Cantaremos o belo hino, dos três da vida airada!"

21 dezembro 2009

Limbo....



Uma breve aragem atravessa o espaço.
Tem o sabor morno de mãos que se sentem de olhos fechados
a meros instantes de rasar a pele.
Levemente e sem ruído, uma das abas do cortinado enche-se de ar
desdobrando-se depois num drapejo
onde todo o seu interior se espalha
sobre o sono
em lances de água à beira-mar.
Roda um pouco sobre si mesma,
a pele suada de repente tornada fria
no contacto com as línguas,
subitamente mares, que de dentro de si a envolvem.
Sente o vermelho doce que nasce nos olhos
antes do despertar e diz:
Não!...
Não desperta!
e afunda-se numa sinfonia de mãos
onde as suas são gaivotas
num céu acabado explodir
em sóis e estrelas de silêncio e gritos.
E o ar passa...
Traz o escuro morno
através do sono do corpo
em remanso

da espuma

em descanso ...

Charlie

07 dezembro 2009

Qual a Melhor Legenda?


_____________________
São Rosas: "Caralho, que a Gotinha nunca mais se vinha..."
Bartolomeu: "Caracol, caracol, põe o caralhinho ao sol"; Se se tratar de uma caracola: "Caracola, caracola, despe essa casca, chupa-me a carola!" tratando-se de uma caracoleta: "Caracoleta, caracoleta, nem precisas de lavar as mãos, para me bateres a punheta"; e, se se tratar de um caracoleto: "Caracoleto, caracoleto, saka para fora o martelo, e apresenta-te ao Nelo!"
São Rosas: Mas aquilo não é nada disso. É um caracalho!"
Santoninho: "Tomem boa nota do que vos digo: Isto é um caracol do caralho!"
Luis: "Ejaculação precoce?! O que é isso?"
Sudocu: "Quem te partiu os cornos?"

shark: "tomates na bagageira"; "ordem de despejo"; ou "encaraconado".
Charlie - "Caralhol"

20 novembro 2009

Luxúria

Ainda não consegui a suprema ascensão
à beleza contemplativa do platonismo,
esse júbilo do belo, ao espiritual onanismo
chamo, assanhada, infinita masturbação.
Quero ser pupila de ti, meu Mestre ancião,
sou de osso, quero carne; e tu, nesse sadismo,
queres roer as palavras, salivar o lirismo,
eu quero ser alimentada e morder-te a mão…

Mas quem és tu, afinal, mulher? Sou animal,
sou sexo, sou luxúria arfante, sou como tu,
serei como queiras, sou chão, cobre-me, nu,
e serei sempre como sou, presa e rum fatal;
Vem cá, vem sem medo, prometo fazer-te mal,
sou frágil, terna, funda, eu serei o teu abismo,
sou a pura, maternal, entrego-me em comunhão,
desmonto-te depois e condeno-te ao ostracismo…



______________________________
O Charlie ode com tusa:
"Ai, luxúria, luxúria.
Que ainda houve
quem te pegasse ao colo
e te fizesse guloseima
entalada de mão morta
entre o bigode do Adolfo e
as gulas do Canibal..."

A Joana Well ode mesmo sem musa (nem precisa dela):
"Ai, poesia, poesia,
que quem soube
enrolar-te em luxúria
fez de ti guloseima
a escorrer pela mão aberta
entre as pernas de Afrodisia e
as gulas de sua caverna..."

O Santoninho não pode ver uma poetisa sem musa que fica logo com tusa:
"Dois estilos... é à escolha da freguesa! Bai sardinha fresquinha, é das Caxinas, freguesa! Sardinha tesa, freguesa, tesa como um carapau! E como o pau do meu home, que me não deixa com fome, e todo o dia à tardinha me arruma com o carapau para cima da sardinha! Ora, tomem lá mais esta!

Amo o bronze, o cristal, as porcelanas,
Os vitrais de esfuziantes cores,
Tapeçarias pintadas de ouro e flores,
Espelhos como águas venezianas.

Amo também as belas castelhanas,
a canção dos antigos trovadores,
os corcéis da Arábia, voadores,
da Alemanha as baladas mais arcanas,

o rico piano de marfim sonoro,
o ressoar do corne na espessura,
do frasco esguio tão fragrante essência,

e o leito de marfim, sândalo e ouro,
em que deixa a casta formosura
a flor sangrenta de sua inocência.
- - - - - - - - - - - - - -
Desmontar... até que pode!
Se cona tem de ventosa?
Meu piço a fode, a fode,
E fêmea fodida só goza!

Ostracismo, querias tu...
E mais as ostras da São!
Eu cá... prefiro o cu,
E foder até mais não!

Onanismo... de Sodoma?
Hedonismo... de Epicuro?
O que queres é que eu te coma

O fruto que tens maduro
Que entre as pernas assoma
E deixa o meu piço duro!"


A Joana Well dá uma rapidinha, que tá com pressa:
"Que se amem as jovens damas,
de pele tão alva, a sugerir odores,
a sonhar com viris amores
a quem entregar as carnes rosadas.

Que se amem as mal amadas
e os seus mal saboreados sabores;
os seus credos são tentadores
quando à cama são jogadas!

Um forte tronco profano,
o seu vibrato rasga-lhes a armadura
e submete-as à urgência,

e num corpo de jasmim, de peito sem dono,
largarás terna loucura,
o líquido espesso da tua incandescência."

19 novembro 2009

A garrafada...


Fui ainda a tempo de desviar a cara para o lado antes que uma garrafa ainda meio cheia de cerveja me atingisse em cheio, embatendo atrás de mim, na parede forrada até meio com ripas de madeira escurecida de verniz já muito sovado, sem brilho e estalado, por onde parte do conteúdo do vasilhame ficou a escorrer.
- Só me trazes para sítios destes - disse quase a gritar ao meu companheiro de farras antes de sairmos apressadamente daquela casa de putas onde tinha estoirado a sessão de pancadaria.
- Ainda bem que o gajo não reparou que foste tu. – disse ele já na rua em jeitos de evitar que me adiantasse a pregar-lhe um bom par de estalos.
- Sacana! Então tu é que começaste com a porra dos recados e a atirar papelinhos, e vens dizer que fui eu?
- Epa...'Tás a ver como foste tu?
- Eu?!....'Tás parvo...!
- Sim! Não vês como tu é que és um parvo que só me arranjas enleios?
- Eu?!... Enleios?! Mas se foste tu quem andava a atirar os...
- Raios te partam! Se fosses um gajo como deve ser tinhas logo sacado a gaja que te estava a fazer os olhinhos e não seria preciso eu estar a safar-te a jogada, meu panhonha da porra!
- E quem te disse que eu queria ir com a gaja? Com aquela ou com qualquer outra dali, daquela choldra?
- Além de parvo ainda te armas em esquisito...
- Não é ser esquisito, mas...
- És esquisito, sim, vai-te foder!
- Escuta, ó merdas! Seja como for, foste tu a acertar com o papelinho dentro do copo de uisque do careca, não fui eu, por isso vai lá à bardamerda com a tua tirada.
- Heeehe... foi boa a parte em que o gajo pensava que era o tipo dos brinquinhos que estava na outra mesa logo ao teu lado.
- Pois mas aquilo ensarilhou-se tudo uns com os outros e eu é que quase levava com uma garrafa nos queixos..
- Também diz-me lá o que farias se te caísse o que ele apanhou dentro do copo.
- O quê? Um papelinho?
- Não... Um preservativo...

Charlie

14 novembro 2009

Pink Ribbon Magazine - Duas namoradas


Pink Ribbon Magazine - Two Girlfriends (English VO) - (2009) :30 (The Netherlands)

"Sãozita, permite-me falar a sério desta vez: Aqui há uns anos, por mero acaso, detectei um carocinho no seio direito. Entrei em pânico (como se pode imaginar) e, no dia seguinte, fui ao médico. Exames feitos, não era nada de preocupante. Mas... a partir daí, nunca mais deixei de fazer o rastreio ao cancro da mama pelo menos uma vez por ano. É importante, e nunca demais, salientar o valor da vigilância quanto a esta doença - senhoras, vigiem, façam rastreios, pintem a manta com o vosso médico para o obrigar a passar as requisições para todos os exames necessários. Acreditem, vale mesmo a pena!
(Prontes, acabei. Já posso descer da minha caixita de sabão e dar a vez a outro...)
Euzinha"


"O cancro da mama - embora não seja exclusivo das mulheres - é possivelmente o que mais aflige o universo feminino, prioritariamente pelo facto da carga simbólica que o peito, no universo dos valores, representa.
Verdade deva ser dita que o cancro do peito tem sido profundamente estudado nos últimos anos e em grande parte pelas portas que a evolução do conhecimento da genética abriu a todos os campos da medicina.
Sabido é hoje que o cancro da mama surge não isoladamente mas como corolário duma sequência de mais de trinta mutações. Dito isto, é agora - em tese - muito mais fácil despistar desde muito cedo e, a partir das primeiras mutações, a evolução previsível do historial do indivíduo em questão e tomar as medidas pertinentes, muito antes das micro radiografias que apenas atestam uma situação já espoletada.
Charlie"