Uma breve aragem atravessa o espaço.
Tem o sabor morno de mãos que se sentem de olhos fechados
a meros instantes de rasar a pele.
Levemente e sem ruído, uma das abas do cortinado enche-se de ar
desdobrando-se depois num drapejo
onde todo o seu interior se espalha
sobre o sono
em lances de água à beira-mar.
Roda um pouco sobre si mesma,
a pele suada de repente tornada fria
no contacto com as línguas,
subitamente mares, que de dentro de si a envolvem.
Sente o vermelho doce que nasce nos olhos
antes do despertar e diz:
Não!...
Não desperta!
e afunda-se numa sinfonia de mãos
onde as suas são gaivotas
num céu acabado explodir
em sóis e estrelas de silêncio e gritos.
E o ar passa...
Traz o escuro morno
através do sono do corpo
em remanso
da espuma
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Uma por dia tira a azia