27 março 2005

Visitos, cuidado!


Io no creo en brujas, pero que las hay, las hay!

Dick Hard na loja de "lingerie"

Dick não conseguia resistir a uma boa loja de "lingerie". Ainda não tinha percebido se gostava de mulheres por causa da "lingerie" ou gostava de "lingerie" porque imaginava o recheio. Tinha a cabeça cheia de DIM, Malizia, la Perla, Lise Charmel, Triumph, o diabo a sete.
Tudo o que era "lingerie" marchava. Preferia a "lingerie" negra e simpatizava sobremaneira com as meninas que respondiam aos inquéritos nas revistas masculinas: «No corpo - lingerie negra». Um dos grandes momentos do seu dia era quando descia as escadas rolantes do Monumental e dava com a montra da loja de "lingerie", que se despia dos seus segredos para ele. Dick tinha adorado Silvia Saint de "lingerie" azul num dos seus primeiros filmes para a Private. Talvez fosse mesmo o primeiro. A Silvia na casa de banho, a ser encavada por... olha, quem era ele? Varreu-se.
Nessa noite, Dick andava a tentar comprar o jornal há que tempos e foi por acaso que deu com uma nova loja de "lingerie" no centro comercial. Os manequins estavam todos de "lingerie" vermelha, com aqueles fiozinhos dentais bem apetitosos. Uns soutiens pequeninos e meiguinhos. Até dava vontade de ser caruncho, para poder comer os manequins com algum proveito. Entrou. A menina que estava ao balcão era uma mulatinha de metro e sessenta, bem proporcionada, de lábios carnudos. Tinha um decote mais do que generoso e Dick imaginou que fosse obrigada a vestir uma "lingerie" que a loja tivesse.
- Posso ajudá-lo?
Podia e de que maneira. Dick pensou, como um trovão: "Podes. Ajoelhou, tem de rezar. Isto como 'entradas', tipo cocktail de camarão. Depois, põe-te toda nua encostada ao balcão e vê lá se eu digo em bom português 'água vai'. Para rematar, como sobremesa, pede à tua colega que me esgalhe ao pessegueiro como se fôssemos conquistar Olivença a 1 de Janeiro". A colega era uma loira estilosa, matulona, que devia saber sexo oral em várias línguas. Ficou a olhar para Dick com ar curioso e divertido. E Dick respondeu com a ultra-banalidade do quotidiano:
- Obrigadíssimo. Estou só a ver.
E depois suspirou:
- Infelizmente.

Será que isto vai ficar assim? Ou algo vai entumescer?
Só lendo aqui o resto da história.

Odes no Brejo - Intimidades

(Colhendo no ar a sugestão da Encandescente...)


Toco-te apenas
Nas pernas
Sinto a seda da tua fenda
Fímbria
Fonte de vida
Tua cabeça me toca
No ombro daquele braço
Na carícia das tuas pernas
Fazes do abraço um poema
Num soluço de cansaço
E a tremura dos dedos
É a ternura de enredos
Da sede das tuas pernas
Ah, que seda
Que doçura
Que humidade tão pura
Inunda a mão nas tuas pernas!

OrCa

A Encandescente colhe no ar a ode do Orca (deve ser dos ares da Prima Vera)...

E enquanto a cabeça repouso
No teu ombro, no teu braço
E recolhes o prazer,
Humidade que se esvai.
Ah, que ternura me invade
Que lassidão, que torpor
Que me espreguiço no abraço
Que me abres e me dás
E adormeço nas palavras
Enrolada em carinhos
O corpo em paz, saciado
A mão fechada na tua.


O OnanistÉlico vem-se sempre atrás:

... estando eu num sonho
acordado de encontro ao teu dormir
percorrendo o sonolento corpo
com beijos de te sentir
desperto-me dentro do teu acordar
e o que vejo nos teus olhos?
O prazer do que nos fez amar

26 março 2005

Trocando palavras. Trocando silêncios

Foto:Konrad Gös

Deitada.
A cabeça no colo dele, os pés em cima do sofá, os joelhos levantados.
A mão dele emaranhada no cabelo dela.

Trocando palavras. Trocando silêncios.

A mão dele desceu na camisola dela.
Levantou-lhe a camisola. Deixou-a descoberta.
Continuaram a falar.
A intimidade de quem ama e conhece e se reconhece no outro.
A mão desapareceu dentro das calças dela.
Ela fechou os olhos. Entreabriu as pernas.

Trocando palavras. Trocando carícias.

Ela levantou as ancas. As mãos dele baixaram-lhe as calças.
Ele segurou a mão dela, beijou-a.
Guiou a mão dela. Pô-la entre as coxas. As ancas que se moviam devagar.
A mão dela entre as coxas. A mão dele sobre a mão dela.
As mãos. Os dois olhando as mãos.

Trocando silêncios. Trocando desejo.

Ela arqueou o corpo. Respirou o nome dele.
Ergueu a mão.
Os dedos na boca dele. Ele lambeu-lhe os dedos.
O sabor dela na boca dele.

Trocando palavras. Trocando silêncios.
Trocando-se. Reencontrando-se.

Encandescente

Técnica do 1...2...3

Oh Manela, as salas de chat são lugares de engate onde se aplica a clássica técnica do 1-2-3: um, chat; dois, café; três, cama. Às vezes, há uma passagem pelo MSN, tipo alínea um ponto um, para averiguar as medidas e tamanhos envolvidos na questão, através do texto e da imagem.

E contudo o que nele me atraiu Manela, foi exactamente a subversão desses valores instituídos. Mesmo naquele chat tacanho, ele argumentava e ainda por cima, com sentido de humor. A cumplicidade começou quando combinámos na janelinha privada continuar a moer o juízo a uma figurinha conservadora que por lá tinha aportado. Fazes frito, eu faço cozido e vamos a ela!...

Ele deu-me o número de telemóvel com a indicação «Para usar em caso de necessidade» e eu respondi em formato sms que estava a precisar de serviço de reanimação desde que dispusessem de equipamento para o efeito. Depois, Manela, ele ligou-me logo no dia seguinte, para me dar os cabeçalhos do jornal diário e disparar «Sabes que vamos acabar na cama, não sabes?...». Obviamente, era a única resposta possível, Manela!...

Da primeira vez que nos encontrámos reconhecemo-nos pela sua matrícula TX, de Tarado Xequechual e foi um prazer ver uns cabelos compridos atados num nagalho, acompanhados de umas jeans que lhe adubavam o rabo e a protuberância junto do fecho éclair. Mergulhámos um no outro como se a manette das mudanças não existisse entre os dois assentos.

Fomos aprofundando os conhecimentos das nossas assimetrias e eu deixava sempre escorregar os meu dedos da base dos seus testículos para trás e voltava pelo mesmo caminho, continuamente, até ouvir o seu suspiro. Até ao dia Manela em que o meu indicador decidiu perfurar por ali adiante, gerando-lhe sons guturais que lhe gazeavam a face. Depois Manela, enquanto nos calçávamos, ele decretou que nada daquilo tinha acontecido e o meu espanto fodido proclamou, em edital, boa noite e um queijo!

ovo de chocolate

Anke Meier

fiquei a pensar que te faria eu
se, por acaso, fosses
um ovo de chocolate
estarias embrulhado
num papel acetinado
de cores sedutoras
espreitaria, provocadora
para dentro destas cores
que logo rasgaria
gulosa, observaria
por que lado começar
com a ponta da língua
saborearia o primeiro pedaço
com os lábios roçaria
o teu corpo de chocolate
traçando caminhos
não resistiria
a uma suave mordidela
a provar um pedaço de ti
terias recheio de leite
doce e cremoso
que na minha boca
se derreteria
pedaço após pedaço
de prazer me encherias...

fiquei a pensar que a ideia nem era má
mas no fim, com nada ficaria
bem melhor será cobrir-te de chocolate!

Páscoa Feliz a todos

Aula prática de Ana Tomia


Obrigada, Gotinha, por teres oferecido
os teus préstimos à ciência

25 março 2005

Carta do Jorge Costa à Matilde Doroteia

"Há muito que não te ponho o olho em cima. Nem o olho... nem mais nada.
Lembras-te daquelas reuniões que tínhamos no gabinete do chefe, em que trocávamos memorandos, deitados no sofá do canto?
Não sei que raio de jeito demos... que o raio do sofá partiu. É uma verdade que naquela época... escrevíamos muito. Ó, se escrevíamos!
Ainda te lembras como eu fiquei enrascado, sem saber o que posteriormente dizer ao director,
quando ele chegasse e visse o sofá no chão? O que valeu foi o meu jeito p'rá bricolage.
Estava agora p'raqui a tecer estas linhas e uma coisa puxa a outra e lá lembrei (como também te lembrarás) daquela vez que fomos para casa de campo do J. e naquela noite de calor, após meia dúzia de saltos na cama, a porra da travessa lascou! Foi outra enrascadela. Lembras-te? Tive de lá voltar de martelo e parafusos para arranjar o catano da cama.
Isto para não falar daquela vez que quiseste à viva força - sim, que tu, Matilde Doroteia, és mulher de força - escrever uma carta no armazém das máquinas. Mas que raio! Logo havias de querer escrever deitada! E, não contente com isso, logo havias de, no fim da escrita, dar um pontapé na máquina da frente e fazer desmoronar tudo. Aquilo nao foi um pontapé... foi mais um esticão que te deu pela espinha e te provocou aquele espasmo! Mas que raio de espasmos que te davam!...

Aqui bem se lixaram. Eu arranjo muita coisa, mas amolgadelas... não. Olha, ainda me lembro de se ter reclamado p'rá fábrica que tinha vindo uma máquina amolgada.
Eras do piorio. Sim, que eu era até muito sossegado.
Só de lembrar que na mesa do refeitório, onde o maralhal comia a sopa e as migas que trazia de casa, tu mandaste tudo p'ra canto, só p'rá gente ter espaço para escrever dois memorandos seguidos... E sempre deitada. Muito gostavas tu de escrever deitada! Muito gostavas tu dos meus ditados!
Eras de força, Matilde Doroteia! Naquela altura, lembro que a marmita do J.A. ficou com a sopa misturada com as batatitas que o desgraçado trazia p'ra morfar ao almoço. Olha que ainda lembro os berros:
- CARALHO... quem foi que me virou o caralho da marmita?!
Coitado. Eu é que, coitadito de mim, ficava ali p'ra um cantito, com olhinhos de carneiro mal morto, sem saber o que dizer. Eu sabia o que fazer, mas tinha «horinhas»... que não sabia mesmo o que dizer. Mas que raio! Passavas a vida a escrever. E eu sempre com o tinteiro atrás... Pois é, Matilde Doroteia, lembrei-me de te dedicar estas letras em virtude de ter uma nova secretária. Esta, parte menos a mobília. Sempre me dá menos trabalho no fim de cada carta.
Se bem que tem a mania de rasgar lençóis...
Olha... seja tudo por môr'da escrita!

Jorge Costa"

Original gamado aos Pés Quentinhos

Video pascoal


Feliz Páscoa, visitos!

Trabalhar nas obras tem as suas vantagens...


... principalmente nas pausas.


(enviado por Faustino M.)

24 março 2005

"Early morning blogs 4"

Foto:Patrick Hoelck
Enquanto o computador liga
Bebo um café
Procuro o isqueiro perdido algures no meio da papelada
Acordei de mau humor e com pouca paciência
Para jogar de esconde-esconde com isqueiro e papéis.
Encontro o objecto fugidio
Acendo o cigarro e começo a passar páginas.
De repente deparo-me com uma das maiores pérolas
De estupidez, burrice e cretinice que já li
Na denominada blogoesfera:
“O maior problema dos ateus é não ter ninguém
A quem chamar durante o orgasmo.”
E pela primeira vez na vida dou graças a deus
Por ser ateia e nele não acreditar.
Sei que quem estivesse a meu lado no momento do orgasmo
Não gostaria de ouvir invocado um nome que não o dele.
E imagino quem escreveu esta pérola de sapiência
Depois do acto consumado
Ajoelhado na cama
As mãos juntas em oração:
“-Ah meu Deus, eu te agradeço
O corpo que puseste ao meu lado
E com quem tive um orgasmo mas que não lembro o nome.”
Diz o segundo mandamento:
“Não invocarás o nome de Deus em vão”
Eu diria mais ainda
Há alturas em que dois chegam e mais um é multidão.
Olho o cigarro e inalo o fumo profundamente:
Abano a cabeça e penso:
Definitivamente! Há piores formas de poluição.


Encandescente

Odes no Brejo - Se...

Alice
Alce esse cálice
Delicie-se
Ou cicie se apetece
Solte a alça
- Que chatice!...

Se-se-se-se-se-se-se...

Dê-se assim
Como quem fosse
Só Alice
Numa pressa
Deixe que o cio
Insinue
A sua sede de vício
No seu corpo
Que apetece.


Recomendação pascoal: Quem tiver ovos que se agarre a eles. Quem os não tiver, tente deitar a mão a alguns que estejam por perto, fazendo sempre o obséquio de ser felizes.

Sabores

Tá, Sãooo?... Desculpa estar a ligar-te a esta hora da madrugada e ainda por cima estou quase sem bateria no telemóvel, mas tenho de te perguntar uma coisa com urgência. Oh São, como é que se diz a um gajo... que ele sabe mal... mesmo muito mal... que até parece sopa azeda?... Isto de uma forma a que ele não fique magoado, claro está!...

É que tu não imaginas mas nunca tal me tinha acontecido!... Ele há uns doces, outros salgados, provavelmente de acordo com os temperos que gostam de usar na comida. Aliás São, recordo-me de um que até sal punha no pão com manteiga e efectivamente, sabia sempre a sal. Ou o caso do vegetariano que sabia sempre a dióspiro.

Ai que merda com efe, São!... E que achas se eu me calar e de mansinho, lhe atirar com a clássica «Não é nada contigo mas eu quero estar só e podemos sempre ficar amigos!»?... É que a verdade às vezes magoa muito!... Se ele fosse um tipo daqueles só para dar uma voltinha, tinha a vida muito mais facilitada. Tá feito, tá morto!... Só que o raio do homem até é interessante a nível físico, não um modelo de luxo mas digamos que é um familiar de linhas atraentes, sem arranques bruscos e até sabe falar.

Oh São valerá a pena convidá-lo para tomar uma sopa que lhe servirei azeda, para puxar a conversa?...