19 maio 2011

ARDILmente


« Gosto de sentir cada um dos teus dedos. É única e perene a fluência dos seus movimentos, por detrás da explosão.

Na noite, o sítio nasce e um rio acende-se no meio das palavras.

Nu lugar...!

Estou aqui, enquanto os como. Debruça-se o polegar. A tua pupila a escorrer de olhos em par. Todo vergando fogo. Chamejam movimentos. Paredes em transe. Visões explodem em cada um dos nossos espelhos.

Hipnótica, afunda-se a ostra, no teu olhar, que se ergue sobre mim antes da batalha...»

Amistad



Se a juventude nos faz viver as coisas de um modo leve e descomprometido, à medida que a idade avança, a maturidade permite-nos olhar para a vida sob outro prisma, clarificar aquilo que queremos ou, quanto mais não seja, dá-nos a noção clara, daquilo que não queremos...
Por estranho que pareça, chego a esta provecta idade com um número restrito de amigos. Ao contrário do que pode fazer crer a banalização da palavra "amigo", hoje endeusada indiferentemente para definir toda a espécie de contacto humano, dos meros conhecidos aos magoados ex-amantes, a amizade é a mais exigente das relações humanas. Por outro lado, quando a amizade do amor se esgota, resta-nos a fidelidade dos amigos que supomos à prova de desgaste, porque não é feita do frágil tecido do desejo.
Que o comportamento natural do ser humano é estar aberto à vida e ao amor, já todos sabemos...só que entretanto, a estrutura genética faz-nos acreditar que não é assim, que devemos estar fechados e desconfiados. No entanto, uma parte da personalidade é composta por condutas aprendidas, sobre as quais é possível actuar e, por conseguinte, modificar. Mas também se temos de aprender a viver com as heranças do passado, por muito pesadas que sejam, os pesos do presente, podem sempre ser descartados ou minorados se nos esforçarmos nesse sentido.

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A Futura Medical vai, em breve, avançar com o fabrico em série do novo preservativo da Durex, com um gel no interior que aumenta o fluxo sanguíneo e, consequentemente, a gaita fica mais rija que uma feita pelo Chico das Piças, com a vantagem de não se quebrar.

Gatos


18 maio 2011

Sem alma pioneira

Gosto de me acreditar uma pila de bem, cumpridora da lei, atinada.
Porém, existe uma parte de mim que se deixa influenciar pelo coiso que trago agarrado e nem sempre o gajo é boa influência.
Sim, apesar de ser uma pila decente (excelente, segundo dizem) tenho no meu percurso a mácula de crimes que pratiquei de forma involuntária, apanhado de surpresa pela iniciativa do coiso agarrado a mim e sua natureza marginal.
Sei que não há duas passarinhas iguais, são como as impressões digitais e existe sempre um detalhe que as distingue do resto da passarada. Ouvi até contar que as há mais renitentes, inacessíveis, sem contacto conhecido com qualquer piroca!
Claro que julguei tratar-se de um mito urbano. Mas naquele dia o coiso agarrado a mim enfiou-me, desprevenido, numa dessas fortalezas com portão reforçado. Aquilo parecia um mostruário ambulante da Securitas. E eu percebi logo que estava metido onde não era chamado, aquela passarinha tinha o caminho barrado e cabia-me, só o percebi nessa altura, a tarefa de literalmente arrombar a porta e tomar de assalto o espaço que, estando assim vedado, era com certeza proibido e por isso ilegal.
Quase desfaleci quando me percebi metido na boca da loba (a boca em sentido figurado, claro) e sem hipótese de bater em retirada sem me comprometer enquanto cúmplice do coiso que me empurrava contra a muralha defensiva com menos aceleração, é certo, mas com o mesmo vigor a que me habituara.
Fiquei ali sem saber muito bem o que fazer, mas às tantas percebi que já estava mergulhado no esquema até às orelhas (em sentido figurado também, naturalmente) e mais valia tratar do assunto quanto antes, para evitar ao máximo ser apanhado com a boca na botija ou a coisa agarrada à passarinha desatar práli aos gritos como já me tinha acontecido tanta vez.

Bom, lá acabei por consumar o assalto à piroca armada e quebrei as defesas daquele bastião anti-piroca. Mas só eu sei o que me custou, aquela tensão permanente, o medo de ser apanhado por algum sistema electrónico de vigilância (uma piroca às escuras não consegue topar, por exemplo, uma webcam lá instalada) e aquela sensação desconfortável de não se saber se no meio de tanta cabeçada no portão não se deu cabo de alguma dobradiça. Uma nóia, digo-vos eu...

Claro que muitas pirocas não acreditam em mim quando lhes falo desta experiência (não digo que era eu, claro, digo que apenas ia a passar e testemunhei a ocorrência). Dizem que nunca entraram numa dessas passarinhas e acham que não passam de invenções de pilas com pouca rodagem ou com problemas no motor de arranque, desculpas de mau pagador.
Mas eu estive lá e vivi essa aventura marcante, esse momento traumatizante que algumas (muito poucas) pirocas mais batidas diziam ser pintado pelos coisos agarrados a nós como uma espécie de vitória, por serem os primeiros a desbravar esses territórios por explorar.

Mas a mim só apetecia chorar, de remorso.
Pelo menos até ao dia em que a coisa agarrada à tal passarinha telefonou ao meu apêndice a pedir para lá irmos outra vez...

catroguelhos


de Catroga os seus conselhos
neste país de penúria
nem os ouço mas pintei-lhos
num bravo acesso de fúria

de tais pêlos por desvelos
deste mestre em seus espantos
o melhor é assim tê-los
não um nem dois mas sim tantos!

e no recanto sagrado
de purezas tão medonhas
podemos ver sem agrado
que até tapam as «vergonhas»...

Acordar

Dou por mim sentada numa cadeira, as mãos unidas no colo, os olhos fechados e o sono quase me leva; assim acontece quando os pensamentos são quase sonhos; reinvento e acrescento; daqui, nada quereria subtrair.
Ontem não dormi, estou cansada, tenho sono, não faz mal, ouvi-te sonhar acordado a noite inteira, o teu sonho era - sou - eu.
Olho para ti, não sei o que dizer, o laço da ternura na língua e nada chega; tiro a camisola e mostro-te o peito, podes ler-me com o teu corpo, ouvir-me com as tuas mãos sobre mim; faz muito tempo que foste escrito, inscrito, pintado na minha pele, tudo ficou aqui, saberás entender todas estas linhas, elas continuavam a perguntar-se por ti; podes sonhar mais e mais e acordar, todos os dias, sem medo de deixar o sonho no sono, eu acordo também, eu também sonho, eu também acordo aqui.

C******* f**** os asteriscos



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17 maio 2011

História do Carochinho

Era uma vez um homem sessentão, senhor de transcendentes decisões que influenciam o mundo e que se passeava nu (!) pelo seu quarto de hotel, em Nova Iorque.

De súbito e inesperadamente, entra quarto adentro uma inexperiente jovem de trinta e tal anos, presumivelmente guineense, que lhe vinha arrumar o cómodo, sem se ter apercebido que ele ainda estava ocupado pelo tal sessentão, ainda para mais nu (!), que, por mera e fortuita circunstância de enredo, ocorre ser uma das personagens mais importantes do cenário político mundial.

Então, quiçá proporcionada pelos deuses do Olimpo da Alta Finança, o desgovernado e nu (!) sessentão atira-se à inexperiente jovem de trinta e tal anos, guineense, – pode presumir-se que, entretanto, tenha corrido o ferrolho da porta do quarto, por elementar medida de recato e prudência… - e, habituado como está a decisões de peso, logo ali a agarra, lhe rasga a bata do hotel expondo as inexperientes carnes, a domina, a subjuga – que ele é homem dado a subjugações - e não é de modas: sexo oral e sexo anal e sexo etc. e tal, como se não houvesse amanhã…! E, já agora, como se amanhã não tivesse agendadas reuniões daquelas que fazem o mundo girar mais depressa ou, até, em sentido contrário ao costumeiro movimento de rotação da Terra.

Podemos imaginar que a inexperiente jovem de trinta e tal anos, presumivelmente guineense, seria tão perdidamente boa que qualquer homem nu (!) no seu quarto de hotel fosse incapaz de resistir e tresloucadamente, dir-se-ia, num ápice sentisse descontrolados ímpetos de lhe saltar para a espinha.

Depois, coberto de arranhões e de sémen (?), o sessentão ainda nu (!) enverga apressadamente o seu fato e sai a correr, deixando para trás o telemóvel – peça determinante no enredo – deixando também a barba por fazer e sem ter providenciado higiene mínima que o aliviasse do desconforto de ficar com a roupa toda enlangonhada em contacto com a sua curtida e pecaminosa pele.

Ah, deuses das coisas pequenas, valei-nos nestes transes! A jovem inexperiente de trinta e tal anos, presumivelmente guineense, descomposta oral e anal e etc. e talmente, sai cambaleante do quarto, exaurida de forças, mas determinada na atitude, chama a polícia novaiorquina, famosa pela sua operacionalidade em matéria de sexo, cuja vai a tempo de deter o sessentão, agora já mais composto com o seu fato, mas ainda de barba por fazer, em fuga para um qualquer restaurante onde parece que iria ser alegadamente sonegado à longa mão da justiça americana por alguns outros comensais, que já o esperavam para o efeito…

Detido e já presente a juíza competentíssima, o sessentão que, por agora, continua vestido, vê confirmadas as acusações pelo sémen espalhado pelo seu corpo (?) e pelos conspícuos arranhões que a inexperiente jovem de trinta e tal anos lhe terá produzido na cútis, em partes anatómicas até agora não esclarecidas.

Sabem o que é que eu vos digo? Ainda bem que eu não tenho dinheiro nem motivação para ir para um hotel de Nova Iorque… Aquilo é do piorio. Lembram-se da cena do Carlos Castro? Serão coisas que andam no ar e influenciam perniciosa e descontroladamente os europeus que lá caem?

Não, mas desculpem lá, se vocês, leitores machos, estivessem passeando no vosso quarto de hotel novaiorquino, completamente nus, e vos entrasse uma inexperiente jovem de trinta e tal anos, supostamente guineense, quarto adentro, toda ela vassouras e atoalhados, com uma daquelas batas que são um apetecido fétiche… han? Han…?

Em boa verdade vos digo – e é sabido - que um homem não é de pau.

E uma inteira e auspiciosa carreira num ímpeto de carne fraca, derramando sémen com absoluta improvável profusão com uma inexperiente jovem de trinta e tal anos, supostamente guineense… convenhamos, caramba, é de Homem! Estúpido demais para ser verdade, mas de HHHHomem, com tantos H quanta a dimensão da estupidez humana!

Isto, claro, foi tudo quanto respiguei dos extraordinários órgãos de «comunicação social» (ou sexual?) que tão proficuamente nos contam as fábulas das nossas vidas! E, como é evidente, sinto-me esclarecido c’umò caraças.

Possíveis morais da história, sendo verdadeira ou falsa – o que é inteiramente indiferente:

- somos todos feitos da mesma massa;

- no melhor corpo diplomático cai a pior nódoa de sémen;

- é muito arriscado andar nu nos quartos de hotel de Nova Iorque;

- nem sempre uma jovem de trinta e tal anos, supostamente guineense, é atreita a assédios de sessentões todos nus que espalham sémen pela paisagem, como foguetes de lágrimas;

- com tal virilidade inusitada, face à idade, percebe-se porque é o FMI uma potência no concerto das nações;

- enquanto os sessentões choram os seus devaneios de juventude extemporânea, os sarkozys riem antecipando, ainda há pouco improváveis, vitórias eleitorais…

Sic transit gloria mundi.

A tranche



HenriCartoon

10 mulheres Colombianas em campanha pelas mamas sem silicone («naturales»)

Terceira pequena historinha de Ricardo Esteves

"'tão, bebé, tudo bem?..."

«Curta-metragem nº 6»

Que

Que não deixe de correr
Este leito nas minhas margens,
Levado pelo doce emaranhar
Do vento nos meus cabelos
E que não seque a magia
Deste meu doce amor,
Enquanto estiveres perto
Do rio da minha voz.


Poesia de Paula Raposo