16 novembro 2012

Cratera


Sobre campos de feno dourado
e um imenso azul salgado,
escuto esse canto de tenor
vindo das terras quentes do Sul,
das crateras ardentes e húmidas,
onde amantes se perdem em suor e saliva,
deleite e luxúria,
escondidos numa clareira exótica
de orquídeas e glicínias,
presos numa teia doce
de chocolate, baunilha e canela…
… Prova-me… neste recanto prateado da lua,
onde o tempo fica suspenso
nos teus lábios e na minha língua,
enquanto me desenhas o contorno da cintura
e deslizas para as minhas coxas que se entreabrem
e clamam pela tua boca…

Escrevo-te na pele as linhas do meu corpo,
sorvo-te cada centímetro que cresce no meu ventre
como a areia seca que absorve a espuma branca do mar…
Ondulo sob a copa deste pinheiro bravo,
esfinge que nos suporta o sentido da vida…
Entre cada raio de luz que penetra a folhagem densa,
uma lágrima desprende-se do meu rosto…
… finalmente entras em mim como se fosse a última vez!

Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt

Pensando em outra



Meninas WTF

15 novembro 2012

Maria de Magdala




(…) Com tantos movimentos e observações, acabou Maria de Magdala de fazer o penso ao dorido pé de Jesus, rematando-o com uma sólida e pertinente atadura, Aí tens, disse ela, Como te devo agradecer, perguntou Jesus, e pela primeira vez os seus olhos tocaram os olhos dela, negros, brilhantes como carvões de pedra, mas onde perpassava, como uma água que sobre água corresse, uma espécie de voluptuosa velatura que atingiu em cheio o corpo secreto de Jesus. A mulher não respondeu logo, olhava-o, por sua vez, como se o avaliasse, a pessoa que era, que de dinheiros bem se via que não estava provido o pobre moço, e por fim disse, Guarda-me na tua lembrança, nada mais, e Jesus, Não esquecerei a tua bondade, e depois, enchendo-se de ânimo, Nem te esquecerei a ti, Porquê, sorriu a mulher, Porque és bela, Não me conheceste no tempo da minha beleza, Conheço-te na beleza desta hora. O sorriso dela esmoreceu, extinguiu-se, Sabes quem sou, o que faço, de que vivo, Sei, Não tiveste mais que olhar para mim e ficaste a saber tudo, Não sei nada, Que sou prostituta, Isso sei, Que me deito com homens por dinheiro, Sim, Então é o que eu digo, sabes tudo de mim, Sei só isso. A mulher sentou-se junto dele, passou-lhe suavemente a mão pela cabeça, tocou-lhe na boca com a ponta dos dedos, Se queres agradecer-me, fica este dia comigo, Não posso, Porquê, Não tenho com que pagar-te, Grande novidade, Não te rias de mim, Talvez não creias, mas olha que mais facilmente me riria de um homem com a bolsa cheia, Não é só a questão do dinheiro, Que é, então. Jesus calou-se e voltou a cara para o lado. Ela não o ajudou, podia ter-lhe perguntado, És virgem, mas deixou-se ficar calada, à espera. Fez-se silêncio, tão denso e profundo que parecia que apenas os dois corações soavam, mais forte e rápido o dele, o dela inquieto com a sua própria agitação. Jesus disse, Os teus cabelos são como um rebanho de cabras descendo das vertentes pelas montanhas de Galaad. A mulher sorriu e ficou calada. Depois Jesus disse, Os teus olhos são como as fontes de Hesebon, junto à porta de Bat-Rabim. A mulher sorriu de novo, mas não falou. Então Jesus voltou lentamente o rosto para ela e disse, Não conheço mulher. Maria segurou-lhe as mãos, Assim temos de começar todos, homens que não conheciam mulher, mulheres que não conheciam homem, um dia o que sabia ensinou, o que não sabia aprendeu, Queres tu ensinar-me, Para que tenhas de agradecer-me outra vez, Dessa maneira, nunca acabarei de agradecer-te, E eu nunca acabarei de ensinar-te. Maria levantou-se, foi trancar a porta do pátio, mas primeiro dependurou qualquer coisa do lado de fora, sinal que seria de entendimento, para os clientes que viessem por ela, de que se havia cerrado a sua fresta porque chegara a hora de cantar, Levanta-te, vento do norte, vem tu, vento do meio-dia, sopra no meu jardim para que se espalhem os seus aromas, entre o meu amado no seu jardim e coma dos seus deliciosos frutos. Depois, juntos, Jesus amparado, como fizera antes, ao ombro de Maria, esta prostituta de Magdala que o curou e o vai receber na sua cama, entraram em casa, na penumbra propícia de um quarto fresco e limpo. A cama não é aquela rústica esteira estendida no chão, com um lençol pardo lançado por cima, que Jesus viu sempre em casa dos pais enquanto lá viveu, esta é um verdadeiro leito como o outro de que alguém disse, Adornei a minha cama com cobertas, com colchas bordadas de linho do Egipto, perfumei o meu leito com mirra, aloés e cinamomo. Maria de Magdala conduziu Jesus até junto do forno, onde o chão era de ladrilhos de tijolo, e ali, recusando o auxílio dele, por suas mãos o despiu e lavou, às vezes tocando-lhe o corpo, aqui e aqui, e aqui, com as pontas dos dedos, beijando-o de leve no peito e nas ancas, de um lado e do outro. Estes roces delicados faziam estremecer Jesus, as unhas da mulher arrepiavam-no quando lhe percorriam a pele, Não tenhas medo, disse Maria de Magdala. Enxugou-o e levou-o pela mão até à cama, Deita-te, eu volto já. Fez correr um pano numa corda, novos rumores de águas se ouviram, depois uma pausa, o ar de repente tornou-se perfumado e Maria de Magdala apareceu, nua. Nu estava também Jesus, como ela o deixara, o rapaz pensou que assim é que devia estar certo, tapar o corpo que ela descobrira teria sido como uma ofensa. Maria parou ao lado da cama, olhou-o com uma expressão que era, ao mesmo tempo, ardente e suave, e disse, És belo, mas para seres perfeito, tens de abrir os olhos. Hesitando, Jesus abriu-os, imediatamente os fechou, deslumbrado, tornou a abri-los e nesse instante soube o que em verdade queriam dizer aquelas palavras do rei Salomão, As curvas dos teus quadris são como jóias, o teu umbigo é uma taça arredondada, cheia de vinho perfumado, o teu ventre é um monte de trigo cercado de lírios, os teus dois seios são como dois filhinhos gémeos de uma gazela, mas soube-o ainda melhor, e definitivamente, quando Maria se deitou ao lado dele, e, tomando-lhe as mãos, puxando-as para si, as fez passar, lentamente, por todo o seu corpo, os cabelos e o rosto, o pescoço, os ombros, os seios, que docemente comprimiu, o ventre, o umbigo, o púbis, onde se demorou, a enredar e a desenredar os dedos, o redondo das coxas macias, e, enquanto isto fazia, ia dizendo em voz baixa, quase num sussurro, Aprende, aprende o meu corpo. Jesus olhava as suas próprias mãos, que Maria segurava, e desejava tê-las soltas para que pudessem ir buscar, livres, cada uma daquelas partes, mas ela continuava, uma vez mais, outra ainda, e dizia, Aprende o meu corpo, aprende o meu corpo.. Jesus respirava precipitadamente, mas houve um momento em que pareceu sufocar, e isso foi quando as mãos dela, a esquerda colocada sobre a testa, a direita sobre os tornozelos, principiaram uma lenta carícia, na direcção uma da outra, ambas atraídas ao mesmo ponto central, onde, quando chegadas, não se detiveram mais do que um instante, para regressarem com a mesma lentidão ao ponto de partida, donde recomeçaram o movimento. Não aprendeste nada, vai-te, dissera Pastor, e quiçá quisesse dizer que ele não aprendera a defender a vida. Agora Maria de Magdala ensinara-lhe, Aprende o meu corpo, e repetia, mas doutra maneira, mudando-lhe uma palavra, Aprende o teu corpo, e ele aí o tinha, o seu corpo, tenso, duro, erecto, e sobre ele estava, nua e magnífica, Maria de Magdala, que dizia, Calma, não te preocupes, não te movas, deixa que eu trate de ti, então sentiu que uma parte do seu corpo, essa, se sumira no corpo dela, que um anel de fogo o rodeava, indo e vindo, que um estremecimento o sacudia por dentro, como um peixe agitando-se, e que de súbito se escapava gritando, impossível, não pode ser, os peixes não gritam, ele, sim, era ele quem gritava, ao mesmo tempo que Maria, gemendo, deixava descair o seu corpo sobre o dele, indo beber-lhe da boca o grito, num sôfrego e ansioso beijo que desencadeou no corpo de Jesus um segundo e interminável frémito. Durante todo o dia, ninguém veio bater à porta de Maria de Magdala. Durante todo o dia, Maria de Magdala serviu e ensinou o rapaz de Nazaré que, não a conhecendo nem de bem nem de mal, lhe viera pedir que o aliviasse das dores e curasse das chagas que, mas isso não o sabia ela, tinham nascido doutro encontro, no deserto, com Deus. Deus dissera a Jesus, A partir de hoje pertences-me pelo sangue, o Demónio, se o era, desprezarão, Não aprendeste nada, vai-te, e Maria de Magdala, com os seios escorrendo suor, os cabelos soltos que parecem deitar fumo, a boca túmida, olhos como de água negra, Não te prenderás a mim pelo que te ensinei, mas fica comigo esta noite. E Jesus, sobre ela, respondeu, O que me ensinas, não é prisão, é liberdade. Dormiram juntos, mas não apenas nessa noite. (...)

O Evangelho Segundo Jesus Cristo, de José Saramago

blog A Pérola

presuntos... implicados?


por isso é melhor lerem a notícia aqui
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«Fittipaldi da canzana» - Patife

Era elegante e graciosa, com uma essência feminina assinalável, e cantava jazz como uma sereia contemporânea. Mas também tinha umas mamas generosas. Dirão as más-línguas que foi esse o único motivo que me fez engatá-la e levá-la para casa. E estarão cobertas de razão. Tão cobertas como ficaram as mamas dela pela nhanha aqui do Pacheco. Mas confesso que a voz também ajudou. Foi, por isso, com alguma dose de estranheza que reparo que na cama a magana não emitia um único barulho. Depois de décadas a pinar como gente grande foi a primeira vez que uma sardanisca não me desatou a gemer de forma histriónica como se estivesse com um coqueiro entre as pernas, o que, convenhamos, não andará muito longe da realidade. Esta deve ter vindo com silenciador, pensei. É nesse momento que me armo em Fittipaldi da canzana e lhe meto a quinta a fundo, aumentando o ritmo de bombada para a red zone das rotações pélvicas. Ela mordia os lábios, o rosto ia aumentando de tonalidade de vermelho, o corpo trepidava como se estivesse a ter um ataque epilético, mas, foda-se, que nem um gemido saía daquela boquinha. E já nem queria saber de atingir um orgasmo. Naquele momento o meu objectivo de vida passou a ser apenas um: Conseguir que a magana soltasse um mísero sonzinho que fosse. Sou um pouco como as crianças. Quando não consigo uma coisa não resisto a esgotar todas as possibilidades para descobrir o que se passa e dar a volta à questão. Invade-me sempre um pensamento Proustiano e assemelho-me a esses miúdos que desmontam um despertador para saber o que é o tempo. Por isso tive de inspecionar de perto. Tirei-lhe a jiboia de dentro das guelras e lancei-me nas artes do abocanhamento. Invisto com técnicas aprimoradas e devidamente comprovadas por centenas de pachachas lambuzadas e esta sirigaita continuava sem um único espasmo vocálico. Fulo da vida e prestes a desistir, é aqui que me revolto. Afasto o meu corpo do corpo dela e penso alto, soltando inadvertidamente um desapontado mas nada ofensivo: PUTA!. Haviam de ver: o corpo dela explode, soltando o acumular do prazer pelas refinadas técnicas nela investidas nas últimas horas e começa numa sucessão de uivos articulados com impropérios profundamente ordinários e por isso impróprios de serem reproduzidos neste espaço. Eu fiquei impávido a observar o descontrolo orgástico da moça, todo altivo e de peito cheio a olhar de longe com superioridade, satisfeito por ter conseguido desvendar o enigma. Ao vê-la a ter um orgasmo assim, recordei então uma pérola literária do Miguel Esteves Cardoso que legendaria este momento na perfeição: “E conseguir vir-se no vácuo, a grande puta”.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Postalinho do Alentejo

"Flores para a São Rosas."
Rosa M.

«Traci Lords» - por Luis Quiles


"Caricatura de Traci Lords de su etapa como pornstar en los 80's. Es un dibujo muy antiguo del que no estoy especialmente satisfecho pero que me sirve para hablar de un tema que me intriga.
Hay una frase que repito habitualmente: "esto podría ser el principio de una peli porno".
A veces sentado en una cafetería con amigos o en el trabajo, o en cualquier situación cotidiana en la calle, observo a la gente de alrededor mientras mantengo una conversación y traslado la escena que veo a una peli porno.
Igual que en un musical la gente se pone a bailar y cantar sin venir a cuento y normalmente de una manera bastante artificial. Lo mismo pasa en el porno donde de la mas ridicula e intranscendental conversación o situiación, deriva hacia una escena de sexo.
Quizas en una realidad paralela pasa esto y la gente pasa de preguntar cuanto vale un libro a practicar sexo salvaje encima del mostrador. En cualquier caso es un entretenimiento divertido trasladar situaciones completamente normales a otras que por suerte o por desgracia no lo son."


Luis Quiles

14 novembro 2012

Uma prendinha do estúdio Raposa para a malta d'a funda São




O Luís Gaspar, nosso amigo da voz d'ouro, enviou uma prenda para nós: um link para o video Poesia medieval dita por Luis Gaspar - «Luzia Sanchez» de João Soares Coelho.
O Estúdio Raposa, que tem uma secção de poesia erótica que manda pintarolas, tem também agora uma loja com miminhos, uns gratuitos e outros para quem fizer uma oferta à Raposa.

«respostas a perguntas inexistentes (213)» - bagaço amarelo

A idade é uma vara curta. Pensamos na quantidade de anos que alguém já viveu e imediatamente sabemos como se deve comportar. Se sair dessa lógica, dizemos muito naturalmente que "já não tem idade para isso" ou que "já tem idade para ter juízo".
Usar a idade como argumento para o que quer que seja, revela o quão falsos e ingratos podemos ser. Dizer a alguém que a sua idade não se adequa ao comportamento que teve é, antes de mais, revelar que não se tem argumento melhor e que apenas se quer chatear a pessoa em questão. "Sou um merdas, por isso digo-te que a tua idade não te permite fazer isso!".
Isto é tão assim, que o próprio Amor parece não se adequar a partir duma certa idade. É muito raro, para não dizer inexistente, vermos idosos de mãos dadas e aos beijos na rua, como se os sentimentos secassem dentro de nós com o passar do tempo. É, provavelmente, o maior medo que tenho.
É que nos meus quarenta e um anos sinto-me apaixonado como quando tinha quinze ou dezasseis e, pior ou melhor, sofro da mesma maneira. Basta-me estar uma tarde sem receber um telefonema de quem Amo, que começo a sentir no peito uma espécie de novelo de lã molhado. É uma sensação de abandono e uma mistura de tristeza com felicidade extrema. Nem sei bem o que é, mas sei que sempre tive e ainda tenho idade para isto.
Quando isto desaparecer em mim, eu também desapareço.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Durante a passagem de Sandy, em Manhattan, a modelo Coco Austin, esposa do rapper Ice-T coloca seus imensos peitos à prova do furacão e mostra o que é ser devassa.

Já Sandy, continua cantando: "eu tenho inveja do vento que te toca".

E aí, é obsceno pra você?

Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/

O diabo tem que aturar cada tarado...

Crica para veres toda a história
O mundo lá de baixo


1 página

oglaf.com

13 novembro 2012

«Si Bemol» - Susana Duarte

Mel da noite
que escorre em
flor sobre
as luas das
noites das

ruas
onde uma mulher
sozinha
exclama a terna e
...
pacata lucidez de
ser

em si bemol

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Eva portuguesa - «Para ti»

Hoje sonhei contigo. Não se foi um sonho, uma ilusão, uma visão ou a antecipação de uma realidade quase demasiado boa para ser verdadeira... Mas, sabes, muitas vezes dou comigo a sonhar acordada, a imaginar a minha vida de outra maneira, a ver os meus sonhos serem cumpridos....
Mas hoje foi contigo....
Chegavas, abraçavas-me bem forte, deixando-me sentir a segurança e o calor que o teu corpo me transmitia... e ali, aninhada nos teus braços, sentia algo que há muito não sinto... como se o mundo pudesse desabar, que tu não deixarias que nada de mal me acontecesse, nem que nada nos separasse...
Olhavas dentro dos meus olhos, tentando chegar às profundezas da minha alma; e nessa partilha de uma intimidade única, verdadeira e cúmplice, dizias que me amavas, que eras o princípe que eu há tanto esperava e que o único receio que eu tinha que ter era o de ser demasiado feliz...
Tentando fugir a mais uma desilusão, perguntei-te: porquê eu? E como podes tu amar uma mulher que faz o que eu faço? Tu sorriste e beijaste-me na testa, perguntando-me como seria possível não me amares... E nesse momento entreguei-te o meu coração, o meu ser, a minha vida, a minha felicidade, o meu destino. O beijo que trocámos foi também uma entrega de almas... foi uma promessa de felicidade,o início de um compromisso e de uma vida nova.
E amei-te... amei-te como não amava alguém há muito tempo... como já me esquecera de o fazer. Decorei o teu cheiro, o teu sabor, o teu toque... e rezei... rezei para que aquele momento durasse para sempre... rezei para que fosse real este meu sonho... rezei para que tu existisses, assim, tal e qual como te vi e senti... e que fossem puras e honestas as tuas palavras e os teus sentimentos...
Imaginei o anel no meu dedo, que me daria a certeza que partilharias a tua vida comigo... e que eu faria parte integral e inequivocamente de ti, da tua vida, do teu presente e do teu futuro...
Ainda não sei se existes realmente... ainda não estou segura de seres real... mas espero... por ti... por nós... porque hoje sonhei contigo.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado