07 novembro 2017

«não me sorrias» - Susana Duarte

não me sorrias a partir de onde as gárgulas
denunciam medos,
nem de onde os olhares são furtivos
segredos
de quem, entre si e o outro,
esconde as mãos,

frenesim oculto

dos olhos pousados além da vontade
e do desejo.

não me sorrias, se é a partir delas
que me olhas, prisioneiro
dos rituais, com receio dos dedos
todavia entrelaçados

de solidão
e de folhas caídas.

não me sorrias, se no sorriso escondes
as veias,
esqueces as vidas,
prolongas ameias e te escudas no norte,

prisioneiro da morte
das mãos vividas, entrelaçadas
de sol, onde reside a loucura amena

da paixão.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Pompom inapropriado negro

Pompom em lã com formato de vulva, feito de forma artesanal.
Faz parte de um trio de coisinhas fofas na minha colecção.
A autora enviou instruções para repor o "formato agradável" dos pompons, depois de desembalados.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

Sinais exteriores de pobreza

"Não, a roupa estendida para a rua não é típica, é sinal de uma Lisboa pobre, sem espaço em casa ou dinheiro para uma máquina de secar."
Miguel

Bolas, agora as pessoas vão sentir-se inibidas de usarem o estendal para a lingerie mais dispendiosa...

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Reencontra-a-Funda - quadros a óleo e acrílico da colecção

No Reencontra-a-Funda, as paredes tinham expostos alguns dos mais de cem quadros a óleo e acrílico da colecção de arte erótica «a funda São».
Como as paredes não tinham qualquer tipo de suporte, tivemos que criá-los com canas da Índia, cordel e arame.










06 novembro 2017

Mamas invejosas

Outro postalinho do Peru

"Ainda não percebi os narizes dos peruanos. Este, é uma sátira aos advogados no pequeno vilarejo de Coya, no Vale Sagrado dos Incas.
Aproveita, Sãozita!
Beijinhos"
Daisy Moreirinhas



«"Como eu faço para virar acompanhante?"» - Cláudia de Marchi

Estamos frente a uma geração que tem preguiça de pensar, de se informar e de agir por conta própria, uma geração de pessoas que quer as coisas “mastigadas” e é demasiado leniente para agir por conta própria e para pensar, inclusive! É a geração que faz acusação (sem provas) via PowerPoint: está tudo lá desenhadinho, esmiuçado ao máximo, (apesar de vazio no que diz respeito ao nexo)! Geração chata pra cacete e, digo mais, intelectualmente atrofiada (né MPF!?)!
Enfim, uma geração que sequer consegue ler e entender textos e tutoriais didáticos! E termina, seguidamente, me remetendo aquelas vãs perguntas: “Ajude-me ‘to’ com problemas financeiros, como faço pra virar acompanhante (?)”, “eu sempre quis ser acompanhante, mas não sei como chegar ‘lá’, me ajuda.” Como se eu, uma pessoa exigente, culta e madura, com apenas 5 (cinco) meses de experiência e que se “arranjou” sozinha fosse a “rainha do conhecimento” desta atividade!
Gente, eu só ganhei um pouquinho de fama porque deixei de lado 11 anos de advocacia (sim, com OAB, obviamente cidadão inculto! Não existe advogado sem OAB, a exceção da Marcela Temer aos olhos do marido.), além da academia jurídica, pós-demissão injustificada. Se eu mudei de ofício somente pela necessidade? Não! Claro que a revolta profissional aliada a um gosto devasso por sexo e ausência de romantismo, impulsionou-me a me tornar uma acompanhante de luxo.
Luxo, porque culta. Luxo, porque falo português e escrevo corretamente. Luxo, porque me visto de forma elegante e não ando com um cartaz escrito “GP” na cara. Luxo, porque converso sobre política à filosofia. Luxo, porque tenho seios naturais e um corpo durinho, tal como os meus amados peitos. Luxo, porque sou divertida e humorada. Luxo, porque aonde eu for todos me veem como uma lady!
Luxo, porque não vou para boates, bares, lanchas ou festas cheias de bêbados ainda que me ofereçam o valor equivalente a um carro popular novo de cachê. Luxo, porque sequer atendo a telefonemas em horários deselegantes. Luxo, porque não vou à festa regada a álcool e cheia de macho bagaceira, como despedida de solteiro, por exemplo. Luxo, porque não vou a casas de swing e nem participo de orgias.
Luxo, porque exijo o respeito que é meu por direito, no Whatsapp, nos telefonemas e tèt a tèt. Luxo, porque não preciso ir a passeios em iate cheio de desconhecidos enchendo a cara e cheirando pó para me sentir a última Coca-Cola do deserto. Luxo, porque gosto de educação e não tenho limites entre quatro paredes com um homem. Luxo, porque só faço o que desejo e mantenho minha paz e dignidade intactas. Luxo, porque gozo demais, tenho multiorgasmos e não preciso de lubrificante pra nada. Amo o que faço e faço com prazer.
Enfim, queridinha se você não consegue ler e interpretar o que eu escrevo e seguir meus tutoriais (acesse www.claudiademarchi.com.br e verifique-os, quiçá, novamente!), então eu nada poderei fazer por você! Tá falida e quer virar garota de programa, mas não ama sexo? Vá fazer qualquer outra coisa. Não tem maturidade para se impor, para impor limites e ter seletividade? Faça outra coisa ou vai perder a dignidade nesta profissão.
Eu não aconselho ninguém que chega até mim cheia de “mimimi” curiosidades, mas não demonstra ter capacidade de ler, pesquisar e estudar sobre o que tanto "deseja" fazer. Respondo com o silêncio ou com "acesse meus tutoriais no meu site, tem tudo lá". Capacidade de interpretação de texto é o mínimo que um ser humano deve ter nesta vida, se você não consegue compreender tal fato tente fazer algum trabalho mecânico que requeira de pouco a nada do seu cérebro.
Vou, por fim, mandar o “papo reto” pra vocês: eu sou a favor do empoderamento da mulher acompanhante. Sou a favor da regulamentação da profissão, que não é crime! Sou a favor de poder fazer declaração de IR bem “certinha”, de recolher INSS, de, se empregada for, ter CTPS assinada!
Sou a favor do fim dos codinomes, da hipocrisia, da vergonha do que se faz! Portanto, não me venha com “mimimi eu preciso ajudar minha família, mas ‘deusmelivre’ se souberem”! Vá tomar vergonha na cara e adquirir brio minha filha! Se eles podem receber o seu dinheiro devem saber de onde vem e manter a matraca fechada! Quero a legalização da profissão, quero a PL Gabriela Leite aprovada e não estou na internet pra dar dicas de como virar acompanhante pra quem sequer sabe usar o Google ou ler os meus tutoriais no site! Ler e pensar ainda são gratuitos e não tributados! Aproveite baby!

Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!

«Café» - Rubros Versos


Tiago Silva

05 novembro 2017

«coisas que fascinam (205)» - bagaço amarelo

Fui esperá-la ao cais. Embora fosse totalmente diferente, o barco que acabara de encostar à terra fez-me lembrar um conto de Mark Twain e aquela embarcação a vapor que atravessa o Mississipi nos seus contos do Tom Sawyer. Talvez seja o meu lado lírico, pensei. Na verdade, o que eu estava a ver era apenas um cacilheiro. O Sol batia-lhe por trás e, por isso, reconheci-a apenas pela silhueta. Fiz-lhe um gesto com a mão como que a dizer "estou aqui" e uma série de passageiros olhou na minha direcção. Talvez ali, naquele lugar e momento, houvesse mais umas dezenas de almas com um primeiro encontro marcado, à procura de alguém que fizesse um gesto igual ao meu.
Ao abraçá-la percebi isso mesmo. Pelo canto do olho vi uma série de abraços tão iguais e tão diferentes quanto o nosso. Por isso fechei os olhos por dois segundos, para que o meu pudesse ser só para mim. Quando a larguei, já só estávamos os três no mundo: eu, ela e a cidade.
E é sobre isso que eu quero escrever. Sobre a cidade.
Quando a deixei de novo no cais, ao fim da tarde, já o Sol se encontrava no outro extremo do horizonte. Provavelmente andara louco, lá em cima, à nossa procura nas ruas esguias da urbe. Fiquei a ver o barco desaparecer no rio de prata durante algum tempo e, quando finalmente me voltei, a cidade não era a mesma.
É que quando um lugar testemunha um abraço, passa a fazer parte desse momento para sempre. Se lá voltarmos, um dia mais tarde, esse lugar segreda-nos a recordação que temos dele. É como se esse abraço fosse um carimbo no tempo e no espaço em simultâneo.
Mais tarde, podemos pedir ao tempo se esqueça dele, mas nunca o podemos pedir a um lugar. No que diz respeito ao Amor, o espaço combate o tempo.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Brincar...


Cada vez somos mais condicionados a portar-nos como minhocas, sem coluna, sem sentimentos, sem poder de discordância, em nome de uma paz social. Paz social podre, porque só beneficia quem comanda o tabuleiro e nos quer fazer peões.


Velhos tempos...



Eu cá sou da Geração à Racha.

Patife
@FF_Patife no Twitter

04 novembro 2017

«dias escritos com o sal-flor das mãos inteiras» - Susana Duarte

morre-se azul sob os escolhos de sal
das (des)contruções
de areia. é no lugar das sementes,
e dos sóis verdes dos cabelos, que se morre azul.

com o sal das neblinas dos olhos,
morre-se sombrio
ante as ondas submarinas do ventre,
e escolhe-se a vereda estranha
dos dias salinos das lágrimas.
é no lugar delas que se morre, palavras
escorridas por entre as águas do peito.

são escuras, as palavras.
são claras, as palavras.

morre-se dentro delas, mar imprevisto
de ondas alteradas.
morre-se. navega-se no sal dos cabelos,
onde o futuro é o olhar percorrido
pelos dias
de antes.

morre-se. as ausências desmesuradas
do sal
dos beijos,
são a morte silabada
dos dias.
os dias silabados serão sempre teus,
pequenos e intermitentes,
como a morte dos dedos.

mas serão dela,
da mulher,
os dias escritos com o sal-flor
das mãos inteiras.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Reencontra-a-Funda - uma estatueta em cada mesa

No jantar e Sãorau do Reencontra-a-Funda, cada mesa tinha uma estatueta da colecção de arte erótica «a funda São».