27 janeiro 2018

«tomei um café. lembrei-me de ti.» - Susana Duarte

tomei um café, e lembrei-me de ti.
na sala limpa de nuvens e de palavras,
sobraram pensamentos
onde impera a imagem,

a do teu sorriso,

a das tuas mãos que criam,

e que as notas de um violoncelo
quiseram alinhar entre os dedos
curvos
da minha mão.

lembrei-me de ti,
e não era a hora dos malditos,
ou a das quimeras.

era a hora vigésima quinta,
ou a das trepadeiras
e dos sonhos por inteiro.

tomei um café, e lembrei-me de ti,
vi-te por entre as manchas castanhas
de uma chávena - visão que se impõe
onde as palavras sussurram no corpo-
profundo e interior, o corpo-
e o desfazem por dentro
(o que fará a escrita na pele?).

tomei um café.
lembrei-me de ti.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Um sábado qualquer... - «A primeira vez de Adão e Eva não deve ter sido fácil»



Um sábado qualquer...

La Saison à Baia

Livro de Hugues Rebell, de 1944, acompanhado de 43 litografias originais de Jean Serrière, que ilustram o livro.
Caixa com dois livros, sendo um com o texto e ilustrações (112 páginas) e o outro um portefólio com as litografias intercaladas no primeiro.










A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

26 janeiro 2018

Postalinho de Florença - 3

"Deus cria Eva.
Baixo relevo de Andrea Pisano (1334-1343) exposto no Museo dell'Opera di Santa Maria del Fiore, em Florença."
Paulo M.


«Coça-os» - prevenção do cancro dos testículos

«Para além dos tempos» - Mário Lima


Morava no último andar de um prédio isolado de todos os outros. Questionava como seriam os da sua espécie? Nunca vira nenhum. Nem ele sabia quem era. Muito pequenino para ali fora e ali crescera. Subia ao telhado e andava em redor, dali não podia sair, quatro cantos, quatro abismos.

À noite sentava-se no telhado e perscrutava a lua, tentando perceber como é que tão grande bola se segurava no espaço. De repente viu-a. De branco peito, numa das pontas do prédio, olhava para ele. Que bicho era aquele? Nunca conhecera outro animal senão ele próprio naquele telhado e eis que ali estava um estranho. Curioso aproximou-se, mas de tão perto ficou que aquela coisa branca as asas abriu e voou sem em antes de lhe dar um som que ele nunca ouvira antes. Nem podia ter ouvido pois nunca ouvira outros sons que não fossem os seus.

O seu coração batia freneticamente. Vira pela primeira vez um outro ser. Um ser alado que voara à sua frente num voo gracioso.

Desceu e adormeceu, acordando várias vezes pensando ouvir o som que lhe ficara nos sentidos.

Nos dias seguintes volta ao telhado tentando vê-la. Nada, até parecia que tinha sido em sonho que tudo se tinha passado.

Mais uma vez subira, aguardara e devagar vai descendo. A um canto vê-a de novo. Silenciosamente aproximam-se. Fitam-se nos olhos. Ele com as suas pupilas verticais de um azul/esverdeado, ela de olhos castanhos. Não sentem medo um do outro, é como se tivessem já conhecido noutras eras como seres iguais e não como agora.

E ali ficaram horas, como se o ontem fosse hoje. Sabiam que nada mais podiam fazer. O destino fora amargo incorporando-os em espécies diferentes.

E todos os dias ele subia e todos os dias ela voltava. Até que um dia ela não apareceu. A esse dia outros sucederam.

Percorreu repetidamente o telhado de quatro cantos. Olhava desesperadamente à procura do seu vulto. Já não saiu do telhado, exausto, adormeceu. Acorda sobressaltado, um arrepio percorre-lhe o pelo lustroso, algo o fitava. Abre os olhos lentamente, à sua frente, pairando, ela ali estava. Mas a sua figura era uma figura etérea, resplandecente. Olhou-a como tantas vezes o fizera. Subiu para as suas asas e num voo para além dos tempos, a gaivota levou-o para uma outra dimensão, onde podiam voltar a amar como iguais, como acontecera no passado.

Mário Lima
Blog O sonhador

#reidogado #cornismo - Ruim






Se vão meter um par de cornos ao vosso marido, ofereçam-lhe um colete reflector pelo Natal se ele andar por zonas de caça.

É o mínimo.

Ruim
no facebook

25 janeiro 2018

«Compadre» - Porta dos Fundos

«Turning the other cheek» - Adão Iturrusgarai


«Vejo-te lá dentro»

Cartaz de um espectáculo de Ricky Martir e DJ MD Holandês, desenhado por Rita Ribeiro, com uma nave espacial fálica.
Oferta da autora para a minha colecção.



A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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24 janeiro 2018

Chris Isaak - Baby Did a Bad, Bad Thing

As mulheres no tempo de Camões, descritas por ele

Excerto da carta terceira (de Lisboa, a um amigo de Luís Vaz de Camões, que estava em retiro campestre)

"(...) Quanto é ao que toca a estoutras damas de aluguer, há muito que escrever delas. Alguns dirão que, como quer que nestas não há aí mais que pagar e andar, não pode haver engano. Neste jogo digo que é ao contrário, porque vereis estar um rosto que é a castidade de Lucrécia luxuriosa, uma testa de alabastro, uns olhos de mordifuge, um nariz de manteiga crua, uma boca de pucarinho de Extremoz; mas, o pueri, latet... E se vos disserem que estas pelam os que as têm, assentai que é fábula, porque eu vi muitos não ter nada de seu, e agora os vejo com mulas e cavalos.
De algumas conseguintes vossas amigas vos darei novas.
Maria Caldeira matou-a o marido. Grande perda para o povo, porque reparava muitas órfãs e adubava os pagodes de Lisboa, afora outras obras de grandes respeitos. E, por que esta senhora não vivesse muito tempo no outro mundo só, se partiu para lá Beatriz da Mota, vossa amiga.
Deste dilúvio houveram algumas destas damas medo e edificaram uma torre de Babilónia, onde se acolheram; e vos certifico que são já as línguas tantas, que cedo cairá, porque ali vereis Mouros, Judeus, Castelhanos, Leoneses, frades, clérigos, casados, moços e velhos.
(...)
E tudo o destas senhoras é brando, rostos novos e canos velhos. São boas para ninfas de água, porque não deitam mais que a cabeça de fora.
A razão por que se comem estas mais que as outras em Lisboa, é que, afora seus rostinhos, servem de foliões, que cantam e bailam tão bem que não hão inveja aos que El-Rei mandou chamar.(...)"

Luís Vaz de Camões

Postalinho de Barcouço - 1

"Repuxos bem formados"
Irene Nunes