30 março 2019

«O carvalho» - Fernando Gomes

No fim do trilho dos malmequeres, perto da ribeira, vivia o imponente carvalho, secular testemunha de segredos obscenos e traições conjugais. Quando, na véspera do fim do mundo, as árvores adquiriram o dom da fala, o povo foi ao seu encontro, unido como nunca, agitando serras e machados. Naquela última noite, com todos os pecados feitos em lenha, a aldeia inteira dormiu em paz.

Fernando Gomes

«Dá-me lume» - Mário Lima



"Deixa o teu fogo envolver-me"

Mário Lima

O cardápio da Márcia

Cartão de visita com a ementa da Tasca das Fodinhas, em Ponte de Lima.
Oferta de Nelson Silva para a colecção.



A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

29 março 2019

No meu peito, um retiro

Vamos embora, encontrei na minha alma, no meu peito um retiro chamado sossego.
Vamos embora que tenho pressa em fazer desse retiro os teus braços, do calor da lareira, o calor do teu corpo.
O amor, o orgulho obrigam o frio a ficar à porta, toda a noite. Carne contra carne, luta de almas, rasgo-me por dentro para num outro plano entrar.

Sabes o que são "Alvísceras"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Alvísceras - do árabe al vísceras; tripa cagueira; alvíssaras pagas em géneros (como cantava o António Variações, "quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga").

Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.


#swingismo - Ruim

Ando mortinho para que algum amigo me proponha uma troca de parceiras, um swing maroto entre casais. Tenho essa fantasia. Os quatro na mesma casa, meia-luz a criar aquele ambiente e eu dizer "vá, podes começar: discute com ele como discutes comigo e não te faças de tímida!"

Ruim
no facebook

28 março 2019

«De olhos nos olhos» - Áurea Justo

"De olhos nos olhos, ambos calados ouvimos o nosso profundo respirar.
Enroscada em ti, com uma perna entre as tuas, descanso segura no teu peito.
As tuas mãos há pouco percorreram o meu corpo numa aventura doce e suave, na descoberta de plácidos prazeres, os teus lábios nos meus.
Enfeitiçaste-me.
O teu contacto comigo é possessivo e eu sou tua."

In Notebook

Áurea Justo
no Facebook


«Fisting» - Adão Iturrusgarai


Santo António e o menino, exibicionistas

"Santo António e o menino à pesca"… mas com canas de pesca bem malandrecas, certamente sem o(a) autor(a) sequer pensar nisso…
Oferta da Lurdes e do Antonino Silva para a "sexão" do que não é suposto ser erótico, da colecção.







A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

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27 março 2019

Duas meninas...

Duas meninas, filhas de pai gordo e mãe magra. À chatice de não terem nascido gémeas, juntara-se-lhes a dificuldade dos feitios, e para isso não houve anestesia ao crescerem. Uma fez-se moça depressa, e a outra ainda pior, já nascera mulher. Usavam vestidos iguais, azuis, com bolinhas encarnadas e sob as cabeças havia um soalho com tábuas soltas, que servia de esconderijo a sonhos infinitos. São era a mais velha e só tinha espinhas a salpicarem-lhe o rosto. Três anos mais jovem, Clara era engraçada de se ver com demora, isto para quem gostasse de gordas bonitas. Os sujeitos vinham ao mel destes dois favos recheados. Rapazes famélicos, que iam vê-las atrás da serração, durante as manhãs dos Sábados de Julho, que amanheciam mornas e secas. O pai gordo era o dono, e pusera um regador ligado a uma mangueira ligada a um reservatório ligado a um gerador, e uma cortina de renda que rodeava dez passos em todo o redor, para que as filhas fizessem amor com a água, onde ele tinha os cães de guarda à disposição. Surgiam completamente nuas por entre as confusas nebulosas do serrim, e havia um banco de três pernas junto à estrutura de rega que montara laboriosamente para que as filhas estivessem à vontade e não precisassem de sair detrás da cortina para descansarem os aromas mentolados que dali exalavam. Um pai é que sabe, ou talvez se cansasse dos lamentos contínuos sobre a estreiteza das portas e a exiguidade da casa-de-banho da residência. As suas conversas predilectas eram sobre receitas de bolos e nos aniversários eram sempre as primeiras a sentarem-se à mesa ou, para lhes dar passagem, todos teriam de se levantar. O primeiro namorado de São não a leva ao baile, e no cinema ela não cabia. A irmã, inquieta, vigia a todo o instante o desastre iminente. - A Clara não é nada maldosa – desculpa a outra sem azedume. – Eu é que sou feia por ser mais velha. O segundo namorado, apesar da oposição da irmã, instalou-se à porta de casa, mesmo que o pai gordo o impedisse de passar o portão do jardim. Seguia-lhe o volume pelas frinchas e pelas janelas, do lado de fora, e ia dando voltas à casa até cair zonzo. Tinha um pé inchado e faltavam-lhe dentes e São quase não dormia, preocupada com aquele vulto lá fora. O pai gordo trouxe um dos cães da serração e amarrou-o com uma longa corrente que esticava até ao cu do moço. O rapaz tropeçou no pé e, de esfregar uma coxa na outra a grande velocidade ficou com aquilo em carne viva. Enquanto isto, Clara mantinha-se sentada no alpendre a tricotar cachecóis de lã que nunca terminava. Nem uma vez levantou os olhos, mesmo na altura do grande frenesim. - Tu tens vergonha de mim? – Choraminga-lhe São. – Perdeste peso a tricotar e nota-se. - Que tolice! – Afirmava a irmã. – Se perdi peso foi só a ver. Agora era o pai gordo que quase não dormia. A mais velha estava a cair para o fim do prazo e continuava a transbordar um leito só. Embevecido, passava as noites a vê-la ressonar. Por sua insinuação todas as manhãs apareciam tinas de lama medicinal para ela aplicar no rosto. - Já viu isto – exclama Clara para a mãe magra – que pouca vergonha! Ardia um Sol de cobre e era Sábado. São foi ao baú buscar um conjunto lavado de roupa interior e Clara passou por ela sem a olhar, sentou-se na cama, do outro lado, e calçou umas alpargatas lilás. Não trazia roupa de baixo vestida. A irmã notou e ficou com a respiração muito alterada e a segunda soltou uma gargalhada cheia de boa saúde. - Anda, molenga – disse-lhe – fazemos uma corrida até à serração? Sob o travesseiro mil bombons e a manhã ainda mal nascera. - Vais ficar à espera? – Pergunta-lhe São. Com uma dor no coração Clara recusa-se a responder-lhe. Cada gaveta era um manancial de guloseimas e ainda por cima ao feitio de São dava-lhe para beber. Esta desconfia do riso nas suas costas e arrasta-se na longa caminhada até à serração. Lambia o suor copioso e recordava os sonhos. Atrás das orelhas havia um ligeiro cascão de lama ressequida. Clara já estava nua antes mesmo desta virar a esquina ao lado do barbeiro. Três sujeitos esfomeados compraram bilhetes para o espetáculo e arrumavam-se nos melhores lugares da lotação, atrás dos carvalhos centenários.