02 abril 2019

«quando vieres» - Susana Duarte

quando vieres, traz os dedos
da aurora,

e amanhece nas dobras cegas
do pescoço
onde, ontem, navegaste
os trevos
do dia longo
[anterior às mágoas]

florescidos dos teus dedos,
esquecidos dos segredos

[onde as horas não chegam
e os teus olhos me faltam]

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Com corrente

Jovem guarda-prisional em plena luta pelos seus direitos laborais exibe uma encenação dramática na qual expõe a sua condição de refém de um salário exíguo.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter


Três casais causam boa impressão

Conjunto de 3 placas litográficas em cobre com base em madeira, para impressão, com gravuras de uma obra do Marquês de Sade.
Uma excelente impressão... de França para a minha colecção.







A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

01 abril 2019

Já vos disse que adoro publicidade?


Burn 60 - «Fit lives longer» (quem está em forma vive mais)

«pensamentos catatónicos (350)» - bagaço amarelo


Uma das últimas memórias que tenho de Portugal, antes de emigrar, é a de um homem pobre a olhar para uma máquina de venda automática perto de Viseu. Ele tinha fome e era pobre mas entre ele e a comida havia um vidro, ainda por cima transparente.
Eu, na verdade e para além de um pouco assustado, também estava esfomeado. Era a minha viagem em direcção à fronteira para voltar sabe-se lá quando e como. Ia emigrar para tentar resolver o problema da Fome com F grande, mas naquele preciso momento bastava-me comprar um dos croissants mistos da máquina para acabar com a fome com f pequeno. Foi o que fiz, enquanto ele ao meu lado contava algumas moedas na palma da mão como se procurasse um grão de areia entre muitos.
Não me pediu dinheiro, mas ofereci-lhe um euro que me sobrou.

- Obrigado! - disse. - talvez ainda me safe.

Ele não sabe que me lembro dele, nem sequer que me ajudou a apaziguar os meus medos interiores com a frase dele. Aquele "talvez ainda me safe" era precisamente do que eu estava a fugir. Do "talvez" e do "safar". Também dos vidros transparentes que me impediam de ter uma vida digna no país a que chamava meu.
Quando me sentei de novo no autocarro tive finalmente a coragem de olhar pela janela, já que até então e desde que saíra de Aveiro pouco mais fizera do que olhar para os meus próprios pés. Era de Portugal que me despedia, também através de um vidro ainda por cima transparente.
A transparência é uma coisa estranha sempre que nos separa daquilo que precisamos, mas naquele momento ajudou-me. Segui uma estrada esguia que serpenteava os montes envergonhados, ladeada por casas com persianas normalmente corridas, muros altos penteados por cacos de vidro ou arame farpado, automóveis exibicionistas e alguns transeuntes quase sempre sós.
Só na fronteira é que tornei a fechar os olhos. Recuei um pouco de tempo até um abraço quente de um Amor terminado e a sua voz doce a chamar-me do nada.

- Adeus! - pensei.

Sempre que procuramos a saudade vamos dar a uma mulher.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Mama só

Crica para veres toda a história
Clivagem


1 página

30 março 2019

«O carvalho» - Fernando Gomes

No fim do trilho dos malmequeres, perto da ribeira, vivia o imponente carvalho, secular testemunha de segredos obscenos e traições conjugais. Quando, na véspera do fim do mundo, as árvores adquiriram o dom da fala, o povo foi ao seu encontro, unido como nunca, agitando serras e machados. Naquela última noite, com todos os pecados feitos em lenha, a aldeia inteira dormiu em paz.

Fernando Gomes

«Dá-me lume» - Mário Lima



"Deixa o teu fogo envolver-me"

Mário Lima

O cardápio da Márcia

Cartão de visita com a ementa da Tasca das Fodinhas, em Ponte de Lima.
Oferta de Nelson Silva para a colecção.



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29 março 2019

No meu peito, um retiro

Vamos embora, encontrei na minha alma, no meu peito um retiro chamado sossego.
Vamos embora que tenho pressa em fazer desse retiro os teus braços, do calor da lareira, o calor do teu corpo.
O amor, o orgulho obrigam o frio a ficar à porta, toda a noite. Carne contra carne, luta de almas, rasgo-me por dentro para num outro plano entrar.