15 abril 2007

O número mágico


Como se não bastasse trabalhar num banco e constantemente discorrer com prosápia sobre os empréstimos com um spread de 0%, ainda era adepto dos produtos alimentares com 0% de açúcar e das bebidas com 0% de álcool para se manter saudável e em forma, que um homem prevenido vale por dois.

Só que naquela noite eu devia estar 100% alcoolizada e vá de me embrulhar com aquele zero à esquerda, um trintão almofadado na responsabilidade zero que a casinha dos pais lhe proporcionava. O calor do Jack Daniels no lusco-fusco de um bar depois das zero horas baixa consideravelmente as minhas exigências e os dedos relaxantes do fulano na região cervical, enquanto me sussurrava nem sei bem o quê, massajaram-me o ego para dar o aval para a fase seguinte.

Começou por se despir num ápice que não me aqueceu nem arrefeceu e desatou numa palpação trapalhona de nula eficácia até tombar sobre mim, para nuns escassos minutos ganhar a partida por uma bola a zero. Depois, num sorriso angélico quase como se as suas pestanas batessem intermitentemente, jorrou aquela pergunta de circunstância do se tinha sido bom para mim e como os graus negativos me congelam, sugeri que aquele fosse o minuto zero e nada antes existisse, enquanto me soerguia da cama para vestir.

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