24 abril 2007

Falta de liquidez


Começou por me falar em sistemas de contas prometendo-me, pensava eu, umas dignas férias numa ilha tropical.

De facto eram generosas as referências aos auxiliares financeiros e às coberturas cruzadas e todos os cálculos tocavam nos fundos como só uma coisa sólida consegue, quase como se quisesse dizer-me que o seu background não oferecia razão para déficits de qualquer espécie.

Não lhe conheci vícios consumistas a não ser as gravatas, coisa que me agradava bastante pois esse acessório masculino passou a ser essencial para mim no dia em que lhe descobri as inúmeras aplicações, todas elas de elevado grau de perversidade; todas boas, portanto. Mas propriamente cativar, só cativou quando me falou na elasticidade da oferta, apresentando-me fórmulas graciosas que desafiavam a minha imaginação com detalhes equacionados em deltas. Dizia ele que a oferta podia ser rígida, unitária ou elástica. Claro está que entendi esta elasticidade como qualquer coisa que permitia dimensões infinitesimais e já me ia crescendo água na boca com a representação gráfica do ponto de equilíbrio. Isto para não falar da oferta rígida, mas essa estava assegurada à partida.

Não é que eu rejeitasse a concorrência perfeita, que nestas coisas as concentrações monopolistas trazem lucro mas só enquanto duram; o facto é que preferia qualquer holding, a ter de ser, quer pelo volume conseguido com a fusão vertical, quer pelo controlo à vista.

Bem, todas as minhas expectativas se viram frustradas quando ele me enunciou os limites ao mecanismo de troca directa: é que a existência simultânea de duas pessoas, cada uma delas querendo adquirir o bem possuído pela outra, podia ter funcionado se nos mantivéssemos no domínio das metáforas, como é do meu gosto. Contudo, o indivíduo tinha um espírito muito numérico e falava de sociedades por acções de forma a vir a usufruir de benefícios fiscais.

E eu? Feita a análise de risco, que valor acrescentado me traria esta cena?

Meu amigo – disse eu – a tua curva de Lorenz é coisa que fica muito aquém do meu valor facial e, como sabes, há muito que o sistema fiduciário deu o que tinha a dar.

E foi assim, por falta de liquidez, que o homem da bolsa se converteu, ali mesmo, em activo incorpóreo.

24 comentários:

  1. Isto é um tratado de economia púbica!
    (a falta que faz o boneco de saudar)

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  2. É São, tens toda a razão.
    Estou cá com um feeling que a nossa Faustosa Fausta está a pensar abrir um negócio de gravatas... à lá creme...

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  3. Então e como activo incorpóreo não pode dar um bom trespasse ?...E com um pouco mais de paciência, talvez a curva do tal Lorenz desse para implementar uma melhor política de redistribuição de rendimentos...e "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é......"

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  4. Ólhómeu amigo Zé... ha canos que num te bia. Sempre vais pró Barain Zé?
    Olha lá, não querendo saber, mas já indo perguntando... tás a querer insinuar um trespasse à (na) Fausta?
    Tu vê lá Zé, olha que ela não compreende porque razão nós somos como somos, desejamos o que desejamos e sobretudo, ainda não compreendeu que aquilo que nos move é o apreço que temos pelas mulheres e não somente o desejo de as trespassar... como se tal fosse possível...

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  5. Bartolomeu amigo, há quanto tempo !Então que preocupações são essas com a senhora dona Fausta ? Se ela não compreende os homens e como ela não é mesmo nada burra, só uma conclusão se pode inferir de tal incompreensão :é porque ainda não encontrou um homem, homem de verdade, como tu, por exemplo, que a modéstia inibe-me mais citações...temos de nos esforçar mais um poucochinho, dado que o nosso elevado potencial em massa cinzenta isso nos permite. Já vi por aí outros que, coitados, rasgam-se todos por uma palavra, por um aceno, por um sorriso da nossa mui respeitada dona Fausta.Ora isso fá-la desconfiar...e pensa logo "o que vocês querem sei eu!" e não se engana, pois como já afirmei, ela não é nada burra.E se por acaso concluír, por generalização conceptual, que outros há a quererem o mesmo, é porque concerteza será verdade, pois blá blá blá aquilo dela não ser burra.Temos é de lhe mostrar sentimentos e apegos aos sentidos, e sofrer sorrindo, e dizer-lhe "bom dia, primavera" que não há mulher que não fique toda molhadinha com o mostrarem-lhe respeito e boa educação.E vais ver que a Dona Fausta vai começar a compreender melhor os homens...Num digo que mude o título ao blog, mas pode sempre pôr-lhe um segundo título, em letras mais pequeninas...e quando ela fizer isso...Aleluia, Irmão...a vitória é de quem lhe indicou o caminho...eu até já pensei em instalar-lhe um GPS sem ela saber...mas dá-me ideia que ela também tem assim um feitiosinho...enfim, chega de conversa de comadres, que a tarde ainda só está a meio. Gostei de te ver, homem das Galáxias...é verdade...a diarreia já passou ? Óptimo, óptimo...até mais ver !

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  6. Querido Zé... (este querido, tem a ver exclusivamente com o facto de te querer bem, de te estimar, percebeste, não é verdade? nada de mal-entendidos).
    Dado o alto grau de altruísmo que demonstras, em matéria de tentar fazer entender à Dona Fausta os nossos nobres desejos, declaro desde já que: empoçado dos direitos qua ordem me confere, te armo cavaleiro, impondo-te as armas e insígnias que distinguem todos aqueles que pugnam pelo amaciamento dos sentimentos femeninos.
    O que eu quero dizer, resumidamente, é o seguinte: Tu dás-lhe o tratamento, dizes-lhe que és o Amadis de Gaula, enviado do Rei Artur, quando topares que a Lady Guinevere está no ponto... espetas com ela na garupa do teu alazão, corres ao meu castelo, e depois deixa estar que eu trato do resto.

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  7. PS:aquele empoçado, é mesmo empoçado "dentro da poça"

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  8. Temos aí um problema irresoluvel:é que o meu alazão só conhece o caminho para casa do dono...e o danado nem com GPS lá vai...

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  9. No problem at all... muda-se a programação ao alazão, retira-se-lhe o chip do pescoço e finfa-se-lhe cum nobo.

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  10. Estou a ver que estás mais interessado no alazão do que na amazona...ihihihihihihihih....

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  11. O Bartolomeu também é da Protectora dos Animais!

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  12. Num deve ser só ele...pelo que vejo...

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  13. vejo, senhores, que falaram durante toda a tarde.
    eu trabalhei.

    mas não deixarei de pôr mais um pouco de água na fervura: burra não sou não senhor, é mais mula, dizem!!!
    (boneco endiabrado, aqui)

    e gostei de vos ouvir dissertar ... estiveram bem em quase tudo.

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  14. Ei...minha senhora...no que me diz respeito e sobre "falaram" e "eu trabalhei" o que pretende insinuar ? Que eu não trabalhei?Leia o último número da revista "Exame" sobre as melhores empresas em Portugal para se trabalhar e o regime que usam. Trabalho para multinacionais e há dias em que repouso e durmo, e outros em que dói e dói e dói porque o "parecer" era para ontem, e ainda por cima redigido em inglês (USA) e/ou francês, e altamente técnico.E não me queixo!Mas, deixa pra lá...gostei sobretudo da parte "estiveram bem em quase tudo"...que, isto de ser apreciado pelos seus pares tem o seu quê de importãncia...num sei é para quem ...parece que está na moda...mas deixa estar que eu até gosto de fashion style...com as ligas num sei onde...

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  15. e obrigada pelo soneto que me ofereceu.
    (Ó Sãozinha, desculpa lá estarmos aqui a fazer sala... mas este senhor é um sem-abrigo...).

    Saiba que sou apreciadora.
    Um dia até me apaixonei por um poeta... ah... mas eu depois conto noutra altura.

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  16. nessa altura vai levar (de alguém) umas palmadas nas nádegas (não sei se antes, se durante, se depois)por infringir "situações" não protegidas pelo direito de omissão! E eu estarei na primeira linha...e apesar do piano, as minhas mãos são másculas (vox populi) !

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  17. Já viu, oh fausta criatura,
    que a tarde a vós foi dedicada,
    e em questões graves de ruptura
    seu ego foi figura afagada !
    Mais do que esperaria certamente,
    gerada pelos genes dos humanos!
    Mas cavalgando a história actual
    com o ímpeto e a força do saber,
    relembramos os épicos romanos
    conquistando o mundo e a mulher!
    E de toda a épica conquista
    que fez de nós,os valerosos !
    Fiquem para sempre com a vista
    daqueles que, com a fama,poderosos
    ficaram na história anarquista.
    Porque fama e riqueza desprezaram
    em troco de fluidos corporais,
    que em leitos e dosséis trocaram
    por gemidos, uis e muitos ais !

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  18. Se isso não é teu, Zé, é bom.
    (boneco do diabo)

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  19. Foi mesmo uma tarde em cheio
    A que me deram aqui
    Toda a gente a lambuzar-me
    E a pôr-se em cima de mim;

    Toda a gente é favor grande
    De facto a gente... eram três
    Mas fica-me sempre a dúvida
    De ser cada um à vez

    Não sei como vos explicar
    Nem estou muito apoquentada
    Mesmo que os três sejam um
    Já cá fui bem apalpada

    E não digo que foi mau
    É bom sentir o prazer
    Das mãos virtuais dos homens
    Mesmo sem os compr'ender.

    beijos faustosos...

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  20. ah... que falha a que cometo
    nestas palavras quadradas
    Deixa-me lá pôr a jeito...
    p'ra receber as palmadas!!!!!

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  21. O castigo era outro...as palmadas eram só acompanhamento ...

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  22. E só para meu sossego, contei quantos eram e não cheguei a três...será que já valho por dois ???!!!...

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  23. Tens alguma coisa contra gajas em sessões de palmatoadas, Zé?!

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  24. Gajas em sessões de palmatoadas é matéria que não me diz respeito.Elas que façam o que bem entenderem...agora o que eu referi sobre palmadas (e não palmatoadas) devo dizer que, cum grano salis, gosto e tenho encontrado quem goste mais do que eu...e que não passe sem esse "episódio" como condição sine que non para ter um "orgasmo cósmico" que eu, com a minha natural modéstia, chamo de "orgasmo com o Zé" pois não é preciso ir para o cosmos chatear quem lá anda...basta pedir ao Zé...e o Zé dá !Tout court !(Se quiseres a versão do Falcão, é mais ou menos assim "Sem espinhas, caralho !")...

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Uma por dia tira a azia