13 fevereiro 2006

Coisas do Carvalho III


«A Sr.ª D. Maria Amália Vaz de Carvalho, no seu livro Mulheres e Crianças, asseverava que não há mulher que não tenha tentações mais ou menos intensas, mais ou menos fugitivas, as quais se chamam horas más e que só se pode fugir de esse perigo recorrendo ao trabalho. Não, porém a certos brinquedos, a que a autora chama hipocrisia da preguiça e que servem apenas para quem se entrega a esses serviços fingir que faz alguma coisa. Esses esforços, além de serem inúteis, não obstam a que a imaginação continue levantando os seus voos enquanto se continua nesses bordados.»

(CARVALHO. 1925:{X})

Se um Carvalho incomoda muita gente dois Carvalhos incomodam muito mais...

O Charlie ode ao trab... alho:
"Quem se embrulha nesses trabalhos
Convencida que vai esquecer
Mete-se funda nos encalhos
Que os navios fazem perder.

Alterosas ondas espumam
O suor escorre em fio
Mas o desejo toma o rumo
Assalta a ponte do navio

E assim no duro labor
Dum corpo São em sofrimento
Foge a mão p'ro pormenor
Afunda o querer num lamento:

«Ai meu Deus que afronta
Que dureza de trabalho
Esta mão deixa-me tonta
O que eu dava por um caralho...»"


O Alcaide completa a ode do Car... valho:
"Lia Amália Vaz de Carvalho
seu livro «Mulheres e crianças»
mas bordava umas lindas tranças
sonhava acabar o trabalho!
Logo outras sensações intensas
lhe correm as coxas imensas
hipocrisia do caralho!
Hora má, a da tal preguiça
que a levou a trocar de agulha
lembrando-se daquele pulha...
pôs-se a bordar uma piça!"

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