28 fevereiro 2006

Uma pívia histórica

Há momentos na vida que valem muito pouco por si só mas ouro pela sua relevância histórica.
Quando soube que a GQ deste mês iria ter uma sessão fodográfica da Cinha Jardim com a filha (Pimpinha do mesmo), urdi logo um plano genial: comprar a revista e, na primeira oportunidade, tocar uma pívia - clássica, com a batuta na mão direita e a revista profissionalmente aberta com a mão esquerda, que a experiência de muitos anos há-de contar para alguma coisa - em honra à Cinha Jardim (a Pimpinha que me perdoe mas estava aqui em causa, relembro, um momento que teria de ser digno de um programa televisivo do José Hermano Saraiva, nada menos que isso).
A GQ estar esgotada em todo o lado onde a procurei confirmou que não seria o único luso a querer erigir o marco dos descobrimentos. Tive que comprar um exemplar em bastante mau estado, mas felizmente não tinha as páginas coladas (sim, que gosto de as colar eu). E a dificuldade aguça - e enrijece - o engenho...
Como esporr... esperava, foi complicado concentrar-me porque só me vinham à cabeça-com-crânio imagens da Cinha Jardim nos concursos televisivos em que ela tem participado... e nas festas da alta (em termos de saltos dos sapatos) sociedade. Mas a escola de Caria da minha adolescência tinha que dar os seus frutos. E agora já tenho o que contar aos meus netos.

O OrCa ode o Cruijff (salvo seja):
"da Cinha siliconada
à enconada Pimpinha
fica a mão cheia de nada
na pila pequenininha

cá por mim, eu vos confesso
que sexo não tem anúncio
vidas voltadas do avesso
não dão tesão, abrenúncio!

quanto muito serão renda
p'ra quem do corpo se valha
vendendo o pano da tenda
e iludindo a maralha

'inda assim é bom de ver
que repimpado na Cinha
não desdenharia eu de ter
carne fresca da Pimpinha

mas carne é coisa arredia
aos coiros do "jet-set"
por saberem que algum dia
o silicone derrete

e então é só fogacho
fazendo flores sugestivas
entusiasmam o macho
mas furtam-se às investidas

saberão pois os mirones
desse drama contundente
quanto escorrem silicones
se lhes ferramos o dente!..."
E remata com controlo remoto:
"Eu entendo bem o Cruijff e posso, até, estar solidário com as suas ansiedades, pois a nossa carne é fraca, lá se diz e anda no ar muita fominha...
Mas aves-raras ou pássaros-bisnaus que se mostram pelas revistas, dando o corpo ao manifesto e arvorando-se em «gente fina», naquela pose do «olha que boa que eu sou, mas não sou para o teu dente...» enervam-me um bocado e tiram-me bastante a ponta. E consta-me que ganham melhor com isso do que a rapaziada que se passeia pelo Parque Eduardo VII.
Se calhar é a história da raposa e das uvas, estando eu no papel da raposa."

O Alcaide diz "alto!" e manda parar o baile:
"Alto problema na sociedade!
O baile de Entrudo é interrompido!
Alguém que a gozar só faz maldade
Fez tal escândalo... e sai dolorido!

O conde deu dois peidos... sujidade
pintou a Cinha... vestido comprido
de brocado! Ele que era a vaidade
ficou tal horror... de merda tingido!

Corre a Pimpinha por ver a «barraca»
corre p´ra mãe, que com cara de vaca
Olhava o brocado e um cheiro... sentiu!

Desvelo de filha... o tal conde ataca,
que no estardalhaço ainda sorriu.
Berra alto a Cinha: «Puta que o pariu!»"
O fgs ode e louva a punheta:
"Com GQ quem punheteia é você

Bendita seja a pívia, acto nobre
de engenho e perícia acumulada.
Para deixar a picha bem esgaçada
há quem a torça toda e quem a dobre.

Às vezes é o melhor que se descobre
para amansar a fera desalmada,
mas friccioná-la com a mão fechada
agrada quer ao rico, quer ao pobre.

Louvai, ó punheteiros, a revista
que publicou para vós – gesto altruísta! –
tão suprema e excelsa maravilha.

Um par de putas – que uma é sempre pouco –
prà tara que vos dá tesão mais louco:
virem-se ao mesmo tempo em mãe e filha"

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