É cálida flor
E trópica mansamente
De leite entreaberta às tuas
Mãos
Feltro das pétalas que por dentro
Tem o felpo das pálpebras
Da língua a lentidão
Guelra do corpo
Pulmão que não respira
Dobada em muco
Tecida em água
Flor carnívora voraz do próprio
suco
No ventre entorpecida
Nas pernas sequestrada.
Maria Teresa Horta
(obrigada, Miguel P., por nos relembrares esta delícia)
O Nelo usa o seu direito à indignação:
"Poizeu logo vi melhér quisto éra mais uma deças puezias prás covas da gaijas...
Çé foçe pueta, tamem fasia uma puezia parsida.
Buraco em fundo de umidades
Em vales redondos de pernas hirtas.
Entala, engole enormidades.
Melhor que qualquer melherzita
Nem çei como tanta coiza
Que sempre deu a Natureza
Fash creçer as letras doidas
Como se a cova foçe xperteza
A todos osh que perdem tempo
No andari sempre ao mêmo
Venhom uma ço vez veri
Como êu em verso os xprêmo...
Prontes já tá melhéres,
Çe foçe pueta screvia açim.
Agora çempre quer veri a Maria Tresa Orta a mandar viri com o Nelo..."
E o Alcaide vai aos refegos do Nelo, fazendo-o delirar com as cócegas:
"Ah!! se eu fosse poeta!! Já agora...
Buraco tem o Nelo... um girassol
De ouro as pétalas, linda flor até
Negro centro profundo... qual Baldé
Com um cheiro de estrume posto ao Sol
Mas Nelo goza nele e só um farol
Alumia o ser profundo que ele é
Quando lá encontra algum que põe de pé.
Ódio das melheres... também... do urinol!
Mas não se vão fiando, os incautos,
Porque sempre na vida há, um reverso
E de tanto procurar na fundaSão...
O Nelo sempre aqui... berra p'ros autos
Linda prosa perfeita, agora em verso
Que o desejo é espremer... mais um colhão!"
Alguém (de quem não digo os nomes) se fez passar por Maria Teresa Horta:
"Este Nelo de gostos tais
que confunde os seus instintos
Perde-se em choros e outros ais
nesse chão d´aroma absinto
Mas se é o que lhe sinto
E alma que prevejo,
Pense só uma vez mais
Que o sexo que almejo
Não mora em qualquer lugarejo.
ou num obscuro, perdido recinto
Está em voo por toda a parte
Aflora em pontos, peças d´arte
No seu corpo onde apraz
Ter-lhe aparecido atrás."
O Alcaide aproveita para fazer uma homenagem à Maria Teresa Horta:
"Depois a chuva passa
O Sol invade os pensamentos!
A harmonia, como nuvem espessa
cobre a fria e húmida terra
E a vida recomeça
O verde invade
A esperança vem depressa.
E a rotação dos ciclos traz a calma,
a aceitação das coisas como são,
A resignação!
A imagem.
O prazer.
O sonho... da imagem e do prazer
E a promessa
Este Chão vai viver
enquanto eu possa!
A espera... a transformação inexorável
a ideia que tudo é infindável
conforta a alma!
E renova a teimosia...
E agora? Que fazer agora?
Com alegria
sejamos práticos!
Secar um pouco esta Horta, este jardim,
como uma lágrima teimosa...
Limpar os cortes de uma poda
como se clareia um sonho sem fim!
Plantar... viver, sonhar... semear,
trabalhar este Chão eterno
com amor!
Pelas Luas que Deus der...
Para que te dês em colheita farta,
em beleza infinda... em flor!
E te possa colher... Mulher!"
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