01 junho 2006

Crónica do Nelo

"Á alturas da vida duma melhér en cagenti tem de dezabafar.
Ai calen-çe dai fofas!
Paçóm-çe coizas no mé prédiu que çó visto. E a genti vei vei vei, mas xegaum ponto qué desmasiado pra augentarmos çem a genti falari e diser as coizas.
Comessa logo de manhã sedo no caféi da Menina Isabel, quande a lambesgoita da cabelereira vai tomar a bica, e o sinhori Augusto (ai melhéres quele é tam bom eçe Augusto... mas nam me liga pévia... sniffff) deçe as escadas e entra tambeim e çe põe ao ladu dela.
Melhér qué uma coiza que reçalta ós olhos qué todus us dias a mejma coiza, e à ora serta. Ele é rizinhos, converça moli, toquis de brassos. Inda per sima quande oisso a melhér dele a falari cum a minha Efigénia per caza deu çer açim munto liberali e açim. A diser. Ai vizinha Efigénia, essas saídas à noite do seu Gonçalo. A çenhora veja bem que o meu Augusto vem todos os dias para casa à mesma hora. Nunca se ausenta de noite. - Melhéres! Çe á coiza que me deicha poçessa, é esta mania das melhéres porem defêtos nos maridus umas das otras... O que vali é quéu déça ves ovi a cunverça dela e diçe-lhe logo. - "Scuti lá vezinha; queim dezenha quer comparar e eu melhér, nam me comparo a nengueim. Goste de sair há note pois goste... maziço nam tem mal ninhum!"
Ela comessou-çe a riri mas a minha Efigénia nam guestou munto da converça, e fés-mi uma cara açim meio stranha daquelas que faz quande nam dá uma nota prás minhas coizas e açim, pra ver çe ficu em caza pra aturari us chás e as puezias xoxas do çobrinho da Dona Xé xé e iço açim...
Mazéu já tenhu tudo perparadu ca vingansa çerve-se ferida.
Eli, o vezinho Augusto, comessou a cortar o cabelo todas as simanas. Hás veses mais cuma vês, quéu çô bisha mas nam çô parva, fofas.
Ela corta pois corta! E arranha, fasso edeia melhéres. Mazagora, quande ele entrari outra vês e ela feichar a porta, subo as scadas e shamo a vezinha.Batu há porta, Toc Toc Toc e digo açim per meio dum sorrizo:
- Ah. he... sculpe vezinha, mas a vezinha debaicho, a loura cablereira quere deser-lhe nam çe o quem. Çabe vezinha, ela diçe-me quera urgenti, e inté me diçe o que era, maza a minha cabessa. ai vezinha que mesquesso de tudo. Veija lá çe pode dar um çaltinho num stantinho lá a baicho...
Já me stou a desmanshar a rir çó de ve-la a engolir o trapo.
Quande ela bateri á porta e a vezinha loura apraceri açim toda aflita cum marido dela a sconder-si nam çei bem ondi.
Ai ai. Mazé bem feita pra nam çarmarem em xpertas çempre de língua afiambrada prós ôtres e nam cuidar do que tem em caza.
Bem melhéres per oje shega de screveri, vô pegari na minha poxeti nas minha Gushes e nus més Barbaris e vô per ai dar uma volta, ver os homes, ca vida é roza, melhéres... Roza.
Olarilas melhéres... olarilas... eheh...
Pra çemana tenho mais, fofos e fofas...

Gonçalo Manuel, o Nelo prós amigus"

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia