18 novembro 2007

Suplício

Se ele fosse só alto e espadaúdo não me colocava neste suplício que o que não falta por aí são metrossexuais para consumo imediato. Mas sou conservadora no prazer de estar à mesa demoradamente, a degustar os vinhos e as conversas nas papilas gustativas, a enrolar as vitualhas na boca para lhes extrair todos os sucos e, para mim, gajo que é gajo tem de ser uma refeição completa.

Custa quando aquela alma a propósito da notícia corrente do violador discorre sobre as inseguranças profundas dos autoritários e me transmite uma cumplicidade que estala em arrepios pela medula óssea e torna insanos os meus esforços para esconder que estou a tiritar.

É penoso aspirar logo pela manhã no elevador o seu perfume que me catapulta para a sua face macia e escanhoada a anunciar o sorriso de estar vivo suspenso de um corpo escorrido de lípidos que os jeans perfeitamente assentes no resoluto traseiro não desmentem e me aceleram os batimentos cardíacos e me eriçam os mamilos como se gotejassem ali pingos de água fria.

Piora o tormento quando se debruça sobre a minha secretária e os meus olhos ficam no alinhamento do volume que marca desgaste na ganga das calças para me falar de assuntos correntes e termina a sussurrar-me à orelha a última piada que não se pode dizer em público. É que os sons que produz entranham-se-me nas cartilagens e ficam ali a vibrar provocando a palpitação incessante das paredes vaginais até à dor física que se eu fosse gajo até diria que tinha os tomates mesmo a rebentar.

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