17 maio 2009

De tirar o chapéu

A chuva tinha caído em barda e tanta humidade no ar pegava-se-me à pele e se me tocasse sentiria as gotículas que em mim escorriam. O regalo era vê-los ali mesmo à minha frente a crescer. Quase todos comestíveis. Apesar dos diferentes tamanhos, formatos, tonalidades e até dos cheiros com que me impregnavam quando me ajoelhava e os aproximava da face. Apesar da subtil disparidade das macias texturas apalpadas em cada um.

Babava-me por aqueles apetitosos carnudinhos de lhes dar uma entaladela em lume brando e lhes tirar logo o chapéu para avidamente os engolir com a boca toda e me acalmar satisfeita com o seu conteúdo proteico. Alguns eram de tal forma alucinogénios que não me cansava de os procurar para repetir a experiência.

Foi bom ir ao Fundão fazer este curso de iniciação aos cogumelos.


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Uma por dia tira a azia